Pensar é perigoso

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Para radicais de direita, avanço civilizatório é comunismo.

Para que ensinar filosofia e sociologia? O ministro da Educação já havia afirmado na internet que “em vez de as universidades do Nordeste ficarem aí fazendo sociologia, fazendo filosofia no Agreste, devem fazer agronomia”. Tradução: pobre é mão de obra, nada de pensar na vida.

Bolsonaro, ao empossar o dito ministro, não deixou por menos, “queremos uma molecada que comece a não se interessar por política dentro das escolas”. Isto é, vamos produzir alienados.

Agora Bolsonaro anunciou que os cursos de Filosofia e Sociologia não existirão mais nas Universidades Federais. A medida deve fazer parte do combate ao “marxismo cultural”, visto pelo governo como um dos perigos que ronda o país.



Queremos sorrisos, tranquilidade, comida boa, lazer, escolas bonitas e seguras, professores e professoras cuidados e bem pagos, condições dignas de transporte público, pais confiantes e crianças cujo brilho não tenha sido roubado. É pedir muito? (Sueli Ghelen Frosi)


Direitos das mulheres, dos negros, dos indígenas, dos LGBT, dos pobres, tudo isso seria “marxismo cultural”, a preparar o terreno para uma revolução comunista. Isto é, para esses radicais de direita, avanço civilizatório é comunismo.

Esta verdadeira teoria conspiratória, como todas do seu gênero, funciona para denegrir e deslegitimar seus alvos.

As teorias da conspiração são, afinal, muitas vezes tão esdrúxulas que dificilmente se pode esperar que as pessoas acreditem nelas literalmente. Sua função é, antes, levantar suspeitas gerais sobre a credibilidade e a decência de seus alvos.

Este anti-intelectualismo do governo Bolsonaro, atacando universidades e sistemas educacionais que podem contestar suas ideias, é típico de governos fascistas. 



Por seus críticos, o Projeto Escola sem partido é visto como uma proposta autoritária, que limita a pluralidade de ideias nas escolas e ainda constrange professores, favorecendo um clima de rivalidade entre estudantes e entre estudantes e professores.


A política fascista tende a criar um estado de irrealidade, em que as teorias da conspiração – marxismo cultural – e as notícias falsas tomam o lugar do debate fundamentado.

À medida que a compreensão comum da realidade se desintegra, a política fascista abre espaço para que crenças perigosas e falsas criem raízes. Então fica fácil entender a razão de acabar com cursos de Filosofia e Sociologia. Estas disciplinas permitem a formação do pensamento crítico, essencial para qualquer sociedade se desenvolver.

Esta cruzada contra o pensamento crítico é uma tentativa de emburrecimento do país, de levá-lo à mediocridade. Fica claro o objetivo, que é de impedir a senzala de compreender e ter a dimensão da exploração a que é submetida historicamente pela Casa Grande.

Povo que não pensa não luta por seus direitos. Daí ser perigoso pensar. Filosofia e Sociologia passam a ser impertinentes. Uau!

Por outro lado, o “iluminado” presidente parece desconhecer que as universidades possuem algo que se chama autonomia universitária. Me parece ser uma espécie de vingança, uma vez que o Bolsonaro sabe que não tem o reconhecimento do mundo universitário.

Este episódio é altamente representativo do alcance terrificante do cataclismo que se abate sobre todos nós, tenhamos ou não consciência da monstruosa intensidade do fenômeno gerado pela demência em estado puro transformada em forma de governo.



Falta sensibilidade nas escolas porque falta arte. E quando a arte está presente, é mais como conteúdo, não como fruição. Com pouca arte, há pouco humanismo nas escolas, há pouco afeto, há pouca ternura. E isso é resultado de uma visão da educação “para vencer”, para ter sucesso. Isso acontece desde a família, que espera de seu filho ser bem s sucedido socialmente. (Pablo Morenno)

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