Conversei, desinteressadamente, sobre a realidade do país numa manhã de domingo, com o dono de um supermercado de um bairro importante de minha cidade. De forma desinteressada, revelam-se grandes verdades. Contava-me o comerciante como vivia a maioria das pessoas humildes, pobres e trabalhadoras de seu bairro antes dos governos de Lula e de Dilma. Elencava suas razões para votar em Dilma e continuar votando em Tarso Genro para governador do estado do RS.

Dizia-me que era dono do supermercado por volta de 30 anos. Que nunca antes na história deste país a população que se serve em seu supermercado comprava carne de boa qualidade, um produto antes destinado apenas para quem tinha muito dinheiro e bons salários. Que o máximo que esta população comprava era “carcaça e ossinho de porco”. Que além de carne, a maioria hoje consegue comprar mantimentos de limpeza, a cervejinha do final de semana, como também frutas e verduras. E que maioria das pessoas tem alta satisfação em comprar mais e viver melhor.

Fiquei pensando que isto sim é que valeu uma vida! Há quanto tempo a população brasileira esperou ter condições, para a partir da renda e de seu trabalho, viver com dignidade, com direitos assegurados e com uma alimentação mais saudável e em quantidade suficiente.

Há quem diga que não mexerá nem diminuirá as políticas de renda e de inclusão como Bolsa Família pelo simples fato de um dia já ter passado fome. Diz ainda que “não é discurso, mas é uma vida”. Uma vida, senhora Marina, é o tempo que o povo brasileiro já esperou para desfrutar de comida, de trabalho, de emprego, de renda, de oportunidades, a partir de políticas públicas.

Nada caiu do céu, como parecem supor os que disputam esta eleição com o propósito de “tirar o PT do poder”. Sem a presença e a forte intervenção do Estado que amplia oportunidades de renda, que promove melhor saúde, mais acesso à educação, mantém os empregos e controla inflação, não teríamos as condições relatadas por um dono de um supermercado de um bairro popular de nossa cidade.

Que o Brasil crescia mais em outros tempos é uma verdade. Em outros contextos e sem a pressão de uma crise internacional. Mas mesmo com maior crescimento, não havia nenhum benefício para as classes mais pobres, humildes e trabalhadoras. Não havia preocupação para erradicar a fome e a miséria neste país e os governos não se preocupavam com a manutenção e qualidade dos empregos e dos salários dos brasileiros. Em consolidar políticas permanentes de cidadania ao nosso povo.

Acabou-se o tempo dos “favores e dos arranjos da economia” para o mercado financeiro e bancos, com o sacrifício dos trabalhadores. Colhemos os frutos de políticas públicas que promovem direitos. O desafio do próximo governo não é de manter, mas sim de ampliar e consolidar condições para que a vida digna e as oportunidades sejam duradouras e perenes. Não vivemos mais de esperança, mas queremos que o futuro não dissolva nossas conquistas com soluções “perigosas e aventureiras”.

Verdade seja dita: quem está incomodado com os avanços crescentes da melhoria das condições da maioria do povo brasileiro, não acredita em justiça social. O Brasil consolida-se como uma nação que promove os direitos humanos, supera as desigualdades, fortalece a sua economia e oportuniza melhores condições de vida e de trabalho para todos.

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