Nossa sociedade está doente, por que não é possível que
uma geração toda receba educação quando os adultos
não entendem seus papeis de progenitores e educadores de vidas.
Que precisam dizer não, ao invés de sempre dizer sim.

 

Embora, muitas vezes, dizer sim represente uma comodidade maior para quem emite, nem sempre representa a forma de educar correta. Em muitas situações esse sim dito na infância ou na juventude tem reflexos devastadores do ponto de vista humano e da formação do caráter. Entre o sim ou o não, tenha certeza que o não sempre vai educar muito melhor, pois ele representa um direcionamento de vida. E por mais que a educação torna-se obrigação dos dois genitores, a responsabilidade recai muito mais para a mãe.

Sueli Ghelen Frosi, da Escola de Pais do Brasil afirma que pais e mães sempre são educadores e que devem ser parceiros da escola, para a humanização dos filhos. Os filhos são educados pela linguagem, pelas emoções, pelo respeito e pelos exemplos.

Para exemplificar melhor, vou contar uma história verídica que aconteceu no interior, numa cidade pequena: – Mãe, posso posar na casa da minha amiga? – perguntou a filha. Era sábado à noite. A mãe respondeu: – Não. Vai fazer o que lá? Posso? Vamos assistir a um filme. – Insistiu a garota. De tanta insistência a mãe acabou cedendo. Transformando o não em um sim.

A menina já estava combinada com sua amiga. Em seguida, vieram dois garotos da cidade de buscar as duas para ir à festa nessa cidade. Lá se foram as duas garotas. Como era de se esperar todos beberam na devida festa. Na madrugada, um dos garotos estava dirigindo em alta velocidade em direção a cidade das garotas.

A curva se transformou em uma reta. O SIM se transformou em não. Não a vida. Não a alegria. Sim para o desespero. Sim para a tragédia.

Em seguida toca o telefone na casa de uma das garotas. A mãe foi atender. Era o policial dizendo que a mãe deveria comparecer na determinada curva do asfalto que sua filha havia sofrido um acidente. A mãe rebate a informação dizendo que possivelmente havia um engano, pois sua filha Camila estava posando na casa da amiga Paula. O policial insiste dizendo que era Camila que estava lá.

Chegando lá a mãe se depara com a filha esmagada embaixo de um automóvel. O desespero bate. O arrependimento chega. A tristeza toma conta do coração de uma mãe que perde seu maior presente que a vida lhe deu. Se a mãe tivesse dito o NÃO e persistido o máximo que aconteceria era a garota ter ficado “birrenta” e bater a porta do quarto.

Por isso o não é uma palavra poderosa, pois remete a uma força inimaginável. Muita gente parece que a aboliu, pensando que essa palavra foi proibida nas relações e na educação dos filhos.

O NÃO não significa a negativa de alguma coisa, mas ele remete ao direcionamento para a percepção da vida mais real possível.

Caso você entenda o não como sacrifício, ele representa negativa na educação. Agora, se você entender a educação como edificação ele torna-se fundamental. Se entender essa palavra como cuidado eu não estou maltratando meu filho eu estou cuidando. Esse é o primeiro passo.

 

O fato de se reconhecer que crianças têm direitos, entre eles à educação, carinho, lazer e “querer”, fez com que as relações entre pais e filhos melhorassem muito, que os pais fossem menos autoritários e que os filhos pudessem participar mais da vida em família e até ajudar a tomar decisões. Em síntese, a relação entre pais e filhos se tornou mais democrática.

Limites: entre o direito dos filhos e o dever dos pais

Por outro lado dizer sempre SIM é mais cômodo para o momento. Seguidamente, ouço dizer que “essas crianças não tem mais limites.” Nessa fala há uma inversão, pois quem não tem limites são os pais.

Aparentemente a mãe dizer sim para a filha de 14 anos que quer dar uma volta de carro com as amigas é mais fácil do que ver a frustração dessa filha perante a infração grave da lei. Dessa forma a mãe, irresponsavelmente, deixa que a filha saia dirigindo pelo centro da cidade. E o que é mais grave, colocando em risco a vida de outras pessoas. Esse sim novamente, como no primeiro caso, transforma-se em incômodo. “Dor de cabeça”.

Além de Joana acabar com o único carro que a família tinha e que usava para trabalho, vai desembolsar mais 10 mil para consertar o carro de outra pessoa que não teve nada a ver com a irresponsabilidade dessa mãe. Além do que vai responder processo na justiça por não assumir seu papel de mãe.

Geralmente o Sim de hoje pode se transformar em bater o carro. A prisão. A droga. O assalto. A vida fácil. O fim do relacionamento amoroso. Vai ser o NÃO de amanhã.

Como professor, convivo diariamente com jovens que não recebem não da família. Então me pergunto. Será que uma garota de 14 anos que ouve só sim em casa vai respeitar o não quando o professor pede para sentar, para escutar, para copiar. Vai entender que tem momentos que o não prevalece. Com toda a certeza não. Esse jovem, essa jovem vai enfrentar o professor.

Sem sombra de dúvidas, afirmo que nossa sociedade está doente, por que não é possível que uma geração toda receba educação quando os adultos não entendem seus papeis de progenitores e educadores de vidas.

A indisciplina na sala de aula reflete o comportamento permissivo que recebem as crianças e jovens e não vai ser na escola que eles vão respeitar. E os pais só vão entender que o limite é importante quando refletir no bolso como uma avalanche.

Fico sempre me perguntando como podem meninos se tornarem machistas e sem respeito às mulheres, sendo que quem os educa são as mães, são mulheres? Sempre digo para mulheres de minha família que tudo aquilo que não gosta em seu marido procure ensinar para o seu filho. Pois as chances de ele ser mais feliz no casamento dependem disso. Levante a tampa do vaso. Leve a toalha ao banheiro. Não reclama da comida. Aprenda cozinhar. Você não vai casar com mãe. Você vai encontrar uma mulher que quer dividir a relação não para te servir. Ensina a menina a cozinhar. A fazer as coisas também. Ensina a limpar as coisas. Não dê tudo pronto. Seja uma mãe mais do Não do que do SIM.

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