Talvez em algum outro horizonte possamos ainda semear o arco-íris, na infinita complacência da paz de uma criança.
Não foram as águas que me entristeceram…
Mas teu olhar, pálido como um dia de outono
prazeroso em demorar-se….
Não são as coisas que se dão fim.
Somos nós que damos fins a elas.
No jogo de arrancar
o coração um do outro,
perfuramos nossos olhos.
Ouvimos a música do horizonte e,
na verdade, era uma música triste, fria, distante,
porque nem nossos olhos,
nem nossos ouvidos,
estavam afinados com o arco-íris.
Sobe agora em meu barco,
como uma criança pequenina
e inocente,
e me deixa levá-la
para além da montanha onde o Sol desaba…
Talvez em algum outro horizonte
possamos ainda
semear o arco-íris,
na infinita complacência
da paz de uma criança.
Não me fiz surdo para o trompete
que anuncia o fim do mundo.
Não ignorei os corações afogados.
Com o mal, porém, é sempre assim: quanto mais lhe damos atenção,
mais ele cresce,
como erva daninha,
e toma e afoga nossos jardins.
Vem comigo para o outro lado da montanha,
ainda que tenhamos, primeiro, que subi-la.
Do lado de lá há um lindo e calmo córrego,
no qual lavaremos a face,
no qual nos banharemos nus,
e nos livraremos da lama que nos cobre.
Nus, poderemos, então,
olhar nos olhos um do outro,
e tomaremos um ao outro como espelho
da nossa própria alma.
Entre o teu olhar e o meu
o Sol, retornando, há de plantar o arco-íris.
Autor: Aleixo da Rosa. Também escreveu e publicou crônica “Professores não sabem nada”: https://www.neipies.com/professores-nao-sabem-nada/
Está muito bonita essa página. Parabéns ao Aleixo e a todos os membros deste espaço.
Um carinhoso abraço, meus amigos!
Obrigado, Marlene! Fico feliz que tenha gostado. Abraço! 😊🤗