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A luta, o raciocínio e o sentimento

 

Apresento-me através destes dois textos crítico-poéticos.
A escrita, para mim, resulta sempre da necessidade
de comunicar o que vivo e o que sinto,
em cada contexto e momento histórico.

 

A luta, o raciocínio e o sentimento

Quero ser aquele que pensa, mas que também sente.
Aquele que vive da fusão do coração e da mente.
Para lutar, o raciocínio, que me faz olhar pra frente.
Para lutar, o motivo, que me faz perceber essa gente.

Essa gente é o coletivo, que num abraço me faz vivo.
O coletivo me faz forte, e à luta me confere suporte.
Mas raciocinar não é o bastante.
Para uma luta ser interessante, é necessário o “sentir” constante.

O próprio ato de sentir e raciocinar parecem contradição.
Mas quando a razão se divorcia do coração.
Somos apenas cabeças que rolam pelo chão.
Ou sentimentais irremediáveis vivendo na ilusão.

E quando o caminhar é acompanhado, sentido e pensado.
As marcas que deixamos são por mil multiplicadas.
Então todo o esforço de pensar e sentir que foi rebuscado.
Revelará os contornos do triunfo por luta forjado.

 

A consciência de um homem

De que vale a (cons)ciência de um homem?
Se a tirania como essência lhe consome.
No ato do respeito o homem se liberta.
E a resposta à estupidez, com ternura, desconcerta.

O homem colérico tem como carma o delírio.
E como impulso raivoso crava na alma o estírio.
Ao mito de Narciso, não se permite igualitário.
Agradeço à Natureza ter me feito revolucionário.

Para ser um socialista não existe melhor idade.
A intimidade nesse caso é com a tal Capacidade.
Ao olhar meu semelhante me desnudo da vaidade.
Refuto minha imagem como modelo ou santidade.
Reconheço os humanos como palco da diversidade.

Não que ser socialista, seja mais, ou seja, menos.
O ato de rotular é que nos torna pequenos.
O sufixo “ista”, diz a regra, indica ideia radical.
E só quem te defende, tem nas veias sangue sindical!!

A poesia é necessária à rotina das pessoas. Costuma-se dizer que a arte revela a realidade. Na verdade, ela inventa. A arte existe porque a vida não basta. O homem está sempre querendo que a vida seja mais bela do que ela é.” (Poeta Ferreira Gullar)

 

Sem brilho nos olhares das nossas crianças!

 

“Se não vejo na criança uma criança,
é porque alguém a violentou antes
e o que vejo é o que sobrou de
tudo o que lhe foi tirado.”
Betinho

 

As inserções que vemos na TV como as do Médicos sem Fronteiras por ajuda, deixam-nos devastados de dor, por vermos campos de refugiados e cenas de guerra onde crianças morrem ou apenas sobrevivem por causa da fome, das doenças, das epidemias e da violência. São retratos da brutalidade com que os pequenos são tratados em nome da conquista por território, pelo fanatismo predador e pelas decisões de adultos indiferentes ao sofrimento de milhões de criaturas que arrastam sua desgraça pelo mundo.

Ninguém é igual a ninguém! (versão Crianças)

 

Herbert José de Souza (Betinho) morreu antes de ver que os nossos pequenos compatriotas estão, em grande medida, perdendo o brilho no olhar por causa do medo. Nosso país onde a vastidão territorial nos oferece tudo é um campo de guerra de uma crueldade camuflada. Vivemos uma matança pior do que em guerra declarada, o que disfarça nossa condição de um país pacífico. A infância brasileira está sendo vampirizada pelo crime organizado, em todas as suas dimensões.

Herbert José de Sousa (Betinho)

Ninguém ignora os crimes do tráfico de drogas alimentados pela teimosia fundamentalista em não aceitar formas inteligentes de combate, preferindo encarcerar homens e mulheres pobres, enquanto jatinhos e helicópteros singram os ares pátrios transportando produtos cujos donos são também os donos do país, na medida em que ocupam cargos capazes de decidir sobre os nossos destinos.

Também não ignoramos a rapinagem vergonhosa e institucionalizada, que deixa as escolas em estado de penúria, os hospitais sem condições de atendimento digno, os professores em estado de permanente luta pela sobrevivência e, cansados, doentes, sem condições de oferecerem o que têm de melhor, que é o exercício da profissão em sua plenitude. Sabemos da incapacidade que as instituições de saúde e de educação têm de cuidar da nossa infância como merece. Hospitais e escolas funcionam em permanente precariedade.

