Paulo Freire, 102 anos: um breve depoimento

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Foi um enorme prazer remexer em meus arquivos (pessoais, do Imaco, da AEC/SP, do Vereda, do Libertad), manuscritos, textos publicados, agendas, dialogar com amigos que também viveram esse tempo tão especial, verdadeiro Kairós! Paulo Freire vive!

Neste ano de 2023, Paulo Freire, nascido em Recife, em 19 de setembro de 1921, faria 102 anos. Temos muito a comemorar!!![1]

I- Minha Relação com Paulo Freire

Minha relação com Paulo Freire[2] tem várias e complementares facetas: leitor de sua obra, aluno, participante de encontros e palestras com ele, “interlocutor” em minhas práticas escolares e de formação docente, “vizinho”, secretário de educação, amigo de amigos dele, parceiro em algumas atividades e, depois de seu falecimento, “autoconvocado” a reinventar sua obra, além de ser convidado a falar e a escrever sobre seu legado. Faço, a seguir, um breve depoimento de alguns destes diversos momentos.

1-Contato com a Obra

Meu primeiro contato com a obra de Paulo Freire deu-se, não no âmbito da academia, mas dos movimentos sociais, mais precisamente em 1977[3], com a leitura de um trecho da “Pedagogia do Oprimido”, num papel mimeografado que ainda cheirava a álcool, numa noite de sábado, na sede da OAF-Organização de Auxílio Fraterno, antes de sairmos[4] para a ronda no centro de São Paulo (onde eram distribuídos chá, lanche e cobertor, se fosse o caso, para os moradores de rua).

Eu, com 21 anos, era aluno do 1º ano do curso de Engenharia Eletrônica da Escola Politécnica da USP, e já tinha sido professor na Escola Técnica Industrial Lauro Gomes, em São Bernardo do Campo, onde me formara no curso Técnico em Eletrônica, em 1974. Estava num processo de metanoia, de “viragem à esquerda”, de um desvelamento de uma realidade que, até então, como um produto do “milagre brasileiro” (técnico eletrônico, iniciando engenharia)[5] e participando de um movimento católico de jovens bastante elitista, tinha sido poupado.

Mais tarde um pouco, com um grupo de amigos que faziam o curso de Teologia para Leigos no CEVAM-Centro de Evangelização Missionária, na Vila Carioca, em São Paulo, voltamos a ler “Pedagogia do Oprimido”.[6]

2-Curso “Ciço”

No ano de 1983, depois de ter deixado a engenharia, ter ido para o seminário franciscano em Guaratinguetá, deixado o seminário depois de pouco tempo  e voltado para São Paulo, eu cursava as últimas disciplinas do curso de Filosofia na Faculdade Nossa Senhora Medianeira. Trabalhava, pela manhã, como coordenador pedagógico no Instituto de Ensino Imaculada Conceição-Imaco e, à noite, como orientador educacional e professor no Colégio São Luís. Fazia uma disciplina optativa, no curso de Pedagogia, com a Profa. Selma Garrido. Numa das aulas, ela trouxe a divulgação de um curso com o Prof. Paulo Freire (e professores convidados): “Dimensões Políticas, Sociais, Econômicas e Culturais da Educação através da leitura do Ciço”. Fiquei muito interessado!

O curso ocorreu de 03 de maio a 14 de junho.

Conhecer pessoalmente Paulo Freire foi uma grande emoção. Os encontros foram fantásticos! Íamos lendo o texto “Ciço”, de Carlos Rodrigues Brandão, e a cada trecho, parávamos para dialogar. Às vezes, passávamos a noite toda dialogando sobre um único parágrafo. Numa das noites, a grande surpresa foi a presença do próprio Brandão. Imaginem a magia de um curso como este!

Pois bem, num dos dias do curso, Paulo Freire falou que estava precisando de um lugar para o CEEd-Centro de Estudos em Educação (logo em seguida denominado Vereda) que ele e alguns amigos tinham fundado recentemente. Falei como o diretor do Imaco[7], Prof. Luiz Pierre, que cedeu uma sala no 1º andar do colégio para o Vereda.

