“Eu sou gaúcho lá de Passo Fundo e trato todo mundo com maior respeito”…
Manifestar-se contra a presença de alguém numa cidade é aceitável. Sentir-se incomodado com a presença física de uma pessoa é compreensível, haja vista que está em disputa, neste momento histórico do país, se Lula pode ou não pode continuar participando da política.
Disseminar e praticar ódio gratuito contra aqueles e aquelas que ainda o consideram uma liderança e um símbolo de lutas por mais igualdade e cidadania no Brasil, não é nada civilizatório, nem educado, nem faz parte da maioria deste povo ordeiro e trabalhador desta nossa amada cidade. Ainda são resquícios de uma cidade que transita entre ser provinciana e cosmopolita.
Grave mesmo é você usar de força física e bruta para impedir quem quer que seja no seu direito de ir e vir. O que não desejo para mim, não deveria desejar e praticar contra os outros. Grave é você desejar a morte ou a eliminação física de alguém pelo simples fato de você não concordar com ele. Grave é você agredir fisicamente, por meios estúpidos e gratuitos, quem também exerce sua liberdade de opinião e expressão. Grave é você exibir sua estupidez e violência e ser aplaudido por isso. Grave é quando as forças policiais agem tomando posição deliberada de não agir, não permitindo que os direitos de alguns sejam efetivados.
O fascismo deu seu ar de graça neste triste episódio, amplamente divulgado, onde produtores rurais – aqueles mesmos que afrontaram um juiz de nossa cidade com um porrete com a inscrição direitos humanos- celebraram suposta marca pelo impedimento da Caravana de Lula em nossa cidade.
“Mesmo alertado com antecedência e oficialmente sobre a violência programada contra a caravana, o governo do Rio Grande do Sul não impediu que os grupos se formassem nem mobilizou o efetivo policial necessário para conter os agressores.”
Este contexto fica ainda mais complexo na medida em que autoridades políticas, que nesta hora deveriam propor-se a mediações, fazem justamente o contrário, incitando o povo ao ódio e à intolerância.
Na esteira dos últimos acontecimentos, assistimos a episódios cada vez mais ilustrativos de que estamos vivendo no Brasil um Estado de Excessão, não o Estado Democrático de Direito. A execução da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, somada à eliminação física de outros tantos lutadores sociais nos demais estados do país, demonstra claramente que torna-se cada vez mais perigoso lutar e defender DIREITOS HUMANOS no Brasil.
Antes mesmo da morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), o Brasil já era considerado há anos um dos países mais perigosos para ativistas que defendem direitos humanos ou causas ambientais, ao lado de países como Colômbia, Filipinas e México, Honduras.
O povo gaúcho, também a população de Passo Fundo, RS, em maioria, aproveitará os episódios acima relatados para uma profunda reflexão sobre si mesmos. Constatará que ideias extremistas que pregam o ódio gratuito, a violência brutalizada, a eliminação física por causa de pensamentos divergentes, o uso das forças policiais para repressão aos que lutam por seus direitos sociais não são bem-vindos a esta terra que tanto exaltamos e amamos. Afirmará, ainda mais, os valores republicanos e cosmopolitas como a liberdade, a democracia, os direitos humanos (direitos de todos nós), a cidadania e a política no seu sentido mais amplo e irrestrito.
A vida que foi transformada com uma viagem à Espanha foi a
do Prof. Dr. Rogério da Silva, Diretor da Faculdade de Direito da
Universidade de Passo Fundo. Ele foi para a cidade de Granada, na Espanha,
a estudos de doutorado, na Universidade de Granada e levou a
família inteira para curtir essa experiência junto com ele.
“A ideia inicial era ir para Portugal, mas conselhos de amigos acabaram influenciando na escolha. Trata-se de uma cidade histórica, situada na região da Andalucia, há 418 km de Madri.
Foi a oportunidade de ficar fora do Brasil com a família por um período de quatro meses, tempo suficiente para conhecer uma parte da Espanha e se apaixonar por uma cidade, onde a história está por todos os lados.
Com uma população em torno de 250 mil habitantes, um pouquinho maior do que a cidade de Passo Fundo, RS, Granada se destaca pelo turismo e pela qualidade da Universidade de Granada, com mais de 60 mil alunos, sendo uma das que mais recebe estudantes de todas as partes do mundo.
Em Granada, é comum encontrar nas ruas pessoas de diversas nacionalidades e uma mistura de idiomas, lamentavelmente o português é muito pouco utilizado e a impressão é de que brasileiros vão pouco a Granada, apesar da sua história.
Não é nada fácil nos primeiros dias entender o espanhol granadino, por ser muito rápido, é preciso pedir para se “hablar despacito” para que se possa compreender. O português é raramente utilizado, mas se dominares o inglês, não terás dificuldade nenhuma para se comunicar, pois em todos os lugares encontrará alguém que fala com fluência o inglês.
Nossa chegada a Granada aconteceu em um sábado à noite, depois de cinco horas e meia de viagem de trem saindo da capital Madri. A escolha do trem foi justamente para conhecer o sistema que no Brasil não existe, e também poder desfrutar da paisagem. É uma viagem tranquila e confortável, aos poucos vai se conhecendo a geografia do interior da Espanha.
Como ainda era verão, a primeira impressão ao desembarcar foi de muito calor. Granada é uma cidade onde a temperatura pode chegar aos 40 graus durante o dia. A grande vantagem é que está localizada a 100 km das praias do Mar Mediterrâneo, que ficam lotadas durante a temporada. Em compensação no inverno, a temperatura desaba, chegando facilmente a zero graus.
No aspecto climático é bastante semelhante com Passo Fundo, RS, a diferença é de que o inverno é seco e a facilidade de calefação, em todos os lugares, amenizam o frio.
Além disto, comprar roupas de inverno é muito mais barato do que no Brasil, isto vale para qualquer estação do ano. Aqui pagamos caro demais por produtos de qualidade inferior. Isto é apenas uma das descobertas que se faz quando se está na Europa.
Nas baixas temperaturas é possível esquiar em uma das estações mais procuradas da Europa, Sierra Nevada, que fica a 30 km de Granada, e que durante a alta temporada, que começa no final de novembro, recebe milhares de turistas que aproveitam para praticar esportes ou se divertir com a imensa quantidade de neve. Ao ir a Sierra Nevada é necessário estar muito bem agasalhado, pois o frio é intenso e à noite as temperaturas caem ainda mais.
De vários lugares de Granada é possível enxergar os morros cobertos de neve, que após o descongelamento vão servir para abastecer a população. Em Granada não existe a necessidade de comprar água mineral para beber, pois a água da torneira é de excelente qualidade.
A deslumbrante Alhambra
1 de 4
DCIM101GOPRO
Legenda 1: Neve em Granada, tem Alhambra ao fundo.
Legenda 2: Mirador de San Nicolás com Alhambra ao fundo.
Não é somente a serra e o mar que levam turistas a Granada. A principal atração que pode ser visitada durante o ano todo são os castelos de Alhambra. Trata-se de uma cidade amuralhada que ocupa a maior parte da colina de La Sabika. A maior parte do complexo de Alhambra foi construído entre 1248 e 1354, nos reinados de Maomé I e de seus sucessores.
