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De uma presença ausente: meu pai

 

Um dos grandes ensinamentos de meu querido e saudoso pai
foi ter-me ensinado que, para sobreviver, precisamos de muitas poucas coisas,
mas que precisamos nos apegar ao que é fundamental: a família e a comunidade.

 

Perdi meu pai fazem sete anos. A lacuna da morte de alguém muito próximo da gente, como nosso pai, nossa mãe, nosso irmão ou irmã, amigo ou amiga, avô ou avó, nos remete a um dos mais difíceis aprendizados da vida humana: conviver com a presença/ausência. O desafio que se coloca a todos é reconhecer sentido para a nossa existência, pois a morte de alguém nos remeter para a pergunta sobre o tipo de vida e de relações que construímos de forma individual e coletiva.

Cada um de nós carrega de sentido a sua existência através das relações interpessoais pelas quais nos “fazemos gente”. Por mais que tentemos, ninguém consegue sobreviver e, quiçá, ser feliz sozinho.

Esta característica da interdependência é também, de certeza, um dos maiores desafios de nossa própria humanização, pois conceber-se integrado e conectado com os outros, exige que saibamos lidar com a superação dos próprios egoísmos.

Família e comunidade são essenciais para a realização humana.

 

A vida comunitária, herança de nossas primeiras e mais primitivas comunidades, ressignifica o sentido da morte de uma pessoa. As comunidades religiosas são, sobretudo, o lugar onde fazemos a memória de nossos mortos, buscando apreender seus ensinamentos, exemplos e virtudes.

Na comunidade somos reconhecidos por nossos feitos e desfeitos. São muito mais felizes aqueles que podem desfrutar durante sua vida e no momento de sua morte, dos valores comunitários. Quem tem uma comunidade e leva uma vida comunitária, vive mais feliz e poderá morrer mais feliz ainda.

A comunidade é também o lugar onde damos vazão aos nossos medos, fantasmas e incompreensões, refazendo-nos permanentemente. Por isso mesmo, cada um deve ser reconhecido e tratado com dignidade, pois é a referência de si mesmo – alteridade. A comunidade, por sua vez, é o espaço em que lapidamos o nosso ser pessoal e social, onde ousamos viver a nossa subjetividade, buscando o reconhecimento.

Um dos grandes ensinamentos de meu querido e saudoso pai foi ter-me ensinado que, para sobreviver, precisamos de muitas poucas coisas, mas que precisamos nos apegar ao que é fundamental: a família e a comunidade.

 

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma… Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Depois de algum tempo. (Autor desconhecido)

 

Ensinou-me ainda, que é preciso amar as crianças e os mais velhos, porque estes são os sujeitos da comunidade que mais precisam de nossa ajuda e proteção.

Meu pai também comprovou, a si mesmo e aos outros, que sempre é bom e necessário reconciliar-se com os outros, para reconciliar-se consigo mesmo. Ensinou-me tantas coisas, demonstrando especial atenção aos valores do trabalho, do amor e a da fé.

Como a maior parte dos pais, soube valorizar as conquistas de seus filhos, como se fossem também as suas. Soube apontar, na medida do seu universo, os caminhos que seus filhos poderiam trilhar. Soube constituir-se sujeito a partir da comunidade. Conviver com a presença/ausência é deparar-se com os interstícios entre as palavras, as ações, os gestos e os exemplos de nossos entes queridos. As lembranças se encarregam de lembrar, permanentemente, que cada pessoa tem algo a nos ensinar, posto ser única, sagrada e genuína.

A presença/ausência é, também, prova de que a vida se faz na experiência compartilhada, nas memórias e nas histórias de todos os que, na comunidade, se fazem protagonistas.

Obrigado pelos grandes ensinamentos, meu pai. Que eu consiga seguir seu exemplo e que esta crônica também sirva de reflexão a todos que já são ou um dia viverão a paternidade, pois esta só tem sentido se for de vida compartilhada.

Comunidade e pertencimento (reflexão em vídeo TV Brasil)

 

 

O que se pode esperar de uma criança da vila?

 

Mantenham essa criança viva e alimentada dentro de vocês,
pois, essa criança aceita desafios, não tem julgamentos prévios ou preconceitos e,
acima de tudo, possui a humildade e a alegria que devemos
celebrar cotidianamente para a harmonia planetária.

 

Inicio esse texto com a seguinte pergunta: “o que se pode esperar de uma criança da vila?” Essa pergunta se faz necessária porque nessa oportunidade íntima de me apresentar com maiores detalhes aos meus queridos leitores e colegas, aproveito para direcionar meu relato também à todas as crianças da vila, pessoas comuns e de origem humilde.

Atualmente sou professora com Ph.D. em universidades dos EUA (Universidade de Washington e Onondaga Community College) e palestrante de diversos cursos nos EUA, Canadá, México, Europa e Brasil. Na minha área profissional sou conhecida como Dr. Bodah, possuo mais de dez livros no Brasil (que podem ser acessados aqui) e quatro entre EUA e Europa.

Sou presidente do Thaines and Bodah Center for Education and development que possibilita intercâmbio entre estudantes, bem como oriento centenas de pesquisas na área da educação, ciências biológicas, ecologia, agricultura, genética e psicologia.

Contudo, tive origens humildes, nasci e me criei no interior do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Minha mãe foi professora (cujos pais agricultores nunca tiveram a chance de frequentar a escola) e meu pai, pedreiro.

Fui uma criança da vila, estudei a maior parte da minha vida em escolas públicas e, com muito esforço, tornei-me professora da rede municipal de Passo Fundo -RS. Uma vida muito corrida, lecionando em várias escolas. Em 2004, consegui uma bolsa para fazer Mestrado em Educação na UPF  sob orientação do Pe. Eli Benincá.