3-“Vizinho”

O período de minha maior proximidade com Paulo Freire foi justamente quando a sede do Vereda foi instalada Imaco, onde eu era coordenador pedagógico (e depois diretor), e lá ficou de meados de 1983 até final de 1988[8]. Tornou-se, assim, nosso “vizinho”, já que, de quando em quando, cruzávamos com ele pelos corredores. Participei de diversas atividades de estudos no Vereda, com intelectuais[9] de muitas áreas do saber[10] (o que revela, mais uma vez, a forte curiosidade que animava Paulo Freire). Ele nos brindou com vários encontros com nossos alunos do Ensino Médio (aos quais ia com muito gosto), bem como com nossos professores e comunidade educativa.

A foto abaixo foi de um destes maravilhosos encontros, eu já como diretor do colégio, na noite de 8 de outubro de 1985, com a temática “Educação enquanto Ato de Conhecimento”, na Semana de Educação, em comemoração ao aniversário do Imaco e ao dia de São Francisco de Assis (os Frades Capuchinhos eram os mantenedores do colégio).[11]

4-Falecimento de Elza

Em 1986, no dia 24 de outubro, faleceu Elza, primeira esposa de Freire. Eu era aluno de Dermeval Saviani no mestrado em História e Filosofia da Educação na PUC/SP e, ao mesmo tempo tinha, como disse, encontros com Paulo Freire nos corredores do Imaco. Eram dois educadores por quem eu tinha (e tenho) grande admiração e profundo respeito.

Naquele momento, todavia, era ainda forte no meio acadêmico o embate entre “competência técnica” e “compromisso político” do educador, e a maneira enviesada como era conduzido em alguns círculos, se extrapolava e dava-se a entender que Saviani e Freire seriam “inimigos mortais”.[12]

Tenho pra mim que a polêmica, embora fosse originalmente no campo teórico mais relacionado a Saviani[13], acabou sendo usada para atacar Paulo Freire, insinuando que pregava o “educador-político”, mas não dava muito valor para a escola, para o conhecimento. Este viés, carece totalmente de fundamento.[14] Basta ver, por exemplo, a obra “Extensão ou Comunicação?”, que comento em seguida.

Pois bem, para minha surpresa e alegria, quem vi no cemitério? Dermeval Saviani, solidário à dor de Paulo Freire, desmascarando todo aquele construto artificial de “briga irreconciliável”!

Minha intenção ao fazer este registro, algo totalmente subjetivo (minha surpresa e alegria no cemitério ao ver Saviani), é ajudar a superar picuinhas que, eventualmente, perdurem até hoje e, para além das saudáveis divergências, apontar para o que interessa e nos une no campo progressista: Um Outro Mundo e Uma Outra Educação Possíveis!

5-Extensão ou Comunicação?

Uma das coisas que sempre me encantou foi a paixão constante de Paulo Freire pelo conhecimento, que é também minha temática de paixão maior. Em seus diálogos, frequentemente, partia da política (que pronunciava com “boca cheia”, com muita ênfase e gosto), ia para a ética, para as grandes questões mundiais, etc. mas sem perder a referência epistemológica, ou gnosiológica, como preferia dizer; o conhecimento como instrumento de libertação.

No ano de 1987, no período de 17 a 22 de agosto, fiz um curso de extensão em “Filosofia para Criança”, na PUC/SP, ministrado pelo Prof. Marcos Lorieri, em que uma das referências básicas foi o livro “Extensão ou Comunicação?”.

Neste livro, depois de fazer a crítica à tradição educativa de “transformar o sujeito em objeto para receber pacientemente um conteúdo de outro”, Paulo Freire vai nos brindar com os fundamentos epistemológicos da atividade pedagógica, apresentando a sua leitura da teoria dialética do conhecimento, bem como o seu desdobramento didático-metodológico, em especial o diálogo problematizador, uma vez que “sem a relação comunicativa entre sujeitos cognoscentes em torno do objeto cognoscível desapareceria o ato cognoscitivo.(…) A educação é comunicação, é diálogo”.[15]

“Extensão ou Comunicação?” marcou muito a minha formação, na medida em que aliou a reflexão gnosiológica, normalmente um tanto hermética e sisuda, à práxis da educação libertadora. Nos dias atuais, com tantos modismos e solicitações, esta obra, infelizmente pouco conhecida, torna-se indispensável[16] para ajudar o professor a ressignificar sua atividade a partir do seu núcleo mais profundo, possibilitando a articulação consistente entre a prática cotidiana de sala de aula, as contraditórias demandas sociais e o horizonte de um novo histórico-viável.