Sabe-se agora dos conluios entre empresas de transporte público e o poder. Enquanto o povo é transportado em carroças, pagando valores irreais, deputados são pagos pelos donos das sucatas para aprovar mais aumentos, à revelia dos direitos do povo de ir e vir. Segundo empresários do setor, estão sendo achacados pelos poderes legislativos pelo país afora.

As balas perdidas que matam crianças dentro de casa e nas escolas partem da guerra entre bandidos e polícia, deixando em seu rastro famílias destroçadas, que choram a perda de seus filhos e outras devastadas pelo medo.

“A alma da fome é política.” Esta frase é do sociólogo Herbert José de Souza, mais conhecido como Betinho, homenageado desta semana no De Lá Pra Cá.

 

Os direitos das crianças, incensadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, são usurpados de norte a sul, por canalhas incensados pelas urnas, ou alçados ao poder por práticas no mínimo questionáveis.

Vivemos tempos de guerra, cujo campo não respeita as ruas que rugem por justiça social, onde as balas de borracha zunem, o spray de pimenta machuca e os cassetetes desrespeitam professores, funcionários com salários atrasados, enquanto a roubalheira corre solta.

Urge que cuidemos da infância, para que não tenhamos só o que sobrou dela, mas que ela seja preservada. Nossa luta pelos nossos filhos destoa da atitude presidencial em sua viagem a Hamburgo para uma participação relampado no G20, que, por não querer parar nas Ilhas Canárias para reabastecer o avião, resolveu voar em um avião maior, infinitamente mais caro, o que é um deboche a um país em crise. Isto é uma demonstração simbólica do que o Estado faz pelo país.

Queremos sorrisos, tranquilidade, comida boa, lazer, escolas bonitas e seguras, professores e professoras cuidados e bem pagos, condições dignas de transporte público, pais confiantes e crianças cujo brilho não tenha sido roubado. É pedir muito?

É difícil concluir que tudo isso é possível, desde que o fruto do nosso trabalho não seja roubado sistematicamente. Nós merecemos! Nossos filhos merecem! E as ruas exigem cada vez com mais veemência!

Para falar sobre felicidade, convidamos quem é pós-graduado no assunto.
As grandes transformações acontecem quando olhamos o mundo pelos olhos das crianças.

 

Vidas abandonadas

O progresso, que na modernidade nasceu sob o
slogan de mais felicidade para o maior número de pessoas,
atualmente, na mão do mercado, revela a
necessidade de menos pessoas para
manter o movimento e atingir o topo.
É compreensível que a “geração x”
sofra de depressão.

 

Atualmente, a chamada “geração x”, nascida na década de 1980, nos países desenvolvidos, experimenta sofrimentos desconhecidos pelas gerações anteriores. Um indicativo é o alto índice de depressão que atinge esta geração. O provável diagnóstico é o desemprego ou a baixa expectativa de trabalho para os recém-formados, que ingressam no mercado que, por sua vez tem como única preocupação aumentar os lucros.

Conforme descreve o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o desemprego criou uma parcela gigante de “redundantes”, de seres desnecessários, denominado por Giorgio Agamben de homo-sacer.

O mais emblemático é que quem “perdeu o carro do progresso” (não se inseriu no mercado de trabalho) está cada vez mais afastado de “nosso meio”, e as trilhas que poderiam levá-los de volta se apagam com o passar do tempo.

 

As diferentes gerações que trabalham, estudam e vivem juntas atualmente é a pauta deste Ponto de Encontro. O tempo que define uma geração, já chegou a ser de 25 anos. No entanto, com as rápidas mudanças tecnológicas, atualmente, pode-se considerar que este tempo já é de 10 anos.
Para conversar sobre o tema, a jornalista Leila.

 

Somado a isso, vivemos um fenômeno que podemos chamar de “mal-estar da democracia contemporânea”, uma democracia esvaziada de povo, claramente, uma política a serviço do mercado, que a qualquer menor sinal de organização, que tenta enfrentar sua atual conformação é tomada por medidas autoritárias. Por isso o filósofo Giorgio Agamben pode afirmar que entre democracia e totalitarismo há uma contiguidade.

Seria tolice pensar que os “grandes ricaços” necessitam do Estado de Direito Democrático quando são eles que, de fato, fazem os processos econômicos e políticos em seu proveito.

