Pontão-RS e o despertar de um novo ciclo cultural

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É importante reconhecer o empenho do prefeito Velton Vicente Hahn e da secretária de Educação e Cultura, Cidiane Aparecida de Souza, que não mediram esforços para transformar a cultura em uma prioridade. Seu compromisso e dedicação foram essenciais para que Pontão desse os primeiros passos em direção a uma gestão cultural estruturada e inovadora, deixando um legado que certamente inspirará futuras gerações.

Entre 2023 e 2024, Pontão, RS, começou a escrever uma nova história para a cultura local. A gestão municipal, até então pouco ativa no setor cultural, deu passos importantes para estruturar políticas públicas e captar recursos que democratizaram o acesso às artes e valorizaram a identidade do município. Não foi apenas sobre dinheiro, mas sobre dar início a uma mudança na maneira como a cultura é vista e tratada na administração pública.

O ponto de partida foi a aprovação da Lei nº 1.310/2023, que instituiu o CPF da Cultura — Conselho, Plano e Fundo. Essa estrutura, que pode parecer técnica à primeira vista, é na verdade o alicerce para qualquer município que queira levar a cultura a sério.

O Conselho Municipal de Políticas Culturais, por exemplo, não é apenas um grupo de pessoas reunidas em torno de uma mesa. É um espaço de diálogo, onde sociedade civil e poder público trabalham juntos para pensar, propor e fiscalizar as ações culturais do município. É aqui que surgem as ideias, que são debatidas e transformadas em normas e diretrizes que, no fim, impactam diretamente a vida cultural da comunidade.

O Plano Municipal de Cultura (PMC), por sua vez, é o mapa que orienta os próximos passos. Com vigência até 2033, ele foi pensado para ser mais do que um documento burocrático. É um compromisso com a democratização do acesso à cultura, com a valorização do patrimônio local e com o fortalecimento das manifestações artísticas que dão identidade ao município.

E, claro, o Fundo Municipal de Cultura (FMC) fecha esse CPF. Sem dinheiro, nenhum plano ou conselho sai do papel. O FMC é a base financeira, alimentado por recursos municipais, estaduais, federais e até doações privadas, garantindo que as iniciativas culturais possam florescer e gerar impacto real.

Projetos executados

Mas não basta planejar, é preciso viabilizar. Nesse aspecto, Pontão surpreendeu ao captar mais de R$ 800 mil em recursos para o setor. Destaco aqui o trabalho realizado com a Lei Paulo Gustavo, que garantiu R$ 49 mil para quatro editais que fomentaram a produção cultural local.

Outro marco foi a conquista do MovCEU, um equipamento itinerante que levou inovação para Pontão. Uma van cultural equipada com estúdio audiovisual, biblioteca, óculos de realidade virtual e outras ferramentas tecnológicas que aproximaram as comunidades periféricas do universo cultural. Em agosto, o município foi destaque no 1º Encontro de Gestores do MovCEU, em Brasília, um reconhecimento importante para quem, até pouco tempo, não tinha presença ativa no cenário cultural estadual.

Atuamos também na captação de R$ 47 mil pela Política Nacional Aldir Blanc – PNAB que promete reviver a Banda Municipal e possibilitou a realização do 1º Festival de Cultura de Pontão com premiações para o 2º Canta Pontão.

E que festival! Realizado em novembro de 2024, o evento não só celebrou as manifestações artísticas locais, mas também mostrou a cultura como elemento de integração e transformação social. Houve apresentações de dança, música e teatro, uma feira de artesanato e ainda a 1ª Mostra Estadual de Curtas Gaúchos do MovCEU.

A mostra foi concebida para ser como uma catapulta de visibilidade à produção audiovisual gaúcha, exibindo filmes de curta-metragem que refletiram as múltiplas facetas culturais, sociais e históricas do Rio Grande do Sul. Ao todo, foram exibidos 10 curtas-metragens selecionados de diferentes regiões do estado. Os temas abordados variaram desde o folclore gaúcho, com narrativas cheias de mistério e nostalgia, até dramas urbanos e questões socioambientais que convidaram o público à reflexão. Entre os destaques da Mostra, três filmes foram premiados:

  • “O Louco”, que trouxe uma trama envolvente sobre preconceitos e julgamentos sociais.
  • “Caio”, um drama sensível sobre os desafios e mudanças da juventude.
  • “Eu Vi Um Lobisomem”, que misturou nostalgia e folclore em uma história marcante.

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Continuidade

Claro, há muito o que fazer. Dois anos são apenas o começo, e qualquer avanço só terá impacto duradouro se houver continuidade. Mas não se pode negar que Pontão iniciou algo relevante. Transformar a cultura em política pública não é fácil, especialmente em municípios menores, onde muitas vezes a arte é vista apenas como entretenimento.

O que ficou claro nesse período é que a cultura pode e deve ser tratada como um vetor de desenvolvimento. Não apenas pela criação de eventos ou pela atração de recursos, mas pela maneira como ela conecta pessoas, estimula o pensamento crítico e resgata histórias que não podem ser esquecidas. Pontão deu um passo importante, e agora é hora de seguir em frente, com os olhos no futuro, mas sem esquecer o que tornou esse ciclo possível: planejamento, participação comunitária e, acima de tudo, vontade de fazer a diferença.

Por fim, é importante reconhecer o empenho do prefeito Velton Vicente Hahn e da secretária de Educação e Cultura, Cidiane Aparecida de Souza, que não mediram esforços para transformar a cultura em uma prioridade. Seu compromisso e dedicação foram essenciais para que Pontão desse os primeiros passos em direção a uma gestão cultural estruturada e inovadora, deixando um legado que certamente inspirará futuras gerações.

Autor: Anthony Buqui – Jornalista, ativista, produtor cultural, videomaker, fotografo e captador de recursos. Também escreveu e publicou no site “Ministério da Cultura se destaca no primeiro ano de governo Lula 3”:  www.neipies.com/ministerio-da-cultura-se-destaca-no-primeiro-ano-de-governo-de-lula-3/

Edição: A. R.

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