Questões e reflexões sobre o corpo feminino

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Até quando mulheres, crianças e adolescentes deverão estar com seu corpo sob um escudo protetivo diante da figura masculina, cuja macheza quer se impor, sem ser contestada?

O que faz um homem, do alto de seu “saber estratégico”, usado como dominação, importunar uma mulher, abordá-la de forma invasiva, desrespeitosa, constrangedora, como se sentisse seu dono? Por acaso, a parte masculina da espécie, sente-se autorizada a tratar o corpo feminino de forma cruel, humilhante, como uma expressão de superioridade? Por quais razões, essa subjetividade invasora opera com uma síndrome de ratos, que agem no escuro, na lixeira, no esconderijo, no disfarce para ofuscar seu ataque destruidor?

Até quando mulheres, crianças e adolescentes deverão estar com seu corpo sob um escudo protetivo diante da figura masculina, cuja macheza quer se impor, sem ser contestada? Quantas vidas foram aniquiladas em sua psiquê, assumindo culpas indevidas, tendo sido molestadas, quando crianças, sem poder pedir socorro, ou sem ter a quem solicitar ajuda?

A quem cabe dar um basta decisivo, corretivo, operacional, legal e humano aos machos da espécie, cuja prepotência faz com que se sintam donos do saber e do poder do corpo feminino?!

Uma sociedade que se deseje humana, sadia, democrática, lutadora pela defesa dos direitos das mulheres, requer uma ação coletiva, de modo a criar uma consciência pública de respeito e de convívio, para que possamos viver sem tantas ameaças, tantos medos e tantas vilanias.

É urgente que entendamos a dinâmica dos afetos bons e maus para construirmos um solo psíquico, com solidez e autonomia. Os afetos precisam ser vividos com a eloquência da igualdade e da soberania do bem e do justo. Fora disso, toda atitude invasora do humano, precisa ser denunciada e combatida.

O não tem o seu grito, tão sonoro quanto o sim. É imprescindível que saibamos evidenciar essas antinomias. Nós, mulheres, temos nossa vontade, nosso desejo, nosso dizer, nosso querer e somos donas do nosso corpo. Não estamos no mundo para saciar a sede pestilenta dos ratos, abrigados nos porões de uma dominação sexista.

Nós sabemos negar e afirmar. Queremos e lutaremos para sermos ouvidas. Sempre!

Autora: Cecilia Pires. Também escreveu e publicou no site crônica “Desafios” que relaciona vida humana com o evento das Olimpíadas: https://www.neipies.com/desafios/

Edição: A. R.

2 COMENTÁRIOS

  1. A metafora dos ratos traz o feminicidio que nao mata apenas o corpo, mata a possibilidade da autonomia.no silencio do olhar que desaprova, no grito que impede, que imobiliza a acao e a vontade… enfim é a morte da autonomia

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