Numa época de mudanças profundas,
desafiados a desenvolver nossa resiliência,
devemos pensar e ajustar nossa organização
em todos os níveis, com disciplina, para que se transforme,
a médio prazo, em hábitos sustentáveis.
Ao analisarmos o comportamento individual exigido pelas instituições que administram o sistema social em vigor, identificaremos mentes brilhantes sendo escravizadas pelas imposições do consumismo e do produtivismo ilimitado.
Nesse ativismo exagerado, existem poucos espaços para o autocuidado em todas as suas formas. Numa época de mudanças profundas, desafiados a desenvolver nossa resiliência, devemos pensar e ajustar nossa organização em todos os níveis, com disciplina, para que se transforme, a médio prazo, em hábitos sustentáveis.
A organização, visando a evolução e a sustentabilidade individual, no interior de um grupo familiar ou sistema social geral, é de grande relevância. O ponto de partida é a condição atual de cada pessoa, que consiste, além de outros fatores, da reconstrução da soma de aspectos conscientes, inconscientes, do seu grupo, do sistema social, do sistema familiar atual, bem como do comportamento das gerações familiares passadas.
A partir dessa complexidade de variáveis, na qual cada indivíduo vai se organizar, se faz necessário ressaltar que os espaços na organização pessoal para os procedimentos de autocuidado são atravessados pela lógica social do consumo, da produtividade e do reconhecimento.
A disciplina se apresenta com um histórico de fragilização, em um contexto de desorientação generalizada, de flexibilização das normas, de permissividade, de criatividade e pluralidade de comportamentos.
Existem aspectos positivos na flexibilização para a evolução e sustentabilidade pessoal e social, decorrentes da superação de comportamentos padronizados, uniformizados e repetitivos, dos modelos autoritários e ditatoriais. No entanto, esses aspectos não devem impedir que as relações mais sólidas, com vínculos, entre organização pessoal e a disciplina para a manutenção da mesma, visando o bem estar individual e geral, sejam desenvolvidos.
Ao reconhecer o valor da disciplina, um comportamento consciente substituirá a não realização do autocuidado corporal ou intelectual. Nesta trilogia de aspectos centrais para ampliar os comportamentos conscientes e sustentáveis, os hábitos simbolizam a explicação e o estágio culminante, possibilitando que tarefas especificas deixem de representar um enorme esforço e se tornem prazerosas.
A satisfação em realizar tarefas específicas, como ler, escrever, preparar o próprio alimento, caminhar, andar de bicicleta, correr, levantar da cama para participar de um encontro em uma sala de aula virtual, está estritamente relacionada com a cultura da organização pessoal, a disciplina e os bons hábitos.
A distância entre a necessidade de um grande esforço e a realização confortável ou satisfatória de uma atividade está na opção consciente por rotinas que associem organização pessoal, disciplina e bons hábitos.
Em outra publicação neste site, já escrevemos: “numa sociedade baseada na competição, na exploração implacável de um ser humano por outro, no ato de lucrar com as necessidades alheias e na criação de problemas com o propósito de obter lucro, as referências para o comportamento devem sair das sombras, pois tem suas origens ideologicamente ofuscadas”.