O patinho feio

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Era uma vez, numa região campestre, há muito tempo, o verão havia chegado e a temperatura estava muito agradável. Num recanto ensolarado ficava um antigo castelo muito bonito e aconchegante, às margens de um rio onde, nos jardins, viviam vários animais.

Próximo à margem do rio, uma pata repousava tranquila em seu ninho esperando chocar nova ninhada de patinhos. Após longa e paciente espera, os ovos se abriram, um após o outro, surgindo lindos patinhos amarelinhos para alegria da mamãe. Porém, o ovo maior, não se rompia e a pata já estava impaciente; aguardou mais um pouco e bicou o ovo, e surgiu um patinho cinzento, desajeitado e muito grande. Não se parecia em nada com os irmãozinhos.

Para ter certeza de que esse desajeitado era um patinho, e não um peru, a mãe pata levou todos os filhotes até o rio e observou que o patinho nadava mais desenvolto do que os demais. Ela ficou tranquila e pensou: é só um patinho feio, muito feio.

No dia seguinte, a pata levou seus filhotes para os jardins do castelo para conhecer os outros animais que viviam lá. Todos parabenizavam Dona Pata pelos lindos filhinhos, mas não achavam graça no patinho cinzento, por ser grande e feio. Os próprios irmãozinhos do patinho o perseguiam e ridicularizavam também.

Passado um tempo, a mãe passou a ter vergonha dele e o deixou de lado. Ele crescia isolado e triste. Até a menina que levava comida para os bichos no lago do castelo o enxotava.

Um dia, para se livrar dessa rejeição, tão triste no seu grupo, ele resolveu ir-se embora, para bem longe. Caminhou muito e chegou num pântano, onde foi recebido friamente pelos marrecos que ali viviam. Ficou por ali alguns dias e, numa manhã, acordou com barulho de tiros: eram os caçadores de marrecos. Muitos marrecos morreram, mas o patinho feio escondeu-se no meio da mata e se salvou.

Saiu novamente a caminhar. Ao entardecer, encontrou uma cabana velha; a porta estava entreaberta e ele entrou. Foi para um cantinho, pois estava com frio e cansado e adormeceu. Na cabana morava uma velha senhora que tinha um gato que caçava ratos e uma galinha que punha ovos. Quando a senhora viu o patinho, ficou feliz. – Que bom – disse ela, quem sabe é uma patinha! Daqui a algum tempo, passará a pôr ovos. Estou com muita sorte!

O tempo passou e nada de ovos. A senhora ficou impertinente e implicava com o patinho. O gato e a galinha também começaram a fazer chacota com ele.

Novamente o patinho feio vai embora, se aventurar pelo mundo. Encontrou um lindo lago e por ali ficou, ainda era verão, tinha água para nadar e não faltava alimento.

Chegou o outono, as folhas caiam das arvores, o céu se cobria de nuvens escuras e o vento soprava frio. Sozinho, com frio e fome, no entardecer viu surgir, voando nos céus, um bando de aves muito lindas; penas brancas, asas brancas. Eram cisnes que voavam em direção a locais mais quentes. O patinho feio ficou admirando, olhando aquelas aves que voavam bem alto, até desaparecerem no horizonte. Sentiu grande tristeza. Como gostaria de ser como aquelas belas aves! Então, entrou para o lago e nadou até o anoitecer, sentindo-se mais feio, sozinho e infeliz.

O inverno chegou rigoroso, frio e neve. Tudo ficou mais difícil. Um dia, de tanto frio, suas patas ficaram presas ao gelo e ele pensou: agora morrerei. Fechou os olhos e, lembrando as belas aves que havia visto há tanto tempo, adormeceu de cansaço e frio.

Na manhã seguinte, bem cedo, um camponês que por ali passava, viu o patinho já meio morto. Quebrou o gelo de suas patas e o levou para casa, junto a seu peito, para aquecê-lo. Lá foi cuidado e recuperou suas forças. O bom camponês tinha três filhos pequenos, que eram muito ativos, queriam brincar com o patinho, o seguravam, o apertavam, o esfregavam; não era por mal. O patinho feio, acostumado a ser escorraçado, não entendia as brincadeiras, tomava-as por perseguição e resolveu fugir.

