Que mundo virá com o fim da pandemia?

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Que mundo virá?
Difícil dizer!
Mas que mundo é possível,
podemos imaginar.


Nesses dias de incerteza e de receio diante de um inimigo invisível, as pessoas tem se perguntado acerca de que mundo virá após a pandemia do corona vírus. Certamente, fazer uma projeção acerca desse desejado mundo novo, não parece ser uma ação cabível a nós, sobreviventes acuados e bombardeados por uma tensão entre a solidariedade e o respeito a vida, e do outro, os valores do capital. Que mundo virá? Difícil dizer! Mas que mundo é possível?

Merleau-Ponty – filósofo francês – diz num dos seus momentos de reflexão que é pelo corpo que sentimos o mundo. “O corpo é meu ponto de vista sobre o mundo”. Temos hoje muitos pontos de vistas sobre o mundo: tensos; em dores de morte; fragilizados; mas também inquietos aguardando e pensando sobre esse novo que virá.

Esse novo (mundo) que virá, virá também sendo feito por uma nova perspectiva de educação. Já parece ser consenso que não podemos prescindir desta, e muito menos da ciência e da pesquisa cientifica.

Certamente, devemos voltar para as escolas munidos da sensibilidade e do interesse em acolher crianças, adolescentes e jovens, que pelo isolamento social, carecem de refazer suas relações e suas perspectivas após experimentarem problemas que vão dos efeitos do desemprego aos traumas da doença e das mortes.




Gostaria que as escolas refletissem com as crianças o que significou essa experiência para elas, para as famílias. Que falem sobre resiliência, enfrentamento de frustrações, sobre solidariedade. Temos que levar alguma lição do que estamos vivendo, temos que fortalecer nossas relações como famílias e como sociedade. (Tatiana Lebedeff)




Por que é necessário pensar a educação antecipadamente? Ora, por todo o país a maioria das escolas são pequenos prédios fechados, com pouca estrutura, sobrevivendo com poucos recursos, com professores exaustos em virtude da pandemia, e desmotivados em razão dos problemas de aprendizagem, violência e indisciplina.

Essas escolas vão receber seus estudantes que vem de casas caiadas, pequenas, lotadas, com e sem TV, e também sem ter o que comer. Sem conforto, internet ou Netflix. Mas o que aí é supérfluo?

Como as escolas poderão projetar-se como fundamentais numa sociedade onde se descredencia o conhecimento cientifico e se supervaloriza o capital? Mas não só isso. Essa mesma sociedade emite um discurso rasteiro onde a morte de muitos é justificável. Qual o antidoto a isso?

Uma saída é certamente o cultivo de uma cultura de cuidado e solidariedade, gestada nos mais variados espaços e como projeto dentro das escolas. Mas como produzir escolas solidárias para além da lógica competitiva que ainda orienta os sistemas de ensino, para além da evasão, e dos mecanismos de negação e exclusão?

Não podemos prescindir dessa tentativa, visto que somos uma humanidade conectada e além dos problemas que já enfrentávamos, somos agora herdeiros também das dores da China, da Itália, da Espanha e do Irã. Eventos que parecem atestar que o nosso modelo de desenvolvimento e organização social não se sustenta.

Uma outra questão deve entrar no rol de discussão nas escolas: o espaço, o papel e os impactos das novas tecnologias e do mundo digital na vida das pessoas. É difícil qualquer previsão nessa direção. Mas será necessário compreender os impactos do mundo digital na vida das pessoas e como a escola vai se alinhar com esse universo.

Resta, por fim, relacionar como a escola pode ser um espaço de humanização, através do conhecimento crítico e reflexivo. O conhecimento gerado na escola, pelos conteúdos das disciplinas e ou pela socialização, pode ser importante alicerce para nos tornarmos seres humanos melhores e mais habilitados a entender o mundo e as coisas que nele se passam.




“Desnecessário dizer, às claras, que o desafio que temos pela frente é enorme. Difícil contestar, do ponto de vista lógico, que precisamos agir com brevidade, uma vez que somos constantemente convocados ao entendimento de que as coisas seguem, e a nossa história, para o bem maior da humanidade e de necessários tempos de paz, não tem fim. Sigamos cooperando. Temos o dever de continuar nossa evolução moral”. (Marcus Eduardo de Oliveira)




1 COMENTÁRIO

  1. Muito interessante essa discussão. Vamos construir essa ideia com várias mãos e mentes sonhadoras com um outro mundo possível!!

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