República das bananas

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Nós, brasileiros, andamos atualmente perseguidos
pelo nosso passado e ainda nos dedicando à tarefa de
expulsar fantasmas que, teimosos,
continuam a assombrar.
Que saga!

Em 1904, o norte-americano William Sydney Porter cunhou o termo “República das Bananas” num conto chamado “O Almirante”.

A história se passa na Anchúria, um local fictício mas que há de ter sido inspirado em Honduras, país onde o escritor morava. A brincadeira pegou e acabou associada às nações latino-americanas, de uma maneira geral, e de forma sempre depreciativa. Identifica um país políticamente instável, submisso a um país rico e governado de forma autoritária.

Nestes sete primeiros desastrosos meses de governo, Bolsonaro, sem fazer muito esforço, nos remeteu à clara condição de República das Bananas.

Sem o menor pudor defendeu a nomeação do filho para a embaixada brasileira nos EUA, dizendo que não vê nada de errado em querer beneficiá-lo. Isto tem um nome: nepotismo!

Para aprovar a Reforma da Previdência, deputados ganharam 2,6 bilhões de reais em emendas. Mais uma vez, as emendas parlamentares acabaram se convertendo em formas de barganha política entre o presidente – arauto da “nova política” – e os congressistas. Uau!!

O Inpe divulgou dados do criminoso desmatamento em andamento na Amazônia. Foi o que bastou para que o presidente chamasse o respeitado cientista, diretor do Instituto, de mentiroso e de covarde.

Sua falta de educação e de traquejo para o cargo que exerce, foram novamente externados, quando chamou os nordestinos de “paraíbas”. Claro desrespeito e preconceito para com nossos irmãos daquela região do país.

Mais. Foi flagrado exigindo retaliações contra os governadores que não apoiaram sua eleição.


Isto me fez lembrar de Hermes da Fonseca que, em 1910, adotou a chamada “Política das Salvações”, contra as oligarquias que não o haviam apoiado na eleição em que venceu Rui Barbosa.

Confidenciei aos meus espantados botões: Nós, brasileiros, andamos atualmente perseguidos pelo nosso passado e ainda nos dedicando à tarefa de expulsar fantasmas que, teimosos, continuam a assombrar. Que saga!

E tem mais. Bolsonaro revelou sua tendência de censor ao querer estabelecer que gêneros de filmes deveriam ser apoiados pela Ancine. Vargas do Estado Novo e os generais da ditadura da década de 1970, estão muito bem representados!

Seguindo sua cruzada contra a imprensa, que considera sua inimiga, S.Exa., hostilizou de forma autoritária e grosseira a jornalista Miriam Leitão.

Outra insanidade presidencial foi ter negado a existência de pessoas passando fome no país. Com esta declaração Bolsonaro, sem dúvida, superou-se em sua demência.

Especialistas que faziam parte do Conselho Nacional de Política sobre Drogas (Conad), foram cortados por ordem do presidente. Isto impede a pluralidade e que a perspectiva científica norteie as discussões e decisões no Conselho.

Na República das Bananas do capitão sequer a caserna é poupada. Em sete meses de presidência, três oficiais-generais foram demitidos e na semana passada disse que outro, Luís Eduardo Rocha Paiva, aliou-se ao PCdoB, isto porque, o militar lhe teceu críticas.

Sem dúvida, estamos diante de um novo Febeapá, Festival de Besteiras Que Assola o País – antológica trilogia de livros lançados na década de 1960, pelo genial Sérgio Porto –, que registrou o besteirol da época.

Não é à toa o que as pesquisas mostram: Em sete meses, apenas um a cada três brasileiros aprova Bolsonaro. Outros 33% da população consideram seu governo ruim ou péssimo e, entre os dois polos, 31% têm a gestão como regular.

Bolsonaro continua focando no segmento mais autoritário e violento do bolsonarismo e, assim, fica cada vez mais preso a esta minoria, que ainda está disposta a sustentar a verdadeira República das Bananas e seu “mito”!

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