Quem paga o preço quando a religião vira arma de campanha?

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Você acredita que há espaço para políticas religiosas específicas em um Estado laico?

Em meio a discursos sobre “unidade” no Café da Manhã Nacional de Oração, Donald Trump surpreendeu ao declarar a criação de um “gabinete da fé” na Casa Branca e uma força-tarefa liderada pela ex-procuradora Pam Bondi para combater o que chamou de “viés anticristão” no governo federal. A medida, segundo ele, visa “investigar violência e vandalismo anticristão” e “defender os direitos dos crentes”. Mas onde estão os exemplos concretos dessa perseguição?

Enquanto o governo Biden lançou planos para combater discurso antimuçulmano e antissemita, Trump mira seu discurso em um suposto “ataque aos cristãos” — baseando-se em retórica vaga e alinhando-se ao eleitorado evangélico, que representa 27% do eleitor republicano. A jogada parece clara: consolidar apoio antes das eleições, vendendo uma narrativa de perseguição religiosa sem provas.

E não para por aí: o ex-presidente, que afirma ter recebido “uma unção divina” após sobreviver a um atentado, nomeou a pastora Paula White — sua conselheira religiosa há anos — para comandar o gabinete. Será mera coincidência que ela seja uma figura polêmica, ligada à teologia da prosperidade e a escândalos financeiros?

A questão que ninguém pode ignorar:

A Primeira Emenda dos EUA proíbe o Estado de endossar religiões específicas. Ao criar uma força-tarefa exclusiva para “proteger cristãos”, Trump não só ignora a diversidade religiosa do país, mas risca a linha tênue entre Igreja e Estado. Será proteção legítima ou marketing político disfarçado de fé?

Enquanto isso, sua fala sobre “se livrar dos woke” revela o tom partidário e polarizador por trás do suposto apelo à unidade. Cristãos conservadores podem celebrar, mas a pergunta fica: quem paga o preço quando a religião vira arma de campanha?

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Há prenúncios de que essa estratégia já esteja em andamento no Brasil? Já ouviu políticos da bancada evangélica falarem de “Cristofobia”?

Autor: Hermes C. Fernandes.  Reflexão escrita em fevereiro/2025.Também escreveu e publicou no site “Jesus não combina com preconceito”: www.neipies.com/esus-jesus-nao-combina-com-preconceito/

Edição: A. R.

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