A educação se efetivará, como uma prática com sentido, se considerar e partir dos conteúdos advindos das possibilidades evidenciadas na vida concreta.
Costumamos reproduzir alguns pensamentos como se eles estivessem claros e corretos. No entanto, no momento que exercitamos a reflexão, que é pensar o próprio pensamento, as palavras e os conceitos utilizados demonstram sua obscuridade e sua complexidade.
Quando proferimos ou reproduzimos pensamentos mecanicamente, estamos inconscientemente, reproduzindo conteúdos petrificados de uma cultura específica. Um exemplo ilustrativo, desta reprodução mecânica e irreflexiva, pode ser visualizado no comportamento da educação formal, seja ela de nível básico ou superior.
A opção por enfrentar o debate e a reflexão, com o objetivo de visualizar o sentido da educação, implica explicitar os sujeitos reais da mesma. Ao optar por este comportamento, será possível identificar que os ideais de ser humano e de sociedade podem entrar em contradição e em confronto com os objetivos do mercado.
Ao pensarmos o ser humano, devemos entendê-lo, não apenas como produto, mas também como sujeito construtor da sociedade. Ao explicitar a construção do social e o sentido do mercado, podemos identificar as contradições, disputas e confrontos entre o lucro e os ideais humanos e sociais.
Os permanentes debate sobre a adequada seleção e organização dos conteúdos, para que eles sejam interligados, conectados com o mundo vivido e tenham sentido, passam pela defesa da conexão de áreas do conhecimento e da transdisciplinaridade. No entanto, esta defesa teórica produzida por especialista em educação e formalizada por planos de gestão pedagógica não evolui satisfatoriamente em sua materialização.
As constantes reformas curriculares, agregando ou eliminando disciplinas, não contribuem para efetivar a necessária interligação, conexão e relevância dos conteúdos.
A educação se efetivará, como uma prática com sentido, se considerar e partir dos conteúdos advindos das possibilidades evidenciadas na vida concreta.
Um indicativo metodológico está nas produções de pensadores consolidados, que apesar do etiquetamento de sociólogo, pedagogo, psicólogo, historiador, físico, químico, economista, desenvolvem conteúdos que partem das pessoas.
Trata-se de conferir centralidade para os temas basilares, desprestigiados na cultura da educação escolar, que envolvem as relações humanas entre as dimensões físicas, mentais e espirituais.
Ao seguirmos este indicativo, estaremos partindo da vida concreta e de situações problemas, nos distanciando do comportamento orientado pelo reducionismo de uma disciplina, praticando a transdisciplinaridade e concretizando uma educação com sentido.
Um mundo de especialistas em objetos de estudo cada vez menores. Essa realidade é motivo de reflexão do pensador francês Edgar Morin (1921). Criador de uma teoria do conhecimento que busca se adequar às exigências do mundo contemporâneo, a produção de Morin aponta para a importância de reconectar os saberes, fazendo com que os estudantes sejam capazes de ter acesso aos conhecimentos específicos, mas sem perder de vista o todo. Assista!
Autor: Israel Kujawa
Edição: Alex Rosset