Depressão é o excesso de passado, o estresse é o excesso de presente e a ansiedade é o excesso de futuro.
A resposta para esta pergunta parece óbvia, provavelmente você esteja pensando que é o presente, certo? Porém, para a maioria das pessoas isto não é tão claro assim.
Algumas estimativas dizem que, no máximo, chegamos a dedicar 65% do nosso tempo para pensar no presente. O passado ocupa as mentes de muitas pessoas por boa parte do dia, da mesma forma, outras focam seus pensamentos e desejos no futuro. Parece que o mais difícil mesmo é viver o presente embora ele seja o único espaço de tempo que nós temos algum controle.
Por que nos ocupamos com o passado?
Em determinadas situações os sentimentos do passado nos atormentam. Isto geralmente ocorre quando passamos por algum trauma, seja a perda de pessoas queridas, separações, fracasso nos negócios, o que fizemos que não queríamos ter feito ou o que deixamos de fazer e que nos arrependemos.
Alguns transformam o passado numa âncora que não os deixa seguir em frente, outros tentam sepultá-lo. Estes transtornos fazem parte da vida, mas se eles se transformam em apatia, então precisam ser tratados.
Por que nos ocupamos com o futuro?
O futuro pode significar esperança ou ameaça. Geralmente sonhamos com um futuro melhor, fazemos planos de quando tal coisa acontecer, aí sim seremos mais felizes. Algumas pessoas esperam pela aposentadoria para fazer algo que gostam ou para mudar para o lugar dos seus sonhos. Outros fazem planos para quando terminarem de pagar a casa, quando não precisarem mais pagar a pensão, quando não tiverem mais que conviver com alguma coisa que lhe custa dinheiro, tempo ou lhe causa incômodo. A esperança de superar estes momentos move muitas pessoas. A felicidade ou a vida desejada certamente virá no futuro. Por outro lado, para quem valoriza as incertezas, o futuro pode ser preocupante. Surge o medo do desemprego, de não poder pagar as suas contas, de aparecer uma doença ou de acontecer algo de ruim para uma pessoa querida.
E o presente?
O presente parece que anda no piloto automático, ao acordarmos pela manhã, já sabemos o que teremos que fazer nas próximas 24 horas. Nosso cérebro desperta pensando em como evitar os momentos de estresse. O que fazer para não chegar atrasado? Como entregar a tarefa do dia? E aquela reunião chata que temos que participar? Tentamos inutilmente ter controle sobre o presente, mas ele sempre nos escapa e precisamos reorganizar os planos.
Não sei a autoria da frase que explica os excessos e que para mim faz muito sentido: “depressão é o excesso de passado, o estresse é o excesso de presente e a ansiedade é o excesso de futuro”.
Dependendo da fase da vida em que nos encontramos, poderão pesar mais os pensamentos do passado ou do futuro. O jovem sonha mais com o futuro do que o idoso, que ocupa seus pensamentos mais com o passado.
Gostei muito de uma análise atribuída a Santo Agostinho, que diz: “o passado é uma memória que trazemos para o presente, mas que não é exatamente como aconteceu. E o futuro é uma visão do que não foi vivido e que talvez nunca venha a existir”. E quanto ao aparente dilema entre investir no presente ou guardar para o futuro, podemos dizer que isto se resolve com a ideia de “nem tão formiga, nem tão cigarra”, ou seja, o equilíbrio entre poupar e se poupar.
Fazendo uma analogia com as navegações, diria que o passado é o porto de onde partimos e o futuro é onde queremos chegar, enquanto o presente é o navegar. Nos sentimos felizes quando chegamos ao destino desejado, mas a vida é movimento e ficar no porto por muito tempo é não aproveitar os ventos que sopram. Penso que a vida é algo semelhante ao navegar, o passado e o futuro são referências, mas só podemos desfrutar é do presente.
Desligue o complicômetro e carpe diem (aproveite o momento)!
Autor: Luis Felipe Nascimento