Talvez seja urgente e necessário educar nossas crianças para que compreendam a dinâmica da vida em que o envelhecer não é um problema social e sim a oportunidade de compreender o sentido da existência.
No dia 1 de outubro comemora-se o dia do idoso. Uma importante oportunidade para pensarmos de que forma tratamos nossos idosos, pessoas que “gastaram” sua vida na construção de muito daquilo que nos constitui; momento para refletirmos sobre nossa própria condição humana, pois para quem tiver a graça de envelhecer, será nosso futuro; oportunidade para realizar uma espécie de pedagogia do envelhecer.
Em seu livro A velhice, considerado um dos mais importantes ensaios contemporâneos sobre as condições de vida dos idosos, a pensadora francesa Simone de Beauvoir nos apresenta um excelente trabalho para pensar sobre esse tão conturbado assunto, presente em todas as sociedades e em todos os tempos, mas dificilmente enfrentado e tratado com a seriedade e dignidade que merece.
Quando o assunto é velhice, há uma espécie de “conspiração silenciosa”, uma postura tangencial que evita enfrentar uma dura e inexorável verdade que se anuncia, pois preferimos ignorar aquilo que nos assusta e evitar aquilo que nos incomoda. A velhice é algo que nos espera e por isso nos assusta, causa mal estar, perturba.
Num modelo de sociedade que elegeu o protótipo juvenil, a vivacidade, o culto do corpo, a vida frenética, a sedução do consumo, conviver com a velhice é considerada uma ofensa. Tratar da velhice é um assunto sem charme estético, sem apelo político, com pouco interesse midiático (a não ser quando a velhice é romantizada e se torna mercado de consumo), um incômodo social e de pouca produtividade intelectual.
Ninguém quer ser chamado de velho. É preferível utilizar conceitos mais refinados, menos agressivos: terceira idade, pessoa madura, sênior, vovô, vovó etc. No entanto, o crepúsculo da vida acontece.
Parafraseando Heidegger, somos seres que caminhamos para a velhice. “Paremos de trapacear”, nos adverte Simone de Beauvoir, pois “o sentido de nossa vida está em questão no futuro que nos espera; não sabemos quem somos, se ignorarmos quem seremos: aquele velho, aquela velha”.
Possivelmente um dos principais motivos que nos fazem evitar a tematização da velhice é o medo que temos do futuro que nos espera, pois a maneira como tratamos os velhos será a maneira como seremos tratados quando assim seremos.
Compreender e exercitar a pedagogia do envelhecer significa aprendermos com nossos idosos (pais, avós, vizinhos, amigos), para que a velhice não seja sinônimo de doença, enfermidade, lamúrias, mas a rica oportunidade de aprender com quem já viveu muito e quem tem muito para nos ensinar.
Uma sociedade que despreza a vida dos mais pobres, que transforma tudo em capital, que advoga um estilo de vida ancorado no consumismo, no prazer e na vida fútil e vazia, que reduz o valor das pessoas pela sua capacidade de produzir ou de consumir, a velhice não constitui atrativo mercadológico, muito menos atenção de políticos medíocres.
Talvez seja urgente e necessário educar nossas crianças para que compreendam a dinâmica da vida em que o envelhecer não é um problema social e sim a oportunidade de compreender o sentido da existência.
Envelhecer com arte não supõe tanta ciência, mas não dispensa, de forma nenhuma, a sabedoria, principalmente a sabedoria dos humildes para aceitar que seus passos sejam mais lentos, que seus joelhos já não se dobrem com tanta facilidade e não sejam mais tão firmes. (Euclides Benedetti). Leia mais: https://www.neipies.com/a-sublime-arte-de-envelhecer/
Autor: Altair Alberto Fávero
Edição: Alex Rosset
Bem isso, meu pai sempre diz que o poder público investe demais em creches quando devia investir em asilos porque há muitos idosos abandonados eu já acho que devemos educar nossos jovens, crianças para respeitar os mais velhos. Numa sociedade como a nossa infelizmente precisamos criar leis que protegem essas pessoas sendo que bastaria amor e consideração.