Em uma de nossas conversas, eu estava muito empolgada contando ao Pe. Eli sobre o que eu tinha feito com os estudantes num projeto de educação ambiental, que eles adoraram e as famílias estavam envolvidas e etc.

O Pe. Eli, com toda a sua serenidade, me disse que tudo era muito interessante, mas também me disse que se eu não registrasse essa experiência através da memória escrita, isso se perderia… Então, ele me desafiou a escrever meu primeiro livro: “Educação ambiental para as crianças e seus mestres”.

 

Pe. Elli foi ordenado sacerdote em 03 de julho de 1965 e atuou como coordenador de pastoral e formador dos seminaristas. Na área da educação, o professor e sacerdote assumiu em 1970 a direção do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e, de 1974 a 1985, dirigiu a Faculdade de Educação da UPF. Mestre em Ciências da Religião e Doutor em Educação, Pe. Elli colaborou na elaboração dos estatutos da atual Itepa Faculdades, trabalhando também como seu primeiro diretor. Elli Benincá foi e é uma grande referênca para educadores da rede municipal e estadual da região norte do RS e que o conheceram, sobretudo, nas suas atividades docentes na UPF (Universidade de Passo Fundo, RS).

 

Na época, esse desafio parecia fora das minhas aptidões, mas aceitei pois, afinal, ele era meu orientador de mestrado… ninguém quer contrariar muito o seu orientador. O livro editado pela Berthier foi lançado na UPF e eu o carregava na bolsa. Minha vida continuou a mesma até uma noite de verão, entre escolas, em uma parada de ônibus. O ônibus estava atrasado, como de práxe durante o horário de pico. Não havia uma grande fila, apenas o usual. Crianças brincando na rua ainda, alguns casais de namorados e frequentadores assíduos de um bar perto da parada com suas vozes altas e embriagadas.

A maior parte de minha vida, até então foi na mesma cidade e isso me causava uma mistura de inquietude e ansiedade.

Olhei para o céu estrelado naquela noite clara e disse: “ai meu Deus… como eu gostaria de conhecer o mundo, se for pra ser…” Entrei no ônibus, que em seguida ficou novamente preso no congestionamente e por acaso uma placa anunciando cursos de idiomas me chamou a atenção. Resolvi descer do ônibus e ver como faria e quanto custaria para cursar inglês.

Ao chegar naquela escola, a secretária me explicou que não havia aulas naquela noite, mas por um acaso, uma professora chamada Daniela Mendonça acabara de chegar dos EUA, estava ali para buscar um material e talvez ela pudesse conversar comigo.

 

Como surgiu a oportunidade de conhecer o mundo, a partir dos EUA?

Quando a professora me recebeu, expliquei que eu queria aprender uma nova língua, cultura e talvez viajar. A professora me perguntou o que eu fazia, eu expliquei que dava aula de ciências para crianças de uma escola pública, que gostava de trabalhar com educação ambiental e mostrei o livro que Pe. Eli havia me desafiado a escrever.

A professora achou muito interessante, me comunicou que não haviam aulas no momento para o que eu queria, mas que poderia conversar novamente comigo sobre eu ir aos EUA para mostrar meu trabalho e dar aulas no Audubon Center of the North Woods para crianças americanas. Outro desafio que para muitos parecia irreal… Os detalhes, inquietudes e frustrações dessa minha jornada do Brasil aos EUA podem ser encontrados na minha última obra: “Ciência, Deus e Sucesso”.

Durante minhas palestras, várias pessoas incrédulas com as conquistas atuais como de ser professora com Ph.D. naturalizada nos EUA há mais de dez anos, olham para minha trajetória inicial, seja de ter sido uma criança da vila que estudou em escola pública, que não tinha fluência em inglês, que não era superdotada, enfim uma pessoa comum que se tornou professora da rede pública de uma escola brasileira. Muitas dessas pessoas pedem orientação de como conseguir o mesmo.

A resposta para esses pedidos sempre foi de que devemos estar atentos para oportunidades e focar no “estudo, persistência, resiliência, dedicação e paixão”. Contudo, ao longos dos últimos dez anos, quando a minha vida realmente deu uma guinada, eu consegui fazer uma análise de como eu atingi o sucesso atual. Alguns de meus colegas podem tentar entender isso como determinação, empreendedorismo, poder espiritual, sorte…

Na verdade, a mensagem que eu gostaria de deixar nesse momento aos meus leitores é apenas a mesma que recebi do Pe. Eli muitos anos atrás: registrem a sua prática… o registro escrito a faz imortal e destrói fronteiras. Claro que além disso, peço que não desistam de seus sonhos, tenham fé e, acima de tudo, não deixem de lado aquela criança que existe dentro de cada um de nós… Para concluir, reporto-me a minha pergunta inicial: “o que se pode esperar de uma criança da vila?”

 

Com o intuito de não perder contato com seus egressos e de mantê-los integrados ao cotidiano da Universidade de Passo Fundo (UPF) foi criada a Associação de Ex-alunos Sempre UPF. Assista aos depoimentos de pessoas que fazem parte dessa história: Elli Benincá.

 

Uma das possíveis respostas para essa pergunta é: “pode-se esperar o que essa criança quiser – o céu é o limite”.  Apenas, mantenham essa criança viva e alimentada dentro de vocês pois essa criança aceita desafios, não tem julgamentos prévios ou preconceitos e, acima de tudo, ela possui a humildade e a alegria que devemos celebrar cotidianamente para a harmonia planetária.

 

Vantagens em cooperar?

 

 

A cooperação é uma ferramenta para nos fazermos gente.
É a possibilidade de vivermos em condições menos estressantes,
capazes de reconhecimento mútuo e recíproco,
capazes de compreender que ninguém se basta a si mesmo.