Sobre essa tese, o estudo lançado pela Oxfam, em 16 de janeiro de 2017 é claro: o patrimônio de apenas oito homens é igual ao da metade mais pobre do mundo e 1% da humanidade controla uma riqueza equivalente à dos demais 99%. Este é o Estado de Direito Democrático que temos e que diz buscar a efetivação da justiça social. Esses dados são importantes até mesmo para compreendermos as causas e significados da violência e da criminalidade.

Hoje, os teóricos do campo da criminologia tendem a consensuar que a violência e a criminalidade são frutos da desigualdade social. Países na qual a desigualdade foi superada os índices de violência caíram significativamente.

Esses dados do relatório de Oxfam revelam a impotência do Estado frente à economia. O engraçado é que o Estado é fraco como instância de decisão e formulação de políticas, mas forte como gestor de população (biopoder), como dispositivo de controle social.

De um lado temos o Estado máximo na economia e mínimo na política. Esta é a chamada “racionalidade neoliberal” que silenciosamente trabalha para neutralizar as práticas verdadeiramente democráticas. Nessa perspectiva, toda organização popular que luta por direitos é encarada pelo mercado (o verdadeiro soberano), como ameaça que precisa ser contida, eliminada.

O engraçado é que essa racionalidade ganha adesão até mesmo dos pobres por conta da utilização de sofisticadas técnicas de manipulação de informações, o que não seria possível sem o contributo da grande mídia que, por óbvio está a serviço do capital financeiro.

O progresso, que na modernidade nasceu sob o slogan de mais felicidade para o maior número de pessoas, atualmente, na mão do mercado, revela a necessidade de menos pessoas para manter o movimento e atingir o topo. É compreensível que a “geração x” sofra de depressão. É claro que interessa ao mercado que uma parcela desses sujeitos fiquem para trás.

 

Trabalho apresentado através de vídeo com curta duração para explicar o que é a geração X para a disciplina de “Antropologia Aplicada a Gestão” no Curso de Administração.

 

Como descreve Richard Rorty, a preocupação do mercado é que haja um número suficiente de lixeiros e coletores de dejetos que nosso modo de vida produz todo o dia, ou um número suficiente de pessoas que sujem suas mãos limpando nossas privadas. Diante desse contexto cabe ao intelectual desvelar o caráter ideológico e os interesses que se nutrem dos processos sócio-econômico.

Dez teses sobre o Brasil

Um

O Papa é argentino e Deus não pode ser brasileiro, não depois que o Temer, aquele senhor que foi ao exterior para nos tornar menores, declarou que foi Deus que o colocou lá.

 

Dois

Hannah Arendt, um gênio do pensamento sutil, disse que o poder político é a capacidade de um povo agir em conjunto para ajudar a uma comunidade histórica fazer a sua história. Se ela tivesse pensado a partir do Brasil, teria sido menos idealista.

 

Três

Vivendo no Brasil a gente pode ser perguntar: como pode os povos nórdicos europeus acharem graça em viver num lugar em que tudo dá certo?

 

Quatro

Somos uma democracia racial e um povo cordial. Faltaria sangue espanhol ou inglês nas nossas veias abertas brasileiras para aceitarmos tudo como cordeiros?

 

Cinco

Talvez sejamos o único lugar do mundo em que quando um sujeito tem um empregado trabalhando para si, já pensa que faz parte da burguesia.

 

Seis

Se Aristóteles fosse brasileiro jamais teria dito que no meio está a virtude. Teria dito, antes disso, que no poder estão os medíocres (inclusive na linha sucessória).

 

Sete

É de Marx a célebre frase: nós humanos fazemos a própria história, mas não a história que queremos. Aqui, no Brasil, a vocação histórica para os golpes parece uma força motriz de destinação.

 

Oito

No Brasil os três maiores filósofos pop (Cortella, Pondé e Karnal) fazem sucesso criticando a literatura de autoajuda, dando palestras e escrevendo livros para cidadãos ávidos para ouvir, ler e rir das frases de autoajuda.

 

Nove

No Brasil se ridiculariza o politicamente correto para se ter o direito de fazer piada contra gay, negros e pobres. Os críticos do politicamente correto pensam que são inteligentes defendendo o politicamente incorreto.

 

Dez

No Brasil os comunistas e marxistas defendem a democracia e os direitos humanos e os liberais são conservadores e não dão um passo em defesa da Democracia, a não ser quando as oligarquias se sentem ameaçadas, aí dão golpe em “favor” da democracia.

 

Brasileiros são os outros. Brasileiros são religiosos, movendo-se em torno da Bola, da Bunda e do Bumbo. Confira!

 

As nuvens não são de algodão?