6-Secretário de Educação

Paulo Freire foi secretário de educação[17] da rede municipal de ensino da cidade de São Paulo, onde meus três filhos foram estudar, na E.M. Padre Manoel de Paiva[18], durante o governo de Luiza Erundina (1989-1992), e onde fui membro do Conselho de Escola (na condição de pai de aluno). Foram anos de uma muito fértil convivência democrática, de aprendizagens riquíssimas para o Tiago, o Bruno e a Maíra, assim como para minha esposa e para mim.

Paulo Freire, registro da época em que era Secretário da rede municipal de São Paulo, SP. Fonte: https://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/

Na perspectiva pedagógica, um ponto alto foi o Conselho de Escola ter aprovado a participação da escola no “Projeto da Interdisciplinaridade”[19] que propiciou, entre outras coisas, o trabalho coletivo constante, as reuniões pedagógicas semanais na escola, fato bastante raro naquele momento tanto nas escolas públicas quanto particulares.

No primeiro semestre de 1990, como membro do Conselho Editorial da Revista de Educação AEC, entrevistei a Profa. Ana Maria Saul, que era diretora da Diretoria de Orientação Técnica-DOT da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

7-Itaici

Um aspecto da personalidade de Paulo Freire que propiciava sentir-me muito acolhido era a união, algumas vezes um tanto tensa é certo, que ele fazia entre sua visão cristã do mundo e a postura dialética diante da realidade que clama por transformação[20]. “Meu encontro com Marx jamais me sugeriu deixar de me encontrar com Cristo nas esquinas da rua!”[21]

Em 1992, participei, como assessor pedagógico da AEC/SP, da Assembleia Geral da Regional Sul I-CNBB, no Convento de Itaici, no município de Indaiatuba/SP, que refletia sobre educação. No dia 24 de junho, tive o privilégio de presenciar o rico diálogo de Paulo Freire com os bispos sobre a problemática da educação no Brasil. Fiquei tão impactado pela força da justa raiva e indignação de Paulo Freire que, logo em seguida, publiquei um artigo na Revista Dois Pontos:

“Como afirma Paulo Freire, uma das coisas que a academia (e a sociedade) ensina ao professor é detestar o cheiro do pobre, é considerá-lo incompetente, incapaz, indolente por natureza. Ora, a educação tem como fundamento justamente a esperança na possibilidade de mudança do outro; se não há esta esperança por parte do professor, como pode educar (vejam-se as “profecias autorrealizantes” de fracasso). (Vasconcellos, 1992)

8-Falecimento

No dia 2 de maio de 1997, quando de Paulo Freire me despedi, no hall do TUCA-Teatro da PUC/SP, onde seu corpo estava sendo velado[22], lembro de ter conversado rapidamente com sua filha Madalena sobre a responsabilidade de todos aqueles que o admiravam em relação à continuidade de sua obra.

9-Reinvenção

Paulo Freire continua muito vivo e presente em minha existência, lembrando o que ele dizia “Na verdade, não me é possível separar o que há em mim de profissional do que venho sendo como gente”. Alguns elementos de sua obra estão tão incorporados, que me faz lembrar e parafrasear a música “seu sangue errou de veia”… Só dois sinais externos: o centro de formação que criei, em 1989, chama-se “Libertad”[23], e a denominação que dei à concepção de educação que procuro sintetizar é “Dialética-Libertadora”![24] Não quero, absolutamente, dizer com isto que eu seja um ser humano da densidade que ele é, mas que ele continua me provocando a viver minha “histórica e ontológica vocação de Ser Mais”, como tanto insistia. Gosto muito daquela pergunta: “Menino, quem foram teus mestres?” Paulo Freire, sem sombra de dúvidas, foi/vem sendo um deles!

