MARIA PEQUENA

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(Homenagem a Maria Meirelles Trindade, a Maria Pequena, morta em 28/11/1894, durante a Revolução Federalista, em Passo Fundo/RS)

Para e contempla

o que se apresenta:

é o vulto de uma santa?

A imagem de uma besta?

Não, é o espírito da Maria Pequena

que a tradição

chamou de santa

que outros

difamaram-na de puta.

Sina da mulher

da mãe

da esposa

que nos idos da Revolução Federalista

em 1894

teve a vida degolada

da maneira mais torta

da forma mais bruta:

como uma ovelha.

E tal como uma

aquela índia se portou

na defesa do filho e do marido

pica-pau

quando o piquete maragato

lhe assediou

às margens do Arroio Raquel:

não deu um pio

do que eles queriam ouvir.

E nem depois de morta

a deixaram descansar

pois seus restos mortais

foram removidos

pelo temor

do que pudessem representar:

a imagem de uma santa

– do cordeiro imolado –

na defesa dos seus.

E, assim, seus ossos

do cemitério dos anjinhos

onde as mães enterravam seus pequeninhos

junto à sepultura azul

foram removidos

de lá para cá.

Até uma alma “piedosa”

a emparedar

sob o altar

da catedral

de forma que culto

só pudessem dar

depois de o autorizar

o clero local.

Mas não puderam apagar

da memória do povo

aquela que até hoje

é considerada

a primeira santa popular

de Passo Fundo.

Quer conhecer mais, acesse: https://www.upf.br/ahr/memorias-do-ahr/2019/28-de-novembro-dias-das-milagreiras

Foto: Arquivo Histórico Regional (AHR)

Autor: Julio Perez, Do livro Agreste Avena/www.julioperezescritor.com Autor da poesia “Ser poeta”: https://www.neipies.com/ser-poeta/

Edição: A. R.

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