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Deforma da Previdência sob a ótica das mulheres

 

Dia 15 de março eu fui pra rua protesta contra a reforma da previdência.
Em vez de reclamar de um dia sem ônibus,
prefiro reclamar dos 20 anos a mais que terei de contribuir.
Em vez de reclamar do trânsito parado pela manifestação,
agradeço aos que lutam para que eu consiga me aposentar antes dos 70.

 

Quando a gente é jovem não tende a pensar muito sobre aposentadoria, pois é algo que parece muito distante do que ainda temos para viver. Por sua vez, essa distância está prestes a se tornar ainda maior. A proposta feita pelo governo federal e propagandeada como uma ótima saída para “consertar o rombo da previdência” se mostrou um ataque sem precedentes à classe trabalhadora.

Podemos dizer tranquilamente que a PEC 287/2016 tem como principal objetivo restringir e até impedir a aposentadoria das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Digo isso porque caso a Reforma passe valer, a idade mínima de aposentadoria aumentará para 65 anos tanto para homens quanto para mulheres.

Quem sentirá ainda mais a nova medida, serão as trabalhadoras mulheres, que enfrentam dupla e até tripla jornada de trabalho. As professoras então, que deixam de contar com aposentadoria especial, podem ter que aumentar em até 20 anos o período trabalhado para poder se aposentar.

Reforma da Previdência impede professor de se aposentar.

 

O tempo mínimo de contribuição sobe para 25 anos e para conseguir receber uma aposentadoria integral, será preciso trabalhar 49 anos. O governo ainda pretende aumentar a contribuição previdenciária de 11% para 14% no caso dos servidores federais, regra que também deve se estender aos servidores estaduais (conforme acordo fechado entre Temer e governadores).

Sem contar os outros ataques que atingem diretamente os trabalhadores, como o fim do regime especial para professores e policiais civis, o aumento de 65 anos para 70 anos aos idosos e deficientes de baixa renda que contam com benefício do governo.

 

 

As mulheres trabalhadoras rurais também serão duramente atingidas pela Reforma da Previdência do Governo Temer. Em uma entrevista, uma mulher agricultora convidou os senhores deputados e senadores para ficarem um mês numa propriedade familiar para experimentar a dura realidade das mulheres trabalhadoras rurais.

 

Quem recebe pensão por morte ou quem precisar deste benefício também será lesado, já que de acordo com a nova proposta do governo a pensão por morte deixa de se integral, sendo reduzida para metade do valor, mais 10% para cada dependente menor de idade.

Novamente as mais prejudicadas são as mulheres, já que os pensionistas são predominantemente mulheres, que na maioria das vezes sobrevivem somente desta renda. Como se não bastasse, será desvinculada do reajuste do salário-mínimo, que permite ganho real.

No dia 15 de março de 2017 milhares foram às ruas em todo o país para gritar NÃO para essa reforma. Aqui em Passo Fundo, RS, a maioria das pessoas sequer quis ouvir as reivindicações da mobilização. Sequer quiseram se inteirar sobre essa “deforma” que vai interferir na vida de todo trabalhador. Todo mesmo, desde o que ganha o salário-mínimo até o que acha que pertence à elite social. Todo e qualquer trabalhador que depender da previdência será direta e duramente atingido por essa reforma.

A analogia feita nas redes sociais, infelizmente, cai bem quando compara a Reforma com a lei que ficou conhecida como “gargalhada nacional”. Promulgada no tempo da escravidão, libertava os escravos sexagenários e ficou conhecida assim porque quase nenhum escravo sobrevivia aos 65 anos de idade.

Dia 15 eu fui pra rua, em vez de reclamar de um dia sem ônibus, prefiro reclamar dos 20 anos a mais que terei de contribuir. Em vez de reclamar do trânsito parado pela manifestação, agradeço aos que lutam para que eu consiga me aposentar antes dos 70.

Eu sou mulher, sou resistência, contra a reforma da previdência.

 

 

 

 

Saci-Pererê: um dos mais importantes mitos brasileiros

Mentira ou verdade, Saci-Pererê representa o espírito
de liberdade, paz força e espontaneidade do povo brasileiro.
Antes festas em homenagem ao Saci para resgatar a fantasia da criançada do Brasil,
ao invés de copiar os estrangeirismos que manipulam as crianças e os jovens.

 

Os mitos e lendas são parte importante do folclore linguístico e literário de um povo. Comemorá-los, estudá-los e entender suas significações são fundamentais ao entendimento da história, da alma e da identidade brasileira.

Saci-Pererê, o mais simpático dos mitos brasileiros, surge como contraponto aos monstrengos internacionais, como os contidos no Halloween, tanto é que a cada dia 31 de outubro foi criado o Dia do Saci e seus amigos.

O escritor Monteiro Lobato foi, dentre outros escritores e estudiosos, um dos pioneiros no resgate do folclore literário brasileiro.

Eládio Wilmar Weschenfelder, homenageado como agente cultural, lembra que Monteiro Lobato tinha convicção de que um país se faz com “homens e livros”. “Um país se faz com homens, mulheres, crianças, livros e leitores”. Eládio disse ainda que num país desigual como o nosso, além da falta de acesso aos meios como a terra, aos alimentos, à dignidade, à saúde, não existe também o acesso aos livros à nossa população, pois bibliotecas não estão abertas ou nem existem em muitos lugares e cidades.
Veja a reportagem completa aqui.

 

Em 1917 procedeu a uma consulta popular através de cartas, nas quais solicitava aos leitores do jornal O Estado de São Paulo, relatos e experiências com o simpático, travesso e moleque de uma perna só. Com a riqueza das informações recebidas, publicou a obra O Saci-Pererê: resultado de um inquérito.