A visita a Alhambra não pode ser feita com pressa, ao cruzar os portões, aos poucos vai se regressando ao passado, o local é muito procurado diariamente, e o ideal é comprar os ingressos antecipadamente, de preferência o pacote completo, para não se perder nenhum detalhe.
Impressiona pelo tamanho de seus castelos, pela arquitetura e pelo cuidado com sua preservação. O passeio é obrigatório para quem gosta de história, para mim a experiência foi tão deslumbrante que voltei uma segunda vez, e iria novamente, pois são muitas coisas para serem vistas, lidas e refletidas.
Fazer o passeio com pressa é totalmente desaconselhado, pois para ter acesso as áreas mais procurados é preciso enfrentar filas, mas nada que não compense a espera. O que mais impressiona de Alhambra é como foi construída uma estrutura tão complexa, que hoje é considerada um dos locais mais visitados da Europa.
Se para as pessoas das áreas do Direito, Jornalismo e História é um passeio deslumbrante, para quem é da arquitetura e engenharia, torna-se uma visita obrigatória.
Não se pode ir a Granada e não se fazer uma caminhada pelo bairro de Albaicín, que juntamente com o vizinho Generalife, uma vila que inclui extensos jardins e hortas de Alhambra, constituem um sítio que está inscrito na lista de Patrimônio Mundial da Unesco. Em Albaicín há inúmeros monumentos e conjuntos monumentais de distintas épocas, fundamentalmente, nasridas e renascentistas.
Com relação a cidade de Granada, esta possui toda a estrutura para receber muito bem os turistas, que podem chegar de ônibus, carros, trem ou de avião. Hotéis e hostels de todos os preços podem ser encontrados pela cidade, assim como, uma ampla rede de serviços.
Chama muito a atenção a limpeza de suas ruas e praças, o trânsito organizado com estacionamentos subterrâneos no centro da cidade e a segurança.
Para brasileiros paranoicos com a segurança é uma benção, tanto que os caixas eletrônicos ficam na rua e podem ser utilizados a qualquer hora. Outra atração de Granada são os inúmeros cafés e restaurantes completamente lotados, principalmente durante a parte da manhã.
Detalhe: em Granada, a parada para o almoço é às 14h 30min, quando praticamente tudo é fechado, retornando às 17h. É preciso se acostumar, pois a primeira hora da tarde é depois das 17 horas, com o encerramento das atividades por volta das 21 horas.
Durante os 4 meses que estivemos em Granada, fizemos uma programação para conhecer os inúmeros locais turísticos, mas em função da quantidade, lamentavelmente não foi possível ir a todos. Acho até que foi proposital para que possamos retornar.
Apesar da rotina de estudos na bem estrutura Faculdade de Direito, da Universidade de Granada, onde mais de cinco mil alunos fazem o curso, foi possível passear e conhecer um pouco da história.
Na sua próxima viagem a Espanha, um país preparado para receber turistas, e que em 2016 recebeu mais de 75 milhões de pessoas que gastaram 77 bilhões de euros, inclua na sua agenda uma visita a linda e exuberante cidade de Granada, com certeza vai se apaixonar, assim como nós nos apaixonamos”.
Em dezembro de 2017, contamos também a experiência do professor Jandir Pauli que morou por um certo período na França para estudar.
Esta matéria foi publicada na revista impressa Contato Vip, assinada por Camila Docena.
A revista Contato VIP foi fundada em abril de 1993, circulando mensal e ininterruptamente até hoje. Sua sede está localizada na cidade de Carazinho, mas sua circulação se dá em toda a região do planalto médio e região noroeste do Rio Grande do Sul, através de assinaturas, venda em bancas e divulgação dirigida.
Além da edição mensal que aborda temas atuais, com ênfase em sociedade, moda e saúde, a revista Contato VIP publica edições especiais segmentadas, tendo entre os títulos Medicina & Saúde, Casa & Decoração e Eventos & Gastronomia.
Aumento de diagnósticos de transtornos psiquiátricos
e uso massivo de medicamentos ameaçam
autonomia e direito à singularidade.
Até os 13 anos, a adolescente Laura Delano era exatamente como esperavam que ela fosse na cidade de Greenwich, parte do estado norte-americano de Connecticut, uma das mais ricas da região metropolitana de Nova Iorque. Na escola particular apenas para meninas que frequentava, ela se encaixava bem, apesar de se sentir diferente das colegas. Usava boné de beisebol em vez de cabelos longos escovados, jogava hóquei com os meninos, mas mantinha boas notas e era respeitada pela comunidade. “Havia muita expectativa, muita pressão sobre nós, mesmo que não comunicada verbalmente”, lembra ela. “Todas fomos nascidas e criadas para sermos perfeitas”.
Em uma noite comum, mas que ficou gravada na memória, Laura se observou mais profundamente no espelho enquanto escovava os dentes para dormir e acabou perdendo o “senso de si”, como ela mesma descreve. “Eu olhava para o meu rosto mas via uma pessoa estranha”. Sem ter tido acesso anterior a um arcabouço de informações que a ajudassem a dar sentido àquela experiência, Laura se comparou a uma atriz. Decidiu continuar “interpretando” o papel de boa filha, boa aluna e boa atleta. “Eu me sentia manipulada pelos meus pais, pelos outros alunos, pelos professores, pela cidade, pela sociedade americana a alimentar uma certa ilusão”.
Eventualmente, o pano caiu. Laura passou a se comportar mal em casa. Gritava, falava palavrões, batia as portas. Depois, começou a se automutilar e pensar na morte. “Eu me transformei em uma pessoa muito raivosa e descontrolada. Não enxergava significado na minha existência e não sabia comunicar isso às pessoas”. Seus pais então a levaram pela primeira vez a um profissional de saúde mental. O psiquiatra identificou que sua raiva e irritabilidade eram sintomas de mania e o desespero e os pensamentos suicidas eram sintomas de depressão — ambas fases de transtorno bipolar. “Aquele diagnóstico mudou a minha vida”.
Laura hoje viaja o mundo contando esse episódio para explicar os efeitos da padronização, patologização e medicalização da vida. Esteve no Brasil entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro para participar do seminário “A Epidemia das Drogas Psiquiátricas: Causas, Danos e Alternativas”, realizado na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), no Rio de Janeiro. Ela está há sete anos sem tomar nenhum dos 19 medicamentos prescritos para os vários transtornos mentais “incuráveis”, diagnosticados ao longo de sua jornada pelo sistema de saúde mental norte-americano.
“Não estou aqui para dizer que médicos psiquiatras ou medicamentos são maus, mas para dizer que a sociedade está construída em cima de histórias poderosas que moldam o sentido da nossa existência — e algumas dessas histórias estão nos ferindo”, ressalva. “Acredito que meu colapso teve a ver com o contexto da minha vida. A pergunta certa não é ‘o que há de errado comigo’ e sim ‘o que aconteceu comigo?’”.
