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A vida imita nossa bagagem

De mala leve, a sua viagem será muito mais alegre e feliz porque a felicidade não é uma coisa grande e pesada. A felicidade é um monte de coisinhas que nos tornam mais próximos uns dos outros, mais companheiros, satisfeitos com aquilo que temos e, sobretudo, com aquilo que somos!

 

Direção de: Laercio Fernandes dos Santos
Voz de: Wenderson Phelipe da Silva Santana
Texto de: Rosane Rupolo Mendes

O jornalismo que ataca e mia quando é atacado

 

Jornalista acha que, se criticar os professores
(eles gostam de atacar professores)
e ouvir uma critica de volta, estará sendo tolhido
no seu direito de se expressar. Não está.

 

Conversei com quatro estudantes de jornalismo nos últimos dias, em duas entrevistas para trabalhos da faculdade. As duas duplas (uma da Unisinos e a outra da PUC) me perguntaram por que o jornalismo deve ser avaliado e criticado.

Eles consideram que eu sou um dos poucos que se atrevem a fazer a crítica do jornalismo no Estado. Eu disse que sempre fiz isso, inclusive em muitas das minhas crônicas na Zero Hora.

Peço desculpas aos que já leram o que vou escrever de novo, mas jornalista pensa que é, mas não é um ente superior que critica políticos, jogadores de futebol, papas, carroceiros, professores, estudantes, agricultores sem-terra, advogados e arquitetos e que por isso mesmo acha que não pode ser criticado.

Jornalista acha que, se criticar os professores (eles gostam de atacar professores) e ouvir uma crítica de volta, estará sendo tolhido no seu direito de se expressar. Não está.

Apenas pode estar sendo contestado, o que não significa nada além de que também ele deve acolher com naturalidade as avaliações de quem ouve, vê e lê o que faz.

Jornalista incomodado com a crítica, por achar que isso o fragiliza, não pode ser jornalista.

Jornalista que se nega a aceitar a avaliação do trabalho da imprensa é um corporativista. É alguém que, sob o pretexto de não incomodar colegas, se omite em relação ao exame da própria atividade.

Jornalista que se sente ameaçado por críticas e mia sempre que é avaliado por seus leitores ou até por colegas deve tentar ser outra coisa (quem sabe, juiz de alguma vara especial que o torne imune e impune a qualquer avaliação interna ou externa).

Em reportagem “Não existe justificativa para celebrar morte de ex-primeira dama”, psicóloga Viviane Rossi defende que “essas pessoas têm uma dificuldade imensa de colocar-se no lugar do outro, independentemente do relacionamento ou sentimento que tenham pelo ex-presidente e pela ex-primeira-dama”. Veja mais.

Eu não me incomodo quando me enquadram, como sempre me enquadraram, como jornalista de esquerda. Mas entendo muito bem os que evitam ser definidos como jornalistas de direita, em especial os que apoiaram o golpe e ainda sustentam seus articuladores.

Muitos deles fazem parte da turma da crônica fofa e, ao mesmo tempo, da alcateia de hienas que tenta desqualificar até a memória de dona Marisa Letícia.

Muitos deles são apenas jornalistas medíocres. Outros tantos são medíocres e covardes. Alguns são tudo isso, medíocres, covardes e canalhas. Estes, os canalhas, são os mais sensíveis à critica. Eu não posso ser fofo com eles.

Em artigo Jornalismo e seus interesses, Nei Alberto Pies cita Moisés Mendes sobre sua concepção de jornalismo: “O jornalismo é assunto de interesse geral, como toda atividade com alguma exposição pública – a política, a engenharia, a arquitetura, a gastronomia, a funilaria e as religiões e suas promessas de transcendência e suas aberrações”.

http://www.sul21.com.br/jornal/jornalismo-e-seus-interesses-por-nei-alberto-pies/

A baleia não mata ninguém

 

Não é a baleia que mata.
Não é o jogo que mata.
O que mata é o sentimento que tudo acabou
e de que a vida já não tem mais sentido.

 

O jogo da Baleia Azul trouxe diversas discussões para as rodas de conversa. O tema também foi abordado pela série da Netflix, 13 Reasons Why? em que uma adolescente se suicida após ser vítima de bullying na escola e deixa fitas gravadas pontuando motivos pelos quais cada pessoa a quem as mesmas foram enviadas contribuíram para que ela se suicidasse.

