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Sobre baleias e grandes peixes

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Nossos meninos e meninas se mutilam,
e até chegam ao suicídio seguindo a Baleia Azul.
Quais mudanças no mundo estariam
afetando as aventuras de nossos novos heróis?

 

Ismael se aventurou nos oceanos para caçar Moby Dick. Santiago enfrentou um mar imenso para fisgar um Merlin e mostrar para seu discípulo Manolin como era um mestre pescador.

Nossos meninos e meninas se mutilam, e até chegam ao suicídio seguindo a Baleia Azul. Quais mudanças no mundo estariam afetando as aventuras de nossos novos heróis?

O Programa “De bem com a vida” apresenta: O Jogo da baleia azul – 13 Razões e a responsabilidade dos pais.

 

O homem é animal costurado por desafios. Deixou a caverna para caçar nas florestas e descobriu continentes desbravando oceanos. Coisas óbvias desse bicho inquieto. E é na juventude que este desejo aflora com força maior.

Graças aos jovens, o mundo se renova na busca do desconhecido ou um jeito inédito de fazer o já feito. Não deveriam os nossos jovens seguirem os instintos de nossos antepassados?

A literatura, em sua construção simbólica, projetou o desejo humano pela superação de seus limites. Temos heróis adultos como Santiago e Ismael, ou crianças e jovens como Peter Pan, Alice, Doroti, Chapeuzinho Vermelho, João e Maria. Eles sobreviveram para contar suas histórias.

É importante observar, que quando o aventureiro é uma criança ou jovem, sempre há adultos por perto com seus conselhos (mãe da Chapeuzinho), ou intervindo na história num momento crítico (uma fada).

Essa dimensão humana ensina: é dos adultos a tarefa de mostrar aos mais novos como pescar baleias e grandes peixes saindo vivos de qualquer aventura. Isso se faz com afeto, presença, ouvidos e corações abertos aos jovens.

Se buscar aventuras é próprio de nossa natureza humana, se nossos filhos já não voltam íntegros de suas experiências, se não temos dúvidas de que cabe aos adultos acompanhar as crianças nessas descobertas, o erro não pode ser deles.

Como qualquer homem ou mulher de qualquer tempo, apenas atendem ao chamado da Baleia ou de um grande peixe. Não é assim que consolidados nossa espécie como superior aos demais seres do mundo? Assim, também, seguirão fazendo os jovens pelos séculos dos séculos.

Será que nossa velhice nos fez esquecer do papel de nossa responsabilidade: ser mestres, mediadores e exemplos?

Ritual da Baleia Azul – Blue Whale (Pacto de Suicídio), de Markin Carvalho. Alerta aos jovens de forma descontraída.

 

 

Fé, religião e espiritualidade

 

Eu tenho fé numa religião que fomenta
a espiritualidade da justiça, paz e ecologia.
E você?

 

Os filósofos se agitam em ver distinções onde o senso comum enxerga confusamente. Uma dessas confusões é sobre os três conceitos que compõem o título desse artigo. Seguimos o método esquartejador, por partes.

Fé é um ato de crença, confiança e entrega que se deposita em alguém ou num conjunto de verdades reveladas.

Antes de pensarmos na fé como fé em Deus, é fundamental pensar a fé na dimensão puramente humana.

Fé humana ou antropológica é o que move o filho a se jogar do terceiro andar do prédio, em meio à fumaça que lhe impossibilita ver, mas ouve a voz do pai que lhe diz: “joga-se meu filho, eu sei que tu não me vês, mas eu te vejo”. E o filho se joga. Pascal dizia que é “a fé é um salto no escuro”. Nada mais apropriado.

Fé é aquela atitude de confiança naquilo que não vemos e não temos certeza absoluta. Há um risco no ato de crer, impossível de ser redimido, apesar das evidências que nos dão alguma segurança. A mulher ama o marido e o marido ama a mulher e reciprocamente fazem juras e promessas de amor e se dão provas de amor. Contudo, permanece o risco. A palavra pode enganar e a obra e o gesto podem esconder intenções falsas. Mesmo assim, um crê no outro. É preciso crer no amor, dizia Kierkegaard.

Sem fé, a vida seria impossível.

Toma-se o ônibus e é necessário crer que o motorista não seja um terrorista e jogue os passageiros no precipício. Vai-se ao restaurante e tom-se a comida sem que alguém, previamente, teste se a comida não contém veneno etc. Os exemplos são infinitos.