Dentro da caixa
Tentar encaixar pessoas e comportamentos em um padrão está na origem da patologização, segundo o jornalista Robert Whitaker, autor de “Anatomia de uma epidemia: pílulas mágicas, drogas psiquiátricas e o aumento assombroso de doença mental” (Editora Fiocruz), também presente no evento. Ele aponta que o aumento do diagnóstico de transtornos e do uso de drogas psiquiátricas não levou a uma redução do “fardo” das doenças mentais, mas sim ao seu crescimento dramático. “No passado, crianças consideradas ‘difíceis’ eram parte da vida. Crescer é difícil, afinal. Agora temos um novo padrão, em que todos temos que estar felizes o tempo todo”.
Uma em cada 50 crianças nos Estados Unidos é diagnosticada com bipolaridade, informa. O Brasil não fica muito atrás: é o segundo país que mais consome metilfenidato, o princípio ativo da ritalina (medicamento usado para tratar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade ou TDAH), segundo o Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos. “Estabeleceram uma relação entre ‘doença’ e o ‘não aprender’, a ‘doença do não aprender’, um olhar que busca a homogeneidade e rejeita a diferença”, avalia a secretária executiva do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, Helena Monteiro, para quem a escola é a principal demandante da padronização na infância.
Como resumiu Whitaker em seu livro, em 1980, a American Psychiatric Association (APA) adotou um “modelo de doença” para categorizar transtornos mentais — e esse modelo foi exportado para o Brasil e para grande parte do mundo. “O público passou a ser ensinado que depressão, ansiedade, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e esquizofrenia eram doenças do cérebro, causadas por desequilíbrios químicos, e que uma nova geração de drogas psiquiátricas havia sido desenvolvida para corrigi-los”.
Whitaker mostra recentes pesquisas da própria literatura mundialmente reconhecida em Psiquiatria que contradizem esses paradigmas. Além de não diminuir a carga epidemiológica das doenças, o uso contínuo de medicamentos de efeito no sistema nervoso provoca piora de cada uma das doenças em questão. Pacientes com diagnósticos brandos que tinham um bom prognóstico (chances de evoluir para uma melhora e desaparecimento dos sintomas) e que tomaram remédios se saíram pior do que os com diagnóstico severo mas que não usaram as drogas no longo prazo. “Trata-se de surto iatrogênico [termo que quer dizer dano causado pelo tratamento]”, observa.
O autor procura mostrar como, embora os medicamentos psiquiátricos possam aliviar os sintomas no curto prazo (melhor que o placebo), em longo prazo aumentam o risco de uma pessoa se tornar cronicamente doente e prejudicada funcionalmente. “A literatura mais recente argumenta a favor de se repensar profundamente o uso de drogas psiquiátricas, com a defesa de que elas precisam ser indicadas com muita cautela, e que devem ser criados modos alternativos de tratamento”.
O número de pessoas declaradas incapacitadas de trabalhar devido a transtornos mentais aumentou quatro vezes nos Estados Unidos nos últimos 30 anos, e esse aumento tem sido observado em muitos outros países que adotaram o mesmo paradigma de assistência. Quatro milhões de adultos norte-americanos com menos de 65 anos recebem auxílio do sistema de Seguridade Social por serem considerados incapacitados por questões mentais. Um em cada 15 adultos jovens entre 18 e 26 anos encontra-se “funcionalmente prejudicado” por esses transtornos.
Epidemia
O jornalista denuncia que existe uma epidemia de diagnósticos de transtornos mentais. “Há crianças de dois anos sendo ´tratadas´ nos Estados Unidos por bipolaridade, por exemplo”, observa. Os diagnósticos em crianças cresceram pari passu com a prescrição de estimulantes e antidepressivos, com objetivo de conter sintomas como os de TDAH. O papel das indústrias e do marketing de remédio é um dos aspectos cruciais da questão, avalia.
“As companhias farmacêuticas se encaixam no mercado. As sociedades pagam a conta coletivamente. Uma das razões para discutirmos esse tema é que as sociedades não têm mais como sustentar cada vez mais pessoas se incapacitando por depressão e outras doenças mentais”, diz ele, para quem a solução passa por diferentes caminhos muito distantes das pílulas mágicas. “O que ajuda realmente as pessoas a melhorarem são diferentes variáveis, como a confiança para retornar à sociedade, e construir pontes para se manter em contato com a sociedade e a família”.
Whitaker entrevistou pessoas cujas vidas foram mudadas — indubitavelmente para pior — depois que tiveram medicamentos receitados para elas. Em um dos vários casos dramáticos relatados no livro, a mãe de uma criança totalmente saudável de 11 anos procurou ajuda médica: a filha, que esporadicamente fazia xixi na cama, gostaria de participar de uma viagem da escola com seus amigos, e ela estava preocupada. O profissional receitou para a criança um antidepressivo tricíclico “para o xixi na cama”. Dali para diante, efeitos e sintomas devastadores surgiram e a vida da menina tornou-se uma constante peregrinação por médicos e hospitais psiquiátricos. Quando o autor encontrou a família, anos mais tarde, a jovem não tinha sequer no horizonte a perspectiva de retornar a ser uma pessoa alegre, independente e funcional, e só sua mãe falava por ela.
Cuidado x controle
Durante sua jornada para dentro do sistema de saúde mental norte-americano, Laura chegou a confiar que o diagnóstico de transtornos mentais traria alívio para sua falta de conexão com a vida: “Em algum momento quis acreditar que minhas questões eram causadas por um desequilíbrio químico que seria corrigido pelos medicamentos e pela terapia”. Mas conta que, mesmo sendo uma “paciente obediente”, sua vida desmoronou progressivamente. Ela pouco se lembra, por exemplo, de seus anos de graduação na Universidade Harvard, uma das mais prestigiadas do mundo. “Eu estava sedada a maior parte do tempo. Ao lutar para manter boas notas, perdi tudo mais — minha saúde, a capacidade de manter relacionamentos e de reter informação, minha sexualidade, qualquer senso de propósito ou direção”. Tentou se suicidar.
Foi internada, onde diz que conheceu de fato a força do sistema de saúde mental sobre os direitos humanos. “Não há muita coisa pior do que estar em uma ala psiquiátrica de segurança, sem nada que pareça familiar, sem suas coisas, sem poder dar opinião sobre sua vida”. Sua existência, avalia ela hoje, foi sobrepujada pelo seu diagnóstico. “Experimentei violações profundas. Fui percebendo que todos esses anos em que tentei ser ‘obediente’ tinham me privado da minha integridade corporal, da minha liberdade de expressão, de ar puro. Não se tratava de cuidado, mas de controle”.
Ao ler o livro de Whitaker, em 2010, começou a refletir sobre quem era. Botou em xeque todos os diagnósticos que recebeu e procurou alternativas holísticas para entender de onde vinha seu sofrimento. “Finalmente entendi que as experiências emocionais com que lidei ao longo dos anos tinham significado, tinham razão política, estavam enraizadas em questões sociais, culturais, de gênero”. Laura hoje escreve um blog (recoveringfrompsychiatry.com) em que tenta “ressignificar” sua vida. “A Psiquiatria dizia quem eu era. Eu mesma passei a dizer, em um processo confuso, mas empoderador”.