Enquanto muitas pessoas se dedicam a entender o suicídio, muitos ainda preferem definir a participação de jovens como “falta de laço”, “falta de vergonha na cara” ou “falta de trabalho”.

O suicídio é atualmente um problema de saúde pública, sendo uma das três principais causas de morte, entre pessoas de 15 a 44 anos, e a segunda entre as de 10 a 24 anos. A cada ano, aproximadamente 1 milhão de pessoas tira a própria vida, o que representa uma morte a cada 40 segundos. O Brasil tem cerca de 10 mil registros anuais.

O suicídio representa hoje um grave problema de saúde pública no mundo. Daremos a nossa contribuição para essa campanha explorando no vídeo de hoje o conhecimento científico sobre o suicídio.

 

O suicídio é uma questão de saúde pública, sendo uma das três principais causas de morte, entre pessoas de 15 a 44 anos, e a segunda entre as de 10 a 24 anos. Cerca de 1 milhão de pessoas tira a própria vida ao redor do mundo, o que representa uma morte a cada 40 segundos. No Brasil são aproximadamente 10 mil registros anuais. Foram 2.898 suicídios de jovens de 15 a 29 anos em 2014.

O que leva uma pessoa ao suicídio é a falta de esperança nela mesma e no mundo. Muitas vezes esse sofrimento é tão grande que a própria dor nem existe mais. Ela tem fim e dá lugar ao sentimento de vazio total. A pessoa que passa por isso passa a sentir o mais profundo vazio e o sentimento de que nada mais importa é o único que preenche aquilo chamamos de vida.

Felipe Neto fala sobre Baleia Azul- O que você não sabe!

 

Segundo a OMS, o número de pessoas que vivem com depressão está aumentando consideravelmente: 18% entre 2005 e 2015. O órgão estima que mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades sofram com a doença em todo o mundo. É a principal causa de incapacidade laboral no planeta. No Brasil mais de 5% da população sofre de depressão – um total de 11,5 milhões de casos. O índice é o maior na América Latina e o segundo maior nas Américas.

Por ser um tabu sobre o qual mantemos silêncio é como se os suicídios se tornassem invisíveis e quando se tornam visíveis, como agora pela repercussão do tal jogo e também da série, a maioria se detém em fazer uma análise rasa e superficial, encontrando uma maneira imediatista de resolver um problema tão complexo. Baleia Azul é só o último empurrão que uma pessoa depressiva precisa para dar cabo a sua vida.

Não é a baleia que mata.

Não é o jogo que mata.

O que mata é o sentimento que tudo acabou.

O que mata a falta de tato da família, da escola e da sociedade para ler os sinais de quem tem tendências suicidas.

O que mata é esse discurso carregado de ignorância que afasta muitas pessoas do tratamento ideal e da ajuda que necessitam.

 

 

Crítica à educação conservadora

Embora um debate antigo, ocorrido há mais de 100 anos, contém uma atualidade educacional impressionante. Pois, que educador consciente e comprometido com a educação negaria qualquer um dos princípios de ensino destacados neste texto?

 

Em reflexões anteriores, procurei resumir algumas ideias do pensamento pedagógico de Johann F. Herbart. Muitas de tais ideias não são exatamente aquelas que Dewey atribui ao pedagogo alemão.

Dewey, assim como outros pensadores, padece do pathos do grande pedagogo, de muitas vezes não fazer uma hermenêutica profunda do texto de autores com os quais dialoga. Isso o conduz, algumas vezes, a simplificar excessivamente as ideias de outros pensadores. Isso é sintomático da leitura que faz de Herbart.

Herbart é defensor do conteúdo e do trabalho intelectual do professor. É neste contexto que ele torna-se grande defensor da formação intelectual múltipla do educando, fazendo uma defesa clara do papel do educador e da importância dos conteúdos no processo educativo.

