Quando se exibem, não vamos desfazer. Vamos aceitar suas afirmações. Eles precisam delas. Assim agindo, eles se tranquilizam, se sentem reconhecidos por nós e poderemos nos dar bem com eles.
Certa vez, fui a um evento e, chegando lá, os guardas da portaria me pediram o convite. Eu não tinha e, para minha própria surpresa, arrogantemente afirmei: “Meu convite é verbal!”. “Como assim, verbal?! Sem qualquer papel impresso, nada escrito?”, perguntou um deles. “Sim, é verbal!”, voltei a afirmar. Eles começaram a rir. Só me restou ir embora. Rindo também.
Sempre que quis tratamento especial, me dei mal. Ninguém está livre desses “piores momentos” na vida, mas eu me refiro àqueles que são sempre arrogantes, que faz parte da sua natureza. Esperam sempre receber um tratamento especial.
Possuem um sentimento grandioso quanto à sua importância, tendem a exagerar suas capacidades, talentos e realizações, esperam ser reconhecidos como superiores sem fatos que justifiquem tal expectativa. Com pouca capacidade de empatia, raramente identificam-se com os sentimentos ou as necessidades alheias. Suas prioridades são mais importantes que as de todos os outros. Ficam irritados quando os colegas deixam de auxiliá-los em seus “trabalhos superimportantes”. Tendem a discutir suas próprias preocupações em detalhes intermináveis, não se interessando em ouvir as preocupações dos outros.
Não se dão conta de que afastam as pessoas. Contam-se piadas deles. “Fulano acha que, caso não tivesse nascido, a humanidade estaria se perguntando o porquê”.
Para se dar bem com eles, precisamos entender por que agem assim já que despertam em nós um sentimento negativo. Corrigimos esse sentimento ao perceber o quanto são sofredores.
Dentro deles habita uma tristeza: a de estar decepcionando, deixando a desejar em relação a imagem valorosa ambicionada. Em cada ambiente, precisam convencer aos outros e a si mesmos de que sua avaliação interior está errada, de que possuem sim muito valor, muitíssimo valor.
Conclusão: quando se exibem, não vamos desfazer. Vamos aceitar suas afirmações. Eles precisam delas. Assim agindo, eles se tranquilizam, se sentem reconhecidos por nós e poderemos nos dar bem com eles.
Mas, como em tudo, há um limite: sem um convite no papel, só “verbal”, façam como os guardas da portaria, não os deixem entrar.
P.S.: Vale a pena ver a obra de Greg Ruth de Ashfield, Massachusets. Escreve ele que podemos ser arrogantes, no sentido de ousados, internamente, sem ser rudes externamente.
Autor: Jorge Alberto Salton
Edição: Alex Rosset