Abordagens desmedicalizantes
Abordagens que estimulam o diálogo e autonomia dos pacientes são a “tecnologia” de ponta em tratamento do sofrimento psíquico. O finlandês Jaakko Seikkula ajudou a desenvolver a abordagem Diálogo Aberto (Open Dialogue). Trata-se de um método elaborado a partir de terapias centradas nas necessidades de cada pessoa e seu meio social, com a integração da terapia familiar sistêmica e da psicoterapia psicodinâmica. A abordagem é utilizada na Finlândia inclusive para casos considerados graves e nos momentos de surtos (ver entrevista na pág. 22). “Aceitar o outro sem condições é o caminho de ouro para abrir diálogos nas relações sociais que se encontram em crises severas”, diz Jaakko.
Para ele, no sistema de cuidados predominante, os profissionais são orientados a seguir sua via de tratamento dentro de categorias de diagnóstico específicas, mas respeitar as vozes dos pacientes não é objetivo básico. “Infelizmente, a prática hegemônica muitas vezes desrespeita os recursos psicológicos dos usuários e, portanto, enfatiza a prática fortemente centrada no chamado expert. O tratamento é direcionado aos sintomas”, aponta.
Nas crises graves, outro tipo de abordagem é imprescindível, afirma. Os princípios centrais da abordagem do Diálogo Aberto são: ajuda imediata (dentro de 24 horas); uma perspectiva de rede social (sempre convidando os parentes, familiares e outros membros chaves da sua rede social para as reuniões); flexibilidade e mobilidade (adapta o tratamento oferecido para a especificidade e as necessidades de cada caso); responsabilidade da equipe (quem quer que esteja na equipe é responsável por reunir a rede); continuidade psicológica (a equipe se torna responsável pelo tratamento pelo tempo que seja necessário); tolerância à incerteza (criando segurança e confiança em situações onde ninguém tem a resposta definitiva); dialogicidade (focando principalmente no diálogo, deixando em segundo plano querer mudar o outro).
“As pessoas são abordadas como seres humanos em sua plenitude, e não como sintomas”. Conforme observado em estudos, nos casos de psicose em primeiro episódio, 85% podem retornar ao pleno emprego. Nos casos de depressão profunda, a recuperação ocorre mais rápida e mais frequentemente, em comparação com o tratamento habitual. Em ambos, o papel da medicação pode ser reduzido, evitando assim seu efeito nocivo.
O papel do Brasil, segundo Whitaker, é muito relevante para que a reversão do modelo de cuidado tenha êxito global, levando em consideração as suas conquistas na Reforma Psiquiátrica. “Precisamos nos informar na literatura científica acerca de resultados a longo prazo. Em outras palavras, precisamos ter uma discussão científica honesta. Se pudermos ter essa discussão, uma mudança certamente se seguirá. Nossa sociedade se disporia a abraçar e promover formas alternativas de tratamento não medicamentosos. Os médicos receitariam os remédios de maneira muito mais restrita e cautelosa. Em suma, nossa ilusão social sobre uma revolução da ´psicofarmacologia´ poderia enfim se dissipar e a ciência de bases sólidas poderia iluminar o caminho para um futuro muito melhor”, defende.
Autor: Bruno Dominguez e Elisa Batalha Fonte: Radis
Quanto mais escura a cor da pele, menos renda, menor o grau de educação,
menores as chances de crescimento profissional e as oportunidades.
O inverso também é perceptível, quanto mais clara for a cor da pele,
maior a renda, o grau de educação e as oportunidades.
O Brasil foi o último país da América que aboliu a escravidão. O processo de abolição da escravatura foi gradual e começou com a Lei Eusébio de Queirós de 1850, seguido pela Lei do Ventre Livre de 1871, a Lei dos Sexagenários de 1885 e finalizado pela Lei Áurea em 1888.
Ou seja, fazem menos de 150 anos que negros e negras foram postos para fora dos locais onde eram feitos de escravos e largados no mundo, literalmente sem eira nem beira, para aproveitar ‘essa tal liberdade’ que só aparecia mesmo nos papéis assinados.
Na prática, negros e negras não tinham qualquer oportunidade e continuavam tendo que servir brancos com dinheiro.
Alguns estudiosos afirmam que a escravidão nunca foi abolida no Brasil, já que seus reflexos gritam nas estatísticas que diariamente mostram qual o lugar do povo negro na sociedade atual.
Autor Lázaro Ramos chora ouvindo depoimento de professora Diva Guimarães sobre educação e racismo no Brasil.
Quanto mais escura a cor da pele, menos renda, menor o grau de educação, menores as chances de crescimento profissional e as oportunidades. O inverso também é perceptível, quanto mais clara for a cor da pele, maior a renda, o grau de educação e as oportunidades.
De acordo com o Atlas da Violência 2017 a população negra, jovem e de baixa escolaridade totaliza a maior parte das vítimas de homicídios no país.
De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras.
A cada 23 minutos um jovem negro é morto no país. De 2003 a 2013 o índice de mulheres brancas assassinadas caiu enquanto o de mulheres negras subiu 54%. A cada 4 pessoas com diploma de curso superior, somente uma é negra.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios em 2015, os negros e pardos representavam 54% da população brasileira, mas sua participação no grupo dos 10% mais pobres chegava a 75%. Pretos ou pardos estão 73,5% mais expostos a viver em um domicílio com condições precárias do que brancos.
Isso tudo e muito mais reflete diretamente na qualidade de vida destas pessoas e, consequentemente, nos dados apontados pelo Mapa do Encarceramento, que no período analisado de 2005 a 2012 constatou mais presos negros do que brancos no país.
Djamila Ribeiro é a convidada do Saia Justa e fala sobre o lugar de fala do outro e a diferença das pessoas. Confira!
Em 2005, considerando-se a parcela da população carcerária para a qual havia informação sobre cor disponível 58,4% era negra.
Já em 2012 mais de sessenta por cento da população prisional era negra. A equação é simples e injusta: quanto maior a população prisional no país, mais cresce o número de negros encarcerados.
Quando falamos de educação, a desigualdade racial é evidente. De acordo com dados educacionais organizados pelo movimento Todos pela Educação a taxa de analfabetismo é 11,2% entre os pretos; 11,1% entre os pardos; e, 5% entre os brancos.
A partir dos 15 anos, entre os brancos, 70,7% dos adolescentes de 15 a 17 anos estão no ensino médio, etapa adequada à idade, entre os pretos esse índice cai para 55,5% e entre os pardos, 55,3%. Já no terceiro ano do ensino médio a diferença aumenta: 38% dos brancos; 21% dos pardos; e, 20,3% dos pretos têm o aprendizado adequado em português e 15,1% dos brancos; 5,8% dos pardos e 4,3% dos pretos têm o aprendizado adequado em matemática.
Pensa comigo: morando em um país que a maioria da população é negra, quantos professores negros você teve? Quantos colegas negros na escola e quantos colegas negros durante a faculdade, a especialização, o mestrado?
A abolição da escravatura foi há 130 anos! Historicamente isso foi ontem e até hoje o povo negro sofre com o peso dos grilhões, que hoje aparece na face da desigualdade, e nada mais justo que a sociedade reparar essa dívida histórica seja através de cotas, seja através de outras políticas públicas que cumpram com este papel.
O sistema de cotas não é uma benesse, é a forma de o Estado, num trabalho de formiguinha, corrigir a negligência com o negro e com o pobre.
