De acordo com nossa compreensão sobre o significado
da existência humana, podemos buscar ser mais ou ter mais;
ser mais individualistas ou mais solidários;
promover a vida ou instigar a morte.
Nascemos suficientemente velhos para morrer e abundantemente novos para viver. Somos constituídos como seres de mil e uma possibilidades. Vivemos em contextos com um milhão de influências. Morremos todos os dias um pouco e uma vez como derradeira por milhões de motivos.
Esses números são apenas simbólicos; querem transmitir a ideia de que somos um mistério em andamento. E enquanto nos é permitido seguir andando conscientes, também nos é dada a oportunidade de refletir acerca do ser, da morte e da vida.
Nossa vida humana está atravessada por duas linhas existenciais que se orientam em sentido inversamente proporcional. Isso, ao menos, como grande possibilidade. Uma é a linha biológica; a outra é espiritual. Na perspectiva da primeira linha, nascemos carregados de vida e vamos, a cada dia que passa, subtraindo de seu saldo, até acabar de morrer. Na orientação da linha espiritual, nascemos habitados por um potencial incalculável de vida e podemos caminhar de tal modo até viver plenamente, eternamente, felizmente, conforme assegura a nossa fé.
A vida nunca se deixa inscrever e nem descrever de modo satisfatório. Ela sempre nos foge, nunca nos basta. Mesmo quando parecemos fartos de viver, a vida vai mais além. Ela não é só o que parece e também não é apenas o que desaparece. Embora envolta em mil dores ela quer viver. Ainda que rodeada por um milhão de amores, ela teme morrer.
Feitos à imagem e semelhança do Todo Poderoso, o Ser infinito de muitos nomes, somos constituídos com o desejo e a esperança de eternidade. Somos insaciáveis, insatisfeitos, inacabados, em processo. Buscamos sempre mais. De acordo com nossa compreensão sobre o significado da existência humana, podemos buscar ser mais ou ter mais; ser mais individualistas ou mais solidários; promover a vida ou instigar a morte.
Somos vocacionados para a vida. Não deixemos que a morte nos recolha de uma vida sem sentido. Não deixemos que outras forças nos retirem o sentido de uma existência verdadeiramente humana, solidária, comprometida com todas as formas de vida. A curva biológica da nossa existência é muito curta para ser pequena.
Façamos de nossa vida um instrumento de promoção da vida mais plena e feliz. Embora nas turbulências, caminhemos firmes e esperançosos, pois não estamos destinados ao nada. Embora nem sempre pareça, nossa vida tem futuro. O futuro de um porto muito mais seguro! Homenageemos os nossos entes queridos segundo nossas crenças e com nossos rituais na certeza de que, quem busca a vida, não morre jamais!
Autor: Dirceu Benincá, Doutor em Sociologia, pós-doutor em Educação e professor da Universidade Federal do Sul da Bahia.
SUGESTÕES PARA UMA ATIVIDADE PEDAGÓGICA
Esta atividade pode ser trabalhada com turmas do nono ano do Ensino Fundamental, seguindo orientações da Nova BNCC no Componente Curricular Ensino Religioso. Unidade temática: Crenças religiosas e filosofias de vida. Objeto de Conhecimento: Vida e morte. Habilidades: (EF09ER03) Identificar sentidos do viver e do morrer em diferentes tradições religiosas, através do estudo de mitos fundantes. (EF09ER03RS-01) Compreender o sentido de vida e morte em diferentes Tradições Religiosas.
Este conhecimento sobre Sentido de Vida e de morte pode ser também trabalhado no Ensino Médio, articulado com Projetos de Vida.
QUESTÕES PARA APROFUNDAR CONHECIMENTOS: (Elaboradas pelo professor Alex Rosset, professor de Ensino Religioso da rede municipal de Passo Fundo, RS)
- O que o autor do texto quer transmitir com a seguinte metáfora: “Somos constituídos como seres de mil e uma possibilidades. Vivemos em contextos com um milhão de influências. Morremos todos os dias um pouco e uma vez como derradeira por milhões de motivos.”
- Quais são as duas linhas existenciais que estamos passando no momento atual? Explique cada uma delas com suas palavras.
- Com ajuda da leitura do texto e a observação da charge abaixo elabore quais devem ser nossas principais motivações para seguir acreditando que a vida vale a pena.
- Na igreja ou denominação religiosa que você ou alguém da sua família participa, como se faz a relação da vida com a morte? Pesquise para apresentar em sala de aula.
- Pesquise, na internet, o sentido da vida e da morte em diferentes religiões. (Acesse aqui ou faça sua busca: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2018/11/02/interna-brasil,717180/a-morte-segundo-as-diferentes-religioes.shtml ).O conteúdo desta pesquisa será apresentado em sala de aula, para discussão e compreensão das diferentes formas de ver a vida e a morte nas diferentes tradições religiosas.
- O que podemos fazer com nossas vidas para que a citação final do texto:” quem busca a vida, não morre jamais!” faça sentido?
qual a resposta da 2- Com ajuda da leitura do texto , diga quais devem ser nossas principais
motivações para seguir acreditando que a vida vale a pena.