O contrário da fé, não é a descrença, mas o medo e a paranoia. Desconfiar de todos e de tudo, eis o paranoico que vive a síndrome do medo. Lá onde a fé falha, instaura-se o medo e a paranoia que vê perigo e inimigos por todos os lados. Que triste uma vida sem fé!

“Os sem religião e a espiritualidade não religiosa”.

 

Quando a fé é a confiança e a certeza, sem a prova cabal, em Deus e nas suas promessas, então a fé passa da dimensão antropológica para a dimensão transcendente e teológica.

A fé religiosa não é, ainda, sinônimo de religião, pois mesmo sem religião é possível continuar crendo e confiando em Deus na solidão do seu eu.

E aqui vale o mesmo da fé humana e antropológica, com um agravante, a Deus ninguém viu e, por isso, a fé é ainda mais arriscada.

Religião, por sua vez, é a forma humana de organizar a fé em Deus. A religião é estrutura, organização, doutrina, hierarquia, moral e ritualização do ato de crer. Quando os que creem no mesmo Deus seduzem um ao outro, temos então a religião, forma coletiva de pensar e viver a própria fé.

Retratos de Fé apresenta a múltipla pertença religiosa, que consiste na prática simultânea de diferentes religiões.

 

Espiritualidade é a viver segundo um espírito que anima a vida. Quem tem fé no outro e tem fé em Deus, de per si, tem espiritualidade. Mas isso não significa que espiritualidade seja sinônimo de fé e de religião. É possível uma espiritualidade laica e até ateia com legitimidade e com integridade.

Viver segundo um espírito, eis o que é espiritualidade.

Ora, uns vivem segundo espírito da competição e da indiferença, típica do capitalismo. Outros sob o espírito do medo e da desconfiança. Outros, e não raro, sob o espírito da confiança, da solidariedade, da harmonia e da paz.

Outros, ainda sob o Espírito Santo de Deus que faz irromper o medo e enfrentar os poderosos, fazendeiros com seus jagunços, golpistas com seus tentáculos de poder, imperadores com seus exércitos e arenas com seus leões etc.

Fé, religião e espiritualidade. Eu tenho fé numa religião que fomenta a espiritualidade da justiça, paz e ecologia. E você? Namastê!

O pastor evangélico André Kivitz relata um caso envolvendo os jogadores do Santos F.C. No caso, os jogadores não desceram do ônibus porque a instituição de caridade para a qual estavam levando presentes para crianças com paralisia cerebral era espírita. Faz, então, uma importante reflexão sobre o episódio, que vale a pena conhecer. “O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância”. Veja mais.

 

Todo mundo quer ser mulher?

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Na cidade onde você mora mais da metade da população é formada por mulheres. Engraçado, todas as representações da Câmara de Vereadores são homens.
A única mulher que aparece é a que serve o cafezinho.
E aí, você ia querer ser mulher numa sociedade como esta?

 

Você saiu de casa para ir trabalhar. Está no ponto de ônibus.
Alguém passa de carro, diminui a velocidade e baixa o vidro.
O carro passa. Você mexe no celular.
O carro passa novamente, em velocidade ainda mais baixa.
A pessoa que dirige olha fixamente para você. Você não a conhece.
O carro passa.
Volta a mexer no celular, quando é surpreendido pelo mesmo veículo.
A pessoa que dirige começa a sorrir e falar que tipo de situações sexuais gostaria de viver com você.
O ônibus chega antes da próxima situação acontecer.
Você agradece ao deus que acredita (por ter paciência e pela história ter acabado aí) e entra no ônibus.
Trabalha dois turnos. Está cansado. Quer ir para casa.
Lembra que precisa ir ao mercado.
Você está de vestido, escolhendo tudo que precisa levar para casa.
Uma pessoa se abaixa para pegar um produto e espia embaixo do seu vestido.
Não uma, nem duas, mas várias vezes.
Você está cansada, prestando atenção nas suas compras, sequer percebe a atitude do cidadão.
Ele mexe nas calças, parece estar incontrolável.
Você termina suas compras, vai para casa.
Dorme. Mais um dia de trabalho.

No Rio Grande do Sul, uma mulher é agredida a cada 20 minutos.