O maior problema do Brasil é o completo abandono da educação e sabemos que é proposital. No livro de Humberto Eco, lemos que somente o clero tinha acesso a educação, os plebeus não, pois assim se mantem os dominantes e os dominados. no Brasil, como em países comunistas, onde o governo tira a qualidade da educação para o povo, retira princípios cristãos, oculta o civismo e destroem a instituição família, dão esmola e remédios para se manter no poder. A educação é a base de tudo.

 

Foi também foi o defensor do desenvolvimento múltiplo das disposições espirituais do educando, desenvolvendo a importante ideia de que o ensino é movido por interesses. Ou seja, são os interesses do professor e do aluno que definem a qualidade do processo pedagógico.

É tarefa do professor tornar o conteúdo interessante ao aluno. A escola e o professor tornam-se enfadonhos quando não conseguem fazer isso.

Nas palavras do próprio Dewey: “Herbart aboliu a ideia das faculdades já dispostas e que podiam adestrar-se por meio do exercício com toda classe de materiais, chamando atenção sobre a matéria de estudo concreta, sobre o conteúdo que era decisivo”. Ou seja, contra o inatismo pedagógico, ele apostou na educação como desenvolvimento das disposições humanas, baseado no conteúdo. Por isso, sua ênfase na formação intelectual múltipla do educando.

Contudo, aos olhos de Dewey, a teoria educacional de Herbart, por ser representante típica da perspectiva conservadora, possui muitos limites. O principal deles, ao focar nos conteúdos e no trabalho do professor sobre o conteúdo, consiste em menosprezar a capacidade ativa do aluno.

Este documentário, produzido pela Unowebtv, da Unochapecó, tem o intuito de levantar questões relacionadas ao constante processo de transformação do mundo, da sociedade, da tecnologia e como isso afeta a educação hoje e a afetará no futuro. São apresentados pontos de vista diversos que contribuem para um debate acerca da educação que temos e da educação que precisamos.

 

Mais especificamente, Herbart ignora a concepção de ser humano como “ser vivo com funções ativas e específicas que se desenvolvem na direção e combinação que têm lugar quando se encontram ocupadas com seu ambiente”.

Inserindo-se bem no espírito das Reformas pedagógicas do final do século XIX e início do século XX, Dewey torna-se adepto da postura ativa do aluno e dos métodos pedagógicos que incentivam tal atividade. Era comum, por isso, no início do século XX, pedagogos tornarem-se progressivos e Democracia e Educação insere-se neste amplo movimento que domina a Europa e chega com força também nos Estados Unidos.

O que está em jogo aqui?

É a diferença fundamental entre duas teorias educacionais: uma, a de Herbart, que aposta no desenvolvimento das disposições intelectuais do aluno por meio do trabalho conceitual do professor. Formação é, neste sentido, o desenvolvimento das disposições intelectuais, provocado pelas gerações mais velhas sobre as gerações mais novas.

A outra teoria, que é a do próprio Dewey, deposita peso na experiência elaborada pelo aluno, a partir daquilo que o ambiente exige dele, e toma isso como fator decisivo de seu próprio desenvolvimento intelectual.

Em síntese, o grande limite da teoria educacional conservadora, da qual Herbart seria, aos olhos de Dewey, um bom representante, consiste no fato de que ela, ao acentuar a influência do ambiente intelectual sobre o espírito, “passa por alto o fato de que o ambiente implica uma participação pessoal em experiências comuns”.

A ênfase que o pedagogo alemão dá na formação intelectual do educando, baseada no domínio do conteúdo pelo professor, só ocorre, segundo Dewey, porque ele não considera adequadamente o papel que o ambiente desempenha na formação do próprio educando. Ora, Herbart ignora o papel ativo do educando como aspecto decisivo na constituição do próprio ambiente.

A postura conservadora dá ênfase ao papel intelectual ativo do professor, menosprezando o fato de que o próprio aluno é um sujeito ativo que só aprende se tiver a oportunidade de exercitar pela experiência suas disposições intelectuais. Neste sentido, educação não é só transmissão de conteúdo, não é só ênfase nos conteúdos, mas exercício ativo sobre materiais dados, considerando pedagogicamente o modo como o educando trabalha com os materiais.

