Há um culto às armas e à violência como
uma espécie de símbolo do poder.
Estima-se que nos próximos 3 anos,
tripliquem-se as armas em circulação no Brasil.
O massacre de Suzano está trazendo à tona a polêmica questão sobre a flexibilização concedida para a posse de armas e, futuramente, como defendem os mais afoitos, o seu porte.
A alegação dos defensores de tais medidas se baseia nos altos índices de violência e criminalidade verificados no país e o direito de o cidadão armar-se para se proteger.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, disse que armas não servem só para matar e comparou o objeto a um automóvel, ao comentar o ataque ocorrido nesta quarta-feira (13) em Suzano (SP).
O liberal defende, em síntese, a posse, e até o porte de armas, em nome do princípio absoluto da liberdade individual.
Ao defender o uso de armas de fogo pelos chamados “cidadãos de bem”, via de regra evoca o direito à defesa, à proteção de seus entes e propriedade e a suposta segurança na sociedade que resultaria do fato de haver pessoas armadas dispostas a reagir quando necessário.
É preciso lembrar, entretanto, que isto não se harmoniza com os valores conquistados pela humanidade ao longo do processo civilizatório.
Segurança pública, saúde e educação, passaram a ser dever do Estado e direito do cidadão, à medida em que a sociedade foi se estruturando.
É uma contradição defender a vida estimulando a circulação de um instrumento cuja única finalidade é a morte. Mais: a bandidagem costuma tomar armas até da polícia. Irá se fartar tirando revólver de usuário incauto.
Como teria chegado às mãos de um dos jovens assassinos de Suzano, o revólver que utilizou para matar estudantes inocentes?
Flexibilizar a posse de armas foi um erro em uma época de ódio, arbitrariedade e de “criança fazendo arminha”. Há um verdadeiro culto às armas e à violência como uma espécie de símbolo do poder.
Na verdade, o governo trata de forma superficial o sintoma de um problema complexo, que é o da falência da segurança pública.
O líder do partido do governo no Senado, Major Olímpio, levianamente, disse que se os professores e funcionários da escola estivessem armados, poderiam ter evitado a tragédia. Escola é lugar de livros, não de armas!
As perspectivas são desastrosas. Externei aos meus espantados e fiéis botões sobre o que poderá acontecer no futuro, em termos de violência doméstica ou de massacres à moda dos Estados Unidos. Um deles, não deixou dúvidas: mais armas, mais violência!