 

Você escuta do chefe que pode ser que eles não contem mais com você no quadro da empresa.
Ele deixa claro que você já não é mais nenhuma mocinha e que carteira suja só não é pior que mulher passada.
Diz que ao menos você não engravida mais então a próxima empresa não precisa se preocupar.
Ri e encerra dizendo pra você não se preocupar, porque ainda dá um caldo.
Você chega no outro emprego. Tem reunião.
Você pede sua vez de falar, todos se inscrevem para fazer sua intervenção, mas na sua vez o seu colega acha que pode fazer adendos e mais adendos e quando você insiste em terminar de falar, ele começa a falar mais alto para abafar o que você diz.
Você é especialista no assunto, estudou muito tempo, mas o seu colega que não entende do assunto acredita que tem uma solução melhor.
Todos concordam com ele. É coisa de homem, dizem.
Você está esgotada. Vai embora.
Chega em casa e todo o serviço doméstico está por fazer.
Você faz tudo enquanto seu companheiro faz suas tarefas pessoais, pois acredita que limpar a casa não é tarefa para quem mora na casa, mas para você.
Termina o serviço e liga a TV na sessão plenária, quer acompanhar a política da sua cidade. Na cidade onde você mora mais da metade da população é formada por mulheres. Engraçado, todas as representações são homens.
A única mulher que aparece é a que serve o cafezinho.
E atrás do cafezinho, e apenas ali, está Ela.
Única guerreira no meio de tantos.
Parece que as coisas mudaram mas nem tanto nos últimos séculos.

 

Em outro artigo, a autora reflete sobre a questão da cultura do estupro no Brasil:
“Os brasileiros fazem questão de perpetuar a cultura de estupro, que nada mais é que o fato de tirar o foco do criminoso e colocar na vítima.
Seissentos segundos. Esse é o intervalo entre um estupro e outro no Brasil. A cada dez minutos uma pessoa é violentada sexualmente no nosso país. Esses dados assustadores foram declarados pelo estudo mais recente do Ministério da Justiça, que aponta que 50 mil mulheres são estupradas por ano no Brasil. Veja mais aqui.

 

O telefone toca, é uma pessoa que você mal conhece
Ela quer saber se seu companheiro está com você antes de falar.
Você diz que não faz diferença.
Para a pessoa que liga, se você não está acompanhado naquele momento, faz diferença sim.
E você está dando abertura para ela falar o quanto tem desejos sobre você.
Mesmo você nunca querendo causar esses desejos e pouco se importando com quem ligou.
Mas claro, se estivesse acompanhada merecia respeito.
Sozinha nunca merece.
Existindo nunca merece.
Bem na verdade, parece que nunca merece.
Em situação nenhuma, em lugar nenhum, com roupa nenhuma.
Isso é ser mulher.
Todo dia, de uma forma tão frequente, acabamos naturalizando todo tipo de barbaridade que a sociedade nos submete.
E aí, você ia querer ser mulher numa sociedade como esta?

A trajetória política da bióloga, botânica, tradutora e educadora responsável pelas conquistas dos direitos civis das mulheres brasileiras contada por quem a conheceu. 

Cata-ventos-conhecimento

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Uma vida vale pela empreitada que lhe dedicamos. Um projeto de conhecimento vale pela sinergia, pelo entusiasmo e pelo engajamento pessoal e coletivo que o mesmo consegue despertar.

Nossa website é uma construção que envolve a dinâmica dos cata-ventos: sempre abertos a possibilidades de interação e integração dos saberes e sabores que vem da vida e da natureza. É uma construção feita por muitas mãos. Nasceu do desejo e da necessidade de comunicar conhecimentos e reflexões que se importam com a construção de um ser humano mais colaborativo e solidário e um mundo mais humanizado.

Desde final de 2014 fazemos deste um espaço de intensa e respeitosa colaboração, vinda daqueles que se somam, convidados para contribuir com a afirmação da humanização. Humanizar-se é o maior desafio humano, mediado pelo conhecimento crítico, construtivo e plural.

A ignorância atrofia o ser humano. O conhecimento o liberta. A ignorância prende uma alma humana. O conhecimento libera as almas para sonhar e buscar possibilidades de plena realização. A ignorância embrutece as pessoas. O conhecimento as humaniza, tornando-as melhores seres humanos.

A contribuição solidária e interessada é o alicerce de nossas publicações. Fazemos grande esforço, estudo e dedicação para agregarmos elementos que resultem numa leitura mais interessante, prazerosa e dinâmica utilizando imagens, destaques de textos, links de outros conteúdos, vídeos.