Anos mais tarde, Pedrinho, já no sítio de Dona Benta, movido pela curiosidade, ouvirá da boca do Tio Barnabé, que tinha mais de oitenta anos, os relatos de que viu o Saci quando menino, ainda no tempo da escravidão, na fazenda de Passo Fundo.

Quem não conhece a obra lobatiana O Saci, que teve as primeiras edições publicadas pela Companhia Editora Nacional! Por sua vez, também o estudioso Câmara Cascudo teve como objeto de estudo o mito do Saci, sendo que o tema, a partir de então, rendeu uma série de livros, teses, filmes e artigos na imprensa.

 

 

Contamos para vocês como surgiu o Saci Pererê, sua lenda e história. Divirta-se com esse novo personagem do programa Que Legal! Vídeo

 

Fisicamente, Saci é um menino afro-descendente que só tem uma perna, usa carapuça vermelha, leva na boca um cachimbo aceso e tem um furo na mão.

Psicologicamente, Saci é um ente livre e que, por isso, vive fazendo artes do tipo: azeda o leite, quebra a ponta das agulhas, embaraça os novelos de linha, esconde as tesouras, coloca sujeirinhas na comida, gora os ovos, vira os pregos para cima, atropela as galinhas, espanta os cavalos. Enfim, diz Tio Barnabé: “O Saci não faz maldade grande, mas não há maldade que não faça”.

Sendo um menino livre da escravidão negra no Brasil, Saci, para ter visualidade, apronta, como todo garoto, suas artes. No entanto, é especial, pois fruto da brutalidade, perdeu uma perna, significando que e a escravidão foi feroz também com as crianças afro-descendentes.

Seu cachimbo incorpora a tradição indígena, pois seus caciques selavam acordos, fumando o “cachimbo da paz”. Usa a carapuça vermelha, visto que assimilou, em parte, a cultura europeia, lembrando os imigrantes europeus e emblemas da liberdade na Roma antiga. Lembra também o barrete (gorro) adotado pelos camponeses ibéricos e os republicanos após a Revolução Francesa de 1789, assim como a força de Sansão que estava nos cabelos. Tem um furo na mão para fazer mágicas com as brasinhas acesas, as quais também sevem para acender o cachimbo.  Portanto, estão presentes no Saci as características dos três povos que deram origem ao povo brasileiro: os índios, os afro-descendentes e os europeus.

Mentira ou verdade, Saci-Pererê representa o espírito de liberdade, paz força e espontaneidade do povo brasileiro, juntamente com seus comparsas da boa fantasia: Boitatá, Caipora, Cuca, Negrinho do Pastoreio e tantos outros.

Antes festas em homenagem ao Saci para resgatar a fantasia da criançada do Brasil, ao invés de copiar os estrangeirismos que manipulam as crianças e os jovens. Deu pra ti, Halloween. Viva o Saci-Pererê!

 

Alegria e tristeza: dimensões da existência humana

A frustração e a tristeza são elementos constitutivos inevitáveis da existência
e condições de possibilidade para a percepção da felicidade.
A existência humana sempre está acompanhada de tristeza e de alegria,
sendo que é possível perceber com maior ênfase uma das dimensões.

 

 

O aumento no consumo de substâncias que atuam no sistema nervoso central, caso dos psicofármacos, atende a razões cuja investigação é de grande relevância. As influências da ingestão química no funcionamento da percepção são complexas e devem ser cuidadosamente avaliadas, visto que as percepções das situações de vida contemporânea, independentemente de intervenções químicas na mente, podem ser entendidas como sofrimento ou como oportunidade.

A existência humana sempre está acompanhada de tristeza e de alegria, sendo que é possível perceber com maior ênfase uma das dimensões. No entanto, não é possível perceber adequadamente uma sem ter consciência da existência da outra.

Os cuidados na promoção da saúde mental podem ser entendidos como um exercício relevante na ampliação dos espaços de intervenção da psicologia. Os méritos desta intervenção podem ser visualizados nos conceitos de cuidado e de promoção da saúde.

O significativo aumento da patologização e dos tratamentos químicos de sintomas podem ser um indicativo não explícito do confronto entre os interesses dos indivíduos na própria saúde e os interesses do conjunto de empresas envolvidas com a fabricação e comercialização de psicofármacos.

A explicitação e a mediação dos interesses diversos, que envolvem as partes desta relação, é um campo fértil para a atuação da ciência que trata da mente.

De acordo com a análise de Zygmunt Bauman, o modo de vida no atual modelo de sociedade é precário, vivido em condições de incerteza e falta de segurança. Com um alto índice de violência e a aceleração das atividades cotidianas, seja na profissão ou nos estudos, somos influenciados a viver supostamente protegidos da insegurança material e do sofrimento existencial.

 

“O mundo debocha de nossas fórmulas de felicidade. A vida é feita de forma robusta pela tristeza”.
Interessante vídeo de Clóvis de Barros Filho: Sobre Caminhos e escolhas.

 

 

Na intensidade da vida cotidiana, com avanços do conhecimento, o uso da tecnologia representa facilidades sedutoras, com a promessa de atingir um nível melhor de bem estar físico e mental. Atendendo a expectativa de um melhor funcionamento mental, inclui-se o aumento do consumo de substâncias químicas.

Buscamos, por diferentes meios, alternativas para escaparmos das experiências dolorosas, vislumbrando um utópico estado de satisfação.

O acesso aos avanços tecnológicos nos proporcionam satisfações e, em muitas circunstâncias, um aprimoramento da qualidade de vida, favorecendo a dinamização e o uso do tempo para atividades mais aprazíveis.

Simultaneamente ao fato de termos obtido um considerável desenvolvimento material, nos diluímos enquanto pessoas, pois orientamos, consciente ou inconscientemente, nosso comportamento por um ideal equivocado de felicidade exclusiva. A frustração e a tristeza são constitutivos inevitáveis da existência e condições de possibilidade para a percepção da felicidade.

