O Jesus Cristo da história

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Se nos comprometermos a colocar Jesus firmemente dentro do contexto social, religioso e político a época em que ele viveu – uma época marcada por uma perspectiva de revolta contra Roma que iria transformar para sempre a fé e a prática do judaísmo -, então, de certa forma, sua biografia se escreve por si própria.

ZELOTA: A Vida e a Época de Jesus de Nazaré

Este livro, escrito por iraniano-americano Reza Aslan, procura recuperar o Jesus histórico e o cotidiano político e religioso da Palestina de 2.000 anos atrás.A partir da leitura de vários artigos sobre a obra, ofereço esta análise.

O livro de Aslan é uma tentativa de recuperar, tanto quanto possível, o Jesus da história, o Jesus antes do cristianismo: o revolucionário judeu politicamente consciente que, há 2 mil anos, atravessou o campo galileu reunindo seguidores para um movimento messiânico com o objetivo de estabelecer o Reino de Deus, mas cuja missão fracassou.

Depois de uma entrada provocadora em Jerusalém e um audacioso ataque ao Templo – ele foi preso e executado por Roma pelo crime de sedição. É também sobre como, após Jesus ter fracassado em estabelecer o Reino de Deus na terra, seus seguidores reinterpretaram não só a missão e a identidade de Jesus, mas também a própria natureza e definição do messias judeu.

Para muitos, descobrir a verdadeira identidade de Jesus seria possível via as ferramentas científicas modernas e a pesquisa histórica que nos permitiriam descobrir sua verdadeira identidade. Para outros esta tentativa é perda de tempo. O verdadeiro Jesus já não importa. Devemos concentrar-nos no único Jesus que é acessível para nós: Jesus, o Cristo.

O grande teólogo cristão Rufolf Bultman gostava de dizer que a busca pelo Jesus histórico é, no fim das contas, uma busca interna. Os estudiosos tendem a ver o Jesus que eles querem ver. Muitas vezes eles veem a si próprios, seu próprio reflexo na imagem que construíram de Jesus.

Mesmo assim, essa melhor e mais bem-informada hipótese pode ser suficiente para, no mínimo, questionar nossas suposições básicas a respeito de Jesus de Nazaré.

Se expusermos as reivindicações dos evangelhos ao calor da análise histórica, podemos limpar as escrituras de seus floreios literários e teológicos e forjar uma imagem muito mais precisa do Jesus histórico.

De fato, se nos comprometermos a colocar Jesus firmemente dentro do contexto social, religioso e político a época em que ele viveu – uma época marcada por uma perspectiva de revolta contra Roma que iria transformar para sempre a fé e a prática do judaísmo -, então, de certa forma, sua biografia se escreve por si própria.

O Jesus que é revelado nesse processo pode ser o Jesus que esperamos, e ele, certamente, não será o Jesus que os cristãos mais modernos reconheceriam. Mas, no final, ele é o único Jesus que podemos acessar por meios históricos.

Todo o resto é uma questão de fé.

Autor: José Ernani de Almeida

Edição: Alex Rosset

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