 

Ao desaprendermos a cooperação, empobrecemos nossas relações sociais e a própria condição de humanidade, que se realiza a partir da interdependência com os outros. Ao abrirmos mãos da intrínseca relação entre o eu e o outro, perdemos a dimensão da construção social que é sempre coletiva; que nos faz humanidade em movimento.

Nossa cultura alimenta-se de ideários individualistas na medida em que estimula, ao máximo, a busca da superação pessoal, a partir de nossa autodeterminação. A máxima expressão do modo de levar a vida hoje, para muitos, já foi cunhada pelos romanos: “se queres paz, prepara-te para a guerra”.

 

Documentário: Riqueza x Pobreza – Desigualdade Social. Um documento contundente, que retrata a realidade brasileira como ela é.

 

Outra máxima: “minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro”, propõe, igualmente, a construção de uma liberdade individualista, supondo haver uma linha limítrofe entre a nossa ação e a ação dos outros. Na verdade, a liberdade pressupõe um pacto de cooperação mútua para ambos alcancemos a liberdade, ou seja, somos sempre condição para a liberdade, nossa e dos outros.

Preocupa que, mesmo sem perceber, temos sido muito permissivos na construção de um modo de vida extremamente individualista, que prega o uso de todos os meios para a construção do sujeito social, inclusive o uso da violência e da competição desmedida.

Neste contexto, não há nenhuma preocupação com a resolução dos conflitos, com os contextos e as condições em que vivem os outros; busca-se somente consolidar uma situação em que os vencedores se afirmam a partir do sufoco, superação ou sufocamento dos vencidos.

“Aquele que alivia o fardo do mundo para o outro não é inútil neste mundo” (Charles Dickens)

O que mudou mesmo é que refinamos cada vez mais nossos instintos competitivos, dando-lhes uma forma e um conteúdo mais definido. Além de estar mais claro, este ideário está bem disponível às novas gerações. E em tempos em que tudo o que é assimilado deve ser aplicado, muitos, sobretudo adolescentes e jovens, desafiam-se para colocá-lo em prática, sem escrúpulos.

 

 

Benefícios ou vantagens da cooperação?

E a cooperação? Bem, a cooperação não traz vantagens suficientemente consistentes para inspirar um ideário ou um estilo de vida. É geralmente tratada como solução em situações limites de nossa vida como nos conflitos interpessoais, nas relações de médico-paciente, na complexidade dos assaltos e roubos, na ajuda humanitária e na solidariedade a pessoas em iminente risco de vida.

 

Um dos ataques que as organizações mundiais promovem é contra a solidariedade.
Vídeo: 5º princípio: atacar a solidariedade – Noam Chomski

 

As vantagens da cooperação servem mesmo para promover a vida e a dignidade, para qualificar as nossas relações sociais. A cooperação é uma ferramenta para nos fazermos gente. É a possibilidade de vivermos em condições menos estressantes, capazes de reconhecimento mútuo e recíproco, capazes de compreender que ninguém se basta. Quem pensa assim, nos acompanhe!

 

Escola e família

 

Família educar, escola escolarizar, em síntese.
Ouve-se isso, inclusive, de filósofos Pops brasileiros e,
quando dito por filósofos, parece que não há apelação.
Quem se arrisca a contestar os filósofos?
Só um outro filósofo…

 

Hegel afirmava que a filosofia é o espírito do tempo apreendido no conceito. Assim, não cabe à filosofia nem a representação da fé e nem a imagem e representação das artes. Nem cabe à filosofia permanecer no primeiro degrau do conhecimento das certezas sensíveis e, sobretudo, para filosofar, é preciso distanciamento para não pensar com o fígado, mas, de preferência, com a cabeça.

Vivemos tempos difíceis de distanciamento, com forte tendência a repetir mantras e frases prontas, dispostos a brigar na defesa dos pré-conceitos, mas pouco tolerantes e abertos a aprender do outro e, sobretudo, aprender a respeitar a voz das ciências.

Digo isso porque circula no senso comum e, às vezes, em alguns ambientes acadêmicos, sobretudo de tendência neoconservadora, a ideia pré-concebida e acrítica de que a família é a responsável pela educação moral dos filhos e a escola deve escolarizar.

Família educar, escola escolarizar, em síntese. Ouve-se isso, inclusive, de filósofos Pops brasileiros e, quando dito por filósofos, parece que não há apelação. Quem se arrisca a contestar os filósofos? Só um outro filósofo…

Nosso maior palco é a vida e nela somos eternos aprendizes. Nosso maior desafio é a humanização, através do conhecimento. O conhecimento nos torna melhor seres humanos. A escola e a vida são oportunidades de aprendizagem, socialização e construção de conhecimentos. Humanizar é um dos maiores desafios da atualidade. Nei Alberto Pies, professor, escritor e ativista de direitos humanos propõe mudanças substantivas para atingirmos a humanização.

 

Voltando. A família educa. A escola escolariza.

Não é errado assim pensar e assim se expressar. Só que uma verdade quando dita pela metade presta um desserviço à própria verdade. Vamos ver.

Que a família educa os filhos, no sentido moral do termo, e ensina valores (não mentir, não matar, não roubar, respeitar etc.) parece mais do que certo. É a família a primeira célula da sociedade e é na tenra idade que somos propensos ao exercício da domesticação.

Sueli Ghelen Frosi, da Escola de Pais do Brasil afirma que pais e mães sempre são educadores e que devem ser parceiros da escola, para a humanização dos filhos. Os filhos são educados pela linguagem, pelas emoções, pelo respeito e pelos exemplos.

 

Sim, como dizia Nietzsche, “o homem é um animal domesticável”. E não há habitat mais natural para a domesticação moral do que o lar, a família, o ambiente doméstico, enfim.