 

Não sou perfeito, no entanto acredito que professor
tem de ter uma postura diferente, mesmo que
outros pensem que não e que ser mestre
não é apenas quando se está numa sala de aula.
Acredito, também, que nuvens ainda são de algodão.

 

Embora muitos poetas e filósofos já tenham escrito sobre as reflexões da vida ao longo do avanço da maturidade do ser humano, nunca se torna demasiado trazer mais uma que hora se exprime o que sentimos, porém o que se diga corresponde o que de fato penso neste momento de minha vida.

Dessa forma, começo uma trajetória reflexiva a partir dos cinco anos de vida que, muito cedo, sabia que queria ser professor e acreditava nisso como algo incontestável e imutável. Aquilo estava claro como um relâmpago num dia de tempestade. Dessa forma, desenhava-se um parâmetro de mestre, de educador em minha mente que, a meu ver, não poderia ser diferente.

Salientando no meu mundo idealizado e utópico que ara ser professor deveria ter os exemplos dos mestres, que deveria fazer o que, de fato, proferia. Isso dentro e fora do âmbito escolar. Para minha formação e confirmação quando comecei a ir à escola minha primeira professora fez com que eu comprovasse isso, sendo uma pessoa íntegra de atitudes e de seguimento prático escolar e social. Para frisar ainda mais o que eu acreditava e pensava.

Conheci o pai da minha professora, um senhor que sempre admirei, também professor, respeitado, um exemplo de pessoa, inclusive na linguagem que usava e seguia. Com o passar dos tempos a minha teoria de que era ser professor estava se confirmando e a cada dia eu dizia pra mim mesmo, é isso que eu quero. Desde já eu preciso trilhar esse caminho.

Quando eu crescia e via muitos professores meus, eu tentava me espelhar neles porque era o que eu almejava, mesmo sendo filho de pequenos agricultores e que na realidade vivida seria difícil conseguir estudar para ser um educador. Porém, o sonho era bem maior que toda a dificuldade que se apresentava.

Quanto mais pessoas eu conhecia, mais meu mundo se ampliava, se expandia. Meus horizontes se esperançavam quando entrei na universidade de Passo Fundo e conheci uma professora chamada Marlete que mostrou que o mundo em qualquer profissão pode ser humano e é possível enxergar o ser humano como seu semelhante, mostrou-me que “… as nuvens eram de algodão…” .

Eu me via nela, pensava: “quando eu for professor formado, quero ser como esta pessoa, levando a humildade e humanidade, sempre. Assim conheci vários professores, de diversas disciplinas, pessoas de muitas outras profissões: enfermeiros, médicos. Meu parâmetro nunca se desmoronou.

Até quando o mundo hipotético me mostrou a face decepcionante. Percebi professores formados na área de biologia que fumavam. As perguntas vieram à tona. Como pode um professor que discrimina o conhecimento biológico e sabe como funciona o organismo do ser vivo e as causas que provocam o abalo desse organismo, se autodestruindo? Aquilo não cabia no mundo estereotipado por mim.

Hoje encontro referência metafórica numa música dos Engenheiros do Hawai, Somos quem poder ser. Nesse texto, segundo Gessinger (1986):

“Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração…”

 

Porém, meu mundo desaba mais um pouco quando vejo pessoas que ficaram 4 ou 5 anos dentro de uma faculdade para conhecer melhor o corpo humano e para ajudar aliviar várias moléstias que o ser humano enfrente quando estamos debilitados, enfermeiros. Imagina o grau da missão que eu imaginava que deveria ser e ter para mostrar o que aprendeu. Esta pessoa aparece com um cigarro na mão. O que dizer? Esse não é o mundo que eu imaginei?

Então me reporto novamente ao mesmo autor, Gessinger (1986):

“[…] Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter…”

 

“Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão…” Quando vi médicos que tem a profissão neste mundo para cuidar da saúde dos outros seres humanos. Perguntava-me: Como estão com o cigarro na mão? Que ensinamento pelo exemplo pode dar? Porque não venham me dizer que o exemplo não educa, educa sim. Mais do que as palavras.

 

Criança vê, criança faz!

 

Agora o que dizer, quando, há poucos dias atrás, vi numa rede social um professor fazendo apelo e defendendo a liberação da maconha. O professor, por mais que a sociedade evoluiu, continua formando opinião e está na frente da vitrine.

Qual a concepção da vida que este professor tem? Talvez a vida tenha outro conceito. Talvez um conceito paradigmático, porque vida significa proteção, defesa.