Os cata-ventos inspiram permanentemente a nossa imaginação, as nossas ousadias e a nossa criatividade.

Queremos promover conhecimentos que geram humanização em processos abertos e dialógicos. Continuaremos apostando que a vida se faz em movimentos e que as relações interpessoais são ricas oportunidades de aprendizagem para todos os seres humanos.

A vida se faz da graça, dos sabores, dos amores e das cores que todos, e cada um de nós, decidem cultivar e aproveitar.

Vida longa a todos os que acreditam que podemos ser melhores, a partir dos conhecimentos que geramos e que deixamos gerar!

Como nos tornamos humanos?

Nosso maior palco é a vida e nela somos eternos aprendizes. Nosso maior desafio é a humanização, através do conhecimento. O conhecimento nos torna melhor seres humanos. A escola e a vida são oportunidades de aprendizagem, socialização e construção de conhecimentos. Humanizar é um dos maiores desafios da atualidade.

Nei Alberto Pies, professor, escritor e ativista de direitos humanos propõe mudanças substantivas para atingirmos a humanização.

 

Créditos
Composição da trilha: Bruno Philippsen
Gravação: Dom Rodolfo Estúdio

Programas de Pós-Graduação da UPF: 20 anos de atividades

Formação qualificada, estrutura adequada e internacionalização
marcam as ações ao longo de duas décadas de história
das pós-graduações da UPF.

 

Em seus 48 anos de atuação, a Universidade de Passo Fundo (UPF) ampliou e qualificou a formação da comunidade por meio dos programas de pós-graduação. Com 61 cursos de especialização, 15 mestrados, 6 doutorados e 9 estágios pós-doutorais, a Instituição se consolida na produção do conhecimento, atuando de forma direta no desenvolvimento e no progresso regional e nacional. Em 2017, várias atividades celebram os 20 anos na caminhada pela excelência na pesquisa. Em maio, a Instituição abre os processos seletivos para mestrados e doutorados, e, em junho, para as especializações.

Em 2010, a UPF contava com sete programas de pós-graduação e um curso de doutorado. Segundo o vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Leonardo José Gil Barcellos, essa expansão somente foi possível pela ousadia da primeira turma de pós e também de doutorado, propostas e executadas pela Faculdade de Agronomia, que, neste ano, celebram os 20 anos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia e os 40 anos do Programa de Pesquisa em Aveia (PPA).

Para Barcellos, uma universidade é medida, também, pela grandiosidade de seus programas de pós-graduação. Em sua opinião, o stricto sensu é a excelência e a inovação na educação em todos os níveis, constituindo a base da pesquisa institucional, culminando na formação de profissionais qualificados.

“A existência do stricto sensu faculta à Universidade a possibilidade de oferecer formação diversificada nas diferentes áreas, num contexto integrado com todos os níveis de ensino e todas as dimensões transversais da Instituição. Nessa matriz, o ensino deixa totalmente de ter um caráter linear e estanque e passa a ser multidimensional e continuado, em um contexto em que não vemos pedaços ou partes isolados entre si, mas sim a sequência orgânica e a interação estreita entre seus componentes”, destaca.

 

Novo prédio para o PPGEdu

Como parte das comemorações, no dia 26 de abril, professores, alunos e a comunidade acadêmica prestigiaram a inauguração do novo prédio do Programa de Pós-Graduação em Educação, que também completa 20 anos de atividades.

Com uma estrutura moderna e pensada para a produção do conhecimento científico, o novo espaço vai ampliar as ações que são desenvolvidas e tem como foco também a aproximação ainda maior com a comunidade.

Para o reitor, José Carlos Carles de Souza, a ampliação reforça o compromisso da Instituição com a qualidade dos cursos que oferece e demonstra que o trabalho conjunto realizado pela Universidade tem trazido resultados importantes.

“Dentre seus muitos projetos, a UPF tem se dedicado a qualificar a pós-graduação, garantindo estrutura adequada para a produção do conhecimento. É com satisfação que entregamos uma área digna da importância do seu espaço. Essa construção demandou um trabalho muito grande da equipe de coordenação do Programa e da Unidade, mas também da Universidade, no sentido de viabilizar os recursos e de buscar as verbas para essa ampliação. Para nós, isso é fundamental quando olhamos para o futuro”, disse.