Ao sentir, pensar e intervir no mundo, algumas formulações de Paulo Freire, sejam conceitos ou neologismos próprios, sejam conceitos ou ainda palavras já conhecidas, mas que ganharam um novo vigor em suas falas, estão em mim sempre presentes:

  • A humanização do homem, que é sua libertação permanente, não se opera no interior de sua consciência, mas na história que eles devem constantemente fazer e refazer[25];
  • Alegria;
  • Amor/Amorosidade;
  • Boniteza;
  • Consciência do Inacabamento/Incompletude/Humildade;
  • Criticidade/Contradição;
  • Curiosidade Epistemológica;
  • Dar a resposta sem passar pela pergunta;
  • Dialética Humanização-Desumanização;
  • Diálogo;
  • Dodiscência;
  • Educação Bancária;
  • Educação Libertadora;
  • Esperança/Esperançar;
  • Ética;
  • Impregnar/Encharcar de Sentido;
  • Inédito Viável;
  • Investigação Temática;
  • Indignação/Justa Raiva;
  • Leitura do mundo precede a leitura da palavra;
  • Liberdade[26];
  • Não há educação fora das sociedades humanas e não há homem no vazio. (…) Desde logo, qualquer busca implica, necessariamente, numa opção (tomada de posição, a favor de quem, contra quem)[27];
  • Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro a tarde…;
  • Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo…;
  • O mundo não é. O mundo está sendo;
  • Oprimido hospeda o opressor;
  • Política;
  • Práxis;
  • Problematização;
  • Rigor/Rigorosidade/Seriedade;
  • Saberes Necessários;
  • Tema Gerador;
  • Teoria do Conhecimento/Gnosiologia/Ciclo Gnosiológico;
  • Transformação, etc.

II-Algumas Preocupações

Para além das comemorações, temos também algumas preocupações. Uma, que tem me intrigado e preocupado, é verificar quantas vezes, nas redes sociais e mesmo em dissertações e teses, Paulo Freire é citado de maneira inautêntica, já que as frases a ele atribuídas não foram por ele escritas, qual seja, não se encontram em suas obras publicadas em vida ou posteriormente. Como podemos esperar as mudanças profundas necessárias na Educação que Paulo Freire nos aponta, se ele está sendo lembrado na base de slogans(!) e não no conhecimento de suas obras?

A frase “Não há saber mais ou saber menos; há saberes diferentes” é uma das mais citadas e referenciada como estando na “Pedagogia do Oprimido, p.68”. Pois bem, não está lá, nem se encontra em seus escritos; pode ter sido dita por ele, entretanto, não está nos seus livros.[28]

Analisando seu conteúdo, se não há saber mais ou saber menos, então o estudo do cientista sobre a vacina vale a mesma coisa que a opinião do tio do ZAP!

Quando consideramos os territórios de produção do conhecimento e suas epistemologias, podemos afirmar que não há saber mais, nem saber menos, há saberes diferentes, no sentido do valor, digamos assim, da dignidade dos conhecimentos. Neste contexto, podemos lembrar de  citações de Paulo Freire (mesmo!): “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa” (A importância do ato de ler, p.78); “Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais” (Pedagogia do Oprimido, p. 95).

Todavia, num dado referencial epistemológico, isto não se aplica, visto que diferentes sujeitos ou grupos têm diferentes domínios de saberes em termos de abrangência e complexidade. Tenho, por exemplo, um grande amigo, profundo conhecedor da História da Matemática: sim, ele sabe muito mais do que eu neste campo. Porém, isto não significa que o conhecimento dele seja verdadeiro, nem completo, nem que eu não possa vir a ter este conhecimento maior também. Na minha pesquisa, o máximo que encontrei foi um texto do Prof. Pedrinho Guareschi em que afirma ter ouvido isto de Paulo Freire, na década de 70, quando conviveu com ele na Suíça. Valeria, portanto, como citação oral, porém não como tem sido feita de forma até falseada, ainda que não haja intenção, mas com falta de rigor por não verificar a fonte.

Uma outra citação bastante comum é a que diz respeito ao Esperançar: “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo”.

As pessoas associam ao livro Pedagogia da Esperança, chegam a citá-lo, citar a página (que um dia alguém citou numa postagem provavelmente numa rede social e que passa a ser reproduzida, até em epígrafe de teses de doutoramento!), sendo que na Pedagogia da Esperança simplesmente não há a palavra esperançar! Aliás, em nenhuma outra obra publicada de Paulo Freire!