Nesse contexto pode ser a morte. E Gessinger (1986) diz ainda:

“Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem esta prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum…”

 

“Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão…” Todavia, continuo firme de que elas podem ser sim. Continuo acreditando no que a minha professora me ensinou pelas suas atitudes e eu tento ser o mais exemplo possível. Não sou perfeito, no entanto, acredito que professor tem de ter uma postura diferente, mesmo que outros pensem que não e que ser mestre não é apenas quando se está numa sala de aula.

Somos quem podemos ser, Sonhos que podemos ter… E teremos!

Vídeo motivacional para professores e professoras.

 

Referências

GESSINGER, Humberto. Somos quem podemos ser. Disponível em:<http://www.vagalume.com.br/engenheiros-do-hawaii/somos-quem-podemos-ser>.

 

 

 

 

A educação como horizonte!

A tensão inevitável entre aproximação e distanciamento oferece-nos uma ideia clara da dimensão inesgotável do processo formativo: quando pensamos que estamos formados, ou seja, quando pensamos ter alcançado os limites do horizonte, percebemos o quanto ainda precisamos aprender e o quanto o caminho ainda estar por ser trilhado.

 

A educação ocorre na sociedade. Possui função social, sendo força decisiva na socialização dos seres humanos. Não ocorre fora do grupo social, o qual, dependendo de como se originam seu hábitos e costumes, proporciona a formação construtiva e saudável do espírito infantil. Deste modo, o grupo social torna-se força propulsora da boa socialização, tanto do educador como do educando.

Se é no âmbito da sociedade e dos grupos sociais que pode ocorrer a boa socialização do sujeito educacional, então é preciso se atentar para os padrões ou medidas das formas de vida e dos grupos existentes na sociedade. Ou seja, Dewey exige aqui, no âmbito do capítulo VII de Democracia e Educação, a reflexão sobre as referências normativas para pensar o papel formativo que os grupos desempenham na socialização dos indivíduos. Quer dizer, com isso, que a educação não pode abrir mão da pergunta pelo tipo de ser humano que pretende formar.

Quem educa, deixando-se educar, o faz guiando-se pela inquietação sobre o educando que almeja formar.

Quando Dewey emprega a expressão “medida”, ele está pensando na referência normativa que precisa orientar a ação pedagógica e que precisa estar na base da relação entre educador e educando.

No entanto, o tema da referência normativa não é muito tranquilo no âmbito das teorias educacionais contemporâneas. Movidos pela força da cultura pedagógica relativista e pela crítica pós-moderna à normatividade, algumas teorias negam sua importância. Chegam mesmo acusá-la de autoritarismo porque impõe ao educando o modelo de ser humano que pretendem formar.

Isso significa, na prática, se tal objeção procede, que o adulto estaria impondo à criança o tipo ideal que gostaria que ela fosse; que o professor determinaria de fora o tipo de aluno que seu educando deveria ser. Por isso, toda a discussão sobre a referência normativa precisa enfrentar esta objeção de autoritarismo.

No caso específico de Dewey, a questão torna-se ainda mais interessante porque ele recorre à noção de medida no campo educacional, mesmo sendo um defensor convicto do vínculo estreito entre educação e democracia.

A pergunta que salta aos olhos é a seguinte: é possível defender uma educação democrática e ao mesmo tempo requisitar para a educação um padrão ou medida?

Então, é preciso considerar que o risco inerente à referência normativa é que ela pode descambar facilmente para o autoritarismo, impedindo o espaço necessário de autocriação e de busca progressiva do educando pela sua autodeterminação.

Quando imposta, a referência normativa torna-se uma camisa de força, cerceando a liberdade de movimentos e ações. Tornando-se impositiva, a medida não forma, mas deforma, criando educandos passivos e obedientes.

Será que toda a referência normativa ou toda a medida é autoritária?

Penso que não. Eu seria ainda mais enfático ao afirmar que não há educação sem referência normativa, que descortine minimamente o horizonte educacional no qual se pretende chegar.

Neste sentido, a própria metáfora do horizonte já é por si mesma muito instrutiva para tratar da referência normativa ou da introdução da medida no campo educacional. Não denota, pois, a imagem de um lugar no qual podemos chegar e nem um objeto que podemos nos apropriar com nossas mãos, objetivando-o como se objetiva um pedaço de madeira ou como se mede o cumprimento de uma mesa.