E não me venha com discurso de meritocracia, pois esse só vale quando você compara dois pontos de partidas iguais. E né, fica fácil defender o mérito quando em uma corrida de 100 metros você parte logo dos 50 metros enquanto o povo negro sai esbaforido da largada.
Já estou completando um ano e meio na missão em Moçambique. Neste tempo, de todas as expressões que ouvi, a mais marcante, pela frequência e pelo significado, é nri vamosá. Na versão em português, o termo dá sentido à expressão “estamos juntos”, enquanto a tradução literal do macua (língua falada em grande parte do norte de Moçambique, apesar de o português ser a língua oficial do país) é “somos um”.
Sabemos bem a diferença entre ser e estar. Estar é passageiro, transitório, efêmero. Ser é definitivo, decisivo. Quando sou, abraço definitivamente o compromisso e agora isso se torna parte do meu próprio ser.
Se assumimos ser um com o outro, o nosso conceito de empatia ganha um novo sentido. Nossos sentimentos já não são pelo outro, mas com ele. Agora, quando nos deparamos com sua angústia, nossa posição muda de “eu sei como você se sente” para “eu sinto com você”. E isso funciona também para alegria, tristeza, raiva, fome.
Como uma parte do meu eu pode estar bem se a outra não está?
Semelhante à filosofia sul-africana do Ubuntu, o nosso Nri Vamosá moçambicano também vai muito além das palavras. Enquanto o mundo se debruça em um conceito de natureza humana baseado na livre escolha pessoal e no individualismo, a experiência de unidade do Ubuntu ou do Nri Vamosá se baseia na ideia da comunidade, onde cada um depende do outro para ser pessoa.
“Ubuntu” é uma palavra que representa uma filosofia e uma ética antiga africana que significa: “Sou quem sou, porque somos todos nós”.
Resistência
Nessas sabedorias se justifica o que vejo e vivo em Moçambique e que contraria significativamente as imagens de África que temos. Precisamos ter claro que as colonizações e ultimamente as explorações de recursos naturais e humanos em Moçambique foram e são os grandes responsáveis pela situação de vulnerabilidade do povo.
Esses séculos de dominação europeia deixaram rastros irremediáveis em toda a África e, pior que isso, o neocolonialismo exerce veladamente este poder nos dias de hoje.
A predominância e o crescimento das multinacionais em todo o território africano e, especificamente em Moçambique, monopoliza a terra, os minérios e a água, suprimindo culturas, explorando a mão de obra e devastando vidas.
Por outro lado, a resistência deste povo cheio de força tem sido também a sua salvação em meio a esses contextos de tanta desigualdade e dificuldades.
A teimosia em lutar contra essas dominações e submissões foi o que permitiu que os moçambicanos – e de maneira geral os africanos – chegassem até aqui com uma parte de sua cultura e as próprias vidas preservadas.
O povo é castigado pela fome: não se rende. As terras para plantar estão ocupadas por empresas: caminha mais longe para plantar e colher. A água já não é mais potável: cava poços mais fundos. A casa de barro cai com as fortes chuvas: reconstroi. A morte é presença diária, mas não motivo para desistir.
Conheço inúmeras famílias que sofrem com a seca, com a pequena colheita que conseguem a cada ano ou com a falta de terras para plantar. Apesar disso, vejo todo dia o seu esforço em partilhar o que têm para garantir que todos tenham o alimento necessário.
Outra realidade é o alto número de crianças órfãs em contraste com a ausência de orfanatos ou de abandonos.
Muitas mães morrem no parto ou logo após ele. Outras perdem a vida por qualquer doença não diagnosticada, negligenciada ou não tratada corretamente. E seus filhos? O que acontece com estas quatro, cinco ou até dez crianças? A família acolhe naturalmente, sem crises, caos ou grandes discussões. A tia, a avó, a irmã mais velha, ou até mesmo uma das outras esposas do pai hão de abraçar a responsabilidade de educar e cuidar esses pequenos.
Revelação
Eu te louvo ó Pai porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos.
A experiência de Jesus na revelação do Reino de Deus foi de rejeição por parte da elite política, econômica e religiosa da época. A acolhida da boa-nova aconteceu nos pobres, vulneráveis e excluídos.
Hoje, esse mesmo Reino é a nossa luta por igualdade, justiça e paz. Como há dois mil anos, o anúncio não se dá nos megaprojetos de um suposto desenvolvimento, ou pelos grandes intelectuais. Nem pelas bocas dos patrões ou governantes. Quiçá por nós, missionários.
Acostumados a desqualificar ou minimizar os conhecimentos e as práticas dos povos tradicionais, ainda temos muito que aprender neste caminho rumo a plenitude do bem viver. A terra sem males que sonhamos e esperamos é proclamada a cada dia na vida dos pequenos. Nri vamosá é a verdadeira vivência da fraternidade.
Nessa reciprocidade, a vida acontece plena no amor espontâneo, solidário e gratuito. No encontro com o outro me reconheço, me formo, me somo e me completo.
Sou quem sou porque somos todos nós e, por amor, somos um.
Victória Holzbach, jovem jornalista em Moçambique, revela, com um pouco mais de um ano como missionária leiga, que o jornalismo ficou em segundo ou terceiro plano e que a realidade concreta das pessoas com as quais atua exige outras habilidades e intervenções. Revela, ainda, como é grande a sua transformação pessoal.
O novo jornalismo, o jornalismo do século 21,
será feminino, muito mais atrevido,
menos óbvio e discriminador.
As mulheres vão reinventar
o jornalismo.
Vou dizer o que me leva a acreditar que as mulheres vão salvar o jornalismo.
“Temos que empoderar as mulheres”, afirma jornalista.
Há quase 20 anos, a jornalista Eliana Simonetti decidiu que me levaria para São Paulo para que eu a ajudasse a resolver um bom problema da Veja.
Veja não era ainda o que acabou se transformando. Eliana me queria na Editoria de Economia, como subeditor dela, porque Veja havia sido tomada pelas mulheres.
Era preciso arranjar homens para a revista, e os homens estavam faltando porque aqueles eram os tempos malucos da corrida para a internet.
Os sites eram a nova Serra Pelada. Os jornalistas estavam sendo contratados por altos salários para trabalhar em portais de todo tipo. Alguns achavam que ficariam ricos. Houve uma debandada nas redações.
Eliana me explicou que os chefes tentavam recuperar o equilíbrio num ambiente sempre dominado pelos homens. A presença das mulheres estava tornando as pautas, as abordagens, os textos excessivamente femininos.
Pode-se dizer hoje, numa análise simplista e demagógica, que essa seria uma questão de machismo. Não era. Era uma tentativa de reequilibrar até mesmo a linha editorial da revista (deu no que deu…).
O salário seria mesmo de Serra Pelada, mas eu resisti. Não tinha mais idade para sair por aí. A vaga que Eliana me ofereceu foi logo depois ocupada pela minha amiga Denise Ramiro. As mulheres continuaram avançando.
O que se viu a partir dali foi a ocupação das redações pelas mulheres, assim como os cursos de jornalismo, professoras e alunas.
