O ensino religioso e habilidades socioemocionais

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O professor precisa ter consciência da dimensão emocional da sua inteligência, se autoconhecer, assim, terá melhores condições de reconhecer, empaticamente, a atitude socioemocional de cada estudante.

Encontramos na BNCC que o ER pode contribuir para que os educandos consigam construir seus sentidos pessoais de valores, de princípios éticos, de cidadania, de autoconhecimento, cuidando de si e do outro, da coletividade e da natureza.

No desenvolvimento das habilidades socioemocionais, destaca-se que o educando não domine apenas o conhecimento cognitivo, tradicional, mas que saiba a importância do controle das emoções, da empatia, das relações sociais e da tomada responsável das decisões. Recursos pedagógicos: diálogo, conversa, trabalho colaborativo, elaboração de projetos em conjunto a partir de uma problematização. Assuntos como igualdade, diferenças, ajudam a que se reconheça e respeite o outro e verbalize sentimentos e intenções de si e dos outros. Exercitar a arte da convivência: ouvir e aceitar o outro como ele é.

Estimular o desenvolvimento do senso crítico e da criatividade, ajudando o educando a reconhecer as próprias emoções e saber modulá-las e interagir com respeito e empatia, mantendo a curiosidade e o entusiasmo.

As habilidades socioemocionais podem ser desenvolvidas ao longo da vida.

O educador precisa, também, aprender a reconhecer suas emoções, regulá-las, para ter condições de relacionar-se bem com os outros, com empatia, tolerância e solidariedade. Deve saber fazer as melhores escolhas no processo de tomada de decisão.

O bem-estar emocional do educador tem impacto significativo no rendimento escolar do educando. Educar implica em dinamismo, coragem, força e disposição para aceitar e amar o outro. Só ensina bem aquela que realiza suas atividades com amor e está atento às reações emocionais dos alunos.

O professor transmite o que ele é, precisa se autoconhecer, ter autoestima e compreender que o ato de aprender é um ato de imitação, tem que ter vínculo afetivo entre o que ensina e aquele que aprende.

As emoções nascem com o ser humano: a raiva, o medo, a tristeza, o afeto, a alegria, a curiosidade, nos impulsionam para a vida, são reptilianas, primitivas, mentais e orgânicas. Elas provocam reações químicas no corpo, são carentes de censura. Por exemplo, o medo provoca dor na barriga; a raiva da taquicardia, suor frio etc.

Os sentimentos são emoções que já passaram pelos filtros conscientes e espirituais. Foram educadas.

Um recurso didático muito bom para educar as emoções na infância é contar histórias, fabulas. A criança identifica-se com os personagens, vive suas emoções, identifica com as suas e percebe que tudo passa, que se transforma. Uma fábula ótima, neste sentido é a do Lobo Mau e os Três Porquinhos.

Em outra matéria ao site, já manifestei: “Na prática docente, percebi quanto a linguagem simbólica da arte (história, desenho, música, dramatização) era recurso extraordinário para a aprendizagem dos alunos, pois mexia com suas emoções e sentimentos, especialmente a literatura. Notava que os alunos se identificavam com os personagens das histórias, viviam suas emoções: medo, tristeza, alegria, afeto, raiva e quanto essas experiências os aliviavam de seus conflitos pessoais”. Leia mais!

As emoções não educadas podem causar problemas de comportamento, a raiva, que nos ajuda a agir, pode se transformar em ódio, ressentimento, estimulando a produção hormonal de cortisol, que prejudica o organismo, a pessoa fica agressiva.

Na fábula acima citada, os porquinhos vencem o lobo, no final o que causa alegria genuína neles. Dissiparam a tristeza, a raiva e o medo.

O adulto pode educar suas emoções procurando reconhecer no momento que elas surgem, parar, refletir, ter plena consciência, conversar com e emoção, questionar: por que estou reagindo assim? Acalmar a emoção, respirar pausadamente, oxigenar o corpo, manter a mente alerta, largar a emoção, é a cura. Depois, analisar a origem daquela emoção.

Temos que nos dar conta que muitas doenças nascem porque engolimos o choro, calamos a boca, o peito. O corpo fala, falatório interno, reage, adoece. Precisamos aprender a expressar nossas emoções: falar, gritar, chorar e tranquilizar a dor emocional que sentimos. Ações que ajudam neste processo: escrever uma carta, um e-mail, fazer um poema, cantar, dançar, correr no parque, fazer uma faxina. Não calar, esclarecer…

A prece sincera, elevar o pensamento, pedir ajuda divina, é muito positivo para nos acalmar, serenar, de acordo com a crença e a fé de cada um. O exercício da meditação diária, quando reservamos um tempo para estar conosco, é excelente recurso para educar nossas emoções.

 O professor do ER para trabalhar com os alunos o desenvolvimento das habilidades socioemocionais precisa ter consciência da dimensão emocional da sua inteligência, se autoconhecer, assim, terá melhores condições de reconhecer, empaticamente, a atitude socioemocional de cada estudante.

A rede municipal de Passo Fundo realizou Encontro a partir da “Trilha Formativa Ensino Religioso e a Escola Pública” no último dia 11 de maio de 2011, através do canal Yotube SME Passo Fundo. Este encontro contou com a participação da professora, pedagoga, pesquisadora e escritora Gládis Pedersen. O tema abordado foi “As Competências Socioemocionais e o Ensino Religioso”, destinado a todos os Professores de Educação Infantil, Anos Iniciais e de Ensino Religioso dos Anos Finais da rede municipal de Passo Fundo, mas também acessível agora aos que quiserem acompanhar o evento através do vídeo postado no yotube.

Acesse aqui: https://youtu.be/UZtetrhM36k?t=1138

Autora: Gládis Pedersen

Edição: Alex Rosset

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