Antes disso, o horizonte representa a ideia de processo e movimento que se modifica quando nos aproximamos dele: quanto mais nos aproximamos do horizonte, mais ele nos escapa, pondo-se ainda mais à nossa frente. Contudo, paradoxalmente, é justamente no seu aspecto inapreensível que aprendemos educar nossos sentidos, especialmente na perspectiva de nos colocarmos diante das coisas.

Esta tensão inevitável entre aproximação e distanciamento oferece-nos uma ideia clara da dimensão inesgotável do processo formativo: quando pensamos que estamos formados, ou seja, quando pensamos ter alcançado os limites do horizonte, percebemos o quanto ainda precisamos aprender e o quanto o caminho ainda estar por ser trilhado.

Pedro Demo enfatiza a pesquisa como uma ferramenta fundamental no desenvolvimento da aprendizagem, que leva o aluno a ser pesquisador, crítico e que consolida suas aprendizagens.O cérebro necessita de desafios pra elaborar novas estratégias ou formas de mudança na sociedade. Aluno pesquisador gera ser transformador.

 

Compreendida como horizonte, a referência normativa torna-se exemplarmente formativa, tanto ao educador como ao educando. Significa, para o educador, que o que ele sabe e precisa ensinar ao educando não é toda a verdade.

Sua experiência, embora consistente e amadurecida, não consegue alcançar definitivamente o horizonte, permanecendo sempre parte do caminho a ser percorrida. Embora saiba muito, o professor nunca sabe tudo e, quando mais consegue compreender com profundidade o significado da infinitude do horizonte, mais percebe a vulnerabilidade de sua própria condição. Ao experienciar sua solidão cósmica, se autocompreende em sua pequenez, percebendo que o sentido de sua existência brota de sua interdependência com os outros e com as coisas.

Para o educador, de outra parte, a referência normativa como horizonte abre-lhe o espírito para as enormes possibilidades de crescimento que a relação com seu educador pode lhe proporcionar. Da postura humilde de seu educador, o educando aprende a paciência necessária para seu próprio processo formativo.

A postura aberta do educador permite-lhe diferentes olhares para o mesmo tema, construindo formas de vida elásticas, próprias para enfrentar situações diferenciadas.

Dewey visualiza, no capítulo VII de Democracia e Educação, estas dificuldades e compreende, de maneira aberta, a busca pela medida educacional, quando diz que é preciso evitar dois extremos.

Primeiro, não podemos determinar uma sociedade ideal tirando-a apenas de nossas cabeças.

Segundo, também não podemos basear nossos ideais única e exclusivamente na realidade existente. Ou seja, nem só o ideal e nem só o real, mas a tensão entre ambos é que deve constituir a referência normativa, a medida educacional para orientação da formação humana e, especificamente, a relação pedagógica entre educador e educando.

O capítulo VII da referida obra oferece uma bela afirmação que eludida bem a posição de John Dewey: “O problema consiste em extrair os traços desejados de formas de vida em comunidade que realmente existem e empregá-los para criticar os traços indesejáveis e sugerir sua melhora”. Deste modo, a medida deve brotar da tensão que constitui a própria realidade entre traços desejados e traços indesejáveis. Ela brota do interesse inerente à realidade, voltando-se contra o indesejado nela existente.

Saber extrair e saber empregar constitui o duplo movimento da medida que torna a referência normativa indispensável à educação. Extração e emprego tornam-se formativos enquanto medida educacional na medida em que também forem pensados como horizonte. Nesta perspectiva, não há possibilidade de extração completa e nem emprego plenamente eficiente porque algo sempre fica inapreensível. Há sempre algo a ser descoberto; há sempre uma parte do caminho a ser percorrido!

Este duplo movimento de crítica e de reconhecimento é feito por um sujeito educacional que pensa sempre inserido, ele próprio, em uma determinada realidade.

O horizonte só pode existir e adquirir sentido porque há uma terra sólida, elevada, que o sustenta, possibilitando que sujeito, pisando em solo firme, possa vê-lo em sua amplitude e extensão.

 

Por que ser ético?

Paulo César Carbonari, professor do Instituto Superior de Filosofia Berthier (IFIBE) e militante de direitos humanos no Brasil, faz importantes reflexões sobre o significado da ética em nossa vida cotidiana. Partindo de uma concepção de que somos seres em relação, o professor afirma que a humanidade está nas mãos dos seres humanos. Somos abertos, inconclusos, podemos sempre ser diferentes e mais do que somos. Ao mesmo tempo que pode estar na perspectiva de potencialização e afirmação positiva, a humanidade pode também estar na perspectiva da destruição e dominação de uns sobre os outros.

