Semipresencialidade na Escola Secundária?

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A improvisação, a pressa ou a distância entre gabinetes ministeriais e escolas, professores
e alunos podem fazer naufragar as melhores tentativas, assumindo que se trata de uma
tentativa cujos motivos são efetivamente pedagógicos.

Em relação à virtualidade na escola, há muito mais preconceito do que conhecimento certo
da sua implementação e das suas conquistas. A experiência da pandemia não foi muito útil,
tornou-nos pessimistas quanto aos seus resultados. Em relação à presencialidade, com a
qual estamos historicamente familiarizados, temos amplo conhecimento das suas
condições, da sua implementação, das suas modestas conquistas e ainda assim há muito
preconceito em relação a ela, só que de natureza diferente.

Neste momento o GCBA (Governo da Cidade de Buenos Aires) aparentemente pensa, entre
outras mudanças, em reintroduzir o ensino virtual, online, de algumas disciplinas no ensino
secundário.

Se assim for, e mesmo que não o seja assim, justifica-se uma reflexão séria porque a
improvisação, a pressa ou a distância entre gabinetes ministeriais e escolas,
professores e alunos podem fazer naufragar as melhores tentativas, assumindo que se
trata de uma tentativa cujos motivos são efetivamente pedagógicos.

Não se trata de leviandades, nem de experiências massivas ou proibições obrigatórias; é
preciso pensar nas condições objetivas das nossas escolas, ou seja, suas infraestruturas, seus
recursos tecnológicos, seus professores e os seus alunos, e pensar a partir daí que mudanças
razoáveis ​​podem ser introduzidas e quais seriam as condições para que essas mudanças
permitam aos alunos aprender mais, aprender melhor e compreender a natureza do
conhecimento do mundo em que vivem, seja ele a sua casa, o seu bairro, o cidade, etc.

Dispostos como somos nós, os educadores, estamos a criticar quase a priori qualquer
mudança, levemos em conta alguns fatos entre os quais não menos importante é que a
presencialidade histórica do nosso sistema educativo não tem garantido mais ou melhor
aprendizagem; na verdade, se a virtualidade entra em cena – para além de razões políticas–
é porque a presença simultânea de professores e alunos nesta invenção moderna que é a
sala de aula já não garante mais nada. É necessário voltar aos índices das avaliações já
conhecidas?

Obviamente, a virtualidade devidamente implementada requer modificações pedagógicas,
tecnológicas, administrativas, recursos económicos e tempo; requer também a revisão de
algumas representações imaginárias, como a ideia de que com a presença de alunos e
professores na sala de aula é, em si, uma atividade de aprendizagem interativa, construtiva
e colaborativa; a verdade é que isso raramente ocorre, não é acumulando crianças que
ocorre a famosa interatividade pedagógica.

Existem outros imaginários docentes em dança, por exemplo, que, de alguma forma, a
simultaneidade de alunos e professores permite ou facilita um controle de corpos e
mentes que não é apenas uma ficção, mas também é impossível e desnecessário e
colide com a autonomia e formação crítica que a escola deveria teoricamente
incentivar em seus alunos.

O que nos leva a pensar que os alunos da sala de aula estão realmente lá?

Há muito tempo sabemos que os alunos na sala de aula se encontram num local que
raramente os atrai; sabemos que em geral a parte mais atrativa da sua experiência escolar
acontece dentro da escola, mas fora da sala de aula; não é obrigando-os a ficar sentados
durante horas que as quatro paredes da sala se transformam em sala de aula e o tédio se
transforma em aprendizagem; não podemos continuar a ignorar que a obrigação é uma faca
de dois gumes.

Leia também esta reflexão: https://www.neipies.com/escola-perdida-alunos-ausentes/

Um fato irrefutável pode ser argumentado a favor da mudança: as cabeças das crianças
matriculadas na escola hoje são formatadas por tecnologias com as quais a escola está
muito atrasada. Ainda hoje, há muitos professores que não sabem utilizar o Classroom,
plataforma que, quando bem utilizada, pode ser extremamente um valioso aliado. A relação
entre as crianças e a tecnologia alterou o tempo dos alunos e dos professores, enquanto o
tempo escolar permaneceu praticamente inalterado; a organização do tempo escolar é,
justamente, de outro tempo; os responsáveis ​​por essa organização deverão ser notificados!

O tempo na escola é um verdadeiro obstáculo pelo seu descompasso com o tempo
cultural, mas, sobretudo, e como parte dele, com o tempo dos sujeitos. Acontece que o
tempo cronológico da presencialidade não coincide com o tempo lógico e subjetivo das
crianças, nada garante que meninos e meninas estejam dispostos a prestar atenção e
aprender das 8h às 8h40, por exemplo.

É complexo, mas momentos de presença e encontro de alunos e professores na escola e
momentos de virtualidade em que as crianças têm maior vontade subjetiva de se conectar
com as propostas de seus professores poderiam muito bem ser vivenciados em algumas
escolas, em alguns anos, com alguns professores.

Se aspiramos que um aluno que está na sala de aula esteja simultaneamente na aula, é
necessária uma articulação entre o tempo da criança e o tempo escolar, e a virtualidade e
especialmente alguma forma híbrida pode ser uma resposta a um problema com o qual o
sistema educativo, pelo menos em algum momento, terá que se envolver.

Autor Eduardo Corbo Zabatel. Ensayista, Psicólogo, Profesor de Historia, Magist en
Ciencias Sociales. Mora em Buenos Ayres, Argentina. Também escreveu e publicou no site
“De empreendedores e falhas”: www.neipies.com/de-empreendedores-e-falhas/

Edição: A. R.

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