Hoje, os melhores textos do jornalismo de fôlego, das grandes reportagens, são de mulheres. E a melhor coisa no jornalismo é o “excesso” de mulheres, que fazem hoje o que a repórter Celia Ribeiro já fazia nos anos 60 e 70. Elas já são maioria nas redações.
A imprensa ainda machista (e que se revelou mais golpista do que em 64) mantém rígidos comandos masculinos em postos chaves, que estão acima das redações.
Apesar da mulher ter conquistado as redações das mídias nos últimos 20 anos, ainda está longe o cenário da paridade. E se assim é nos patamares mais baixos da profissão, nas hierarquias de decisão o vazio é quase total. Um tópico que mereceu um debate neste 4º congresso dos jornalistas portugueses.
O novo jornalismo, o jornalismo do século 21, será feminino, muito mais atrevido, menos óbvio e discriminador. As mulheres vão reinventar o jornalismo.
O ser humano precisa de suas capacidades, desde as mais simples
até as mais complexas, para sobreviver no mundo e produzir cultura,
dando sentido à sua existência. Oferecer as condições pedagógicas
para que o educando desenvolva ativamente suas capacidades
é o papel do professor e da escola.
Compreender como o sujeito se forma no contexto social mais amplo é uma preocupação nuclear das teorias educacionais. Como o sujeito não pode formar-se isoladamente e nem sucumbir diante das pressões sociais, ou seja, ser determinado exclusivamente por tais pressões, ele vê-se às voltas com uma tremenda conflitividade.
Nosso maior palco é a vida e nela somos eternos aprendizes. Nosso maior desafio é a humanização, através do conhecimento. O conhecimento nos torna melhor seres humanos. A escola e a vida são oportunidades de aprendizagem, socialização e construção de conhecimentos. Humanizar é um dos maiores desafios da atualidade.
Ora, investigar tal conflitividade é tarefa das teorias educacionais. O pragmatismo educacional de Dewey assume esta tarefa ao longo de Democracia da educação, especialmente, no capítulo IX, na medida em que busca confrontar a teoria do desenvolvimento natural com a teoria da eficácia social. Dewey atribui ao primeiro o espontaneísmo pedagógico e, à eficácia social, a determinação externa, oriunda das mais diferentes pressões sociais exercidas sobre o próprio educando.
Desenvolver suas próprias capacidades humanas e aprender como fazê-lo é o desafio que o ser humano assume em sua vida, tendo que fazê-lo caso almeje ser dono de seu próprio destino, ao menos naquilo que lhe é possível. Portanto, o desenvolvimento adequado das capacidades humanas não é um problema só teórico, que interessa exclusivamente aos estudiosos da educação. Torna-se, antes disso, um problema prático, que interfere na vida cotidiana de cada um, uma vez que diz respeito ao modo prático que cada um adota para poder viver no mundo. O ser humano precisa de suas capacidades, desde as mais simples até as mais complexas, para poder sobreviver no mundo e produzir cultura, dando sentido à sua existência.
Deste modo, a tensão entre o desenvolvimento das capacidades individuais e seu embate com as mais diversas pressões sociais é o nó górdio das teorias educacionais. Dentre tais teorias destacam-se duas posições opostas: o intelectualismo e o determinismo.
A primeira tende a isolar as capacidades humanas, defendendo seu desenvolvimento independente das pressões sociais. Concede poder exagerado a tais capacidades, independizando-as das determinações que o ambiente exerce sobre elas. Aposta na autossuficiência racional do ser humano, forçando sua independização da história e da sociedade.
O determinismo social é a teoria oposta do intelectualismo, fazendo a independência do sujeito sucumbir diante das pressões sociais. Segundo tal teoria, as forças econômicas e políticas, por exemplo, determinam o modo de vida do próprio sujeito, ditando por suas regras o modo como ele deve agir. Sendo assim, o sujeito não possui poder suficiente para fazer suas próprias escolhas, seguindo sempre os ditames de forças externas. Como as determinações do ambiente social e natural são tão fortes e poderosas, não resta outra saída à educação senão adaptar o sujeito a tais forças.
Nem intelectualismo e nem determinismo social são fontes genuínas e seguras para justificar a teoria educacional. Com isso, uma teoria da educação potente é aquela que consegue encontrar o caminho do meio: nem só indeterminação e nem só determinação.
Se o educando não for provocado externamente para desenvolver suas capacidades humanas, sozinho não conseguirá fazê-lo. Neste sentido, a pressão externa é indispensável. Por outro lado, se não for ativo e tomar por si mesmo a dianteira, dispondo-se pessoalmente a fazê-lo, não há força externa, por mais pedagógica e poderosa que seja, que irá movê-lo para acionar suas capacidades físicas, afetivas e intelectuais.
Isso mostra que a educação é um processo conflitivo do começo ao fim. A buscar por encontrar o caminho do meio precisa ser a preocupação constante da boa teoria educacional.
Oferecer as condições pedagógicas para que o educando possa desenvolver ativamente suas capacidades é o papel do professor e da escola. Ambos precisam encontrar o equilíbrio entre o respeito à liberdade ativa do educando e o disciplinamento necessário à formação de seu hábito. Liberdade excessiva da vontade, sem autodomínio, e pressão descontrolada do ambiente são forças contrárias ao desenvolvimento autônomo das capacidades humanas.
Em que sentido a escola pode enfrentar satisfatoriamente as pressões sociais, mediando adequadamente a construção das capacidades do aluno? Como a ação do professor pode tornar-se força pedagógica indispensável para que o aluno encontre, ele próprio, o equilíbrio entre o desenvolvimento de suas capacidades humanas e as pressões sociais que sofre, das mais diferentes procedências?
São duas perguntas que tocam no âmago do trabalho formativo a ser desenvolvido tanto pela escola como pelo professor.
A escola vê-se hoje questionada de todos os lados.
Como será a escola do futuro? Neste episódio, os cineastas acendem os holofotes para uma importante reflexão: como será a escola daqui a 50 anos? Quem responde são professores, alunos, diretores e pensadores.
Alguns proclamam com voz estridente seu fim, devido sua inoperância e inutilidade.
Outros querem reduzi-la simplesmente à tarefa de preparar jovens para o mercado de trabalho. Neste sentido, a escola teria uma função meramente profissionalizante, ocupando-se com o futuro profissional das novas gerações. Sendo esta sua finalidade, o foco do ponto de vista do conteúdo e do currículo deveria ser ensinar o manuseio de ferramentas tecnológicas, desaparecendo, com isso, o trabalho cultural de formação das capacidades espirituais humanas mais amplas.
Sob este aspecto, a escola de hoje encontra-se, de modo geral, em situação bem diferente daquela existente na época de Democracia e educação, na segunda década do século XX.
Depositava-se, neste período, crença positiva ao papel da escola no desenvolvimento das capacidades humanas e no projeto de desenvolvimento da nação. A escola era tida como força impulsionadora indispensável do melhoramento humano por meio de seu papel cultural.
Segundo Dewey, a presença e o papel formativo da escola é insubstituível para preparar a socialização do educando. Ela cumpre, deste modo, o ritual de passagem da socialização ocorrida nos espaços sociais mais restritos, como a família, para espaços mais amplos, em outras instituições sociais. A escola é então o primeiro ensaio consistente do uso participativo do ser humano no espaço público.