Por vezes, ao invés de ética, somos impelidos a agir mais por etiqueta do que por ética. Agimos mais por aparência ou imposição das conveniências.

 

Qualidade do sono e alimentação

A qualidade do sono é capaz de
evitar problemas como depressão, obesidade,
melhora a imunidade, pressão arterial e até doenças de pele.

 

Uma boa noite de sono é fundamental para a saúde e qualidade de vida, mas para 40% da população é sinônimo de preocupação. A qualidade do sono é capaz de evitar problemas como depressão, obesidade, melhora a imunidade, pressão arterial e até doenças de pele.

As causas podem ser diversas, desde estresse ou até mesmo má alimentação, pois a falta de nutrientes pode afetar a produção de alguns hormônios, entre eles a melatonina que regulariza o sono e contribui para o controle de peso. Por isso, evitar alimentos estimulantes como refrigerantes, chimarrão, café ou chá preto, branco e verde, principalmente após as 16 horas, pois são estimulantes.

Por outro lado, incluir aqueles alimentos que estimulam a produção de melatonina favorecem ainda mais a qualidade do sono, alimentos que são ricos em triptofano, convertem-se em serotonina (neurotransmissor responsável pelo bem-estar ) e facilitam a produção de melatonina (hormônio do sono).

Incluem-se :

  • Aveia: por ser fonte de triptofanoajuda a manter um sono contínuo, além de ser rica em antioxidantes e fibras.
  • Alface: essa hortaliça possui uma substância chamada lactucina que tem efeitos calmantes.
  • Banana: além de ser fonte de vitaminas como o complexo B, B6 e magnésio, a banana ainda é rica em triptofano, favorece também a continuidade do sono.
  • Linhaça: além de ajudar no processo de emagrecimento, a linhaça melhora o sono, o humor, a ansiedade, a irritabilidade e a depressão. Rica em ômega 3, ela ainda ajuda na regulação dos neurotransmissores.
  • Maracujá: além de ser fonte de vitaminas do complexo B, o maracujá tem efeito calmante e pode auxiliar no relaxamento antes de dormir.
  • Leite: também é fonte de triptofano, aminoácido que se converte em serotonina, o leite relaxa e induz o sono.
  • Couve: por ser fonte de magnésio, cálcio e vitamina B, a couve é essencial no sono e no relaxamento muscular.

 

10 alimentos que ajudam a dormir melhor.

 

Outros fatores podem favorecer a manutenção do sono como colchão e travesseiro adequados para seu biotipo, alimentação equilibrada, evitar carne vermelha a noite, a prática de exercícios físicos. Favorecem para melhorar os níveis hormonais e qualidade de vida.

Realidade habitacional de Passo Fundo: ausência do poder público e invisibilidade das famílias

Foto de Erviton Quartieri Jr

Marco Weissheimer, jornalista respeitado no RS do Sul 21, em passagem por Passo Fundo, sua cidade natal, declarou, de forma breve e consistente, como vê a realidade das milhares de pessoas que não tem garantido o direito humano à moradia adequada.

Acompanhado por Erviton Quartieri, estudante do Curso de Publicidade e Propaganda da UPF (Universidade de Passo Fundo), percorreu as principais ocupações da cidade realizando uma rica, séria e instigativa reportagem que gerou três publicações no Sul21.

Gentilmente, Marco Weissheimer respondeu a três questões que a ele formulamos.

 

Como foi a experiência de produzir uma reportagem audiovisual de uma triste realidade social de sua cidade natal?

Foi uma experiência especial. Eu iniciei meu trabalho como jornalista, no jornal O Nacional, cobrindo a ocupação da Fazenda Annoni pelos sem-terra. Até hoje, não havia tido contato direto com a realidade das ocupações urbanas em Passo Fundo. É uma realidade impactante e, me parece, desconhecida por boa parte da população da própria cidade.

 

Conhecendo a realidade social (e habitacional, neste caso) da grande região metropolitana, quais são os desafios comuns destas diferentes realidades?

O primeiro dele é resolver o problema de moradia das pessoas. É um direito básico e o fato dele não estar sendo concretizado é um indicador do grau de atraso da sociedade brasileira. Para isso possa ocorrer é preciso, entre outras coisas, tirar essas famílias da invisibilidade (daí a importância de produzir reportagens, documentários, textos, etc.) e envolver a população em um debate sobre a cidade.

