Almoçamos com nossos familiares escutando que alguém matou,
esquartejou e violentou vítimas. Nesse momento não surge
nenhum conservador MBL moralista para pautar mudanças.
Temos um vazio completo sobre os desdobramentos dessa violência em nosso cotidiano.
Nos acostumamos a viver com doses enormes de ódio, violência e vingança. A fascinação pela morte é parte da nossa patologia que amplia o poder do fascismo.
Desconsiderar isso, é esquecer que o medo e o pânico são ingredientes fundamentais do ódio e da mentalidade simplista.
Toda vez que escuto alguém falar: “nem direita e nem esquerda, precisamos ir para frente” me pergunto:
Realmente a pessoa acredita que existe alguma possibilidade do Patrão abrir mão dos seus privilégios para se unir aos trabalhadores? Que os racistas e preconceituosos deixarão suas crenças e passarão a incluir a diversidade de forma igualitária?
Que os possuidores de privilégios acumulados (homens, brancos, heterossexuais e moradores dos grandes centros) abrirão mão destes para permitir que todos tenham os mesmos direitos?
Creio que quem fala frases assim, quem copia pensamentos desse nível de simplificação e aplaude, tem grande chance de serem analfabetos políticos.
Negar a desigualdade, os preconceitos e as lutas de interesses entre classes sociais, é típico de quem vive numa bolha social da classe média.
Um brinde hipócrita para a simplificação da realidade miserável vivida pela maior parte da população do nosso país.