O que marcará 2020 na educação?

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A grande lição que podemos tirar neste
momento de pandemia é a de que o professor
é de fato insubstituível, seja em sala de aula,
seja para um olhar ou palavra que acalenta
quando tudo é incerto.


O ano de 2020, sem dúvidas, já deixou sua marca no mundo com o surgimento de um vírus que nos obrigou a repensar a própria existência. Nos colocou diante das mais diversas interrogações em relação à vida e ao nosso modo de viver em sociedade.

O SARS COV 2, também conhecido como Novo Coronavírus, teve suas primeiras notificações na China e tornou o país um vilão mundial, despertando as mais cruéis e irracionais reações diante do desconhecido.

As informações acerca desse vírus ganharam atenção em todos os locais e nos vimos diante de uma realidade jamais pensada outrora: a de ficarmos isolados em nossas casas, cumprindo as determinações de especialistas da área da saúde, bem como voltar nossa atenção aos pesquisadores e à ciência, tão desvalorizada por governantes inaptos ao cargo.

Nesse contexto, a educação e o ensino também precisaram ser repensados de maneira muito rápida para que a aprendizagem continuasse acontecendo, ainda que de uma maneira pouco comum nas escolas brasileiras, o Ensino a distância (EAD).

As diferenças que assolam o ensino público no Brasil ficaram ainda mais evidentes e, especificamente no RS, evidenciaram o descaso que a escola pública está imersa. Enquanto professora da rede estadual de Passo Fundo, me vi tendo que reinventar o modo de dar aula com as ferramentas tecnológicas disponíveis e compartilhar uma angústia coletiva de uma categoria que não tem o devido reconhecimento de grande parte da sociedade e muito menos dos governantes.

Os abismos e a desigualdade acompanham o nosso país e, neste momento, não é diferente, grande parte dos alunos não têm condições de acompanhar o ensino EAD e ficam ainda mais isolados das oportunidades que deveriam ser para todos.

O que gostaríamos que um chefe de estado fizesse num contexto de pandemia é o que gostaríamos que fizessem sempre: consultar quem está na linha de frente das escolas, para que assim as decisões fossem mais condizentes com a realidade dos educandos.

Nós professores queremos sempre o melhor para cada estudante que passa pelas nossas vidas e não é uma tarefa fácil lidar com diferentes tipos de realidades de uma sala de aula, ao mesmo tempo em que é exatamente a singularidade de cada um que torna o ensino um desafio especial e único.

O mundo digital certamente é indispensável para que a aprendizagem aconteça de forma ainda mais completa e democrática, mas sem dúvida, a grande lição que podemos tirar neste momento de pandemia é a de que o professor é de fato insubstituível, seja em sala de aula, seja para um olhar ou palavra que acalenta quando tudo é incerto.

Sérgio Vaz diz que ‘é necessário o coração em chamas para manter os sonhos aquecidos. Acenda fogueiras’’. Nossa missão, em busca de uma educação pública justa e igualitária, passa pelas fogueiras que acendemos em cada aluno que consegue além de aprender, sonhar.

Autora: Eduarda Dal Pozzo, professora de Língua Portuguesa e Literatura, Graduada em Letras na UPF (Universidade de Passo Fundo).

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