 

 

O professor, o conhecimento da história e a ditadura

 

Um colégio não deveria ter esses medos.
Uma escola é o lugar para que se ilumine, e não para que se
jogue o conhecimento da História em quartos escuros.
Os professores que sobrevivem às pressões precisam do
apoio dos que estão dentro e fora do colégio.

 

O golpe foi consumado, a direita fez a partilha do poder entre PMDB, PSDB e seus satélites e ninguém mais ouviu falar dos defensores de uma intervenção militar.

As passeatas com o pato da Fiesp sempre tinham a turma do golpe fardado. Pregavam a volta de um governo “de força” com o argumento de que tal saída estava prevista na Constituição. Se há roubo e baderna, diziam eles, os militares devem ser chamados. Era mais uma ameaça do que um desejo.

O golpe civil aconteceu, os corruptos da direita ocuparam o lugar de quem consideravam corruptos de esquerda, e os defensores da nova ditadura desapareceram junto com os batedores de panela.

Há quem pense que os adoradores de governos militares são uma minoria insignificante. Não são tão minoria assim. Apenas estão calados e constrangidos com a ajuda que deram para que a quadrilha do Jaburu chegasse ao poder.

Mas leio agora, em reportagem de Fernanda Canofre, no Sul21, http://www.sul21.com.br/jornal/professor-que-coordenava-projeto-critico-a-ditadura-militar-e-desligado-da-escola-costa-e-silva/ que o professor José Luís Morais foi mandado embora da Escola Estadual Presidente Costa e Silva, de Porto Alegre, porque estudava a ditadura com os alunos. Ele e outros professores também defendiam que a escola trocasse de nome.

 

Medo de quem: dos professores ou dos ditadores?

O professor contou ao Sul21 que foi informado pela direção de que seria dispensando por mexer demais com o passado. E o passado, dependendo de como se passou, deve ficar jogado num canto das escolas.

Morais não tinha estabilidade, por estar ali por nomeação e convocação, é o que se sabe. O caso não quer dizer que os responsáveis pela demissão (de onde veio a ordem?) sejam defensores do acervo ético e moral de ditadores.

Mas um episódio como esse deve ter relação com alguns medos e ‘respeitos’ que sobrevivem até hoje a todos os esforços para que não se elimine a memória do que foi a ditadura e do que foram os prepostos ferozes e/ou medíocres como o general Costa e Silva.

“As disciplinas de filosofia, sociologia e história são importantes na compreensão do ser humano, consciente e conhecedor de si mesmo e, igualmente, inserido em seu contexto social. Com a Reforma do Ensino Médio, serão optativas, correndo risco de não mais serem estudadas”. (Nei Alberto Pies)

 

Um colégio não deveria ter esses medos. Uma escola é o lugar para que se ilumine, e não para que se jogue a História em quartos escuros. Os professores que sobrevivem às pressões precisam do apoio dos que estão dentro e fora do colégio.

Torcemos para que os colegas de Morais resistam ao cerco dos simpatizantes de Costa e Silva, fortalecidos pela inspiração dos que resistiram à ditadura. E que todos se preparem para a revanche sem fim da direita. Eles agem não só nos espaços formais da política, mas nas escolas, nas empresas, nas ruas, na imprensa, na Justiça e onde a democracia puder ser pisoteada.

 

Veja um exemplo intrigante de um professor na sala de aula caso seja aprovado o “Escola sem Partido no Brasil”.

 

 

Foto: Guilherme Santos, Sul21

 

A honestidade como horizonte de um Brasil ético e com decência

 

Num cenário onde imperam a impotência,
o cinismo, a cultura do ódio e a falta de esperança,
a honestidade é o horizonte de um Brasil
que pode se reconhecer um país ético e decente.

 

Se houvessem meios de aferir a vontade dos brasileiros creio que, agora, seríamos quase uma unanimidade. Estamos quase todos cansados do sentimento de impotência diante da possibilidade de construírem-se cercas entre países, do cinismo que move políticos que agem no sentido de blindarem-se das consequências de seus ilícitos, da cara de pau de um governo que nomeia, sem pudor, suspeitos e notórios ladrões da coisa pública.

Elegemos (meia culpa) políticos que ascenderam por herança. Grande parte deles é remanescente de famílias historicamente assentadas em cadeiras de poder e, ouso dizer, historicamente ignorantes do que seja público e do que seja privado.

 

Ética e política sempre andam juntas. Veja este trabalho de estudantes, juntando charges sobre ética e política.

 

Acredito que a maioria de nós gostaria que fossem banidos por perpetuarem práticas notórias de compra de votos, de engodos tão bem arquitetados a ponto de angariarem eleitores pela repetição de políticas de convencimento pela força argumentativa e pressão psicológica. Os brasileiros, em grande medida, são reféns de políticos profissionais.

 

Impeachment de Dilma feriu a democracia

Está escancarado o plano criminoso de destituir a Presidente Dilma, ferindo de morte a democracia tão arduamente conquistada. Abriram-se precedentes perigosos, com argumentos frouxos e com o convencimento de que um partido, uma vez apontado à exaustão e pela força da repetição, seria sozinho responsável pela corrupção epidêmica no nosso país.

A profusão de “verdades viralizadas” nas redes sociais faz um estrago enorme. Perdemos a credibilidade, uma vez que, sem a devida verificação, reproduzimos pérolas, como uma que ouvi recentemente: “sabia que Marisa Letícia era funcionária do Congresso Nacional e recebia R$ 68.000,00 e agora Lula vai receber pensão?”

Você tem tempo para reproduzir isso e não tem tempo de verificar se é boato? Meu amigo, minha amiga, você está de má fé! Pensa bem!

