O que é, afinal, um intelectual?

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Nos interessamos em descrever o que é um intelectual e qual o seu papel na sociedade contemporânea. Quando produzimos e editamos conhecimentos, fazemos com intencionalidades, a favor da criticidade e da humanização.

Em entrevista, Umberto Eco foi questionado e esta foi a sua resposta:

“Como definiria o termo intelectual?

“Se por intelectual entendermos aqueles que trabalham com a cabeça e não com as mãos, um bancário seria um intelectual, e Miguel Ângelo, que esculpiu com as próprias mãos, não seria. Nesse sentido, com a chegada dos computadores, qualquer um poderia se considerar intelectual. Mas será que isso faz sentido? Não para mim.”

Para Eco, o verdadeiro intelectual não é definido por uma profissão ou classe social. Ele é aquele que “produz novos conhecimentos através da criatividade.”

O exemplo é brilhante:

Um camponês que descobre um novo enxerto capaz de criar uma nova classe de maçãs está, de fato, realizando uma atividade intelectual. Enquanto isso, um professor de filosofia que repete, ano após ano, a mesma aula sobre Heidegger pode não estar sendo um intelectual de verdade.

A chave, então, é a criatividade crítica: a habilidade de questionar, analisar e reinventar aquilo que fazemos.

“É a única régua capaz de medir a atividade intelectual”, conclui Eco.

Seu pensamento desafia qualquer definição simplista e nos lembra que ser intelectual não é um título — é um compromisso com a originalidade e com o pensamento crítico.

Trecho inspirado na entrevista com Umberto Eco (1932-2016).

Leia mais: Em reflexão publicada no site, professor universitário Altair Fávero analisa a importância da filosofia como antídoto aos idiotas, principalmente os das redes sociais, como já apontava Umberto Eco: www.neipies.com/filosofia-para-nao-ser-idiota/

Autor: Nei Alberto Pies, professor, escritor e editor do site

Edição: A. R.

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