Refugiou-se num lago e, quando ficava muito frio, procurava a relva seca para se aquecer. Finalmente chegou a primavera, tudo ficou mais bonito e quente.

O patinho observou que, lá no alto, voavam muitas aves e ele sentiu um desejo inexplicável e incontrolável de voar. Abriu suas asas, que tinham ficado grandes e robustas, e voou. Pairou no ar, vou longe e viu um belo jardim, cheio de árvores e flores, de onde belas aves saiam voando. Ele logo as reconheceu, já as vira antes, sentiu uma grande emoção e amor por elas. Elas pousavam nas águas de um lago para nadar e ele pensou: quero me aproximar delas, talvez me humilhem, não me importo. Voou até o pequeno lago e pousou nas suas águas, expectante, bem onde as belas aves estavam nadando. Aproximou-se humildemente, aguardando ser desmoralizado, baixando a cabeça. Quando se olhou no espelho das águas, o que viu refletido na água? Bela ave de penas brancas, grandes asas, pescoço longo e sinuoso. Era ele? Mal podia acreditar! Era um cisne, como as aves que tanto admirava! Seria um sonho? Não era; era verdade.

Nadava em companhia dos outros cisnes, que o olhavam com admiração e alegria. Um deles disse: – tem um cisne novo conosco, é o mais belo de todos nós! Os cisnes se encantaram com ele, deram-lhe as boas vindas, ofereceram-lhe alimento. O ex patinho feito, tímido diante de tantos elogios e agrados, escondeu a cabeça debaixo das asas.

Talvez um outro, em seu lugar, tivesse ficado envaidecido, mas não ele. O seu coração era muito bom, ele sofrera muito antes de alcançar a felicidade.

(Texto adaptado de Hans Christian Andersen por Gladis Pedersen de Oliveira)



Sugestão de atividades pedagógicas

PARA ALUNOS DE 6º O 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL E 1º ANO DO ENSINO MÉDIO

A análise e reflexão sobre a linguagem simbólica da história proporciona a oportunidade de trabalhar conceitos sobre: o bullying, a discriminação, a alteridade, o preconceito, o autoconhecimento, a autoestima, o amor, a caridade, a fé e a esperança.

Propor aos alunos a leitura individual e depois a leitura no grande grupo, por parágrafos. Depois, se quiser, professor poderia ler, de forma eloquente e colocando vida e emoção, o texto já lido e conhecido pelos estudantes, permitindo que os mesmos respondam por partes da história.

Dividir a turma em pequenos grupos para que destaquem as ideias mais importantes, debatam sobre elas e cheguem a conclusões sobre essas questões da vida diária.

Apresentação das conclusões de cada grupo, ao grande grupo, e construção de uma conclusão geral sobre as mensagens da história e sua aplicação na vida diária.


PARA ALUNOS DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

1 . RESPONDER INDIVIDUALMENTE

         Por que o Patinho Feio era rejeitado?

         Essa conduta é correta? Por quê?

         O que o Patinho Feio procurava em suas fugas?

         Por que ele se preocupava tanto com o que os outros pensavam dele?

         Qual foi a parte mais importante da história para você?

         Coloque-se no lugar do Patinho Feio, quando ele se reconheceu um lindo cisne.

         O que ele sentiu?

2 . FAZER, EM FORMA DE PAINEL, UM JOGO DE TRILHA DA CAMINHADA QUE O PATINHO FEZ DESDE A FUGA DA FAMÍLIA ATÉ SE RECONHECER COMO CISNE, DESTACANDO CADA LOCAL EM QUE ELE CHEGOU.



Gládis Pederson
Autora: Gládis Pederson de Oliveira (texto e Sugestões das atividades). Conheçamos Gladis por ela mesma, nesta entrevista exclusiva ao site. Pedersen contará um pouco da sua história de vida, de seus intensos e importantes trabalhos como pedagoga, dirigente espírita, palestrante e escritora.

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