Na verdade, o uso da palavra Esperançar é introduzido por Mário Sérgio Cortella, em vários de seus textos, desde sua tese de doutorado (PUCSP, 1997), artigo para o jornal Folha de São Paulo (2001), e mais recentemente no Educação, convivência e ética: audácia e esperança! (Cortez Editora, 2015), sempre se referindo ter ouvido isto de Paulo Freire. De fato, é uma ideia perfeitamente freireana, embora não escrita por Paulo Freire.

Não se trata de um “purismo”, mas de um cuidado, para que Paulo Freire não seja reduzido a uma espécie de autoajuda pedagógica! O que angustia, como disse, é o desconhecimento da sua obra! Pode parecer um detalhe, mas nosso mestre prezava pela rigorosidade, não é mesmo?

Meninos, eu vi! Mais do que isto, eu vivi (e procuro viver)! Paulo Freire vive naqueles que buscam radicalmente fazer da Educação uma Prática da Liberdade!

Sou profundamente grato pelas marcas (insignare – marcar com sinal, dar a conhecer) que Paulo Freire deixou em minha formação! Estes registros, que espero sejam vistos como um convite, provocam muitas saudades, alegria e esperança de “um novo mundo em que seja menos difícil amar”!

AUTOR: Celso dos S. Vasconcellos

Prof. Celso dos Santos Vasconcellos é Doutor em Educação pela USP, Mestre em História e Filosofia da Educação pela PUC/SP, Pedagogo, Filósofo, pesquisador, escritor, conferencista, professor convidado de cursos de graduação e pós-graduação. Foi Professor (Educação Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior, Pós-Graduação), Orientador Educacional, Coordenador Pedagógico e Diretor de Escola. É consultor de secretarias de educação, responsável pelo Libertad – Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica.  celsovasconcellos@uol.com.br     www.celsovasconcellos.com.br  

Autor texto: A potência da docência: https://www.neipies.com/sobre-a-potencia-da-docencia/

Referências Bibliográficas

FREIRE, Paulo. Avertissement. In: L’Education: Pratique de la Liberté. Paris: Les Éditions du Cerf, 1971.

__________ Extensão ou Comunicação, 5a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

__________ Pedagogia do Oprimido, 9a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

__________ Educação como Prática da Liberdade, 14a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

__________ A importância do ato de ler, 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1983.

__________ Professora Sim, Tia Não – cartas a quem ousa ensinar, 4a ed. São Paulo: Olho d’Água, 1994.

__________ Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

__________ Pedagogia da Tolerância. São Paulo: Editora Unesp, 2004.

NOSELLA, Paolo. Compromisso político e competência técnica: 20 anos depois. Educação & Sociedade (90). São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Cedes, 2005.

SAUL, Ana Maria. Planejamento Participativo como Instrumento de Construção dos Direitos Humanos na Rede Municipal de Ensino de São Paulo – entrevista a Celso dos S. Vasconcellos. In: Revista de Educação AEC: Direitos Humanos e Educação (ano 19, n. 77 out-dez). Brasília: Associação de Educação Católica do Brasil, 1990.

SAVIANI, Dermeval. O pensamento da esquerda e a educação na República brasileira. In: Pro-Posições, revista quadrimestral da Faculdade de Educação – UNICAMP. Campinas, vol. 3, n° 10.

VASCONCELLOS, Celso dos S. A Participação do Professor na Distorção da Avaliação. Revista Dois Pontos – Teoria e Prática em Educação. Belo Horizonte: agosto de 1992 (n. 13).

__________ Discurso e Prática na Educação Libertadora: o desafio da mudança de postura. Revista de Educação AEC. Brasília: out/dez. de 1997 (n. 105).

__________ Para trabalhar com o conhecimento. In: Revista Nova Escola. Uma biblioteca essencial para o bom educador. São Paulo: Fundação Victor Civita, out. 2001.

__________ Competência Docente na Perspectiva de Paulo Freire. Revista de Educação AEC. Brasília: abril/junho de 2007 (n. 143).

__________ Liberdade. In: GADOTTI, Moacir (org.). 40 Olhares sobre os 40 Anos da Pedagogia do Oprimido (Série Cadernos de Formação – Nº 1). São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2008.