Herbart e Dewey são dois gigantes que projetam olhar distante, abrindo novos horizontes no âmbito das questões pedagógicas. São grandes oceanos de seus próprios séculos. Não devemos por um contra o outro como se somente um tivesse toda a razão e, o outro, totalmente errado. O diálogo inteligente é capaz de reter o que cada um possui de interessante e descartar pontos de vista equivocados.

De qualquer sorte, este debate ocorrido no início do século XX, entre grandes teorias educacionais, contém ideias importantes de uma teoria educacional atualizada.

Para ser uma boa educação, o ensino precisa: a) deter-se seriamente na elaboração do conteúdo: sem conteúdo não há educação; b) formar o professor para que possa trabalhar pedagogicamente com o conteúdo, levando em conta o papel ativo desempenhado pelo ambiente; c) partir do mundo de experiências do educando, considerando sua capacidade ativa de construir suas próprias experiências e d) por fim, contribuir para a elevação cultural do próprio aluno.

Deste modo, como se pode observar, embora se trate de um debate antigo, ocorrido a mais de 100 anos, contém uma atualidade educacional impressionante. Pois, que educador consciente e comprometido com a educação negaria qualquer um dos princípios de ensino resumidos acima?

 

O sufoco da indignação

 

O sufoco da indignação
não significa sua morte, mas resistência.
Quando ela não mais existir, podem ter certeza,
morrerá também a esperança humana.

 

Sou a indignação. Sinto-me sufocada. Falta-me o ar.

A cada dia que passa, deparo-me com mais poluição de muita informação e pouco conhecimento. A verdade (ou a pouca verdade) luta para sobreviver.

Os produtores de informação estão a serviço da institucionalização da mentira, necessária para a dissimulação da malícia, velada, a fim de perpetuar o status quo.

Rolando Boldrin, Sr Brasil, em Sinto vergonha de mim. Assista!

 

O zelo pelo instituído estimula a criatividade para a produção da publicidade enganosa.

A banalização dos valores que buscam o bem comum e a afirmação da vida em comunidades, pela solidariedade, é combatida veementemente pela cultura de competição, própria dos que subjugam pelo poder e pela força.

O belo está sendo cada vez mais arranhado pela aspereza. A sensibilidade é relegada à esfera familiar. O diferente só é valorizado quando confirma o status quo hierárquico já instituído.

Ei, estou indignado! (Skank)

 

A corrupção no Brasil virou notícia, todos os dias. Desconfio, no entanto, que corrupção já seja um problema suficientemente sério para ser levada a sério pela maioria dos brasileiros.

Resisto bravamente. O sufoco não significa morte, mas resistência.

Quando não mais existir, podem ter certeza, morrerá também a esperança humana e a esperança em dias melhores no Brasil.

 

Ensino e inovação do IFCH – Universidade de Passo Fundo

 

O Programa tem como objetivo discutir,
promover e articular projetos de extensão
que tenham como foco a formação profissional continuada,
bem como a busca por soluções
inovadoras para os
desafios da educação, principalmente nas escolas.

O “Ensino e Inovação” é um Programa de Extensão, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Passo Fundo, é um espaço de formação continuada para educadores, no qual estudantes em formação, também, podem participar.

Esse Programa, vinculado ao Centro De Cultura, Memória e Patrimônio, surgiu em função da demanda da comunidade regional, por um espaço para projetos e ações de estudo continuado na área das ciências humanas e das linguagens.

O Programa tem como objetivo discutir, promover e articular projetos de extensão que tenham como foco a formação profissional continuada, bem como a busca por soluções inovadoras para os desafios da educação, principalmente nas escolas.

Diante disso, o “Ensino e Inovação” abrange projetos centrados no educador e em estudantes, voltados à qualificação, atualização, aperfeiçoamento profissional e à educação continuada, buscando estudar, discutir, encontrar soluções e metodologias inovadoras para os desafios da educação, socializando os resultados obtidos.

Este Programa pretende articular o ensino, pesquisa e extensão, que agreguem projetos e ações em todos os níveis territoriais, sendo seu objeto de atuação o ensino, a educação continuada, tendo como princípio fundamental a inovação nas práticas pedagógicas em diferentes espaços escolares e não escolares.

