Sento-me para escrever-te e, ao mesmo tempo, para descrever a inquietude que agita meu ser após o encontro com o semblante perdido de um animal. Nunca imaginei que um olhar pudesse carregar o peso de tanto sofrimento, que uma simples troca de olhares pudesse ser o espelho de uma humanidade ausente.
O animal, em sua forma que desmentia a crueldade, era um ser de uma pureza dilacerada, marcada pelo descaso e pela dor. É como se cada fibra de seu corpo sussurrasse o eco de uma dor inaudita, uma dor que não se encontra nos livros nem se expressa nas palavras, mas que pulsa em uma forma de expressão crua e inarticulada.
A tragédia não está apenas no sofrimento visível, mas no que ele revela sobre nossa própria natureza. O que somos senão a sombra de nossa própria indiferença? Há algo de irremediavelmente sombrio no fato de que seres sencientes possam ser reduzidos a objetos de nosso descaso. É uma cegueira que não permite ver que, ao maltratar um animal, mutilamos a nós mesmos, como se a essência de nossa humanidade se perdesse na violência de nosso comportamento.
Observando o animal, não pude evitar a sensação de que sua dor era um espelho de nossa própria fragilidade. Nós, seres humanos, que acreditamos ser senhores do mundo, estamos na verdade indefinidos diante do espelho da nossa própria criação. Ao olhar para o animal, vi a face do que não queremos ver: a nossa própria vulnerabilidade e o nosso medo.
E ao fazer esta reflexão, percebo que o verdadeiro questionamento não está na capacidade de sentir, mas na disposição de reconhecer e amar o outro em sua totalidade, em sua essência mais pura. A relação que temos com os animais é um reflexo brutal de nossa relação conosco mesmos e com o mundo. É uma conexão profunda e essencial, que, se ignorada, nos arrasta para um abismo de insensibilidade.
Que possamos encontrar uma forma de remediar essa tristeza e trazer de volta a luz para os olhos que foram ofuscados pelo sofrimento. Que o nosso olhar para os animais seja um reflexo de nossa compaixão e um lembrete de que, ao cuidar deles, cuidamos de nossa própria humanidade.
Com consideração e esperança, da sua querida amiga.
Caroline Gobet Barbosa, 3ª série – CTPasso Fundo
Parabéns Caroline, texto muito bem escrito e bem estruturado! Que você continue nesse caminho, para inspirar outros jovens a fazer o mesmo!
Como sua professora de redação sou suspeita em falar mas sempre gostei de seus textos. Esse em especial. Fiquei muito feliz por ter concordado em compartilhar… tenho certeza que irás alçar grandes voos. Um abraço, Carol!!
Continue Caroline, traga-nos sempre à consciência do que somos, e em quem nos transformamos.
Muito grato pela sua reflexão. Seu texto nos inunda de esperança. Pelo seu talento e sensibilidade.
Parabéns!