O primeiro vice-presidente da FUPF, professor Alexandre Nienow destacou o comprometimento de todos para que a nova estrutura pudesse ser utilizada pela coletividade.

“A trajetória de um Programa de Pós-graduação não se inicia a partir da sua criação, mas muito antes, em decorrência da dedicação e o comprometimento dos professores, alunos e funcionários em trabalhos de excelência no ensino, pesquisa e extensão”.

Na comemoração dos 20 anos do PPGEdu, o prédio da pós-graduação é o coroamento dessa trajetória, concebido e construído coletivamente pela Faculdade de Educação, o PPGEdu, a UPF (reitoria e vice-reitorias) e a Fundação Universidade de Passo Fundo , envolvendo os diferentes setores da Instituição”, pontuou.

 

Inscrições abrem em maio

Os programas de pós-graduação stricto sensu abrem suas inscrições a partir do dia 02 de maio. Abaixo, a lista dos que serão oferecidos.

  • Programa de Pós-Graduação em Bioexperimentação (PPGBioexp) – 08/05 a 02/06
  • Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCiamb) – 22/05 a 20/06
  • Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) – 02/05 a 02/06
  • Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano (PPGEH)– 02/05 a 16/06
  • Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) – 02/05 a 20/06 para o Mestrado e até o dia 28/06 para o Doutorado
  • Programa de Pós-Graduação em Projetos e Processos de Fabricação (PPGPPF) – 02/05 a 30/06

 

Fotos: Leonardo Andreoli
Assessoria de imprensa UPF

Impermanências

 

Werther Brado estava na ponte da vida. Não seria a hora de se jogar?
Assim tão pobre de alegria, de amigos e de vivências abortadas,
não teve outra opção senão dar tempo ao tempo.

 

Ao final do dia, como sempre, Werther Brado deparou-se com a solidão. Descobriu que ela, veladamente, o acompanhava dia a dia. Até então, jamais dera importância ao fato. A diferença é que, nesse dia, ela veio tão forte, contundente e furiosa, que o deixou profundamente prostrado.

Seguindo a rotina, após um intenso dia de trabalho, foi à praia. Feito um condor cercado de vazio, Werther procurou acomodar-se no alto de um rochedo. Enquanto admirava o pôr-do-sol e o voo dançante dos pássaros, ruminava seus pensamentos em torno dos sentidos da vida.

Como a paisagem era confortável e desafiadora, descobre que algo inusitado estava acontecendo. Quando vê, chora contaminado de silêncio e melancolia. Pareceu-lhe que o silêncio era um todo e a melancolia sua grande e fiel companheira.

Pensamentos iam e vinham. Então lembrou das mazelas vividas na juventude. Eram pensamentos idos e vividos. Experiências arriscadas sob o fio da navalha. Não pôde brincar com o tempo. Ele passava célere, corroendo as almas de dentro e de fora.

Foi a tempo de sentir no rosto o toque da brisa leve e fresca. Parecia o carinho da amada. Enquanto olhava sua imagem refletida no espelho d’água, uma onda de recordações começou a retumbar contra sua cabeça.

Werther perguntou:
– Quem sou eu? O que faço aqui? Aonde vou?

O silêncio, o mar e o rochedo nada responderam. O desespero veio forte, certeiro e contundente como a pedra de Davi. Werther Brado estava na ponte da vida. Não seria a hora de se jogar? Assim tão pobre de alegria, de amigos e de vivências abortadas, não teve outra opção senão dar tempo ao tempo. E tudo ficou escuro e fantasmagórico. Clareado o dia, respirou profundo e, convicto, disse a si próprio:
– Tudo é impermanente, Werther! Isso também vai passar!

 

Conheça mais sobre o autor e seus contos, assim definido pelo professor Dr. Juliano Tonezer da Silva:
“Por fim, para o encantador de leitores, eu elencaria três sinônimos: mágico, pois seus contos, lendas e causos nos deixam maravilhados; cativante, pois suas histórias nos deixam fascinados; e, magnífico, assim como são magníficas suas Histórias Preciosas”.
Veja mais.

 

Ética, democracia e educação

O contexto social e político sombrio que vivemos aponta debate acerca na democracia
e o papel que ela desempenha na reorganização da sociedade brasileira.
O que é democracia? Qual seu vínculo com a ação humana e com a ordem social?
Que democracia precisamos e como construí-la?

 

O Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) da Universidade de Passo Fundo (UPF) realizou no mês de agosto de 2016, no auditório da Biblioteca Central do Campus I, a Aula Magna para seus alunos e professores.

