Apesar da exclusão, apesar do cansaço, da ansiedade,
do estresse, apesar do descaso do Estado,
dos salários atrasados, do desrespeito
e da falta de reconhecimento,
nós preferimos viver.
Na espiral de acontecimentos absurdos que marcaram o país ao longo do ano, é difícil lembrar. Mas nós não esquecemos.
Em pronunciamento no dia 24 de março, exortando o extermínio do povo brasileiro em rede nacional, o presidente questionou – indignado – “por que fechar escolas?”
É como se perguntasse: por que salvar vidas? Por que proteger crianças, jovens, professores, funcionários e suas famílias? Por que não contaminar o país inteiro? Por que não matar os nossos idosos?
À época, afirmamos: temos um genocida no comando da nação. Em live na noite de 17 de setembro, o presidente confirmou sua vocação.
Criticou a atuação de sindicatos que defendem a vida, defendeu a abertura de escolas e desprezou os educadores que estão enfrentando jornadas de trabalho extenuantes, utilizando equipamentos próprios e pagando Internet sem receber um centavo a mais para garantir o direito à educação.
Apesar da exclusão, apesar do cansaço, da ansiedade, do estresse, apesar do descaso do Estado, dos salários atrasados, do desrespeito e da falta de reconhecimento, nós preferimos viver.
Bolsonaro não mudou. Nunca se responsabilizou pelo combate à pandemia, que já custou quase 140 mil vidas. Nunca combateu a exclusão digital. Nunca propôs qualquer política de reestruturação das escolas. Nunca assumiu o posto de presidente.
As escolas da rede pública também não mudaram. Faltam profissionais, faltam recursos financeiros e físicos, faltam testes, falta segurança. Neste cenário, sem vacina é chacina.
Nós, do CPERS, também não mudamos. A luta dos sindicatos é em defesa da escola pública, do direito à educação e por condições de trabalho e valorização profissional. Não fomos e não seremos cúmplices de um crime contra a humanidade.
Outros mudaram.
Convertidos em bolsonaristas tardios, Eduardo Leite, a Fundação Lemann, o Instituto Ayrton Senna e a imprensa hegemônica passaram a defender a abertura das escolas sem qualquer evidência ou vestígio de segurança.
Estes apologistas da morte ignoram o óbvio: a pandemia não está sob controle. Não há país no mundo que tenha retomado as atividades presenciais em condições semelhantes.
Vivemos em um estado e uma nação que desistiram de fazer o seu trabalho e passaram a responsabilizar pais e educadores(as) pela vida do seu povo.
Nós continuaremos fazendo o nosso trabalho, em segurança. Não pagaremos com nosso sangue pela incompetência dos que nos governam. Escolas fechadas, vidas preservadas.
Fora Bolsonaro e todo seu governo!