Portanto, longe de ser inútil ou de ser reduzida somente à preparação para o mercado de trabalho, a escola é o espaço do tempo livre, que possui o trabalho vagaroso e consistente de apropriação progressiva da cultura elabora.
O professor é, neste contexto, o mediador formativo entre a experiência ativa do educando e sua relação com a cultura elaborada. Sem que a experiência ativa do educando seja levada em conta, a cultura elaborada torna-se mero ornamento, descolando-se completamente das preocupações existenciais do educando. Por outro lado, se a escola se limitasse somente em respeitar as experiências individuais do educando, sucumbiria diante dos preconceitos e dogmatismos que lhe são inerentes.
O professor, exercendo formação cultural crítica, descortina o mundo do saber elaborado ao educando, oportunizando o confronto crítico com seu próprio modo de vida.
O respeito pela experiência do educando exige do próprio professor, como resultado de sua postura responsável, ética e profissionalmente, que oportunize o enfrentamento do aluno com o saber oriundo da cultura elaborada. Contudo, por buscar orientar-se por uma postura ética, o professor põe a exigência de colocar-se na situação pedagógica, deixando transformar-se ele próprio pelo exercício de mediação que possibilita o educando experienciar a cultura elaborada.
Apesar de entender a importância de
estarmos informados, às vezes parece que a
exposição constante a coisas ruins
esgota nossa esperança.
Quando eu estava na faculdade, fui aluna do Professor Carrion Jr, se não me engano na disciplina de Formação Econômica do Brasil. Eu gostava muito das aulas dele, em especial pelas histórias e vivências que compartilhava conosco.
A aula era às 7:30 e já no início do semestre ele nos apresentou à sua metodologia de avaliação, acho que ele chamava de “notícia do dia”.
No começo de cada aula tínhamos que escrever sobre uma notícia daquele dia. O pequeno texto era entregue ao professor, e valia pontos na nota final. Aos protestos quanto ao horário, à dificuldade ou irrelevância da tarefa ele respondia que qualquer um podia ouvir rádio ou ler um jornal antes da aula (a internet ainda não era comum).
Argumentava que o mínimo que se esperava de um futuro economista era que soubesse o que estava acontecendo no país e no mundo, em tempo real (na medida em que isso era possível no século XX).
Lembrei-me do professor e das aulas nos últimos dias. Ao me deparar com notícias de tragédias, corrupção, intolerância e violência, pensei que queria ao menos uma notícia no dia que fosse boa.
Bauman se tornou uma figura de referência da sociologia. Suas denúncias sobre a crescente desigualdade, sua análise do descrédito da política e sua visão nada idealista do que trouxe a revolução digital o transformaram também em um farol para o movimento global dos indignados, apesar de que não hesita em pontuar suas debilidades.
Tenho que concordar com meu antigo professor, não é possível ser um bom profissional ou um cidadão consciente sem saber o que se passa no país e no mundo. Precisamos saber para poder protestar e combater. Esconder-se da realidade não resolve nada, não ajuda ninguém.
Mesmo assim, a cada notícia triste ou revoltante, penso no alívio que seria ouvir algo positivo. Apesar de entender a importância de estarmos informados, às vezes parece que a exposição constante a coisas ruins esgota nossa esperança.
Em lugar de nos impulsionar para ações positivas, essa avalanche de más notícias sufoca nossa reação. Ficamos todos assim, anestesiados, cansados e de certa forma conformados, sendo capazes apenas de replicar más notícias em redes sociais, ou expressar nossa revolta em palavras agressivas.
Desejo que tenhamos boas notícias todos os dias. Que possamos encontrar alguma inspiração que nos dê a força que precisamos para fazer algo que transforme a realidade para melhor.
O destino da humanidade está em nossas mãos. Documentário o Homem.
As mulheres evoluíram e evoluirão muito mais,
porque elas não deixam de usar e ocupar
o espaço social a cada dia. Espero que mais homens
percebam esta evolução, acheguem-se ao mundo feminino
para dividir responsabilidades e, ao mesmo tempo,
aprender com elas.
Por mais que em certos momentos se pense que a evolução feminina tenha conquistado o mais alto lugar no pódio social, o avanço ainda é pouco perante a realidade apresentada diante de nossos olhos. E, para observar com nitidez e realismo, precisa-se esboçar uma trajetória na história.
Mesmo considerando avanços e conquistas das mulheres, será que todo mundo gostaria de ser mulher?
Ao longo da história a mulher sofreu discriminação profunda e, para tanto, façamos um feedback histórico, sobretudo para destacar que a submissão era unicamente se calar. Dito de outra forma, elas nem tinham o direito de opinar.
Outra questão que intriga quem vive num processo de respeito ao sexo feminino, é o desrespeito ao corpo. A mulher sequer tinha direito de se posicionar quanto a quantidade de filhos que deveria ou poderia ter, era apenas ter “todos aqueles que Deus lhes dava”. Neste sentido, dá para imaginar o grau de prazer sexual que sentiam, até porque era extremamente proibida qualquer manifestação sexual. Por outro lado, ao homem, sim, poderia sentir prazer e até mesmo anunciar este.
Hoje tudo mudou a mulher pode e tem o direito de sentir prazer sexual, ou até mesmo, manifestar disposição ou não ao sexo. Com essa ideia muitas revistas trazem orientações para que cada vez mais a mulher sinta orgasmo e satisfação em suas relações íntimas.
No passado, cabia a mulher apenas um “direito:” obedecer ao que os homens mandavam e desmandavam. Experiência sexual para mulheres era coisa de mulher mal falada. Para os homens não tinha fazer sexo pela primeira vez com a gatinha da mesma idade, isso acontecia com a empregada ou em um bordel. Essa triste história vem mudando com o passar dos tempos. “Graças a Deus!”, não claro que não, graças à fibra, luta e resistência de mulheres guerreiras que enfrentaram “a chuva e o temporal”.
Pode-se confirmar isso, no livro A Revolução Feminina de MOURA, 1989:
Pela primeira vez na história estamos na vanguarda e eles na retaguarda. Às vezes chegam até a reclamar de que os temos transformado em objetos sexuais, por aí se vê machões. Nós os queremos , os compreendemos, tanto que já assimilamos o caos. Claro, sabemos muito bem como muito mais fácil renunciar a uma emoção do que a um hábito e vamos fazer tudo para que não tenham medo do nosso governo: o governo do coração.
A autora é otimista no seu discurso, mas ainda muita coisa tem de mudar para que se possa realmente dizer que os homens obedecem ao governo feminino. Se observarmos a questão da autonomia da sexualidade feminina, a evolução é bem grande, sem dúvida.
Em 1960, renasce o marco de movimentos de libertação das mulheres por todo o mundo, mas em anos anteriores a este, muitos movimentos isolados se deram. Neste período, inclusive, se institui o dia reservado às mulheres. No Brasil, em plena Ditadura, as mulheres de fibra se organizam e lutam por seus direitos. Esta luta foi constante para se chegar ao Século XXI com muitas conquistas em prática. Segundo Caderno BRASIL/MEC, 2007, apresenta a seguinte afirmação:
Em reconhecimento dessas lutas, o dia 08 de março foi instituído pela ONU, em 1977, como Dia Internacional da Mulher o que nos dá a oportunidade de fazer um balanço dos progressos e conquistas a respeito do lugar ocupado pelas mulheres e dos obstáculos à sua cidadania e levar o conjunto da sociedade e dos governos a refletirem sobre as formas de enfrentar as desigualdades de gênero.
