Por dias melhores na educação

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Esperamos que o governador abandone a intransigência
e demonstre disposição para construir pontes.
A educação não pode mais esperar.

Após um ano letivo tumultuado, marcado pela falta crônica de recursos humanos, desorganização pedagógica, embates constantes com os educadores e o desgaste de uma greve histórica, Eduardo Leite tem a chance de recomeçar.

Pacificar este ambiente conflagrado está ao seu alcance. Basta um gesto de boa vontade: pagar os mais de 27 mil educadores grevistas cujos salários foram cortados, apesar dos serviços prestados e dos períodos recuperados.

O mérito legal do desconto imposto pelo Executivo ainda está em litígio no Tribunal de Justiça, mas as graves consequências na vida da categoria urgem por uma solução célere e compatível com a dimensão do problema.

Trata-se, neste momento, de uma questão humanitária. Os relatos de quem trabalha no chão da escola são angustiantes. Faltam recursos para suprir necessidades básicas, alimentar a família e honrar toda sorte de compromisso financeiro.

Como enfrentar uma sala de aula abaixo de dívidas sufocantes, acumulando empréstimos e escolhendo entre comer ou pagar as contas? O desânimo e a falta de motivação grassam.

Vale lembrar: esta é uma categoria já severamente castigada por 50 meses de salários atrasados e parcelados, e mais de cinco anos sem reposição. Nosso poder de compra foi reduzido em mais de 1/3 desde o último reajuste, corroído pelo inflação.

A despeito da conjuntura terrível, os grevistas honraram seu compromisso com os mais de 800 mil alunos que dependem da escola pública e concluíram o ano letivo, recuperando as aulas devidas.

Apesar disso, veem-se em uma situação calamitosa e sem perspectivas de iniciar o ano com um mínimo de tranquilidade para desenvolver o processo educacional e garantir a qualidade do ensino.

Como demonstraram os deputados durante a votação dos projetos em janeiro, diálogo pressupõe troca, deslocamento, negociação. Esperamos que o governador abandone a intransigência e demonstre disposição para construir pontes. A educação não pode mais esperar.


Autora: Helenir Aguiar Schürer, professora da rede estadual e presidente do CPERS/Sindicato

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