Neste ano de 2017, o “Programa Ensino e Inovação” conta com quatro grandes Projetos de Extensão em desenvolvimento:

Grupos de Estudo na Universidade (GEUs): reúnem professores e estudantes, para o estudo em torno de um área, a fim de construir conhecimento de forma compartilhada, com a coordenação de um professor da UPF. Visam, também, provocar mudanças graduais nas escolas de educação básica, com experiências dinâmicas e inovadoras na sala de aula.

Neste ano de 2017 estão em funcionamento o GEUs de Filosofia, o de História e Letras, como Espanhol, Inglês e Português. Cada GE se realiza, com diferentes ações, como, estudo e discussão teórica, seminários e relatos de atividades práticas, oficinas, produção/elaboração de material didático, entre outras.

Bookcrossing: é um projeto global, que incentiva a prática de libertar livros para que outras pessoas os encontrem e leiam, para que cada vez mais as pessoas tenham acesso a um número maior de livros, leiam e compartilhem suas experiências de leitura. Nesse contexto, o Bookcrossing na UPF busca incentivar a leitura sustentável, motivando as pessoas a libertarem livros que já leram.

Para isso, o Projeto tem “pontos” em diferentes unidades da UPF: IFCH, FAC, FAED, FEAC, FM. Além disso, com o apoio da Rádio UPF, o Projeto possui um programa semanal, como forma de incentivar a leitura e a prática de libertação de livros, bem como diferentes projetos de leitura, autores regionais e outras propostas na área. Outras aliadas do Projeto são as redes sociais, que mobilizam os simpatizantes para a troca e libertação de livros.

Literatura em diálogo: é um Projeto que desenvolve atividades culturais, visando possibilitar o acesso à leitura e discussão de obras literárias, com vistas ao aprofundamento teórico das análises dos textos e à criatividade prática na abordagem metodológica da leitura. A proposta envolve acadêmicos de diferentes cursos da UPF, bem como estudantes e professores de escolas da Educação Básica das redes públicas de Passo Fundo e região.

Produção textual: escrita criativa na escola tem como objetivo geral proporcionar a qualificação de produções de textos de alunos oriundos de escolas públicas estaduais de ensino médio de Passo Fundo, bem como da UPF, tratando tanto o aspecto relativo à correção gramatical quanto às questões referentes à textualidade – coesão, coerência, situacionalidade, dentre outros. A proposta se realiza pelo oferecimento de oficinas para os estudantes de Letras, como capacitação para atuarem nas escolas, onde estarão interagindo e construindo uma prática de textos diferenciada.

 

Luciane Sturm
Coordenadora do Programa Ensino e Inovação
Professora do Curso de Letras IFCH/UPF

Políticas Públicas de Segurança: estudos a partir da Psicologia Social

O fenômeno da segurança perpassa inúmeras áreas
como o direito, a sociologia, a psicologia etc.
Por isto uma intervenção adequada não se poderia
ater a apenas um recorte teórico ou de uma especialidade,
mas deveria partir do seu histórico, da sua situação atual
e de suas projeções.

 

 A temática das Políticas Públicas está se tornando – e o dizemos com alegria – um dos temas mais recorrentes e pesquisados pela Psicologia, principalmente pela Psicologia Social: políticas públicas para a saúde, políticas públicas para a educação, políticas públicas na área da assistência social, políticas públicas na comunicação.

Poucos são os estudos que se arriscam a discutir políticas públicas na área da segurança social. E isso apesar de a questão da segurança ser se não a primeira, certamente uma das principais a ser mencionada em pesquisas quando se pergunta às pessoas quais os principais problemas por elas enfrentas. É só conferir as pesquisas.

Pois bem: eis um estudo que se arrisca nesse pedregoso caminho. Foi escolhida a cidade de Passo Fundo, pois, ao se examinarem os locais de maior risco em relação à segurança, essa cidade se colocou entre as primeiras. Foram então dirigidos àquela cidade vários projetos do PRONASCI, do Governo Federal da época.

Mas o que investigar? Após muito refletir, pensou-se em examinar os diferentes projetos ali instalados e investigar dois pontos a partir dos participantes e das pessoas a quem eses projetos eram dirigidos: os limites de tais programas e as possibilidades de  implementar e ampliar essas políticas públicas. Tentou-se verificar como a população sentiu esses projetos e o quanto eles responderam às sérias questões da segurança.       

