Os sons dos nossos recreios nos acompanharão para sempre

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Acho mesmo que os sons dos nossos recreios de infância nos acompanham e nos acompanharão para todo o sempre. Mas temos de admitir que, de repente, por ordem de um sino qualquer, eles vão… Vão sumir de vez, era o que eu ia dizer. Mas, até isso acontecer, conviveremos em nosso íntimo com risadas e gritos de alegria.

Passamos pela vida de forma discreta. Nem dá para dizer que a humanidade logo nos esquecerá. A “grande humanidade” sequer ficou sabendo de nossa existência. Não estamos nos livros de história, não somos Napoleão Bonaparte, não ganhamos prêmios mundiais, não somos destaques no noticiário internacional, não temos milhares de seguidores nas redes sociais.

Vivemos, de fato, com uma parcela mínima da imensa humanidade, na nossa “pequena humanidade”, aquela que está a nossa volta. Aquela cujos primeiros contatos ocorreu no pátio do colégio, nos recreios. Nossos ouvidos foram alimentados com sons vindos daí.

No meu caso, havia um som que me fazia pensar que havia algo maior: o som do recreio do colégio, porque era um som que surgia de repente e forte, muito forte, como uma explosão; também de repente se extinguia por inteiro. Por ordem de um sino, sumia de vez.

Na vida adulta, é fato, meu mundo foi ampliado por mais relações afetivas, profissão, participação em eventos, por problemas da sociedade em que vivi, por uma série de sons. E desse espaço ampliado acompanhei o que se passava na “grande humanidade”. Me interessei por saber de seu passado, presente e possibilidades futuras.

Agora, no “pós-vida adulta”, percebo que esse interesse por observar a “grande humanidade” diminuiu. Minha atenção passa, gradativamente, a retornar ao pequeno mundo em torno de mim, que, por sinal, mantém semelhanças com aquele da infância.

Ontem, ao dar-me conta de que caminhava na calçada em frente ao pátio do colégio Bom Conselho, moro perto, parei. Esperei. E não é que o som que na minha infância me fazia pensar que havia algo maior ressurgiu bem como antes? Como antes, explodiu do silêncio! Eram vozes! Eram gritos alegres! Risadarias! Eram sons como os do recreio do meu colégio, como se eles estivessem me acompanhando nesses anos todos.

Sim, acho mesmo que os sons dos nossos recreios de infância nos acompanham e nos acompanharão para todo o sempre. Mas temos de admitir que, de repente, por ordem de um sino qualquer, eles vão… Vão sumir de vez, era o que eu ia dizer. Mas, até isso acontecer, conviveremos em nosso íntimo com risadas e gritos de alegria. Viveremos na boa companhia de vozes amigas. Amigas para sempre.

Autor: Jorge Alberto Salton. Também escreveu e publicou no site “Humana beleza de ser empático”: www.neipies.com/humana-beleza-de-ser-empatico/

Edição: A. R.



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