Se quisermos unificar nossa indignação como povo brasileiro, sejamos verdadeiros, mesmo que, às vezes, como todo mundo, estejamos equivocados. Sejamos honestos conosco e com os outros.

O professor, escritor e ativista de direitos humanos Nei Alberto Pies defende o combate à corrupção como um dever cívico de todos os brasileiros e brasileiros. Reconhece a corrupção endêmica, sistemática e fruto de um sistema político falido e que não representa o conjunto de interesses da população brasileira. Veja mais.

Precisamos de alguma forma de aferição da nossa vontade, que é, para todos, que o Brasil seja respeitado, seja uma nação democrática e que o trabalho dos brasileiros reverta em benefícios dele mesmo.

A honestidade, quando exercida, abre nossos olhos, para que enxerguemos a desonestidade onde ela está. Sem subterfúgios, com boa vontade.

Os norte-americanos têm a vantagem de conhecer as verdadeiras intenções do seu Presidente. Ele é notoriamente uma caricatura, que não esconde o que pensa.

No nosso caso, lidamos com interesses escondidos e escamoteados por uma camarilha despudorada e carente de princípios éticos. Durma-se com um barulho desses! Carecemos de inteligência e de boa vontade para desmascarar mentiras, mesmo que, travestidos de povo indignado, estejamos procurando por justiça nos lugares errados.

Anseio por meios de unificação do que nos dividiu nos últimos anos. Sejamos brasileiros, antes de sermos de esquerda e direita, do bem e do mal e, na medida da honestidade com nós mesmos, sejamos honestos publicamente.

 

Humanização da humanidade: sobre a realização dos direitos humanos

Direitos humanos se realizam por crença em unicórnios,
por promessas da modernidade ou pelo reconhecimento da própria humanidade?
Se quisermos que direitos humanos façam sentido,
então não os penduremos em chifres, mas os vivamos como
luta de humanização da humanidade.

 

Alsadair MacIntyre, em Depois da Virtude (1984), fazendo uma análise das consequências do projeto moderno, que inclui a compreensão de que existem direitos naturais, entre eles os direitos humanos, conclui taxativamente que: “a verdade é simples: não existem tais direitos e crer neles é como crer em bruxas e unicórnios” (p. 127), ou seja, a universalidade dos direitos humanos equivaleria, sob este ponto de vista, a uma ficção. É uma reedição das teses comunitaristas que se opõem veementemente aos liberais.

Minha perspectiva não é nem de uns e nem de outros. Trago esta referência, pois esta afirmação tem crescido com ênfase nos últimos tempos, mesmo que não tenha sido sob a inspiração direta deste autor, mas certamente vem das hostes conservadoras e ultraconservadoras que por vezes nele se alimentam.

“Não acredito em unicórnios, mas acredito nos/as humanos/as […].”

É parte dos direitos ter direito a não acreditar em bruxas e unicórnios, ou seja, é parte dos direitos achar que os mesmos sejam ficções e, inclusive, manifestar-se contra eles, contra sua possibilidade, seja por razões naturais, sejam por motivos racionais ou mesmo emocionais, ou por outras razões. Advogar que os direitos compõem o campo da ficção não necessariamente equivale a negar tout court os direitos, O que pode é equivaler sim a negar uma certa compreensão de direitos que, a depender das crenças nas quais estão estribados, poderia se converter exatamente no seu contrário: em negação de direitos.

Não acredito em unicórnios, mas acredito nos/as humanos/as e na sua condição de construtores/as de sua própria humanidade – e paradoxalmente também de sua destruição – e, por consequência, das potências que guardam condições para tal, entre as quais estão os direitos.

 

Direitos humanos e promessas da modernidade

A modernidade inventou várias ficções, é verdade. Uma delas é o sujeito autônomo, protótipo dos direitos humanos numa certa concepção do que são os direitos humanos. A exigência de autonomia em modelos deontológicos fez dos humanos seres inexistentes fora do mundo dos fins.

Contraditoriamente, o desejo irrealizável de uma humanidade perfeita se fez realização de negações inaceitáveis da humanidade real. Alguns exemplos: mulheres não foram reconhecidas como autônomas por “dependerem de seus pais ou maridos”, por isso, impedidas de exercer a participação e foram mantidas trancadas (em casa ou nas fábricas); os trabalhadores e as trabalhadoras, por não serem proprietários, portanto, por não terem outra liberdade que não fosse a de fazer contratos nos quais tivessem que empenhar seu próprio corpo vivo, contratos de trabalho, ainda que precários e amplamente desfavoráveis a eles, tiveram sua autonomia adstrita à venda de sua própria força de trabalho, alienando sua subjetividade no produto de seu trabalho.

A modernidade prometeu liberdade e autonomia, mas entregou um novo modo de manter a submissão, até porque dela se alimentou largamente, visto que toda a acumulação primitiva que deu lugar à formação da sociedade capitalista foi erigida sobre o trabalho escravo de negras e negros africanos, para quem a autonomia não chegou, nem mesmo depois da abolição da escravidão, visto ter se traduzido em segregação e discriminação mais ou menos intensas.

Não nos esqueçamos das crianças e jovens que, por sua dependência econômica da família, sequer foram reconhecidos com qualquer possibilidade de participação até há poucas décadas – e ainda há muitos pais e mães que os tem por sua propriedade, ao modo do pater família romano.

Os exemplos de fracasso das promessas de autonomia da modernidade são muitos. Mas eles também mostram, paradoxalmente, que são estas mesmas promessas, quando tomadas pelos próprios sujeitos como obra de sua organização e de sua luta, que alimentam a superação da opressão e a construção de humanidade, de humanização de si próprios e da humanidade que está nos outros humanos, mesmo aqueles que são refratários a reconhecer neles humanidade.