Duas aproximações teóricas orientaram tanto a metodologia, como a interpretação das informações: de uma parte o enfoque da teoria da complexidade e, de outra parte, a perspectiva da transdisciplinaridade. E ambos os enfoques foram iluminados sob a luz da perspectiva crítica.

Trata-se da construção de uma proposta para a ressignificação do modelo cartesiano positivista, focado num conhecimento que legitimava dualidades e dicotomias entre sujeito e objeto e entre razão e emoção.

A construção do conhecimento na perspectiva da tradição crítica está comprometida com a metodologia transdisciplinar, que visa o estabelecimento de relações entre as áreas, a partir dos problemas humanos, que não cabem em uma especialidade.

O ponto de partida deixa de ser uma realidade isolada, vista apenas a partir de uma área do conhecimento. O fenômeno da segurança perpassa inúmeras áreas como o direito, a sociologia, a psicologia etc. Por isto uma intervenção adequada não se poderia ater a apenas um recorte teórico ou de uma especialidade, mas deveria partir do seu histórico, da sua situação atual e de suas projeções.

O espaço empírico da investigação se concentrou no Pronasci, onde se encontram conceitos e práticas relacionadas à segurança pública. Trata-se de um programa que teve abrangência nacional, focado em regiões metropolitanas com maiores índices de violência e menores índices de assistência no conjunto das políticas públicas de segurança.

O Pronasci tem como proposta a atuação nas raízes socioculturais da violência e da criminalidade, além da articulação das ações de segurança com políticas sociais por meio da integração da União, dos Estados e dos Municípios. Estabelece um foco de atuação territorial em que devem atuar os agentes comunitários de mediação, Mulheres da Paz, beneficiários do Projeto de Proteção de Jovens em Território Vulnerável (Protejo) e policiais comunitários.

O PRONASCI tem entre suas diretrizes a participação, visando à cidadania e à emancipação dos sujeitos envolvidos com as situações que demandam segurança e justiça.

 

Mulheres da Paz em Passo Fundo: dados e experiência em Passo Fundo.
“A construção de uma cultura se faz mediando conflitos e construindo cidadania”.

Como foi dito acima, o problema que orientou a construção deste estudo está centrado na investigação dos limites e das possibilidades do Pronasci no que se refere à emancipação dos sujeitos, a partir dos diferentes projetos que o constituem.

As informações dos sujeitos que se envolveram na execução dos projetos foram agrupadas em nove categorias principais e a análise interpretativa das informações extraídas da pesquisa procurou identificar os limites e as possibilidades dos diferentes projetos na busca de maior segurança social.

Cremos que os resultados das investigações discutidas no presente livro podem se configurar como alternativas de superação da fragmentação entre os diferentes projetos que tratam das políticas de segurança e podem fazer nascer, iluminar e orientar outras iniciativas tão urgentes e cruciais dentro desse complexo tema das políticas públicas de segurança.

 

“Segurança pública e psicologia:
bases para uma inversão epistemológica da intervenção”,
autor Israel Kujawa
Confira mais, aqui.

Mesmo que não se tenha conseguido ir muito adiante, ao menos se tentou uma caminhada. Certamente outros estudos poderão se inspirar nas investigações realizadas que vão servir de base para futuras investigações.

* Apresentação do livro “Segurança Pública e Psicologia: bases para uma inversão epistemológica da intervenção” de Israel Kujawa, por Pedrinho A. Guareschi, professor UFRGS.

 

Papel da família na educação

 

Sueli Ghelen Frosi, da Escola de Pais do Brasil, afirma que pais e mães sempre são educadores e que devem ser parceiros da escola, para a humanização dos filhos. Os filhos são educados pela linguagem, pelas emoções, pelo respeito e pelos exemplos.

Com uma trajetória de mais de 30 anos na Escola de Pais do Brasil, Sueli afirma: “nossos filhos não nascem humanos; nós os humanizamos. Os pais dentro da escola tem um papel educador na família e devem ser parceiros da escola”.