As questões de gênero vão muito além do âmbito da sexualidade, elas perpassam o direito à educação, entendida há anos atrás como algo sem importância, até porque mulher era vista como mera dona de casa e objeto de satisfação masculina. E ainda, direito ao voto e de ser votada que, ao mesmo tempo em que não precisava estudar, tão pouco, opinar para escolher quem representava as esferas governamentais.
A cada dia, 13 mulheres são mortas de forma violenta no Brasil — ou uma a cada duas horas. Grande parte dessas mortes, comumente tipificadas como homicídios, devem ser enquadradas em uma categoria específica, a do feminicídio. É o que afirma a juíza Adriana Mello, titular do 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
Olhando no retrovisor da história, percebe-se que não só se conquistou o direito de voto, mas o espaço de ocupar cadeiras parlamentares e de expor seus pensamentos políticos calcados na sensibilidade e visão feminina. A busca pelo emprego foi e é outra luta constante, pois mulher que saía trabalhar fora não era bem vista. O homem era quem sustentava a família e a administrava.
Sigamos com a reflexão. Os hábitos foram mudando diariamente e não só a rotina feminina, mas o próprio homem que se via como o centro do pódio começou a derrubar a máscara na adaptação rotineira. Porque em vez de encontrar em casa uma mulher pronta para servir, por exemplo: alcançar a toalha e cuecas e o cuidado com os filhos, o homem começou se deparar com um mundo totalmente novo.
As mulheres não são propriedade de legisladores, nem de religiões, nem de instituições, nem de maridos e companheiros, mas são sagradas em sua dignidade. Há que pedir licença, há que amar, há que respeitar de uma vez por todas aquelas que trazem em si a sabedoria do mundo.
Pensa-se que é mais difícil a adaptação da figura masculina, mais do que a feminina. A mulher, por natureza, sempre soube se virar, por mais submissa que fosse. A mulher cuida dos filhos, educa-os e entende os sentimentos de choro e antes de tudo isso, carrega o peso de uma gravidez por nove meses, sente dores que nunca um homem ousaria sentir. Dessa forma, a mulher não esmoreceu na luta, pois nunca fugiu dos desafios.
A sociedade machista impregnada quer sufocar as mulheres tentando calar essas guerreiras até mesmo, com a injustiça de pagar salários bem mais baixos pelos mesmos cargos ocupados pelos homens. Como retrata BRASIL/MEC, 2007:“Um outro aspecto importante, que evidencia as desigualdades entre gêneros, são as ocupações exercidas como assalariados por ambos os sexos.”
O que me intriga até hoje é perceber que muitos especialistas afirmavam com convicção de que as mulheres não se adaptariam no mundo do trabalho, pois este espaço era exclusivo para homens que tinham competência e força. Hoje a prova aparece nitidamente demonstrando o contrário, deixando claro que as mulheres não são mais jeitosas para este mundo, como este espaço ficou muito mais agradável do que era com um toque feminino.
Nisso tudo, um fator em desvantagem para o mundo feminino é que com sua saída do ambiente familiar, cabe desempenhar sua função externa com muita competência, ela não se desvinculou das responsabilidades e das preocupações da casa, dos filhos. Mesmo no mundo do trabalho ela não perde a vigilância da casa. A mulher, mesmo com toda jornada pesada e dupla, não perdeu a sensibilidade e humanidade que sempre teve. Realidade comprovada nas palavras de Madre Teresa de Calcutá, apud BRASIL/MEC, 2007: “if we really want to love we must lern how to forgive”.
Não condeno e nem questiono os apaixonados que usam dia 08 de março – Dia Internacional das Mulheres – para prestar-lhes justas e bonitas reverências e homenagens. Mas prefiro entender este dia como uma oportunidade de reflexão que toda sociedade deveria fazer neste dia que foi instituído como um dia de memória às lutas de tantas mulheres que se desafiaram a lutar por mais condições de igualdade.
As questões postas me fizeram lembrar que, alguns anos, desempenhava a função de diretor, rodeado de mulheres que a todo o momento me mostravam a capacidade, sensibilidade, agilidade e compreensão, sem falar da sensatez com que resolviam os obstáculos diários. Elas, em momento algum, esqueciam da casa e dos filhos.
Espero que, com o passar dos tempos, mais homens percebam esta evolução e, cada vez mais, acheguem-se ao mundo feminino para dividir responsabilidades e, ao mesmo tempo, aprender. Como falei anteriormente, as mulheres evoluíram e, com certeza, evoluirão muito mais, porque elas não deixam de usar e ocupar o espaço social a cada dia.
Ao menino, jogos, carrinhos, livros. Quem fez de tais coisas objetos de varão? A cultura. Um quarto azul para ele, um rosa para ela. Jogos para o cérebro. Carrinhos de tecnologia. Livros para os saberes.
A educação é o caminho para a prosperidade
coletiva e deve ser prioridade para além dos discursos
recorrentes de todos os anos eleitorais.
Em todo ano eleitoral, é o mesmo discurso: candidatos vão aos palanques e falam em uníssono que a educação brasileira precisa melhorar e crescer. Dizem, ainda, que é a solução para o nosso país. Mas, passado o pleito, o tema segue relegado a quinta, sexta, sétima prioridades. E assim caminhamos para mais um ciclo de dois ou quatro anos sem que o sistema de ensino receba toda a atenção que merece.
Sou um empresário que decidiu não esperar tanto pelas ajudas governamentais para acreditar na ideia da educação a fim de formar uma nação melhor. Há 14 anos, junto a um grupo de investidores, criamos uma faculdade de qualidade em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul.
Nela, trabalhamos com conceitos próprios do mundo empresarial alinhados à governança corporativa e ao compliance, como recrutamento de profissionais referências em cada área, uso de indicadores de resultado, compartilhamento de dados entre todos os colaboradores e publicação de resultados financeiros auditados para a sociedade.
Estimulamos os alunos a empreenderem. Abrimos as portas da faculdade também para que a iniciativa privada traga ideias de parceria ou de busca de solução de um problema real com a ajuda da academia.
Alguém dirá: o bom momento econômico do país ajudou o negócio da educação privada a prosperar. Verdade. Mas igualmente é verdade que, em meio à crise que o Brasil atravessa nos últimos anos, seguimos com a convicção intacta. Continuamos investindo e procurando o crescimento sustentável, mesmo diante de indicadores econômicos não favoráveis.
Hoje, não somos só uma faculdade. Caminhamos para nos tornar uma universidade, porque a educação é o caminho para a prosperidade coletiva. Mas esta estrada não deve ser trilhada somente pelo poder público. Devemos nós mesmos acreditar na ideia, investir, buscar a excelência, usar as boas práticas empresariais e fazer com que o país tenha cada vez mais opções de qualidade para o desenvolvimento de todos os cidadãos. Digo sem medo de errar que não há propósito mais gratificante e motivador do que este.