Nossas escolas públicas
têm em seus professores,
o último bastião em sua defesa.
O final
do ano de 2019 nos surpreendeu com uma das maiores greves dos professores
estaduais do Rio Grande do Sul. Acuados após inúmeros ataques de diferentes
siglas partidárias, ao longo dos últimos anos, nossos docentes, da escola
pública estadual, levantaram-se de forma corajosa, contra este, que pode ser o
golpe de misericórdia em sua carreira.
De forma geral, a comunidade saiu em defesa de seus professores, reconhecendo a
legitimidade da sua luta, exemplo disto foram as inúmeras manifestações de
estudantes que viralizaram nas redes sociais. Porém, como sempre, não faltaram
aqueles, que quer por ignorância ou mau-caratismo, atacaram nossos professores
sob a falsa alegação de que os mesmos não estavam preocupados com os
estudantes, queriam apenas “antecipar suas férias”. A estes, tenho uma informação: nossos docentes não lutam apenas pelos
seus diretos, mas também pela manutenção da escola pública em seus princípios
originários: gratuita, laica, inclusiva e de qualidade!
Temos certeza que o espaço teórico é importantíssimo, porém pode se tornar, por vezes, um pouco vago, sobretudo quando fica em desconexo com a realidade. Nesse sentido, podemos ilustrar a problemática do parágrafo anterior com duas situações vividas no primeiro semestre na cidade de Passo Fundo. Na ocasião, às escolas EEEM Professora Lucille Fragoso de Albuquerque e EEEM Mário Quintana, ficaram por quase três meses sem aula.
Cerca de mil alunos correram o risco de perder seu ano letivo por negligencia da Secretaria Estadual de Educação, pois o motivo para a paralização foi o descaso do estado com a manutenção da rede elétrica destas escolas, que acabaram entraram em colapso, colocando em risco inclusive, a integridade física de estudantes, professores e funcionários.
Aqueles que hoje acusam levianamente
nossos professores de estarem sendo movidos por sentimentos nada altruístas na
greve, nada fizeram para defender aquelas comunidades escolares quando aqueles
alunos perderam quase um trimestre. Já por sua vez, às equipes diretivas e o
corpo docente se mobilizaram para denunciá-la, cobrando que os problemas fossem
resolvidos o quanto antes: foram a imprensa; fizeram atos e abaixo-assinados;
contataram autoridades públicas (MP, vereadores, coordenadores da CREA…).
Talvez não seja do conhecimento daqueles que não vivenciam diariamente a rotina
das nossas escolas públicas, mas o funcionamento de muitas delas não seria
possível sem a ação direta de seus professores. E aqui, não estou me referindo
a pratica pedagógica, também indispensável, mas sim aos esforços extras.
Acredito que ninguém seja ingênuo de acreditar que as parcas verbas repassadas pelos governos, para a manutenção de nossos educandários, sejam suficientes. Não por acaso, temos inúmeras ações nas escolas, promovidas por seus docentes, afim de capitalizá-las minimamente: festas, rifas, almoços… são alguns exemplos. Isso quando o professor não retira dinheiro do seu próprio bolso, para comprar folhas de oficio ou pagar por cópias.
Volto a repetir, nossas escolas públicas têm em seus professores, o último
bastião em sua defesa. E nós, enquanto sociedade, temos o dever de apoiá-los
nessa empreitada, quer seja pelo mérito em suas reivindicações ou pelo fato de
serem os últimos defensores da utopia de ensino público que almejamos:
GRATUITO, LAICO, INCLUSIVO E DE QUALIDADE!