“O livro dos pontos de vista” em forma de pizza literária

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Um dos propósitos do site é realizar publicações sobre práticas educativas que apresentem diferentes metodologias e reflitam aprendizagens feitas por professores e professoras e pelos estudantes. Neste caso específico, trataremos de uma prática leitora com estudantes de sétimos anos do Ensino Fundamental.

A EMEF Zeferino Demétrio Costi, em Passo Fundo, RS, desenvolve, em 2024, um projeto de leitura chamado “Ler um livro é ler o mundo”. Quinzenalmente, um período é dedicado à leitura por todos os estudantes e professores da escola. Nessa experiência leitora, surgiu a obra “O livro dos pontos de vista”, do autor Ricardo Azevedo, para a realização de uma atividade interdisciplinar.  Foi realizada uma leitura compartilhada com a turma, utilizando também períodos de Filosofia e de Língua Portuguesa. A leitura necessitou de vários períodos para ser finalizada, fazendo-se leitura de um personagem por período (são 8 personagens no livro).

Chamou-nos atenção o livro tratar de pontos de vista, que nada mais são do que vistas do diferentes pontos. Cada sujeito, cada personagem, manifesta sua opinião a partir de seu contexto, de suas vivências e de suas percepções sobre a realidade, como é o caso desta história onde os personagens compartilham o mesmo lugar, mas veem o mesmo e também aos demais de maneira muito diferente.

Como ilustra a poesia abaixo, cada um tem seu ponto de vista.

Pontinho de vista (Pedro Bandeira)

Eu sou pequeno, me dizem,
e eu fico muito zangado.
Tenho de olhar todo mundo
com o queixo levantado.

Mas, se formiga falasse
e me visse lá do chão,
ia dizer, com certeza:
— Minha nossa, que grandão!

Em seguida, a professora de Língua Portuguesa fez uma discussão sobre os diferentes pontos de vista de cada personagem da obra que habitavam uma casa e seu entorno, um jardim: mãe, pai, filho e quatro animais de estimação: um cachorro, um gato, um sapo e uma tartaruga.

O autor descreveu, de maneira genial, as percepções do ambiente e das relações vividas pelos personagens.

Em grupos, definiu-se por um trabalho de sistematização da obra através da confecção de uma pizza literária.  Criou-se o grupo dos personagens humanos, dos personagens animais, do cenário da história e dos relatos da história.

A construção da pizza, como um dos resultados finais do processo, é representada pelos diferentes pedaços da mesma, como trabalho de cada grupo.

Aprendizagens

Para a professora de Língua Portuguesa, Ângela da Fontoura, “a ideia de “montar” uma pizza literária foi uma forma diferenciada de estimular realização da leitura e sem aquela tradicional cobrança da síntese da obra. A metodologia da leitura compartilhada oportunizou uma discussão a respeito da visão de cada personagem em relação aos demais. Instante também  do compartilhamento das impressões e vivências pessoais atreladas ao texto.   Foi também o momento da argumentação: a discussão com outros leitores enriquece a capacidade argumentativa e desenvolve as habilidades da oralidade, como   também o respeito à opinião do outro. 

Durante a leitura, foi preciso anotar as possíveis palavras desconhecidas, já que a prática leitora permite o contato com novas palavras. É o enriquecimento vocabular estimulado pela leitura. A atividade de montagem da pizza desenvolvida em grupo estimula a integração de vivências e de saberes.

Diante das etapas vivenciadas nas atividades, foi possível perceber que, como os personagens, nós também temos percepções diferentes diante de um mesmo contexto. Embora pensamos diversamente, podemos conviver de forma harmônica e respeitosa.  Também percebemos quão chato seria se pensássemos e agíssemos da mesma forma. O que nos enriquece como humanos é exatamente a nossa forma individual de pensar e agir.

Sugestões de aplicabilidade

Imaginamos que essa experiência de uma prática leitora possa inspirar outros colegas professores e professoras para realização de leituras de obras compartilhadas entre diferentes Componentes Curriculares ou mesmo diferentes áreas de conhecimento, gerando conhecimentos interdisciplinares e complementares, bem como diversificando metodologias de ensino e aprendizagem, tão necessárias para ressignificar a educação no contexto atual.

FOTOS: rede social EMEF Zeferino Demétrio Costi

Edição: A. R.

1 COMENTÁRIO

  1. Essa ideia de parar toda a escola para leitura, num período semanal – pelo menos, passei para a minha Direção. Estou esperando até agora, ansiosa por um SIM. A ideia é muito boa, porém deve ser abraçada por todos, não só pelos professores. Também deve ser feita de maneira prazerosa pelos alunos. Que esses se sintam com desejo de ler e não por obrigação.

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