Fundada no ano de 1963, a Escola de Pais é uma instituição particular, voluntária e gratuita, que está aberta a todos os interessados na educação e orientação de jovens e crianças. Tornou-se uma instituição a serviço da família. Está aberta a pais e educadores de qualquer etnia, condição social, credo político, religioso ou nível intelectual.

Sueli Ghelen Frosi é também escritora, membro da Academia Passofundense de Letras e colunista de jornal em Passo Fundo, RS. Colabora com o site e já tem seis artigos publicados no mesmo.

Em artigo Família saudável: sonho ou realidade?, a autora defende que “as famílias felizes têm a concepção de que é bom tocar, de que é bom abraçar, de que é saudável mimar-nos e mimar aos outros. São famílias amorosas, que distribuem todo o carinho que recebem e, sabiamente, generosamente, transcendem seus lares, transmitindo para a sociedade o que vivem.

Devemos parar de olhar para os problemas das famílias, que erroneamente chamamos de desestruturadas, por que todas elas têm uma estrutura, para investigarmos por que as famílias felizes conseguem driblar tão bem o consumismo, os vícios, conseguindo ser tão gentis e humanamente produtivas”.

Família saudável: sonho ou realidade?

A menina tímida

menina_timida

 

Cleide é dona de casa, esposa e mãe dedicada,
gosta de escrever e contar histórias do seu povo.
Dessas mulheres que crescem e
não perdem o encanto de ser menina.
Menina peralta, travessa, daquelas que gostam de poetizar
embaixo de pés de cajueiros ou no meio do milharal.

 

Cleide Paiva é uma mulher-menina tímida e que mora no meio do nada, ou melhor, no meio do mato, onde a gente respira o cheiro das folhas do baobá e o se encanta com o canto do sabiá no terreiro de casa. Cleide é dona de casa, esposa e mãe dedicada, gosta de escrever e contar histórias do seu povo. Dessas mulheres que crescem e não perdem o encanto de ser menina. Menina peralta, travessa, daquelas que gostam de poetizar embaixo de pés de cajueiros ou no meio do milharal.

Eu conheci Cleide numa tarde de poesia cheia de verde e canto de passarinhos. A sua fala simples, seu jeito tímido, suas mãozinhas de princesa logo me encantaram.

Ela me disse que estava fazendo um muro para a sua casa. Mas, antes precisava fazer os tijolos. Aquelas mãozinhas que à noite pegam na caneta para escrever poesias também fazem tijolos e logo senti a poesia dos tijolos de Cleide ao ver seu muro de tijolos de barro vermelho. Em cada tijolo, pode-se ler uma poesia, uma história de luta, uma batalha, um desejo de vencer.

Há pessoas que escrevem em computadores, Cleide escreve num caderninho simples em cima de uma mesa de madeira com quatro cadeiras diante de um fogão a lenha.

As panelas, os pratos, os talheres, as paredes da sua casa tudo tem poesia. Até no silêncio dos filhos e do marido a gente encontra poesia com aqueles sorrisos de gente do mato que sabe lidar com bichos de todas as espécies.

Cleide cria gatos, muitos gatos, diversos gatos, gatos de montões… gatos de todas as cores e tamanhos. Segue abaixo três textos que selecionei de Cleide para vocês apreciarem a sua escrita simples e cheia de poesia. Boa leitura!

 

A gatinha abandonada
Cleide Paiva

Um certo dia, uma gatinha foi abandonada pela a sua mãe desnaturada, no meio da floresta. De tanto andar sem saber para onde ir acabou presa em um buraco. Ela era pequenina e indefesa, ainda estava aprendendo a andar. Era branquinha com pintas pretas. Linda!

De repente, um menino ouviu um miado que vinha de dentro do mato, muito curioso foi olhar. Chegando lá encontrou a gatinha miando presa em um buraco, tentou tirar, mas foi em vão. O buraco era profundo.

Desesperado, o menino correu em sua casa e avisou para a sua mãe. A família se reuniu e todos foram tentar salvar a gatinha.

Depois de muita luta conseguiram resgatá-la. A gatinha ganhou um lar e o nome de Belinha. Hoje ela vive feliz e rodeada de crianças.

 

O pintinho rejeitado
Cleide Paiva

Era uma vez um pintinho que vivia sozinho com a sua mamãe. Um dia a dona que o criava morreu. Então, deixou a pobre galinha sozinha com o seu pintinho. Veio a malvada raposa e comeu a galinha deixando assim o pintinho sozinho.

