Nada vai acontecer! Até que o teto de cada um desabe sobre si.
Paredes salvas, lindas aos olhos de quem passa.
Sem teto, todavia. Pra quê! Quem se importa?
Não estamos correndo todos, por telhas escassas?
_Hoje não irá chover filhos! Fechem logo a porta.
Sob as nuvens, a ameaça! Sobe o tempo indiferente:
chuva, granizo, ventos, raios, e tudo será ensopado.
Sinta a emoção conosco? Um céu feio passa, rente.
Passe você uma noite! Uma noite apenas, encharcado.
Não há telhas que a contemplem, pelo menos hoje.
Muito menos consciência, que contemple a nós,
Tendo teto em minha casa, que mal que nos enoje?
Chame o prefeito, por um dia, e o deixe ali, a sós.
Até Deus pareceu abandonar. Que grande a eles o mal-feito?
Nesta vil tapera urbana, e que tem data e hora certa pra ruir.
Que as suas paredes, projetam apenas o vazio de quem eleito.
Mas, nada vai acontecer! Até que o teto de cada um desabe sobre si.
11/04/2024
Autor: Nelceu A. Zanatta. Publicou e escreveu poesia “A menina, a janela e o cego”: https://www.neipies.com/a-menina-a-janela-e-o-cego/
Edição: A. R.