 

Humanização da humanidade

Para não seguir acreditando em ilusões, há que se acreditar na humanidade, mas não a humanidade abstrata e universalista de todos que exclui as maiorias. Há que se acreditar na humanidade que se encarna em cada ser humano, em sua corporeidade, em sua espiritualidade, em sua historicidade. Esses todos e todas, encharcados de imanência, se fazem na realização de humanidade como luta e como processo.

Os direitos são construção como luta e como processo; não são dados naturais e nem concessões de autoridades benevolentes, ou mesmo de privilégios econômicos ou de classe.

Pelo contrário, direitos humanos são conquistas que resultam da denúncia da violação dos direitos, dos processos de despotenciação dos sujeitos, de sua vitimização; mas também resultam da proposição de soluções de reconhecimento das alteridades e de afirmação de que os bens necessários ao bem viver estão para serem usados mais do que para serem apropriados e concentrados privativamente. Aprender isso é aprender a compreender que os direitos humanos somente são humanos porque são desta humanidade imanente em cada humano que, ao mesmo tempo os irmana pela igualdade, também os irmana pela diversidade.

Se quisermos que direitos façam sentido, então não os penduremos em chifres, mas os vivamos como luta de humanização da humanidade.

Daí porque, acreditar nos direitos humanos é acreditar numa realidade, não numa ficção, mas na realidade que se faz em cada humano: humanização de cada humano. Realidade que desafia a reconhecer direitos em cada um dos seres do mundo, rompendo hierarquias, formando redes. Alimentar esta crença é alimentar um processo de construção de convencimento permanente e aberto no qual não há verdades previamente estabelecidas e definitivas, mas há diálogos abertos e em construção, há lutas por serem feitas, resistências por serem construídas, agendas novas por serem pautadas.

A vida é movimento e criatividade, a humanidade, como parte da vida, também se alimenta destas qualidades. E, se quisermos que direitos façam sentido, então não os penduremos em chifres, mas os vivamos como luta de humanização da humanidade.

 

O sociólogo Eduardo Alves faz uma interessante reflexão sobre “humanizar a política e politizar a humanidade”, destacando a importância do Estado na formação cultural pautada na generosidade, na convivência e no direito à diferença. Veja mais.

 

“Deveríamos ter a coragem e a ousadia de transformar nossas escolas em permanentes laboratórios de diálogo e de escuta, envolvendo diferentes tempos e lugares, com alunos, pais e professores. Separados ou misturados. A nossa persistência nesta tese nos levará, inevitavelmente, a seres humanos mais humanizados e equilibrados. Humanizar-se é o maior desafio humano”. (Nei Alberto Pies)

 

Em homenagem às mulheres, assumamos: somos machistas!

Sou solidário às lutas feministas.
Além de solidariedade, quero dividir convicção de que o conhecimento,
a valorização e a participação ativa na vida da sociedade são
as mais importantes ferramentas para enfrentar a discriminação e a violência
a que são injustamente submetidas mulheres do Brasil e do mundo.

 

Não condeno e nem questiono os apaixonados que usam dia 08 de março – Dia Internacional das Mulheres – para prestar-lhes justas e bonitas reverências e homenagens. Mas prefiro entender este dia como uma oportunidade de reflexão que toda sociedade deveria fazer neste dia que foi instituído como um dia de memória às lutas de tantas mulheres que se desafiaram a lutar por mais condições de igualdade.

 

Masculino sou. Machista me torno

Certo dia, numa atividade educativa, uma estudante me interpelou perguntando: “professor, o senhor falou tão bem das relações respeitosas entre homem e mulher. O senhor é machista?”. E eu respondi, tornando para mim a resposta como uma aprendizagem, recém descoberta: “sou machista, sim, pois vivo e convivo numa cultura machista. Se lhe dissesse que não, estaria dizendo uma inverdade; sou daqueles poucos que procuro me assumir para me corrigir.

Desde então, quando dialogo com alguém o tema “Relações de Gênero”, tomo esta aprendizagem como uma referência para a disposição masculina de corroborar com as lutas feministas. Não acredito que alguém mude seu posicionamento sem antes assumir a condição histórico-social em que esteja envolvido. Se o machismo não for assumido pelos homens, não haverá sinalização de mudança de pensamentos, atitudes e ações que enfrentem os problemas decorrentes deste.

 

Mulheres “perigosas” quando organizadas

Em duas oportunidades ímpares, colaborei, de forma orgânica e sistemática, com processos de formação e organização de mulheres.

Ajudei a coordenar Campanha de Superação da Violência contra a Mulher e de afirmação de seus direitos, num município do interior gaúcho, onde pude verificar a “ânsia represada” das mulheres daquela localidade na temática “dominação masculina”. Imagino, não seja privilégio daquele lugar. Como único homem (masculino) presente em todos os 12 encontros de formação e organização, recolhi ressentimentos, queixas, medos, constrangimentos.

A experiência vivenciada me remeteu ao pensamento de Aldous Huxley: “os fatos não deixam de existir porque são ignorados”. Sim, o fato que ignoramos é que nós homens gostaríamos de continuar “dominando as mulheres”, controlando sua ascensão social, sua sexualidade, seus sentimentos, suas atitudes, suas ideias.

Ajudei a coordenar equipe multidisciplinar de um Projeto do governo federal, em parceria com o município de Passo Fundo, Mulheres da Paz. O projeto foi executado pela Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo. Num trabalho de um pouco mais de um ano, envolvendo organização, formação e atividades sociais com mulheres vítimas de violência doméstica, pude testemunhar o quanto ainda falta apoio, incentivo e segurança para que as mulheres possam denunciar, com segurança, as agressões e a violência que sofrem, cotidianamente.

Não suportando mais serem espancadas, maltratadas e inferiorizadas, exigem dignidade e dizem Basta à violência. Mas, por outro lado, empodeiradas de conhecimento e organização, tornaram-se “mulheres temidas e perigosas” aos olhos da sociedade que ainda não se assume machista.

