Um dos trabalhos realizado pelo
Projeto envolveu as escolas de Passo Fundo
e região em ações de educação ambiental.
Antes da cidade, o Rio foi berço para os indígenas e levou tropeiros por caminhos recém abertos, serviu de alimento, abrigo e passagem. Pelo Rio, passavam o gado, o couro, o sebo, e parte da gente que desbravava o país no início do século XIX. Antes mesmo de Passo Fundo nascer, o Rio, que dá nome ao município e a sua Bacia Hidrográfica – que abrange 30 municípios –, já aguardava a chegada da cidade e testemunhava a história: a vinda dos índios Caingangues e Tupi Guaranis, do tropeiro paulista, do imigrante, do comércio e da indústria.
É essa importância histórica, cultural e econômica que o Projeto Rio Passo Fundo: patrimônio paisagístico, natural, ambiental, histórico-cultural, econômico e político – desenvolvido pelo Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS), com o apoio do Museu Histórico Regional (MHR), do Museu Zoobotânico Augusto Ruschi (Muzar) e do Comitê Rio Passo Fundo e realizada a partir do patrocínio do Programa CAIXA de Apoio ao Patrimônio Cultural Brasileiro 2017/2018, busca reconstruir com a sociedade. Ele propõe sensibilizar a comunidade para olhar, de forma diferente, abrangente e consciente, para o Rio Passo Fundo.
O projeto, que envolverá os 30 municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo – desenvolvido durante os anos de 2017 e 2018 –, consiste na realização de exposições e, principalmente, na construção de um banco de dados, constituído a partir de informações obtidas durante as expedições realizadas e, ainda, através do Edital de Mapeamento de Potenciais Informativos que permitirá que a comunidade tenha acesso e conhecimento sobre todas as informações que compreendem a Bacia Hidrográfica. Para a construção das exposições – que serão abertas à visitação no mês de julho – foram realizadas nove expedições aos municípios ribeirinhos ao Rio Passo Fundo, em busca de informações, vestígios históricos e ambientais, onde realizou-se entrevistas e coletas de material biológico para análise e produção de tintas naturais.
Buscando a interdisciplinaridade, o projeto envolve diversos cursos e acadêmicos da Universidade de Passo Fundo, além da participação de vários apoiadores, entidades e instituições da sociedade. Os estagiários, bolsistas e voluntários com a supervisão de professores e da equipe que coordena o projeto, estão auxiliando na elaboração de materiais que irão compor as exposições – maquetes, jogos interativos, banco de dados, compilação de informações e o planejamento das próprias exposições.
Ações educativas
Uma sala de aula cheia de alunos com olhares atentos, dispostos a conhecer e a compartilhar histórias, lendas e fatos relacionados com o Rio Passo Fundo. Este foi o cenário encontrado pela equipe do Projeto Rio Passo Fundo não apenas em Passo Fundo, mas, também, nas escolas visitadas na região por onde este rio passa.
O Projeto realizou, desde 2017, diferentes ações que buscaram compreender a visão dos alunos a respeito do Rio Passo Fundo e do meio ambiente, além de fornecer instrumentos e informações a respeito do uso dos recursos hídricos e o impacto que pequenas atitudes podem gerar.
Uma das primeiras ações encaminhadas dentro do Projeto Rio Passo Fundo foi a distribuição de questionários investigativos. Além de serem aplicados nas comunidades e cidades visitadas, os questionários foram enviados para escolas e trabalhados em sala de aula. O retorno aos alunos foi realizado através de palestras e oficinas que abordaram a importância da água para a vida. Além dos questionários, outras ações educativas – aplicação de oficinas, participação em feiras e projetos – foram realizadas. O objetivo é um só: proporcionar conhecimento para a comunidade da Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo.
Para Débora Bueno, integrante da equipe de metodologia do Projeto, trabalhar a educação ambiental é trabalhar a questão de pertencimento. “O Projeto tem como intuito reconstruir a história desse rio que é tão importante para nós e para 30 municípios que compõe a Bacia Hidrográfica”, inicia. “E só damos valor para aquilo que conhecemos. E a reconstrução dessa história é essencial para que as pessoas comecem a valorizar esse recurso e se sensibilizem diante dele. Costumo dizer que o objetivo é conhecer para pertencer: a pessoa só se identifica com aquilo que ela realmente conhece”, explica.
Kélen Scherer da Costa, que também integrou a equipe de metodologia, acredita que a educação ambiental possibilita que o sujeito compreenda sua relação com o meio ambiente. “Assim, é possível instigar um olhar mais amplo e sensível com as questões sociais e suas transformações. É por intermédio desses processos que as pessoas constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente e para a consolidação de uma sociedade mais justa e equilibrada ambientalmente.”, comenta. “O Projeto Rio Passo Fundo possibilitou a aproximação da equipe, tanto com as crianças, através das ações realizadas nas escolas, quanto com a comunidade. Levou até esses grupos a possibilidade da troca de conhecimento, através de uma construção coletiva”, complementa.
Com a abertura do circuito de exposições, no mês de julho, outras ações serão realizadas dentro dos Museus. “As exposições resultam de todo o processo que passamos no Projeto e vão estar abertas para que as pessoas tenham acesso às informações e percebam a significância e a importância desse. Precisamos conhecer o nosso rio para se sentir parte dele”, conclui Débora.