O conferencista foi Pedro Pagni, professor da UNESP, campus de Marília, São Paulo. O referido professor é especialista em Filosofia da Educação e estudioso do pensamento pedagógico contemporâneo. A conferência intitulou-se “Ética, democracia e educação”, baseando-se na obra Democracia e Educação, publicada pelo filósofo americano John Dewey, em 1916.

Esta obra impactou o pensamento educacional mundial, influenciando também o debate brasileiro, sobretudo, pela contribuição de Anísio Teixeira, o qual estudou com Dewey nos Estados Unidos e foi tradutor de suas principais obras para o português.

john deweyJohn Dewey

Com a teoria Escola Nova, o autor contrapôs ao sistema tradicional de educação, propondo o modelo de ensino-aprendizagem focado no aluno como sujeito da mesma. A teoria prevê ainda, que a aprendizagem deve partir da problematização dos conhecimentos prévios do aluno. Importante ativista e defensor da democracia, também participou de movimentos em defesa das causas sociais.

A proposta da “metodologia de projetos” surgiu com a sua contribuição e de William Kilpatrick. Dewey acreditava que, mais do que uma preparação para a vida, a educação era a própria vida.
Veja mais sobre John Dewey.

 

Diagnóstico da situação política atual

O professor Pagni iniciou sua conferência com o diagnóstico da situação política atual. Destacou alguns problemas e limites que a democracia representativa brasileira enfrenta.

A democracia como governo da maioria gera seus próprios impasses, na medida que os políticos eleitos para nos representarem passam a cuidar somente de seus interesses pessoais, dos interesses de seus partidos políticos e dos grandes grupos econômicos, os quais os financiam, em suas campanhas eleitorais.

No atual estado de organização política, a democracia representativa, ainda que precária, é indispensável. Não há como pensar o bom funcionamento dos papéis distintos que competem aos três poderes, executivo, legislativo e judiciário, sem a organização eficiente da democracia representativa. Eleições gerais, com escolha pública dos candidatos por meio do voto da maioria, ainda é o melhor mecanismo oficial para assegurar o funcionamento das instituições.

Se a democracia representativa é indispensável, por si mesma não é suficiente como garantia do bem público, compreendido como algo que pertence a todos. Ela precisa estar ancorada na sociedade civil forte e organizada, a qual, por meio de suas mais diferentes organizações, fiscaliza os representantes eleitos.

John Dewey pensa, em Democracia e Educação, sobre qual seria a melhor forma de vida e de organização social para este novo tipo de sociedade. Daí que desenvolve uma teoria da democracia pensada duplamente, como organização social e como forma de vida.

Entrevista com Vinícius da Cunha, professor de História da Educação da USP Ribeirão Preto. Neste programa Cunha fala sobre “a influência do pensamento de John Dewey na educação”. Entrevista gravada em 2009.

 

Quanto maior for a distância entre os eleitos e seus eleitores, menos fiscalização existe. Quanto maior for a autossuficiência e a arrogância do governo, mais espaço livre para a corrupção e para a deturpação do bem público. Tudo passa a ser feito em nome de interesses individuais.

O professor Pagni conhece bem a história da educação brasileira e o modo como as políticas públicas trataram da própria educação. Sua tese, neste contexto, é que predominou e ainda predomina na política brasileira o sentido oligárquico forte de democracia representativa. Em que consiste este modo oligárquico?

O conferencista esclarece que tal modo se apoia na propensão à superioridade e, como base nela, nas relações verticalizadas que acontecem entre o representantes eleitos e aqueles que os escolheram. Oligarquia é o domínio da minoria sob a maioria, tornando-a refém dos interesses da minoria.

O poder econômico nas mãos de poucos grupos sustenta a ambição humana e o desejo de superioridade de uns sobre os outros. Na medida em que a política distancia-se da ética e o sistema político se independiza por completo da sociedade civil, a aliança entre o poder econômico e os partidos políticos fortalece a ambição e a vaidade desmesurada de líderes políticos. Neste contexto, o líder político não deve mais lealdade ética ao seu próprio partido, quanto mais à base eleitoral que o elegeu.

 

Deturpação da democracia representativa

O que se observa é a deturpação da democracia representativa, pois os representantes passam a representar a si mesmos e aos seus próprios interesses. As políticas públicas que visam o bem comum e o atendimento das necessidades da população são enfraquecidas ou simplesmente ignoradas.