E a escola? À escola, dizem os novos gênios da educação, sobretudo, da corrente da escola sem partido, a escola deve escolarizar, isto é, deve formar para a aquisição de habilidades instrumentais e para a inserção na sociedade e no mercado. Nada de ensinar valores! E nada de ensinar a criticar e relativizar valores.

Se, por acaso, ensinar valores, então, tem que ser imparcial. Imparcial significa, se bem interpreto, mostrar o outro lado. Ótimo. Eu acho isso bárbaro! Mostrar o outro lado, o outro ponto de vista, o outro argumento, é o que se aprende na primeira aula de filosofia quando se estuda os sofistas.

Aprendemos dos sofistas a sempre prestar a atenção ao contraditório e ao outro ponto de vista. É deles que aprendemos que para cada coisa sempre há no mínimo duas formas de ver e de argumentar, em defesa ou contra. Mas isso será tudo?

Não creio que seja tudo. A escola educa sim e não somente faz pensar e adquirir habilidades instrumentais para o mercado do trabalho. Não. Quando formamos para a autonomia, para a liberdade e para a responsabilidade, então estamos educando (e sem relativismo de ter que mostrar o outro lado), e não só escolarizando. Quando formamos para a justiça, para a solidariedade, para a tolerância, estamos educando, e não só escolarizando.

Quando discutimos ética ambiental e ética animal, estamos educando, e não só escolarizando. Sobretudo, quando discutimos questão de gênero, estamos educando e não fazendo ideologia.

Se a família fosse o limite da educação então deveríamos achar relativo que alguém tenha preconceito com negros, pobres, gays, prostitutas, ateus etc. Via de regra esse ensinamento vem das famílias, ou não? A quem cabe educar para o respeito, a tolerância, para a diversidade e para a universalidade que ultrapassa o valor do sangue (familiar), da religião e da nação?

O machismo, o racismo, a xenofobia e a homofobia nós aprendemos em casa, e não na escola. Ou não? Então, calma lá ao dizer que a família educa e a escola escolariza.

 

Alimentação vegetariana

 

A Dieta Vegetariana segue o conceito estabelecido
por aqueles que decidiram excluir as carnes, aves, peixes
e todos os outros produtos de origem animal de sua alimentação.

 

Nos últimos 5 anos cresceu o número de pessoas adeptas a uma dieta sem o consumo de carne, tendo em vista algumas questões ideológicas, de saúde ou religiosa. A Dieta Vegetariana segue o conceito estabelecido por aqueles que decidiram excluir as carnes, aves, peixes e todos os outros produtos de origem animal de sua alimentação.

A Dieta foi relacionada como uma alternativa para quem procura melhorar a qualidade digestiva, auxiliar na redução ou manutenção de peso, por ser composta de alimentos de baixas calorias (frutas, legumes e verduras em sua maioria) e por abolir alimentos de origem animal, contribuindo para deixar os níveis de gordura saturada e colesterol da alimentação extremamente baixos.

A alimentação dos seguidores da Dieta Vegetariana consiste no consumo de alimentos de origem vegetal como frutas, legumes e verduras, leguminosas, cereais, nozes e sementes. Contudo, há alguns vegetarianos que apesar de não consumirem carnes e peixes, consomem ovos e produtos lácteos (ovo – lacto vegetarianos), há também aqueles que excluem também os ovos, porém consomem os leites e derivados (lacto – vegetarianos).

 

Conheça outras três importantes publicações da autora no site.

Fome emocional: pode?

Há um fator importante que deve ser observado, que ao restringir o consumo de alguns alimentos deixamos muitas vezes de ingerir nutrientes essenciais ao nosso organismo, especialmente nutrientes como vitamina B12, cálcio, ferro e zinco. O cálcio é um mineral que participa da formação e manutenção de dentes e ossos. Uma drástica restrição de seu consumo, longo prazo, pode favorecer o desenvolvimento de osteoporose, assim como, redução da massa muscular.

Já a vitamina B12 é um micronutriente encontrado exclusivamente em produtos de origem animal e utilizado na síntese de glóbulos vermelhos, atuando na prevenção de anemia.

O ferro é uma das maiores preocupações, ao se avaliar a alimentação dos seguidores da Dieta Vegetariana, pois assim como a vitamina B12 esse mineral é um componente fundamental dos glóbulos vermelhos, pois junto como a hemoglobina realiza o transporte de oxigênio na corrente sanguínea.

As carnes são as principais fontes desse nutriente, que também são encontrados em verduras verde-escuras e leguminosas. Contudo, nesse caso, para ser absorvido é preciso a associação com a vitamina C. O zinco também encontrado nas carnes é fundamental para síntese de muitas enzimas assim como desempenha importante papel na formação de proteínas e divisão celular.

É extremamente necessário que os seguidores de dieta Vegetariana realizem frequentemente acompanhamento através de exames laboratoriais e sigam uma alimentação equilibrada em nutrientes e, se necessário, utilizem suplementação vitamínica e minerálica para manter o equilíbrio orgânico.

Versos e avessos das telefonistas da TELERN

 

O livro de Rosangela Trajano contém 30 poesias
para crianças dedicadas a cada telefonista da Telern.
Cada poesia tem uma ilustração para colorir.

 

Trinta “meninas”, dimensionadas liricamente a partir de aspectos simultaneamente corriqueiros (porque cotidianos), singelos e delicados, são, neste livro, motivo. Motivo para quê? Para a composição de retratos-flagrantes que iluminam personagens quase sempre escondidas por trás de seus gestos de zelo e dedicação.

Do bolo com gosto de flor (“A menina do bolo”) ao curativo feito de carinho (”A menina do curativo”), o livro constrói, poema e poema, um universo de gestos que transborda o que, no exercício de cada profissão e na vivência de atividades ora comuns ora personalíssimas, é inscrição no melhor do humano.

