Nós educadores, individualmente, precisamos desbravar o roteiro que Ele nos legou como nosso mestre e guia, e assemelhar nosso fazer pedagógico com o modelo por Ele proposto. Vale a pena tentar.
Ao iniciar as atividades docentes do ano letivo seria de bom alvitre que o educador pudesse refletir sobre a figura ímpar de Mestre que Jesus nos apresenta. Sendo Ele reconhecido como o maior pedagogo da humanidade, podemos extrair dos textos do Novo Testamento os relatos dos evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João, o método pedagógico que Jesus utilizava para passar seu ensino elevado a respeito da Lei Divina que nos informa sobre o verdadeiro sentido da vida e da forma como Ele preparou seus apóstolos e discípulos para divulgar e viver a boa nova, seu Evangelho.
Jesus não agia de forma solitária, trabalhava em grupo. Organizou sua equipe com pessoas diferentes com o objetivo de prepará-las para exercer ação futura, respeitando as condições de cada uma. Elegia o diálogo fraterno para as conversas particulares, indagava e ouvia as dificuldades de cada um provocando a reflexão e introspecção sobre seus problemas pessoais. Distribuía as tarefas entre os elementos do grupo de acordo com as aptidões individuais, respeitando as diferenças entre eles.
O Mestre buscava superar as divergências entre os membros do grupo de forma harmônica. Estimulava as qualidades positivas de cada um e do grupo para que todos se sentissem pertencentes ao mesmo.
Um dos recursos importantes que Ele utilizava era a tradição oral, muito usada na antiguidade oriental, usando a didática meunômica que facilita a memorização do conhecimento informado: apresenta primeiro uma proposta e depois uma conclusão, baseada na Lógica. Foi o recurso utilizado no memorável Sermão da Montanha (Mateus 5 – 7). Este processo ajuda a fixar conceitos complexos pelo uso de palavras mais simples e com a conclusão lógica do que vai resultar a prática do conceito emitido.
O Mestre amorável, por sua acurada percepção na observação da conduta individual, tinha a capacidade de penetrar na intimidade do aprendiz e propor a solução seus problemas psicológicos profundos. Ele adequava os ensinamentos de acordo com a capacidade do ouvinte, recorrendo, muitas vezes, à parábola que é um estilo literário, de linguagem simbólica e recurso pedagógico dos mais enriquecedores, para informar o ensinamento da verdade adequando-a à compreensão do ouvinte que, por comparação da narrativa da parábola com a vida real, podia depreender o sentido do que Ele queria ensinar.
Inúmeras vezes Jesus elegia os locais da natureza como espaço pedagógico, como Sua sala de aula, como os montes, a beira do lago Tiberíades, as praias, os prados. Estes espaços naturais eram plenos de beleza e fluidos edificantes dispersados pelo sol, pela brisa do ar, pelas águas dos lagos, junto a relva verde e as flores e ao som do canto dos pássaros. Em geral, fazia suas pregações ao entardecer.
O grande educador poucas vezes utilizou a cátedra oficial das sinagogas ou do Templo de Jerusalém para ensinar. Ele não se submeteu ao rigorismo das regras estatuídas pelos regulamentos das convenções humanas daquela época.
Jesus escolheu, por exemplo, os apóstolos que apresentavam melhores condições para aprofundar os conhecimentos, como ocorreu na experiência mediúnica do Monte Tabor; só levou três – Pedro, Tiago e João – e solicitou a eles que não divulgassem aos outros o ocorrido. (Mateus 17: 1-9; Marcos 9: 2-8; Lucas 9:28-36). O Mestre traçou para o grupo a programação do que lhes competia fazer na Sua ausência e os preveniu do que teriam que enfrentar, no futuro, e de como deveriam confiar na Sua proteção.
Destacou o cuidado que deveriam ter para com as crianças. Elas precisavam ser atendidas também. Encarregou, amorosamente, João a cuidar de sua mãe.
O modelo de educador que Jesus ofereceu aos seus apóstolos e discípulos partia da observação dos fatos proporcionados por Ele, onde era marcante o acolhimento incondicional ao próximo, ao sofredor, aceitando-o como ele é. Em seguida, ele atendia às suas necessidades básicas: restituía a saúde física, espiritual, moral e orientava como a pessoa deveria agir, seguir a sua vida e não errar mais, sempre divulgando que Deus é Pai e a necessidade de conexão com Ele. Este processo ocorria sempre num clima de alegria.
A alegria e a esperança foram as emoções que o Mestre despertava em todos os aprendizes, por onde passava. Este foi o legado que ele deixou aos seus apóstolos e seguidores pois eles enfrentaram o martírio sofrendo, mas destemidos e alegres por estarem dando o testemunho do que tinham apreendido com o Mestre.
Os três anos de convivência de Jesus com seus apóstolos e discípulos, vivendo na prática o que Ele ensinava, proporcionou a eles precioso estágio, preparando-os para as tarefas do porvir.
O Mestre Maior alerta-nos amorosamente: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim”.
Nós educadores, individualmente, precisamos desbravar o roteiro que Ele nos legou como nosso mestre e guia, e assemelhar nosso fazer pedagógico com o modelo por Ele proposto. Vale a pena tentar. Não vamos nos arrepender.
Autora: Gladis Pedersen de Oliveira. Pedagoga – Especialista em Educação – Escritora- gladispedersen@gmail.com. Também escreveu e publicou no site “A linguagem simbólica das parábolas de Jesus”: www.neipies.com/a-linguagem-simbolica-das-parabolas-de-jesus/
Edição: A. R.