E a sua felicidade onde mora? Saiba que você é livre para escolher e, então, correr atrás dela ou agir de tal forma que ela venha ao seu encontro.
Hei, você, que anda procurando a felicidade… Será que ela tem um endereço próprio? Será que existe uma categoria de pessoas que são felizes e outra das que consideram que só existem momentos felizes? Mas afinal, o que significa felicidade?
Encontrar conceitos para definir esta bela palavra até nem é difícil, mas senti-la em sua plenitude e ainda por cima saber onde ela mora, aí já é trabalho para Sêneca, o filósofo da felicidade.
Sêneca descreve que ser feliz é saber equilibrar a razão com a emoção. Para ele é isto que traz a serenidade, qualidade esta que ele considera como sinônimo de felicidade. Diz também que a felicidade não mora sempre no mesmo lugar. Assim, o primeiro preceito para esta busca seria procurá-la em caminhos diferentes das outras pessoas e dos seus próprios já traçados. Muitas vezes olhamos para a vida dos outros e buscamos compreender o porquê parecem ser tão felizes. Contudo, este mesmo filósofo alerta que, se quisermos olhar para as outras pessoas e compreender o porquê de sua felicidade, devemos procurar olhar primeiro para suas almas e não para suas aparências.
Mas, dentre tudo que este sábio romano nos deixou de legado, desde a o período clássico, o que mais me chama a atenção é o que ele refere sobre a importância de vivermos em comunhão com a natureza. Desde então, estamos nos distanciando, cada vez mais, da fonte da nossa vida e, como tal, da própria felicidade.
Nos dias de hoje, precisamos de mais e mais “coisas” para sermos felizes, o que tem tornado esta busca mais difícil. Nem bem sabemos que nossa felicidade depende muito mais do que fazemos com o que temos do que com o que, exatamente, nós temos. Temos deixado de lado o nosso potencial criativo e buscado tudo pronto.
Afinal, temos pressa! Não dá mais tempo de cultivarmos um hobby, de tocarmos um instrumento musical, de praticarmos um esporte coletivo, de brincarmos, especialmente junto à natureza. Não estamos tendo tempo de vivermos em grupo, o que poderia nos proporcionar a suave alegria do pertencimento e das trocas humanas.
Nossa felicidade também depende da possibilidade de ajudarmos os outros a serem mais felizes. Alguém que vive egoisticamente, muitas vezes às custas do sofrimento do outro, não deve conhecer a verdadeira sensação da felicidade. Da mesma forma, a pessoa que apenas cumpre com suas obrigações, deixando de lado sua espontaneidade, o que na filosofia do Taoísmo significa a essência da felicidade, vai continuar procurando-a por muito tempo e por muitos lugares e dificilmente a encontrará.
Em seu livro “Feliz por nada” Martha Medeiros defende, e eu assino embaixo, que felicidade não tem a ver com oba-oba, riso frouxo ou com vida ganha. Para ela, isso representa alegria, o que também é muito bom, mas não é suficiente para abarcar toda a essência da verdadeira felicidade, a qual também pode incluir momentos de tristeza e, eu diria ainda, de dúvidas e preocupações.
Esta já consagrada escritora gaúcha defende que precisamos evitar a sensação de amortecimento, buscando extrair das miudezas o mesmo feitiço que as grandezas proporcionam. Além disso, é pertinente que corramos atrás do que queremos, prestando homenagens a nossa própria biografia.
Complemento estas ideias com o entendimento de que a felicidade não vem por conta própria, já, as dificuldades, estas vão chegando sem pedir licença. Contudo, as pessoas felizes as percebem não como obstáculos mas, sim, como desafios, motivando-se para enfrentá-los. Elas vêem a dor como passageira e determinam seu grau de ambição de acordo com as possibilidades de realização.
Ah, felicidade… Mas afinal, onde mora você? Caetano Veloso entoa uma canção que diz que ela mora onde a falsidade não vigora, e isso faz muito sentido… Baseada nesta ideia e muitas das anteriores, decidi que a minha felicidade fará sempre morada na minha alma e, assim, onde quer que eu esteja ela estará sempre me acompanhando, mesmo nos momentos mais difíceis que todos nós enfrentamos ou, mais cedo ou mais tarde, enfrentaremos.
E a sua felicidade onde mora? Saiba que você é livre para escolher e, então, correr atrás dela ou agir de tal forma que ela venha ao seu encontro,… Mas não fique aí, parado, esperando, pois ela não vem por inércia.
Ser feliz dá um pouco de trabalho. E, ao procurá-la, não o faça em lugares muito distantes, pois tanto faz se você está em Paris ou em um pequeno sítio interiorano, em uma praça ou em um caloroso abraço. Procure-a com as lentes do amor e você vai encontrá-la. Porém, cuide para que na pressa não passe desapercebido por ela, entremeada que está nas coisas simples da vida.
Que lindo o trabalho que fazes! Acho tão legal o jeito e a forma com que valorizas os textos dos teus convidados. Leia também: https://www.neipies.com/revolucao-pela-educacao-urgencia-de-uma-nova-consciencia/
Autora: Marilise Brockstedt Lech