 

[quote_box_center]“Por onde passam ou falam, nas atividades ou eventos que promovem ou são convidadas, as Mulheres orgulham-se de sua identidade: MULHERES DA PAZ. Vestem, com orgulho, a sua identidade de promotoras de uma cultura de paz e de direitos humanos. Sentem-se cidadãs de nossa cidade, valorizadas, reconhecidas e com voz ativa no combate à violência contra as mulheres. E se perguntam se tudo isto vai acabar dentro em breve, desconstruindo sua identidade e seu poder coletivo de cidadania”. Veja mais.[/quote_box_center]

 

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Reportagem sobre o trabalho das Mulheres da Paz em Passo Fundo, RS.

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Quando interessará aos homens discutir a dominação masculina?

Às mulheres interessa há muito tempo enfrentar o tema da dominação masculina. Quando este assunto interessará a nós homens? Assim diziam as mulheres na Campanha: “mas quando a gente conversará isto com os nossos maridos, os pais de nossos filhos. Eles é que deveriam estar ouvindo sobre os direitos da mulher e não a gente”. E a reação dos homens não tardou para chegar aos nossos ouvidos: “só estão ensinando às mulheres os direitos. Cadê os deveres?”

O que os homens ignoram, em relação às mulheres, é que cada direito já traz implícito também os deveres. Quando insistem que mulheres só têm direitos, expressam, tão somente, a vontade de perpetuar a dominação masculina.

 

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Memórias de uma mulher impossível – Cinco sobre cinco (Rose Marie Muraro)

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Rose Marie Muraro, feminista e estudiosa do assunto, diz que “nas sociedades de caça iniciam-se as relações de força, e o masculino que passa a ser o gênero predominante, vem a se tornar hegemônico no período histórico – há oito mil anos-, quando destina a si o domínio público e à mulher, o privado”. Esta ideia, que se tornou histórica, não pode ser eterna.

O que as mulheres gostariam de construir conosco (os homens) são relações mais respeitosas, mais compartilhadas, complementares e que trouxessem, na prática, mais oportunidades para o cuidado consigo mesmas, para a sua valorização, para o respeito de sua dignidade, para a sua felicidade.

Sou solidário das lutas feministas. Além de solidariedade, quero dividir convicção de que o conhecimento, a valorização e a participação ativa na vida da sociedade são as mais importantes ferramentas para enfrentar a discriminação e a violência a que são injustamente submetidas mulheres do Brasil e do mundo.

 

 

*Foto do post: Ato público realizado pela Organização Não Governamental (ONG) Rio de Paz em junho de 2016 na praia de Copacabana, zona sul do Rio. A ação foi promovida para denunciar e repudiar abusos sexuais sofridos por mulheres. Veja mais.

 

Tempos líquidos na infância

O mundo líquido sucumbiu às crianças.
Não criemos crianças consumidoras, criemos crianças fazedoras de coisas.
Na escola ou em casa quase não se ensina mais a fazer nada:
tudo já vem pronto, com manual de instruções.

 

Na minha infância guardava-se um brinquedo até a vida adulta. Este já não é o mesmo costume do meu sobrinho de dez anos de idade. Com uma facilidade enorme ele consegue trocar de brinquedo sem nenhum apego.

Quando vai ao shopping center logo se apaixona por um jogo ou tablet descartando o que tem em casa. Isto não acontece somente com o meu sobrinho, mas com a maioria das crianças nos dias atuais. Deixa-se a boneca querida de lado por uma nova.

Na noite do último Natal presenciei um fato incrível aos meus olhos: a menina ganhou uma boneca à meia-noite e tão logo por ela se apaixonou, mas às duas da manhã chegaram com outra boneca e ela esqueceu a antiga no canto e foi brincar com a nova. As crianças, assim como os adultos, estão sendo tomadas pelo consumo desenfreado. A tecnologia que esse consumo apresenta à criança seduz e se guarda na fantasia como algo melhor.

Vejo crianças pequeninas fazendo uso de um aparelho celular com a maior facilidade do mundo, coisa que me espanta. Outro dia, na festa de aniversário de uma menininha pude ver uma criança brincando no celular da sua mãe quando ao seu redor tinha dezenas de brinquedos e outras crianças prontas para brincarem. A cada dia exemplos me chegam aos montes.

As crianças nunca foram de guardar saudades por muito tempo, e, atualmente, elas sequer se afeiçoam facilmente porque não têm mais tempo para isso. O meu outro sobrinho de oito anos anda de carro e nunca soube o que é andar de transporte coletivo, não conhece crianças pobres e nem brinquedos feitos de madeira.

 

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Clóvis de Barros Filho, Livre-Docente pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Professor de Ética na Escola de Comunicações e Artes da USP, de Filosofia Corporativa da HSM Educação. Pesquisador e Consultor em Ética da UNESCO, Pesquisador e Conferencista pelo Espaço Ética, Colunista de Ética da Revista Filosofia Ciência & Vida faz uma interessante crítica sobre a relação da publicidade no consumismo infantil e na sociedade.

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Vivemos tempos líquidos na infância. Estamos sobrecarregados de instantes na infância que passam quase despercebidos pela criança. Fazer anos é saber que na festa de aniversário vai ganhar muitos presentes, um mais bonito do que o outro. Descartará o mais simples pelo mais sofisticado, o amiguinho que não entende de tecnologia ficará de fora das brincadeiras solitárias.

Sim, as crianças já não brincam mais umas com as outras. Não se precisam mais. Entretêm-se sozinhas nas suas moradas cheias de muros e grades. Os pais vivem tempos líquidos e já não param para contar histórias. Os avós moram distantes e não têm tempo para brincadeiras.