 

“Outra tarefa é denunciar e combater a criminalização dos movimentos sociais envolvidos na luta por moradia e de seus ativistas. Esse último ponto exige uma mudança profunda na mentalidade do Poder Judiciário que segue, em muitos casos, tratando problemas sociais como caso de polícia”.

 

Por que os direitos sociais, no caso específico direito humano por moradia adequada, ainda tem enfrentado tantos desafios para sua implantação?

Porque o Brasil tem uma elite violenta e racista que não está nem aí para o povo pobre. Esse direito, como em geral acontece, terá que ser conquistado enfrentando essa elite e as suas estruturas de poder.

 

Veja mais sobre o tema.

http://www.sul21.com.br/jornal/com-mais-de-50-ocupacoes-passo-fundo-vive-um-dos-maiores-conflitos-fundiarios-urbanos-do-rs/

Documentário “Terra Ocupada”.

Ocupação Pinheirinho Toledo.

 

 

 

Precisamos desmistificar a África

Em lugar de negar-lhes a história,
faríamos melhor se ouvíssemos
as história que têm para contar.

 

Recentemente ganhei uma máquina fotográfica nova aqui na missão. Por isso, um amigo me provocou: “Aí na África tem muitos bichos legais. Você tem que começar a postar fotos dos leões e elefantes também”. Decidi na hora que precisamos falar sobre isso.

O questionamento me despertou para dois pontos importantes. Primeiro, o conceito de que em todo lugar da África existem grandes feras selvagens prontas a comer o que aparecer pela frente – especialmente pessoas. E, segundo, a ideia de que a África é um lugar só. Um pequeno país cheio de animais e gente sem roupa.

Para começar, minha escolha por tirar e postar fotos de pessoas não acontece apenas porque eu acredito que elas são a melhor maneira de expressar a real beleza do local que vivo mas, também, porque não tive, em 10 meses, absolutamente nenhum contato com algum animal “legal”. Isso mesmo. Sinto decepcionar, mas não vi nenhum leão, nenhum elefante e muito menos uma girafa ou uma zebra. Nem sequer um crocodilo ou uma cobra maior que 30cm.

Além disso, precisamos lembrar que a África é um continente imenso, com 54 países e, assim como o continente americano ou o europeu, possui uma vasta variedade de tradições, idiomas, culturas, climas, vegetações, povos e realidades.

Temos que concordar que falar de qualquer coisa em relação a África neste tom reducionista é como resumir a América pelos Estados Unidos.

Sem conhecer muito, baseados naquilo que nossos livros de história nos apresentaram, muitas vezes falamos de cultura africana sem perceber que, na realidade, não existe uma cultura única na África – ainda bem, porque é tanta riqueza em cada uma delas, que muita coisa se perderia se fosse assim! Quando você percebe que na realidade são mais de 1 bilhão de pessoas e cerca de 3 mil grupos étnicos, não dá para imaginar muita uniformidade.

Acontece que a África (o continente!) nos foi (im)posta como um lugar tão distante e tão impossível de chegar – e também tão desinteressante -, que toda a má reputação que ganhou ainda é muito viva em nós. Visualizamos em nossas mentes apenas um lugar sem conserto, tomado pela miséria, onde corvos aguardam a morte de crianças para devorá-las.

Não posso negar que muitas pessoas ainda morrem por falta de comida, medicamentos e água em muitos lugares do continente. Mas a África não vive só de pobreza, safaris e tambores.

Em Moçambique, uma pequena porção da Terra-Mãe, convivemos com um povo que não cansa de trabalhar e lutar por uma vida melhor, seja nos grandes centros ou nos distritos do interior, nas pequenas propriedades rurais familiares ou nas grandes empresas (estrangeiras). Por aqui, em muitos lugares já chegou a energia, o computador, a internet e até o Facebook. Em outros, é claro, a televisão ainda é novidade e carro é coisa para criança curiosa correr atrás.

No local onde vivo, norte de Moçambique, os recursos são realmente poucos. Mas isso não acontece porque é um lugar esquecido ou castigado por Deus.

A precariedade na alimentação, na saúde, na educação e na habitação aqui é resultado de um sistema corrupto, que vende medicamentos já pagos com recursos estrangeiros e literalmente come multas de trânsito, impostos e contribuições sociais.

Apesar disso, sabemos que o trabalho diário de cada moçambicano é regado pelo sonho e pela crença de um país melhor. A esperança é o grande ânimo deste povo, em um contexto de mudanças rápidas, cheio de inovações e estranhezas de uma África cheia de novidades e diferenças.

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