Nossas escolas devem ser lugares de “vivência de direitos” e de cidadania, onde possam ser praticados valores como a solidariedade, os direitos humanos, o respeito às diversidades culturais, religiosas e étnicas, a camaradagem, a promoção da dignidade humana.

Os professores e professoras da educação básica de nossa cidade, estado e país passam diariamente por muitas dificuldades para cumprirem com sua função de educar, em tempos ligeiros, complexos e cheios de incertezas.

Como educador, definido como o professor que acredita no poder do amor, percebi que não faz sentido simplesmente reclamar dos educandos e educandas com os quais trabalho diariamente. Reclamo, com muita razão, da falta de estrutura e apoio que as redes de ensino não oferecem em nossas escolas. Da falta do reconhecimento do meu trabalho e pela autonomia dos professores em suas salas de aula.

Moro num país que ainda não reconheceu a educação como um valor, mas que ainda considera a mesma um gasto e, na melhor hipótese, um investimento sempre muito alto e que nosso país não tem condições de arcar.

Sonho e luto muito para que a educação seja prioridade, que as escolas sejam de qualidade e que o trabalho dos educadores seja reconhecido por toda sociedade. Mas, cotidianamente, tenho que arregaçar as mangas, os meus pensamentos e as minhas forças criativas para realizar o melhor trabalho como professor, sem descuidar da minha responsabilidade de lutar por melhores condições de trabalho do professor e da aprendizagem dos educandos e educandas. E de me somar com as forças de toda comunidade escolar, sobretudo dos pais dos estudantes e das organizações vivas do entorno de nossas escolas para que nossa educação tenha como rumo a qualidade social.

“O prazer maior nas relações de ensino-aprendizagem está na 
construção do conhecimento como algo útil, agradável e capaz de
desencadear alegria e realização. O educador é um dos maiores
interessados em qualidade na educação, pois ela sempre carrega
potenciais para sua satisfação (o fracasso dos educandos também
representa o seu fracasso)”. (Nei Alberto Pies)

A postura “vitimizante” do professor, adotada por muitos colegas, cega-os para reconhecer um universo de possibilidades e intervenções cotidianas que os mesmos realizam e que fazem uma grande diferença na vida de muitos estudantes e na vida das comunidades.

Nós, professores e professoras, fazemos a diferença na educação brasileira. Por isso mesmo, temos que considerar também a nossa condição humana de “seres aprendentes”. Como aprendentes, temos que nos dispor a compreender novos contextos e novas realidades que estão em processo de mudança na nossa sociedade, principalmente na vida de nossos adolescentes e jovens, mas sem deixar de lado as lutas por educação, na forma mais ampla. “Quem luta, também educa”.

O direito de aprender de nossos educandos e educandas precisa ser exercido com muita responsabilidade em nossas escolas, propiciando aos mesmos os conteúdos, habilidades e atitudes historicamente construídas e acumuladas. O direito à participação, através da opinião, de consultas e de tomada de decisões deve ser exercido permanentemente com eles. O direito à convivência saudável, organizada coletivamente no ambiente escolar, propicia aos adolescentes e jovens oportunidades únicas para o exercício de sujeitos sociais e interdependentes.

Nossas escolas devem ser lugares de “vivência de direitos” e de cidadania, onde pudessem ser praticados valores como a solidariedade, os direitos humanos, o respeito às diversidades culturais, religiosas e étnicas, a camaradagem, a promoção da dignidade humana.

Não podemos esquecer que a escola é para muitos jovens brasileiros o único lugar de reconhecimento social e representa, para a maioria deles, a grande oportunidade de humanização.

Se os jovens tem o direito de aprender, os professores tem para com eles o dever de se importar. A comunidade escolar tem o dever de acompanhar e subsidiar a compreensão das distintas realidades. Os governos tem o dever de respeitar a autonomia de cada escola e de prover as melhores condições para que a mesma possa se organizar conforme a necessidade e a vontade de quem a faz. Os estudantes tem o dever de aproveitar o que as escolhas lhes oferecem.

“Creio que um dos papéis mais importantes de um educador é 
permitir que os alunos sejam mais do que a minha geração foi
e façam o mundo um lugar melhor. Se eu puder auxiliar
eles nesta caminhada, ficarei grato. Existe uma diferença
entre facilitar e permitir. Eu, ao invés de falar para
eles estudarem, compartilho meus métodos para permitir que
desde cedo tenham o mesmo prazer que adquiri com os estudos”.
(Ivan Dourado, sociólogo) 

Nós já fazemos uma escola assim, mas ainda acreditamos pouco nos seus potenciais de humanização, inclusão, valorização e promoção de cada pessoa e de todas as pessoas que dela fazem parte. Certo é de que ninguém fará esta escola pela gente, senão a gente mesmo.

O amor na escola não é uma ilusão, mas é uma revolução! O amor transforma a vida de quem aprende e de quem ensina. O amor carrega este caráter revolucionário, porque é capaz de promover aquilo que está apagado no interior de cada um de nós.

Educação acontece quando promovemos o desabrochar das possibilidades, dos valores, dos sonhos e dos objetivos que cada ser humano carrega dentro de si.

Que em 2019, renovemos o nosso ideal de uma educação pública, de qualidade social. Qualidade social acontece quando a escola tem resultados e processos importantes para todos os sujeitos que nela se envolvem. Qualidade social na educação é sinônimo de uma escola de gente feliz, e que se realiza acreditando que o conhecimento humaniza, sempre nos torna seres humanos melhores

Na minha experiência, se a escola se construir num espaço 
onde os estudantes são convidados a se encantar com os
conhecimentos, onde sejam aguçadas as curiosidades sobre
os conteúdos mais interessantes com ações pedagógicas
dotadas de sentimentos e significados, formaremos mais
que alunos. Formaremos seres humanos.
(Ivan Dourado, sociólogo)

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