O mundo líquido sucumbiu às crianças. Vivemos tempos em que a liquidez na infância se constituiu como uma revolução avassaladora aonde crianças não conseguem sequer lembrar a tarefa que foi ensinada em sala de aula no dia anterior. Como fica a fantasia da criança nos tempos líquidos? Ainda há espaços para ouvir contos de fadas, mas que não sejam longos e que sejam contados adiantando-se o final feliz.

Vivemos uma época em que pais e filhos já não sentam à mesa no café da manhã e nem no jantar. Filhos têm diversas obrigações durante o dia. Crianças conversam pelas redes sociais com outras crianças deixando de lado o amiguinho da escola ou do parque.

Os desenhos animados da televisão são trocados pelos vídeos do youtube. Os passeios ao parque nos domingos à tarde foram esquecidos e hoje o sofá da sala se tornou o grande parque infantil. A criança está cada vez mais cabisbaixa. Não conta mais estrelas. Não brinca mais de empinar papagaio e nem de casinha. A liquidez dos tempos exige que não seja uma criança paciente, mas sempre alerta a novos lançamentos de jogos e filmes.

Estar num lugar sem wi fi torna-se desagradável. Os brinquedos ao simples defeito são jogados no lixo. O urso gigante perdeu espaço no quarto para a televisão de cinquenta e uma polegadas. O velho tênis já não serve mais para ir à escola, porque o amiguinho tem um novo. No momento em que escrevo este ensaio recebo a notícia de que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman que me inspirou a escrever este meu pensamento acabou de morrer. Bom, volto a escrever. Morre o tempo de ser criança nos tempos líquidos.

Zygmunt Bauman

Admirei-me outro dia com uma criança que ajudava a mãe a fazer a faxina do seu quarto. Foram para o lixo brinquedos seminovos e roupas quase nunca usadas.

As crianças são levadas pelo adulto a se desapegarem das coisas com a maior rapidez possível. Não se tem mais amor pelo bichinho de pelúcia, pois em seu lugar está o tablet que a um clique da mão consegue satisfazer as necessidades da criança.

Brincar de descartar ganhou espaço. Os vínculos de amizade estão carecendo de fortalezas, é cada vez mais fácil brincar de “tou de mal” simplesmente deletando o amigo da lista de amigos virtuais. As crianças driblam a censura do facebook e criam datas de nascimento falsas para se fazerem presentes naquela rede. O smartphone com seus diversos aplicativos desenvolvidos para a infância ganha cada vez mais adeptos.

Infelizmente nossas crianças estão vivendo tempos líquidos. E os tempos líquidos da infância podem trazer grandes sequelas mais tarde. É preciso uma vigília ao descartar amigos e coisas.

Faz-se necessário ensinar as crianças a amarem o que têm. E mais ainda, levantarem a cabeça para enxergar o céu azul com sol ou lua. Não criemos crianças consumidoras, criemos crianças fazedoras de coisas. Na escola ou em casa quase não se ensina mais a fazer nada tudo já vem pronto, há verdadeiros kits de montagem. É só ler o manual de instruções e em segundos o brinquedo está montado. As crianças já não se interessam mais pelos heróis das histórias, elas querem saber qual é o mais inteligente, o mais arguto, o mais audaz.

 

 

Por uma cultura de direitos humanos

Vivemos no Brasil e no mundo uma “cidadania de papel”.
Precisamos lutar para que as garantias já previstas nas legislações
tornem-se realidade na vida cotidiana de todos os seres humanos.

 

No Brasil e no mundo, de modo voluntário e engajado, milhares de pessoas lutam pela construção de uma cultura de direitos humanos. Acreditamos que a educação em direitos humanos é uma ferramenta importante para a concretização dos direitos no cotidiano de todas as pessoas.

 

Ser humano não é descartável

Os lutadores sociais sabem que direitos humanos trazem, na essência, o direito a ter direitos. Por isso mesmo, fortalecem-se nas lutas, nas conquistas e nas realizações de cada e de todo ser humano que tem a possibilidade de desabrochar, de viver bem e de ser feliz.

Conheci as lutas de direitos humanos no tempo em que Marcos Rolim, deputado estadual, promovia no Rio Grande do Sul Conferência Estadual de Direitos Humanos com o tema: “Nenhum ser humano é descartável”.

Nesse artigo o autor afirma que nenhum ser humano é descartável.

 

Desafios da luta por uma cultura de direitos humanos

Vejo grandes desafios na defesa da dignidade de todos os seres humanos no Brasil e no mundo:

[quote_box_center]“Nosso trabalho é voluntário. Por isso exige doação e compromisso e isto tem um preço que cada um decide pagar. Quem luta pelos direitos humanos, seus e dos outros, acredita imensamente em todas as possibilidades e potencialidades humanas, porém nem sempre é bem compreendido/a.
Direitos humanos exigem mudanças de estrutura de sociedade. Dignidade não pode ser para alguns, deve ser para todos e todas. Não podemos aceitar, numa democracia, que pessoas e grupos sejam criminalizados quando lutam por seus direitos, seja na luta pela terra, moradia, educação e nem que o Estado, que deve ser o garantidor de direitos, seja, por vezes, o grande violador”.[/quote_box_center]

 

Tanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos, como a Constituição Brasileira de 1988 e os Pactos Internacionais trouxeram avanços para os direitos humanos porque são instrumentos que possibilitam que a sociedade e os sujeitos cobrem dos governos a execução de políticas que dignificam a pessoa humana.

A realização dos direitos humanos fundamentais precisa ser garantida pelo Estado. Além do mais, estes instrumentos são compromissos que governos e sociedade assumem como seus ideais de mundo e humanidade.

Vivemos no Brasil e no mundo uma “cidadania de papel”. Neste sentido, precisamos lutar para que as garantias já previstas nas legislações tornem-se realidade na vida cotidiana de todos os seres humanos.

