Defender a profissão docente é dar a cada criança, jovem e adulto as possibilidades de expandir suas potencialidades, no âmbito pessoal e profissional.
Há muito as universidades comunitárias gaúchas alertam para o “apagão de professores”. Das primeiras preocupações, passando pelas diferentes ações em defesa das licenciaturas já deflagradas por nossas instituições, chegamos ao tempo em que a carreira docente mostra visíveis sinais de alerta. Com poucos licenciandos e com cursos na iminência do encerramento de suas atividades, vemos ameaçado o processo formativo pleno e digno que as atuais e futuras gerações necessitam.
A profunda crise na educação fica evidente nos dados nacionais, que revelam que a falta de professores já é realidade para atender à demanda de educação básica no Brasil. Estudos indicam que docentes com 50 anos ou mais representam a maioria em exercício, enquanto que aqueles com até 24 correspondem a uma pequena parte, em declínio. Em sintonia, o último Censo da Educação Superior (2020) mostra que as licenciaturas receberam o menor ingresso de acadêmicos.
A reviravolta neste cenário, de modo a preservar a qualidade no processo de formação inicial e continuada dos professores, é um grande desafio, que implica a todos: poder público, universidades, sociedade civil, toda a rede de educação. Recuperar o interesse de nossos jovens pelas licenciaturas, seu apreço pelo ensino, pela pesquisa, pelo conhecimento, é imprescindível e inadiável.
Valorizar a profissão docente significa dar viabilidade a um projeto de grandeza maior, que envolve, diretamente, o processo formativo das pessoas e o desenvolvimento da nação.
Reconhecer a essência docente e o seu papel no desenho de um futuro digno, como indispensável ao fomento social, cultural e à construção de sociedades mais justas e solidárias, é fundamental para o pleno desenvolvimento das capacidades humanas.
A humanidade se faz na convivência, na reflexão, na contraposição de ideias, no diálogo. A relação pedagógica, especialmente aquela entre professores e alunos, é a alavanca para a superação dos conflitos, para o acolhimento das diferenças, para o pensamento ético e crítico, para o bem-estar social, para a construção das soluções necessárias aos dilemas da vida contemporânea.
Defender a profissão docente é dar a cada criança, jovem e adulto as possibilidades de expandir suas potencialidades, no âmbito pessoal e profissional.
Quando o professor tem claro para si a função social de sua atividade, os motivos de sua opção e permanência no magistério, pode revelá-los aos alunos, ajudando-os a ressignificarem sua presença e trajetória na escola. (Celso Vasconcellos) Leia mais: https://www.neipies.com/sentido-da-docencia/
Autora: Bernadete Dalmolin
Reitora da UPF
Edição: Alexsandro Rosset