O parlamento, sem força, não aprofunda a reflexão sobre o projeto de país e nem se ocupa com o debate acerca das grandes reformas que o Estado precisa. Não se ocupa com o debate sobre o modelo e o tamanho do Estado.

O contexto social e político sombrio aponta para a necessidade de se retomar o debate acerca na democracia e o papel que ela desempenha na reorganização da sociedade brasileira. O que é democracia? Qual seu vínculo com a ação humana e com a ordem social? Que democracia precisamos e como construí-la?

Estas e outras perguntas motivam a retomada da grande obra Democracia e Educação, de John Dewey. Quando a escreveu, Dewey tinha diante de si um país, os Estados Unidos, em franca industrialização e desenvolvimento, mas com quase tudo ainda por construir, do ponto de vista da organização social e das relações humanas compatíveis com a sociedade plural que começava a se intensificar.

Educação, cidadania e democracia

O sentido político da educação pode ser colocado sob a perspectiva das relações entre educação, cidadania e democracia, sendo que todas elas estão totalmente ligadas.

 

Dewey pensa, em Democracia e Educação, sobre qual seria a melhor forma de vida e de organização social para este novo tipo de sociedade. Daí que desenvolve uma teoria da democracia pensada duplamente, como organização social e como forma de vida.

 

 

Quem fala se liberta

 

Todos falam, mas nem todos são ouvidos e bem compreendidos.
E é lamentável que muitos acreditem que escutar os outros é perder tempo.
Perdem-se, então, muitas possibilidades de vida, liberdade e realização humanas.

 

Os bons “escutadores” andam sumidos e fazem muita falta no atual momento histórico. Quando temos poucos dispostos a nos ouvir, criamos diferentes maneiras de comunicar as nossas alegrias, dores e angústias de ser humano, como também nossas bestialidades. Amplia-se, então, geralmente, ainda mais nossa incompreensão por parte dos outros.

Rubem Alves é autor do texto “Escutatória”. Conheci escritos do autor nos anos 90, durante os meus estudos de ensino médio, por uma grande professora estadual da disciplina de literatura e nunca mais deixei de lê-lo.

 

 

Temos necessidade de comunicar aquilo que nos incomoda, que nos irrita, que nos prende a nós mesmos. Falar sempre é um ato libertador, porque nos permite uma melhor compreensão de nós mesmos e dos outros. É também constante busca de compreensão, pois viver na eterna incompreensão gera desilusão e descrença nas possibilidades humanas.

Nossos relacionamentos interpessoais tornaram-se desacreditados, controversos e complexos porque, na sua maioria, são interesseiros.

Comunicamos o que nos convém comunicar. Ouvimos, interpretamos e falamos aquilo que nos traz status e reconhecimento social, sem nos importar como os outros nos vêem, nos sentem ou nos percebem. E nem sempre medimos o que falamos.

Não existe emancipação do ser humano sem uma boa comunicação. E o privilegiado exercício da fala e da escuta torna consciente o que somos, o que pensamos e o que sentimos. Mas é um caminho arriscado que muitos temem percorrer, porque falar verdadeiramente aos outros sobre a gente mesmo significa desnudar-se, expor-se, abrir-se. Muito bem contemporiza Charles Brown Jr. numa de suas canções: “se perguntarem prá você/ o que falar sobre si mesmo o que dirá?/ dirá que sabe o que não sabe/ tudo aquilo que jurou nunca dizer, por quê? pra quê?”.

As verdadeiras amizades e os relacionamentos sinceros engrandecem a vida do ser humano, tornando-o mais expansivo, mais aberto e mais liberto de suas angústias e sofrimentos. Geram confiança, imprescindível na fala e na escuta. Esta confiança, por sua vez, não nasce do acaso. Nasce como conquista, na lealdade, franqueza e sinceridade e vai se constituindo em relações de reciprocidade entre as pessoas.

Como nos revela, o exercício da fala também nos amadurece, nos torna mais sábios e mais conscientes no uso das palavras. Já disse Aristóteles: “o sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz”.

Mude suas palavras, mude seu mundo. Em “O cego e o publicitário”, uma estratégia diferente, bolada por um publicitário, para o cego comunicar-se e pedir ajuda: “é um lindo dia e eu não posso vê-lo”. Emocionante!