“A menina que ama Jesus” reparte o pão assim como “A menina que dança” reparte sua alma dançarina com a vida. Os “cajus amarelos” da “menina cozinheira” têm a mesma alegria das mesas decoradas pela “menina que decorava mesas”. “A menina que amava ser avó” é fã de seus netos como “A menina fanática” o é em relação a seu cantor predileto. “A menina fotógrafa” é capaz de captar a dor, enquanto “A menina da cozinha italiana” faz da cozinha um prazer à moda de massas. Cada qual com seus atributos e suas ações integra um caleidoscópio de gestos diversos, mas irmanados pela doçura do ponto de vista que os apreende.

Se “A menina assistente social” se assume como porta-voz de valores humanos, “A menina professora” vive o magistério com magia. Se “A menina vovozinha” ama com sabor de tapioca e bolo de chocolate, “A menina do vôlei” joga simbolicamente com mãos de torcedora. Todas, desde “A menina bióloga” à “menina do desenho”, sabem que reside na vivência plena do dia-a-dia a colheita farta de uma vida bem vivida. Por isso, “A menina do trem” estuda e planta, “A menina da motocicleta” crê nos próprios sonhos e “A menina dos cosméticos” colore e perfuma a própria imagem.

Se “A menina das crianças especiais” mergulha nos novos mundos inventados por suas crianças, “A menina das cartinhas” vive a alegria de mediar os encontros que só as palavras podem proporcionar. Se “A menina feliz” é pragmática nos gestos do amor, “A menina filósofa” pensamenteia os sentidos do mundo, e “A menina manicure” encarna a psicóloga que entende de histórias de mãos.

Nessa família de telefonistas, “A menina e seu filhinho”, “A menina que gosta de viajar”, “A menina dona de casa” e “A menina policial”, tal como as demais, ilustram flagrantes de mulheres cuja inserção na vida não pode passar despercebida aos olhos atentos da “menina poeta”, que há anos se dedica ao trabalho com a palavra e ao desejo de despertar, nos pequenos meninos e nas pequenas meninas, o gosto pela leitura e pela escrita.

Todas têm nome. Todas são individualizadas na palavra lírica de Rosângela Trajano, que, se tal como “A telefonista da alegria”, não sabe fingir quando está zangada, entende bem, por outro lado, do significado do “fingimento poético”. Por isso, ela “finge” serem apenas 30 poemas para telefonistas o que são, na verdade, reflexos de uma vida dedicada a fazer o bem, tanto por parte das homenageadas quanto por parte da que as homenageia. Bem sem ponteiros, bem como a “Zero hora”, quando ouvidos e sensibilidades delicadas revelam que há, sim, quem atenda às chamadas de quem não pode dormir.

Que Rosângela Trajano continue vivendo a “zero hora” de cada dia, sempre plena, múltipla e cheia de energia para cantar/contar, por meio de linguagem transparente e melódica, o mundo que nos cerca. Este mundo, habitado por incontáveis personagens dedicadas à arte de SER, que ela, Rosângela, consegue VER.

(Apresentação do livro feita por Christina Ramalho)

 

 

Conheça duas poesias que compõem este precioso livro.

A menina do bolo

Para Márcia, a verdadeira menina do bolo.

 

A menina do bolo
Misturava o açúcar
Na farinha de trigo
Cinco xícaras adoçar.

A menina do bolo
Os ovos quebrava
Misturava na vasilha
Fôrmas que dava.

A menina do bolo
Fazia com amor
Seus lindos bolos
Tinham gosto de flor.

 

A menina do curativo

Para Cris, a minha enfermeira.

 

A menina do curativo
Tinha muita paciência
Amava a enfermagem
Com a sua sapiência.

A menina do curativo
Aplicava a injeção
Com o maior carinho
E gigante coração.

A menina do curativo
Do soro cuidava
Com a criança sorria
Da pediatria gostava.

 

Detalhes da Obra: O livro contém 30 poesias para crianças dedicadas a cada telefonista da Telern. Cada poesia tem uma ilustração para colorir.

Vendas: http://rosangelatrajano.com.br/site/

Carta à menininha do porquinho

Fiquei pensando no seu porquinho e
como ele deve ser um bom ouvinte.
Porquinhos são silenciosos e gostam de ouvir o outro.

 

Querida menininha,

Como vai você? Como vai o seu porquinho? Fiquei muito feliz em saber que você está criando um porquinho. Eles são animais dóceis e nos dão muito carinho. Você diz na sua cartinha que ele passou a ser o seu melhor amigo, fiquei muito feliz com essa notícia!

Logo eu que não tenho amigos de verdade, os meus amigos são todos imaginários. Fiquei pensando no seu porquinho e como ele deve ser um bom ouvinte. Porquinhos são silenciosos e gostam de ouvir o outro.

Menininha, cuide bem do seu porquinho sempre. Somos responsáveis pelos animais que criamos, é a mesma coisa de quando fazemos amizade com os adultos tornamo-nos responsáveis por eles. Apesar dos adultos serem meio incompreensíveis, às vezes. Eu, particularmente, nunca compreendi um adulto.

A minha vida sempre foi voltada para os meus amigos imaginários e o melhor deles é uma galinha a quem dei o nome de Dalva. A minha galinha Dalva vive cacarejando. Penso eu que ela reclama da minha morada ser do lado do sol, não sei. Eu e Dalva gostamos um do outro e isso é o mais importante, apesar dos seus cacarejos quando o sol brilha alto ao meio-dia.

Uma coisa me deixou triste na sua cartinha. Você conta que na fazenda dos seus pais eles abatem os porquinhos para comerem assados e você chora quando isso acontece. Não quero que chore.

Não tente compreender as pessoas grandes, elas têm cajus nas cabeças. Ninguém vai matar o seu porquinho, porque ele é somente seu. Muitas coisas na vida não podem ser somente nossas, mas o seu porquinho pode. Basta você cuidar dele com carinho e se tornará dona do seu coração.

