Padre Zezinho: religioso coerente com Doutrina Social da Igreja

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Padre Zezinho é “marca registrada”
de uma espiritualidade cristã, viva,
intensa e embasada na doutrina social da Igreja.


Acompanho, bem recentemente, Padre Zezinho nas redes sociais, em sua página do Facebook (com 283 mil seguidores). Padre Zezinho é “marca registrada” de uma espiritualidade cristã, viva, intensa e embasada na doutrina social da Igreja.

Dias atrás, ele mesmo declarou que não é de direita, nem de esquerda, mas que segue a doutrina social da Igreja Católica Apostólica Romana desde Pio XI até os dias do Papa Francisco. Provavelmente, escreveu sobre o tema porque deve ter sofrido grandes pressões para definir-se sobre as conjunturas políticas de um Brasil em efervescência.




Certeza é Ilusão é uma composição do cantor, compositor, cronista urbano, professor de música e fundador do bloco Todo Mundo, Paulo Padilha.




Muitos cristãos católicos guardam uma lembrança doce, suave, evangélica e sempre profética do Padre Zezinho em muitas de suas canções que se transformaram em verdadeiros hinos para a comunidade católica brasileira.

Mais recentemente, encorajado por pregações proféticas e pelas críticas ao modo de ser igreja proferidas por Papa Francisco, percebo que Padre Zezinho, com seus 78 anos, resolveu assumir posições com relação à temas sociais da atualidade, em especial com relação aos riscos iminentes da pandemia do Coronavirus (COVID -19).

Em uma publicação datada em 28 de março, escreveu:
“Então, como creio em Deus e não entendo de dores humanas como os especialistas em virologia e dores, eu oro daqui da minha quarentena! Não me deixam sair porque sou do grupo de risco! Meus 11 sobrinhos médicos e enfermeiras e meus amigos policiais terão que ir lá e correr o risco. São jovens. Já arrisquei saúde por muitos anos quando era jovem. Agora tenho que ouvir os médicos e autoridades. Então, as críticas ferinas e o xingamentos políticos em busca de votos são mais vírus em cima de vírus na rua e na internet. Estou apagando tudo que exala ódio e raiva. Mantenho quem discorda, mas não joga veneno nos outros!

Dois dias depois, escreveu:
“Preciso desenhar o que acabo de descrever? Aos que se dizem crentes em Deus releiam o livro dos números! Está tudo na sua Bíblia! Você ainda acha que o COVID 19 não mata? Vai seguir líderes corajosos que não têm medo do vírus, ou vai ouvir e seguir os cientistas e os médicos, muitos dos quais estão arriscando a vida para salvar os que caíram vítimas desta PANDEMIA?”

No mesmo dia, postou uma charge e escreve o texto:
“A frase do presidente que chamou de moleque quem discorda dele (dia 29/3/2020) será lembrada por cientistas, médicos e religiosos que pediram30 dias de quarentena para que o coronavírus não fizesse tanto mal como fez na Itália e na Espanha!”.


Esta publicação gerou a maior polêmica e suposta “decepção” de centenas ou milhares de seus seguidores, como também de manifestações de apoio a sua corajosa publicação. Em um dia de postagem, esta publicação obteve 7100 curtidas, 3000 comentários e 2100 compartilhamentos.

Que tipo de cristãos a Igreja Católica vem formando ao longo das últimas décadas?

Lendo algumas centenas de comentários de seus seguidores, sobretudo os mais críticos, ácidos e estúpidos, vieram-me a mente algumas indagações:

  • Por que a opinião de religiosos em temas atuais geram tanto “frisson” entre os seguidores, sobretudo quando questionam a atitudes incoerentes de autoridades como as do presidente Bolsonaro?
  • Por que a Doutrina Social da Igreja ainda é tão pouco conhecida pela maioria dos católicos?
  • Qual é a origem de tanto ódio, raiva e estupidez, justamente propagada entre cristãos que tem sua vivência baseada no amor (inclusive no amor aos inimigos)?
  • Podem, e devem, os religiosos manifestar opiniões sobre a conjuntura atual do Brasil (que chamamos de efervescência e incerta no início desta reflexão)?
  • A atual politização da COVID -19 não trará sérios prejuízos ao enfrentamento e combate a esta pandemia no Brasil?

Que tipo de cristãos a Igreja Católica produziu nestas últimas décadas? O que penso sobre é que um religioso de relevância como Padre Zezinho tem de estar na frente de seu povo, para profetizar verdades, não para “adular” ilusões. O seu post teve um tom profético!

Por fim, desejo publicar a genial e corajosa reação do próprio Padre Zezinho (em 30/03/2020).


PADRE, VÁ ORAR E CANTAR

Na minha página de Facebook, os que me aconselharam a orar, eu já fazia. Quem me aconselhou a “apenas” ora, eu ignorei. Quem me disse que padre não deve opinar sobre grandes problemas sociais, como é o caso da atual pandemia e outras epidemias, e graves enfermidades que atingem nosso povo, tentei explicar.
Quem escolheu agredir, caluniar e mostrar que primeiro pensavam no partido e na ideologia e que a fé em Cristo vinha depois, primeiro expliquei e depois os excluí da minha página.
Eles têm outros padres e outros leigos e outras páginas que também falam de política de esquerda ou de direita e também oram muito. Mas raramente ensinam Doutrina Social. Se ensinam não olham para todos os ângulos e todos os lados!
No meu caso, eu oro como padre e ensino o que está escrito desde o Vaticano II, nos mais de 100 documentos de cunho social da nossa Igreja e ensino o que ensinaram os Papas, desde Pio XI até Francisco de Buenos Aires, todos eles inspirados no santo Francisco de Assis que não apenas orou.
Além disso, desde 1964, mais da metade das minhas canções falam de oração , de doutrina social, de política e de espiritualidade . Eu li tudo o que a Igreja tem dito desde em que fui ordenado padre. Estou obedecendo nossa Igreja!
A eles respondo: Vá ler a doutrina social da nossa Igreja ! Eu li !

(Pe Zezinho scj)




“Temos todos o direito e o dever de discordar, de quem quer que seja, quando a estupidez, a arrogância e a mentira agridem a nossa inteligência, sabedoria e ponderação.  A gente até suporta, silenciosamente, até um certo ponto, mas a reação da racionalidade se impõe. A cultura de ódio, perseguição e mentiras cega toda a sociedade, manipula as mentes e nos transforma em “robôs”, repetidores de inverdades e frases prontas”. (Nei Alberto Pies)

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