 

 

Falar bem não é só uma questão de estética, construção gramatical ou retórica, mas é uma arte que nos exige ponderação, discernimento, bom senso, coragem, leitura de realidade, análise do contexto, consideração e respeito ao outro a quem dirigimos nossa mensagem. Sim, porque o que conta, afinal, é ser bem compreendido e bem interpretado.

 

Em outro artigo, escrevo: “os problemas de comunicação, em especial dos que sofrem com gagueira, constituem-se problema social, uma vez que interessam a todos.

O ser humano é especialista em compensar. Sem compensar não sobreviveria, porque se não é possível ser bom em tudo, é necessário ser bom e útil em alguma coisa. Por isso a gente se faz gente “agarrando-se” ao que tem de bom, em coisas que tem facilidade e que nos rendam reconhecimento dos outros.

Veja mais.

 

Seres humanos realizam-se plenamente quando sujeitos, emancipados e livres.

Permitir possibilidades da fala e da escuta aos outros é mais do que um gesto democrático e de cidadania. É, antes de tudo, uma atitude pedagógica que permite a cada um reconhecer-se como sujeito de pensamento e de ação.

Todos falam, mas nem todos são ouvidos e bem compreendidos. E é lamentável que muitos acreditem que escutar os outros é perder tempo. Perdem-se, então, muitas possibilidades de vida e de liberdade.

Quem fala se liberta e quem escuta permite a si mesmo e aos outros que o mundo e as consciências se alarguem, permitindo que aconteça o que é a maior busca de todos: a felicidade e a realização.

 

 

Educação e relações de afetividade

 

Que ser humano queremos ajudar a formar
e como envolver a todos (ou muitos)
para que se incluam no projeto educativo proposto?
A afetividade, impregnada pelo testemunho,
carrega os valores universais do respeito à alteridade, da solidariedade,
da gratuidade, do cuidado do patrimônio social, do empenho pessoal pela justiça social.

 

Educar revela sempre um processo relacional.

Se observarmos a natureza, encontraremos os cuidados dos progenitores para com as suas crias. Todos querem, por instinto, salvaguardar sua espécie da atividade predatória concorrente. O zelo para com os pequenos se traduz em proteção e ensino preparatório para a sobrevivência. O comportamento adulto afeta a vida dos neonatos, garantindo ou não a continuidade da prole. Nesta luta, o que é ser inteligente?

No processo educacional humano, o que significa empenhar a inteligência? Podemos seguir os ditames instintivos da natureza e promover a justiça do mais forte, transformando, assim, a convivência social em campo de batalha e gerando o acúmulo de violência (produção de morte) em todas as áreas da atividade humana.

Ao assumirmos a postura do amor, nos descentralizamos do nosso egoísmo e mergulhamos na transcendência que afeta a todos, possibilitando o bem comum. A pergunta na definição do projeto educacional se impõe: que ser humano queremos ajudar a formar e como afetar a todos (muitos) para que se incluam no projeto proposto?

O afeto a ser veiculado pelo testemunho carrega em si os valores universais do respeito à alteridade, da solidariedade aos mais fracos e necessitados, da gratuidade no serviço ao bem comum, do cuidado do patrimônio social, do empenho pessoal pela justiça social.

Uma palavra aos pais de alunos: o testemunho, ou seja, o exemplo, é a maior dádiva para a saúde integral de seus filhos, mas também pode se constituir em força desintegradora do caráter e da personalidade deles (dos filhos).

 Sueli Ghelen Frosi, da Escola dos Pais, entende que “as famílias felizes têm a concepção de que é bom tocar, de que é bom abraçar, de que é saudável mimar-nos e mimar aos outros. São famílias amorosas, que distribuem todo o carinho que recebem e, sabiamente, generosamente, transcendem seus lares, transmitindo para a sociedade o que vivem”.
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Com que qualidade e frequência seu filho ou filha recebe um afago, um colo, um embalo, um incentivo? Como anda a autoestima, a segurança, o amor próprio de seu filho?

Queridos pais: tenham certeza que tudo tem a ver com o ambiente familiar em que todos estão inseridos. Ainda, ajudem seus filhos em sua vida escolar, colaborem com a escola, pois juntos (escola e pais) atuaremos mais fortalecidos para que todos vivam mais felizes, mais integrados e melhor resolvidos.

 

Vídeos que expõem pontos de vista sobre a polêmica e controversa questão:
“Escola ensina, família educa?”

 

 

 

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