Sabe, menininha, eu ando meio tristonha com os seres humanos. Tanta violência no mundo, tantas crianças passando fome, tantos adultos julgados inocentemente… eu não queria ser um juiz, penso que não saberia julgar ninguém.

Nunca julgue o seu porquinho se acaso ele cometer algum erro, é muito difícil ser julgado. Você agora vai passar as suas tardes de inverno com companhia e isso é maravilhoso. Eu continuo sozinha na minha casinha ouvindo o barulho da chuva no telhado quando ela vem nas tardes de verão.

O seu porquinho gosta da chuva? Conte-me mais sobre ele. Você me disse que ele gosta de comer cocadas! Achei estranho, porém ele é um porquinho que gosta das doçuras da vida.

Tenho que terminar a minha cartinha, menininha. A chaleira grita no fogão e eu preciso tomar o meu chá da tarde. Estou faminta. Escreva para mim assim que puder e me mande um desenho do seu porquinho, daqueles desenhos que só você sabe fazer.

 

Um abraço,
A sua poeta.
Natal-RN, 26 de julho de 2017.

 

 

O Preço da Sabedoria

 

Conta a história de uma máquina poderosa, mas que um dia paralisou.
Para consertá-la foram contratados três profissionais.
Somente um deles, com sábios atributos,
no tempo de um segundo, a pôs a funcionar.
A sabedoria tem seu preço.

 

Em uma grande fábrica havia uma máquina-mãe, que comandava todas as outras. Caso ela falhasse, falhariam, tipo dominó, as outras, paralisando a indústria. Mas tanto foi, até que, um dia, ela falhou. Então tudo ficou paralisado.

Preocupado, o dono da fábrica foi ao Conselho Consultivo para relatar o ocorrido e solicitar ajuda, pois os prejuízos diários seriam enormes.

Um conselheiro lhe sugeriu:

– Conheço um tal de “Faz-tudo”. Tenho certeza de que ele conseguirá retificar a máquina. E tem mais um detalhe importante: ele cobra barato!

– Mandem chamá-lo, ordenou o empresário.

Chegado o “Faz-tudo”, observou atentamente a máquina e disse:

– Preciso de um dia para consertá-la.

O homem trabalhou dia todo procurando descobrir o defeito. Nada conseguindo, procurou o chefe e disse:

– A máquina é muito sofisticada! Levantei várias hipóteses, mas, infelizmente, não consegui localizar o problema.

Preocupadíssimo com o dia sem produção, o empresário consultou um amigo, o qual foi taxativo:

– Indicarei um técnico especializado. Porém, vou te avisando que ele cobra muito bem pelo serviço!

– Não importa. Agora a prioridade é fazer a máquina-mãe funcionar. Estamos com a produção zerada. A gente negocia o preço do conserto. Chamam o tal técnico imediatamente! E assim foi feito.

Quando ele chegou, olhou, analisou a máquina e disse:

– Precisarei de dois dias para fazê-la funcionar.

O sujeito trabalhou exaustivamente durante os dois dias. Ao final, comunicou o dono e disse:

– Sinto muito! Estou triste por não conseguir fazer a máquina-mãe funcionar! Depois retirou-se calado.

Indignado, o empresário falou:

– Há três dias que estamos totalmente paralisados. Assim vamos falir! Pelo amor de Deus, temos que encontrar alguém competente, que dê vida à máquina-mãe!

No fundo da fala, um humilde funcionário sugeriu:

– Conheço um engenheiro mecânico. Ele, com certeza, dará vida à máquina-mãe. Porém, já vou adiantando que ele cobra caro!

– Mandem buscá-lo agora! O que interessa é que ele seja sábio. O preço, a essa hora, parece ser secundário, pois a fábrica não pode ficar inativa. Todos dependemos dela.

Quando o engenheiro mecânico chegou, foi direto àquela poderosa máquina. Nada falou. Apenas girou uma peça. Pronto! Em um segundo a bendita máquina-mãe voltou a funcionar.

Em seguida, o engenheiro foi conduzido ao gabinete do empresário.

– Parabéns pelo trabalho e pela rapidez no conserto da máquina-mãe! Quanto te devemos?

Ele foi taxativo:

– Dez mil e um reais!

– Estás ficando louco! Dez mil e um reais por um segundo de trabalho? É extorsão!

O engenheiro mecânico nada disse. Apenas bebeu uma xícara de café. O industrial, aos poucos, foi se conformando, a ponto de lhe solicitar uma nota fiscal com os valores discriminados.

O engenheiro, calmamente, preencheu a nota:

– R$ 1,0 pela mão-de-obra; R$ 10.000,00 pela sabedoria em localizar, em um segundo, o defeito da máquina-mãe.

E ensinou:

– Teu barato te custou muito caro, pois contratando pessoas incompetentes, perdeste três dias de produção. Da minha parte, levei anos para cursar uma boa faculdade. Ralei noites a fio, preparando-me para as provas, exames e estágios. E mais, continuo a viajar em busca dos saberes globalizados. Tudo tem seu preço, Senhor!

E retirou-se consciente e tranquilo da missão cumprida. Até que, noutro dia, novamente o engenheiro foi chamado para…

Mas esta já é outra história.

 

 

A educação como uma borboleta: o néctar dos deuses

 

A educação ambiental vem a ser a crisálida,
a capa de proteção que possibilita a reflexão do ser humano
para reconduzir suas ações e interações com o meio
e com os outros seres humanos.

 

Quando penso em educação, especialmente educação socioambiental sempre vem a tona a estória a seguir relatada por um colega ambientalista e adaptada de minha dissertação de mestrado em 2006, quando ainda morava no Brasil… temos muito que aprender com a natureza.