__________ Paulo Freire e o Amor: a identidade docente em questão. Revista Direcional Educador. São Paulo: maio de 2013 (n. 100).

__________ Para onde vai o Professor? Resgate do Professor como Sujeito de Transformação, 14a ed. São Paulo: Libertad, 2018.

__________ Paulo Freire: patrono da minha educação. Coletivo Paulo Freire. Cem Anos de Paulo Freire, Cem Vozes de Corações e Mentes. São Paulo: Coletivo Paulo Freire, 2021

__________ Amorosidade Freireana na Atividade Docente. In: CHARLOT, Bernard (org.). Por uma Educação Democrática e Humanizadora. São Paulo: UniProsa, 2021.

__________ Carinhoso Abraço, Querido Mestre! In: AGUIAR, João J. Ferreira de e POLI, José Renato (orgs.).Um grande abraço em Paulo Freire. Campinas/SP: Editora Brasílica, 2021 (no prelo)


[1].Temos também algumas preocupações, como veremos no final.

[2].Não consigo chamá-lo simplesmente de Paulo, uma vez que não tive tanta intimidade assim com ele.

[3].Não consegui, até agora, localizar em meus arquivos exatamente o dia e o mês.

[4].Ivete, Nenuca, Fortunata, Regina Manoel, Regina Soares, Luiz Kohara, Gema, Paco, Rogério, Maria do Carmo, entre outros.

[5].Depois de seis meses de trabalho como professor da escola técnica, tive condições de financiar um Chevette, sedan da General Motors, zero quilometro!

[6].A amiga Gina, de Osasco, pediu emprestado a “Pedagogia do Oprimido” e até hoje não devolveu! Coisa comum entre amigos, não é mesmo? Comprei um novo exemplar em julho de 1981.

[7].Colégio dos Frades Capuchinhos, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, e que tinha direção leiga.

[8].Há pouco tempo, através da Profa. Andreia Queiroga Barreto, filha de José Carlos e Vera Barreto, grandes companheiros de Paulo Freire no Vereda, tive acesso à cópia da carta, datada de 28 de novembro de 1988, a mim dirigida como diretor do Imaco, em agradecimento pelo empréstimo do espaço para a sede do Vereda, assinada por Paulo Freire. Foi uma grande emoção!

[9].Foi ali que conheci o Prof. Moacir Gadotti, de quem fui aluno especial na disciplina “Filosofia da Educação”, no Programa de Pós-graduação em Supervisão e Currículo, na PUC/SP, durante o 1º semestre de 1984. É um professor que me marcou muito. Nas primeiras edições do texto “Boniteza de um Sonho”, para minha grande satisfação, embora sabendo que era algo sem pertinência, além de um total exagero, Gadotti referia-se a mim como “um dos melhores alunos de Paulo Freire”. Quando o texto foi transformado em livro, esta referência desapareceu. Há pouco tempo, numa conversa, brinquei dizendo que ele tinha se arrependido, ao que argumentou que deve ter sido coisa do editor. Na verdade, o que importa mesmo é o privilégio de ter sido aluno de Paulo Freire; isto sim é algo maravilhoso!

[10].Educação Popular, Sociologia, Física, Teologia da Libertação, etc.

[11].Neste período, tivemos também no Imaco a sede provisória da Associação de Educação Cristã de São Paulo-AEC/SP, numa sala do térreo. Através da AEC/SP, tive contato com o Movimento de Educação Popular Fé e Alegria, e com educadores como Paulo Englert, Cecília Cardoso Alves, Margot Bertoluci Ott, Luiz Augusto Passos, etc., todos de inspiração e práticas freireanas! O projeto educativo inovador do Imaco possibilitou também o encontro com Anna Regina Lenner de Moura, Antonio Faundez, Frei Betto, Frei Ismael Martignago, Ismar de Oliveira Soares, Waldemar Rossi, entre outros.

[12].Daquela época e até hoje, parece-me que boa parte da “oposição” entre Saviani e Freire era muito mais entre “savianetes” e “freirenetes” do que propriamente entre eles! Era uma maneira de simplificar o mundo, dicotomizando-o, e dispensando-se de lidar com sua complexidade e contradições.

[13].A partir de diferentes interpretações de Antonio Gramsci, especialmente entre Guiomar Namo de Mello e Paolo Nosella.