 

Educação em direitos humanos

Objetivos: Possibilitar a sociedade uma maior igualdade social, de modo que todos os seres humanos possam ter direitos iguais, independente de ser homem, mulher, criança, idoso, indígena, negros entre outros, a humanidade deve ser oportunizada e respeitada de maneira igualitária.

Vídeo que fundamenta Educação em Direitos Humanos:

 

Humanos direitos?

Duas coisas impossibilitam avanços nos direitos humanos: a imbecilidade e o egoísmo. Defender os direitos humanos significa defender os humanos, todos os humanos, mas, sobretudo, os que são mais vulneráveis e mais propensos a serem tratados como fora do círculo dos direitos. Para aprofundar o tema sobre direitos humanos ou humanos direitos, leia mais aqui.

 

Direitos Humanos em vídeos: por uma cultura de direitos humanos

Para divulgar tão importante data para os militantes e ativistas de direitos humanos, escolhemos alguns vídeos produzidos e elaborados com muita criatividade e conhecimento, para lembrarmos a todos que “direitos humanos pressupõe a dignidade de cada pessoa, de cada ser humano”.

Vídeo: “Mas, afinal, o que são direitos humanos”?

 

 

Você já pensou sobre o que todas as pessoas têm em comum? Somos todos seres humanos. Apesar de diferentes, somos todos livres e iguais. E, por isso, precisamos ser respeitados e protegidos. Os Direitos Humanos estão todos escritos e registrados na Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU. Eles são universais, indivisíveis e independentes. É preciso que todas as pessoas do mundo conheçam seus direitos, pois garantir que os direitos humanos sejam efetivos e respeitados é responsabilidade de todos e todas nós.

Para entender, assista a este vídeo, que é produto da parceria entre o Instituto Coca-Cola Brasil e a ONU Mulheres, em colaboração com o IBAM.

 

Vídeo sobre os 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

 

Vídeo pedagógico, com propósito de ajudar no trabalho educativo nas escolas.

 

Trajetórias de movimentos sociais e políticos no Brasil e no mundo, na conquista de direitos humanos ao longo da história.

 

Em nosso site, editamos coluna com artigos e reflexões sobre direitos humanos, com o objetivo de criarmos uma cultura de direitos humanos. Confira esses conteúdos aqui.

 

 

Animais são de Deus, a bestialidade é dos homens! Somos todos nazistas?

Há um holocausto diário em ação e as vítimas são os mais inofensivos e inocentes possíveis, os animais. Os animais são de Deus, a bestialidade é dos homens (Platão).

 

Ser nazista não é nenhum elogio. Conectada a essa palavra está a prática do horror praticado por humanos, pretensamente superiores, contra outros humanos, supostamente fracos e débeis, na segunda guerra mundial. O nazista se atualiza no comportamento intolerante, violento, insensível com os outros, negador do outro, sobretudo os mais vulneráveis. Até a palavra nazista assusta. Não creio que alguém faça questão de ser chamado de nazista. Nazista é, como a gente diz para as crianças, “coisa feia”.

Persiste em nossa sociedade um latente e cada vez mais manifesto espírito nazista no comportamento de alguns grupos minoritários que atacam, violentam e banalizam o bem mais precioso do humano que é a vida e o bem mais caro da civilidade que é o diálogo e a tolerância. E isso é muito perigoso!

[quote_box_left]No holocausto de 60 bilhões de animais assassinados por ano, 160 milhões todos os dias e 7 milhões a cada hora, somos todos nazistas cúmplices.[/quote_box_left]

Mas não é do horror, violência e intolerância de humanos para humanos que pretendo falar. A questão é a relação dos humanos para com os animais que muito precisamente pode ser qualificada de prática nazista de holocausto em campos de concentração. Há um holocausto diário em ação e as vítimas são os mais inofensivos e inocentes possíveis, os animais. Os animais são de Deus, a bestialidade é dos homens (Platão).

Animais inocentes que só desejam liberdade, bem-estar e vida, e pelo seu ser dão glória a Deus, diz o Papa Francisco, nós os confinamos em campos de concentração doméstico, no uso de seus corpos no ensino e pesquisa, na indumentária e revestimentos, nos jogos e divertimento e, sobretudo, os matamos aos bilhões para alimentarmo-nos de seus corpos já em decomposição.

 

Os animais são de Deus, a bestialidade é dos homens!

A humanidade só se eleva moral e espiritualmente lá onde o amor é universalmente ampliado. Mas como dizer que somos elevados moral e espiritualmente se torturamos animais inocentes e sensíveis como as vacas para tirar-lhe o leite? Como podemos nos considerar elevados espiritualmente se torturamos galinhas para lhe roubar os ovos? Como nos chamar de humanos se escravizamos, torturamos e matamos seres de outras espécies pelo prazer do saborear seus corpos esquartejados e servidos sem cerimônia em nossas mesas?

Adeus à inocência! Todos já sabemos o que a indústria dos ovos, carne, leite e seus derivados fazem para continuar lucrando com a nossa cumplicidade. No holocausto de 60 bilhões de animais assassinados por ano, 160 milhões todos os dias e 7 milhões a cada hora, somos todos nazistas cúmplices. Adeus à inocência! Os animais são de Deus, a bestialidade é dos homens!

[quote_box_center]“A convivência, a humanização e a realização pessoal devem, preferencialmente, dar-se entre os humanos. Os animais não devem substituir as nossas relações, podem apenas complementá-las. Somos seres interdependentes e fazemos parte de um mesmo planeta que permite vida e liberdade para todos, indistintamente”
(texto de Nei Alberto Pies)[/quote_box_center]

 

Para onde a pretensa superioridade humana irá nos levar? Até quando nos acharemos superiores aos demais seres vivos? O vídeo “HOMEM” traz uma importante reflexão.

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