Em tempos de Covid-19 em que ninguém está a salvo, a leitura de Sapiens pode se tornar um sábio conselho para revermos nossos valores e escolhas.
Sapiens: uma breve história da humanidade é uma instigante obra escrita por Yuval Harari. Trata-se de um best-seller de quinhentos e noventa páginas lançado originalmente em Israel e logo em seguida traduzido para mais de 40 idiomas que nos ajuda a compreender a história humana desde a formação dos primeiros traços do que veria a ser a espécie humana até nossos dias.
Sapiens tornou-se tão famoso que o próprio Barack Obama, ex-presidente dos EUA, confessou publicamente que leu duas vezes a obra e numa entrevista testemunhou que se trata de “uma história abrangente da raça humana, pois aborda alguns fatores cruciais que nos permitiram construir uma extraordinária civilização”.
Yuval Harari é doutor em história pela Universidade de Oxford (Inglaterra), especialista em história mundial e atualmente é professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, onde também desenvolve pesquisas em torno de questões abrangentes, tais como a relação entre história e biologia, se existe justiça na história e se as pessoas se tornam mais felizes com o passar do tempo.
Em tempos de quarentena por conta da Covid-19, a leitura de Sapiens nos ajuda a compreender melhor o cenário atual, o conturbado cenário político e econômico que está nos destruindo, a trajetória da espécie humana, os desafios que teremos pela frente para sobreviver, a necessidade de reinventarmos as relações sociais, o modo como a tecnologia modificou nossa vida e que tipo de ser humano nos tornaremos daqui para frente.
Apesar de ter sido escrito por um historiador e tratar de uma breve história da humanidade, o best-seller não é um livro tradicional de história com um registro interminável dos fatos e acontecimentos que marcou a trajetória humana no planeta. De forma instigante, Harari nos conduz por um percurso descritivo e questionador que nos constituiu como espécie.
O livro é composto por 20 capítulos divididos em quatro partes. Na primeira parte, intitulada de Revolução Cognitiva e composta de 4 capítulos, aborda desde o surgimento insignificante de um ser vivo que passou a andar sobre duas pernas e ter habilidade com as mãos, até chegar a se tornar um grupo que graças a capacidade cognitiva passou a dominar a natureza.
Na segunda parte, intitulada Revolução Agrícola e também composta de 4 capítulos, Harari descreve de que forma o domínio das técnicas agrícolas somadas com a domesticação de animais modificou a conduta dos sapiens. É nesta parte que descreve o surgimento das religiões, o que levou a construção dos grandes impérios da antiguidade, o surgimento da propriedade privada, a forma como os sapiens foram se tornando escravos de si mesmos, construindo muros e formas simbólicas de dominação.
O último capítulo dessa parte tem por título “Não existe justiça na história”, pois denuncia que foram as “leis e normas humanas que transformaram algumas pessoas em escravos e outras em senhores”. Isso significa dizer que se há diferenças no tratamento entre negros e brancos, ricos e pobres, judeus e muçulmanos, não se trata de uma diferença de inteligência ou uma diferença moral, mas sim uma invenção cultural de grupos que se arrogaram o direito de criar as leis e impor para todos os seus preceitos.
Cinco capítulos compõe a terceira parte que tem por título “A unificação da Humanidade”. É nesta parte que o escritor israelense analisa de que forma o dinheiro por meio da ordem econômica, os impérios por meio da ordem política e as religiões universais se espalharam pelo planeta e como assentaram as bases do mundo unificado de hoje.
Por fim, na última parte intitulada “A Revolução científica”, Harari se debruça sobre os últimos 500 anos da história humana mostrando os avanços e fracassos, a descoberta da ignorância e o potencial do conhecimento, o casamento entre ciência e política, o credo capitalista e as engrenagens da indústria, a revolução permanente que está em curso, os desafios e a pergunta mais importante da humanidade: o que de fato nos faz felizes?
Em tempos de Covid-19 em que ninguém está a salvo, a leitura de Sapiens pode se tornar um sábio conselho para revermos nossos valores e escolhas.
Fica como sugestão: Análise em vídeo sobre o livro Sapiens.https://youtu.be/lyitmFYBMWQ?t=35
Autor: Dr. Altair Alberto Fávero
Professor e Pesquisador do Mestrado e Doutorado do PPGEDU/UPF