Quando o digital se distancia do social e se transforma em uma criação da inteligência, seja artificial ou humana, somos jogados para a realidade virtual.
A velocidade, o empobrecimento da linguagem e o reducionismo conceitual da realidade digital confundem, distorcem e empobrecem a vida social e a inteligência humana.
A pobreza conceitual atingiu um nível no qual a realidade digital social são usados como sinônimos. No entanto, o digital é uma representação do social, por isto é psicologicamente desorientador atribuir o mesmo nome para realidades diferentes. No momento que o digital se distancia do social e se transforma em uma criação da inteligência, seja artificial ou humana, somos jogados para a realidade virtual.
A pobreza em curso é, também, uma pobreza conceitual, advinda do reducionismo epistemológico, que se tornou patológico, contribuindo para uma desorientação generalizada, na qual a sociedade se mobiliza em busca da liberdade defendendo a ditadura e a tortura.
A desorientação é tão grave que, em 2018, a sociedade brasileira elegeu presidente do Brasil um indivíduo que se declarou defensor da ditadura e da tortura.
O mais grave está no comportamento de 2022 e 2023, no qual milhões de pessoas demonstraram estarem inconscientes e desorientadas ao confundir virtual e social, acreditando em mentiras.
Nosso contexto de vida absorve muito tempo em contatos virtuais, e estes afetam o inconsciente e desumanizam os comportamentos. Os fatos sociais e os conceitos em uso devem ser reconstruídos para que o digital e o material possam ser distinguidos e relacionados. São exercícios necessários para assegurar a capacidade humana de distinguir e relacionar, buscando um bom entendimento dos comportamentos, aparentemente incompreensíveis.
Exercícios básicos e permanentes de reflexão, são um caminho para que a inteligência humana se reconheça diante da inteligência virtual/artificial, possibilitando aperfeiçoamentos nas relações, dos seres humanos entre si, com a natureza e com o totalidade.
Os fatos sociais culminados no acontecimento vergonhoso dos ataques aos três poderes, no dia 08-01-2023 em Brasília, são um exemplo, cujo histórico sinaliza desorientação grave, no qual a realidade digital, virtual e o social não foram distinguidas.
Este fato, somado aos episódios violentos e desumanos, que se repetem e se acentuam cotidianamente, demonstram a necessidade de nos atentarmos para o básico, incluindo o afeto, as orientações educacionais, os vínculos e a convivência social.
Nesse contexto contemporâneo, onde necessidades materiais básicas não são atendidas como alimentação e habitação, com a presença de atitudes e comportamentos desumanos, os esclarecimentos elementares básicos são indispensáveis, incluindo a capacidade de distinguir e relacionar, digital, virtual e social.
Assista: “Nos Barracos da Cidade – Gilberto Gil – Racismo Ambiental”. https://youtu.be/j0OCVXZ9a7A?t=145
Autor: Israel Kujawa