“Certa vez, um ambientalista estava desenvolvendo um trabalho de campo e observou uma linda borboleta. Achou-a tão exótica que a seguiu até seu pouso numa árvore. Parou muito próximo da espécie lepidóptera e falou: _ Ó borboleta, o que fazes aí?

Obviamente, que a borboleta não o respondeu e ainda sentiu-se intimidada. Levantou vôo, mas no local de seu pouso ficaram alguns pontinhos coloridos – os ovos. O ambientalista sentou na frente dos ovos e por ali ficou. Caiu a noite, amanheceu, veio a chuva e ali estava o ambientalista, observando… até que de repente, os ovos eclodiram e surgiram no lugar muitas lagartas. As lagartas evoraram o que existia em seu meio, corroeram as folhas e o tronco com voracidade. E o ambientalista permanecia observando.

Num outro momento as lagartas empuparam, esconderam-se dentro das crisálidas, fechadas em si mesmas. Não destruíam, não se agitavam, o silêncio era espantoso. Após alguns dias, romperam-se as crisálidas e delas saíram lindas borboletas, lagartas irreconhecíveis por suas asas e cores, mas iguaizinhas a primeira borboleta seguida pelo ambientalista. O observador, feliz porque poderia ter novamente uma chance de conversar com a linda lepidóptera. Correu para junto de uma e disse: _ Agora você não escapa. Dize-me: ó borboleta o que fazes aí?

A borboleta resolveu aquietar o coração daquele que dedicou muito tempo a lhe observar e respondeu: _ Durante grande parte de minha vida (lagarta) passei degradando o meio no qual vivi. De repente caí em mim e mergulhei em profunda reflexão (pupa). Agora que criei asas (adulta), só quero sugar o néctar dos deuses e plantar a vida”.

 

Após ouvir a sábia borboleta, o ambientalista, voltou a si próprio e passou a ressignificar sua prática.” Pode-se estender essa reflexão à trajetória da humanidade no planeta Terra. Durante algum tempo, guiados pelo “desenvolvimento a qualquer custo”, principalmente na “modernidade”, muitos seres humanos revelaram seu estágio larvário – viveram como lagartas, degradando e destruindo seu meio com voracidade. Porém, acredita-se que isso foi uma etapa da evolução da espécie.

A educação ambiental vem a ser a crisálida, a capa de proteção que possibilita a reflexão do ser humano para reconduzir suas ações e interações com o meio e com os outros seres humanos.

Depois de longas discussões sobre a educação ambiental, é possível que a crisálida seja rompida. Que os seres humanos criem asas, e que essas os conduzam para um novo momento, um momento de liberdade, de uma nova ação.

Para finalizar pode-se pensar que essa nova ação livre seja de apenas querer sugar o néctar dos deuses e plantar a vida, como fez a sábia lepidóptera. A práxis gerada nesse processo conduz o olhar para dentro de si, para o outro e para o meio, redirecionando o processo pedagógico, social e ambiental, contribuindo para a tão sonhada sustentabilidade planetária.

 

Eliane Thaines Bodah, em sua passagem por Passo Fundo, participou de Ciranda dos Saberes do CMP Sindicato. Na oportunidade, pode falar aos colegas daqui das suas experiências do lado de lá: dos EUA. “Eliane Thaines Bodah que dividiu com os professores da rede municipal os detalhes de como os EUA vem lidando com esses problemas de maneira comparativa, propiciando experiências e possíveis técnicas que podem ser adaptadas ou ressignificadas para a realidade brasileira, bem como os aspectos positivos da educação nos dois países”.

 

A nova tríade da Jornada: Alice Ruiz, Augusto Massi e Felipe Pena

 

Novos coordenadores do palco de debates da Jornada
têm visão ampla da literatura, são críticos da literatura
e bem articulados no meio literário.

 

O Palco de Debates da 16ª Jornada Nacional de Literatura ressurge, nesta edição, dentro da grande lona, agora denominada Espaço Suassuna. Para comandar os palcos de debates, foram convidados os escritores Augusto Massi, Felipe Pena e Alice Ruiz. As mesas abordarão as seguintes temáticas “Por elas: a arte canta a igualdade”, “Centauro, pedra, rosa e estrela: Scliar, Suassuna, Drummond, Clarice”, “Monstros e outros medos colecionáveis” e “Literatura e imagem: além dos limites do real”. A Jornada acontece de 2 a 6 de outubro de 2017, em Passo Fundo.

Autores com visão ampla da literatura, críticos da literatura e articulados no meio literário. Esses foram alguns dos fatores que definiram os novos coordenadores dos debates da Jornada. Um deles é a poeta Alice Ruiz, autora de mais de 20 livros, entre poesia, traduções e uma história infantil. Compositora de letras musicais, já ganhou vários prêmios, incluindo o Jabuti de Poesia, de 1989, pelo livro “Vice Versos” e o Jabuti de Poesia, de 2009, pelo livro “Dois em Um”. “Alice é uma poeta consagrada e que tem uma produção bastante vinculada a movimentos de vanguarda e aos estudos dos haikais. Será uma grande honra para a Jornada tê-la conosco”, salienta uma das coordenadoras da Jornada, Fabiane Verardi Burlamaque.

Para Alice, que já participou da Jornada em 1991, dessa vez é como estar do outro lado do balcão, desempenhando um papel completamente diferente. “E eu achei maravilhoso isso porque desafia, e tudo que nos desafia é bem-vindo. Eu estava pensando bastante em como conduzir esses debates e quero conhecer bem os autores que eu vou mediar. Acho que tudo que eu já admirei em mediações das quais eu era a mediada e tudo que eu achei que não se deve fazer eu vou levar em conta para desempenhar essa função”, comenta Alice.