Uma mulher que morava perto pegou o pintinho para cuidar sem se dá conta que tinha uma menina peralta em casa.

Numa tarde ensolarada, a menina com ciúmes do pintinho, porque a mulher dava mais atenção para ele, pegou o pintinho e amarrou num pé de manga distante de casa e nunca mais o bichinho viu ninguém.

 

O bode e a menina travessa
Cleide Paiva

Era uma vez uma família que morava em um sítio e ali criava-se de tudo: pato, peru, guiné, galinha e bode.

O casal tinha uma filha muito travessa. A menina mexia em tudo, nada ficava quieto quando ela estava por perto.

Uma certa manhã, chegaram alguns vizinhos na casa da família e os pais da menina tiveram que dá atenção às visitas. A menina muito travessa aproveitando o descuido dos pais, saiu e foi brincar com o bode.

A menina chegando ao quintal pegou os chifres do bode e foi puxando. O bode se irritou com a menina e deu-lhe um empurrão na barriga. A pobre menina foi jogada distante. Caiu gritando e chorando. Quando os seus pais chegaram levantaram-na do chão.

E para evitar que a mesma cena se repetisse o pai resolveu vender o bode.

 

 

Saída para os problemas brasileiros é pela política

sergio_sardi

 

Evoluímos, minha gente!
Hoje a força de luta dos trabalhadores é a organização,
a educação e o constrangimento moral de quem
ainda se coloca contrário aos interesses e direitos
da maioria do povo brasileiro.

 

Professores e professoras, funcionários públicos, estudantes, advogados, profissionais liberais, trabalhadores e trabalhadoras das diferentes categorias de nossa cidade Passo Fundo ensinaram, a partir das ruas, que lutar também ensina. O mesmo aconteceu em pequenas, médias e grandes cidades deste país.

Ensinaram, principalmente, aqueles que não podem ou não estão na luta (por diversas razões), sobretudo, aqueles que não lutam por medo de perder seu emprego. A causa é de todos: a defesa dos direitos trabalhistas e sociais que vem sendo duramente atacados pelas reformas do governo ilegítimo do Temer.

Emocionante ouvir o coro de centenas ou milhares de manifestantes gritando para quem tinha ouvidos para ouvir: “Aqui está o povo sem medo, sem medo de lutar”.

Este movimento de resistência conseguiu paralisar a movimentação de pessoas e mercadorias, fazendo com que os coletivos urbanos ficassem durante o dia nas garagens e as portas do comércio fechassem por alguns minutos ou horas.

Clip chamando Greve Geral do dia 28 de abril. Vale a pena assistir.

 

Quem acusa o movimento legítimo e organizado pelos sindicatos e movimentos sociais de nossa cidade e de nosso país de usar táticas de guerrilha mente para a população e desrespeita a importância de movimentos mais radicalizados que os trabalhadores faziam na década de oitenta e noventa paralisando os ônibus e o comércio quebrando-os ou obstruindo a sua passagem na marra e na força física.

Evoluímos, minha gente! Hoje a nossa força de luta é a organização, a educação e o constrangimento moral de quem ainda se coloca contrário aos interesses e direitos da maioria do povo brasileiro.

Não tivemos episódios de agressão, nem vidros quebrados e nem ônibus danificados.

Renovo esperanças no protagonismo de todos os cidadãos e cidadãs brasileiros, auxiliados por políticos que ainda saibam valorizar e articular as forças populares para governar nosso querido Brasil.

A saída para os problemas brasileiros é pela política, que se traduz na cidadania ativa das pessoas e no poder de organização dos coletivos que se dispõem a ajudar a dar rumos de uma nação. Passa também pelo fortalecimento dos partidos que, historicamente, estiveram em defesa dos interesses da classe trabalhadora.

Em outro texto publicado em site, pergunto: “demonizar a política não é justamente condenar toda a sociedade à ditadura dos pensamentos únicos e instrumentalizados como a Justiça? Quem reinará num mundo sem política? A quem nos dirigiremos para resolver os problemas da coletividade?
Veja mais.

 

 

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