[14].Paulo Freire sofreu críticas praticamente a vida toda. Para a direita, ele seria comunista, ateu, marxista, subversivo, um perigo à nação, etc. Para a(s) esquerda(s), ele seria cristão, liberal, hegeliano, idealista, não-diretivo, espontaneísta, escolanovista, só preocupado com a educação popular, etc.

[15] Trabalha também temáticas centrais de sua obra: tomada de consciência, relação pensamento-linguagem, teoria-prática, tema gerador, esperança crítica, busca do ser mais, processo de libertação do homem, etc.

[16].Considero este livro de Paulo Freire fundamental na formação do professor por tratar, com profundo rigor, de um dos pilares básicos da prática docente: o trabalho com o conhecimento. Como pode o educador desenvolver uma prática emancipatória se sequer compreende como se dá o processo de conhecimento?

[17].Atuou como secretário de educação de janeiro de 1989 a maio de 1991.

[18].Esta escola me foi sugerida pela querida amiga Olgair Gomes Garcia, na época Diretora de Educação Infantil da SMESP, que em função de sua proximidade com Nita (Ana Maria Araújo, que veio a se tornar a segunda esposa de Paulo Freire), tornou-se muito amiga de Freire.

[19].Sobre o projeto, ver “Série Inovações Educacionais-3”, publicação do INEP dedicada ao estudo de caso do “Projeto Interdisciplinar no Município de São Paulo”: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001617.pdf acesso em 07 de dezembro de 2021

[20].Esta tensão também era vivida nos setores da igreja ligados tanto à Educação Libertadora quanto à Teologia da Libertação.

[21].Encontro de Paulo Freire com educadores, promovido pela AEC/SP, no dia 8 de outubro de 1984, no Imaco.

[22].Faleceu na manhã do dia 2 de maio, de ataque cardíaco, aos 75 anos, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

[23].Libertad-Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica, em São Paulo.

[24].Muito sinteticamente, a Concepção Dialética-Libertadora de Educação procura articular, de forma concreta, a Epistemologia (campo do conhecimento) de uma Filosofia Dialética com a Ontologia (campo da existência como um todo) de uma Concepção Libertadora de Educação

[25].L’humanisation des hommes, qui est leur libération permanente, ne s’opère pas à l’intérieur de leur conscience, mais dans 1’histolre qu’ils doivent constamment faire et refaire (Freire, 1971: 36).

[26].A primeira produção de Paulo Freire de maior repercussão foi “Educação como Prática da Liberdade”. Sua grande obra, “Pedagogia do Oprimido”, trata da luta dos oprimidos para a superação da negação da liberdade. Sua última obra, “Pedagogia da Autonomia”, tem como referência a autonomia que é um outro nome para a liberdade. Por aí podemos perceber um dos motivos da vitalidade de sua obra, uma vez que a liberdade se confunde com o próprio processo de humanização.

[27].Uma das grandes riquezas de Paulo Freire é que jamais reduziu ou dicotomizou o Pedagógico, o Epistemológico, o Ontológico do Político! Este texto está logo no começo da obra “Educação como Prática da Liberdade”, escrita em 1965 (anterior à “Pedagogia do Oprimido”, escrita em 1968).

[28]. Eu costumava dizer que esta era uma das únicas frases com que não concordava com Paulo Freire, e acabei descobrindo que a frase não é dele.

Edição: A. R.

Doutor em Educação pela USP, Mestre em História e Filosofia da Educação pela PUC/SP, Pedagogo, Filósofo, pesquisador, escritor, conferencista, professor convidado de cursos de graduação e pós-graduação. Foi Professor (Educação Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior, Pós-Graduação), Orientador Educacional, Coordenador Pedagógico e Diretor de Escola. É consultor de secretarias de educação, responsável pelo Libertad - Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica. celsovasconcellos@uol.com.br www.celsovasconcellos.com.br

2 COMENTÁRIOS

  1. Gostaria do Freire se sua obra de vida não fosse tão adepta a revolução de uma luta contra o Estado instituído. Grandes aprendizados e ensinamentos têm esta sua obra mas infelizmente jogada fora pelo vieis político esquerdista comunista que possui. Lamentável…

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