A escola e a universidade são o contrário da nossa casa. Em casa, estamos entre iguais; na escola, entre diferentes. E o que nos educa é a diferença. Em casa, estamos no ambiente privado; na escola, num ambiente público. Em casa, estamos num ambiente que é nosso; na escola, num ambiente que é de muitos.
Há acontecimentos, alguns até de alta repercussão, que causam pouco impacto em nossas vidas. Porém, com outros acontecimentos, deveríamos aprender mais e nos preocuparmos com seus impactos na sociedade que queremos construir.
Algumas análises e evidências nos indicam que, com a pandemia, pouco aprendemos, apesar de seus impactos sociais, econômicos, humanos e educacionais. O processo eleitoral brasileiro pautado por polarizações, intolerâncias e violências indica que, também, não estamos tirando as aprendizagens possíveis e necessárias.
Continuamos concebendo adversários como inimigos e os diferentes com preconceitos sociais, políticos e étnicos. O que pensa diferente sobre a pandemia ou sobre o processo político eleitoral é considerado inimigo e precisa ser combatido.
Estes posicionamentos atingiram não somente a convivência social, mas, inclusive as famílias, escolas e universidades. As manifestações preconceituosas ocorridas em instituições de ensino, entre outras, indicam a necessidade de nos reeducarmos para uma vida compartilhada, com liberdade, cidadania e democracia. Ou produziremos a barbárie que imaginamos combater.
É preciso termos o discernimento de que a escola e a universidade são o contrário da nossa casa. Em casa, estamos entre iguais; na escola, entre diferentes. E o que nos educa é a diferença. Em casa, estamos no ambiente privado; na escola, num ambiente público. Em casa, estamos num ambiente que é nosso; na escola, num ambiente que é de muitos.
A grande contribuição da escola é ser diferente da casa. Os professores diferentes dos pais.
Os colegas diferentes dos irmãos. Por essa razão, é tão importante a colaboração entre escolas e famílias, com funções diferentes, mas complementares na formação dos estudantes. A educação não serve para nos fecharmos no que já somos. Precisa servir para aprendermos a começar o que ainda não somos.
A vida, acima de tudo, é condominial. Se a vida é o lugar onde vivemos juntos, o nosso planeta, o nosso país, a nossa cidade e a nossa escola é onde vivemos juntos. Escola, enquanto espaço comum, é um espaço de educação, convivência e de formação ética.
Aprender não é um ato individual ou privado, precisa dos outros. É na relação e na interdependência que se constrói a educação. Não aprendemos com nossa bolha, mas com a riqueza e pluralidade social que precisa estar expressa nas escolas e universidades, sejam públicas ou privadas.
O ser humano é um ser social e gregário, é ser junto. A função socializadora da escola e da educação é ensinar a viver juntos. É formar para a cidadania, para fazer parte de coletividades, sociedades, culturas diversas, tribos, grupos sociais e profissionais.
A educação deve formar pessoas e cidadãos éticos. Ética é uma relação com o outro, o alter, o diferente. Não basta empatia, pois nem sempre consigo me colocar no lugar do outro. Por isso é preciso formar pessoas com compaixão.
Autor: Gabriel Grabowski