O outro coordenador de debates, Augusto Massi, é mestre em Literatura Espanhola e Hispano-America (1992), doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (2004), além de ser jornalista, professor, poeta, editor e crítico em publicações relacionadas à poesia modernista, crônica e memorialismo, prosa e poesia contemporâneas. “Augusto Massi é professor, pesquisador da teoria literária, trabalhou como editor e crítico literário. Estamos muito contentes em receber essa grande referência da literatura”, enfatiza Fabiane.

Massi nunca participou diretamente das Jornadas, mas acompanhou de perto e tem a maior admiração por essa movimentação literária. “Embora nunca tenha participado, sempre soube da importância das Jornadas, porque acompanho esse movimento de perto, como editor e também escritor. As Jornadas têm essa característica de ser uma festa com a participação de escritores nacionais e internacionais. Fiquei muito honrado com o convite para essa nova experiência como coordenador de debates”, destaca o escritor.

Para completar a tríade de debatedores, está o jornalista Felipe Pena, escritor, psicólogo, professor, doutor em Literatura pela PUC-Rio, com pós-doutorado pela Paris/Sorbonne. O envolvimento do escritor com a literatura começou muito cedo. “Quando eu tinha quatro anos de idade, meu avô espanhol ficava lendo contos galegos e russos, poemas de Rosalía de Castro, contos de Tolstói. Dá pra imaginar? Esse foi meu primeiro contato com poemas e contos altamente complexos. Pela minha própria formação, tudo na minha vida tem a ver com a escrita. Eu vivo de escrever. A escrita é meu pão, como professor, como roteirista, como psicanalista, como romancista, tudo que me sustenta vem da escrita”, declara Pena.

Para o também coordenador da Jornada Nacional de Literatura, Miguel Rettenmaier, Felipe Pena é um pesquisador que se interessa pela literatura além dos limites do cânone, ou seja, fora de um padrão estético consagrado. Rettenmaier cita, por exemplo, a obra Geração Subzero, organizada pelo escritor, que reúne uma coletânea de contos de vinte autores que, frequentemente, não são levados a sério pelo restrito mundo dos críticos literários. “É o criador da expressão ‘Geração Subzero’, relativa a escritores que são adorados pelo público, mas esquecidos, ‘congelados’ pela academia e pela crítica. Queríamos alguém com uma visão ampla da estética literária, pluralizada em várias tendências”, pontua Rettenmaier.

 

Inscrições para a Jornada encerram no dia 21 de agosto

A 16ª Jornada Nacional de Literatura e a 8ª Jornadinha Nacional de Literatura são realizadas pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. Os eventos contam com os patrocínios do Banrisul, da Corsan, do Sesi, da BSBIOS e da Companhia Zaffari & Bourbon e com o apoio do Ministério da Cultura, além da parceria cultural do Sesc, dentre outras empresas e órgãos. As inscrições para a Jornada e para a Jornadinha estão abertas e são limitadas. Os interessados devem se inscrever no portal www.upf.br/16jornada. A programação completa também está disponível no site da Jornada. Informações podem ser obtidas pelo e-mail jornada@upf.br ou pelo telefone (54) 3316-8368.

 

Sobre os autores

Alice Ruiz

Alice Ruiz é poeta e compositora. Ministra palestras e oficinas de haikai no Brasil, desde 1990. Tem mais de 20 livros publicados de poesia, traduções e livros para crianças. Dois prêmios Jabuti de poesia e cinco livros incluídos no PNBE. Participação em antologias no Brasil, México, Argentina, Espanha, Irlanda, Bélgica e USA.

Como compositora, tem parcerias com Arnaldo Antunes, Chico César, Itamar Assumpção, José Miguel Wisnik, Luiz Tatit, Ná Ozzetti, Waltel Branco, Zeca Baleiro e Zélia Duncan, entre outros.

Foi gravada também por Cássia Eller, Adriana Calcanhoto e Gal Costa. Lançou, pela Duncan Discos, com Alzira Espíndola, o CD de música e poesia “Paralelas”. Em 2007, Rogéria Holtz lançou o CD “No País de Alice”, só com letras de Alice Ruiz.

 

 

 

Augusto Massi

Graduado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1983), mestre em Literatura Espanhola e Hispano-America (1992) e doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (2004). Desde 1990, trabalha como professor de Literatura Brasileira na Universidade São Paulo.

Tem atuado como poeta, crítico e editor, com ênfase em publicações relacionadas à poesia modernista (Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Murilo Mendes, Raul Bopp e João Cabral de Melo Neto), à crônica e ao memorialismo (Machado de Assis, Lima Barreto, Rubem Braga, Iberê Camargo e Cícero Dias) e a prosa e poesia contemporâneas (Dyonélio Machado, Otto Lara Resende, Dalton Trevisan, Raduan Nassar, Chico Buarque de Holanda, Francisco Alvim, Cacaso, Adélia Prado, Orides Fontela).

 

 

Felipe Pena

Felipe Pena é jornalista, escritor e psicanalista, com doutorado em Letras pela PUC-Rio e pós-doutorado em Semiologia da Imagem pela Universidade de Paris, a Sorbonne 3. Foi visiting scholar da New York University e professor visitante da Universidade de Salamanca. Professor associado da Universidade Federal Fluminense, é autor de 15 livros, entre romances, biografias, crônicas e ensaios sobre comunicação e cultura.

Foi duas vezes finalista do prêmio Jabuti, uma delas com o livro “No jornalismo não há fibrose” e outra com a biografia “Seu Adolpho”. É colunista do jornal Extra, no Rio de Janeiro, diretor da Sociedade Brasileira de Estudos da Comunicação e roteirista de TV. Foi comentarista do programa Estúdio I da GloboNews, diretor de análise de conteúdo da Rede Globo e sub-reitor da Universidade Estácio de Sá.

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