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Papel da família na educação

 

Sueli Ghelen Frosi, da Escola de Pais do Brasil, afirma que pais e mães sempre são educadores e que devem ser parceiros da escola, para a humanização dos filhos. Os filhos são educados pela linguagem, pelas emoções, pelo respeito e pelos exemplos.

Com uma trajetória de mais de 30 anos na Escola de Pais do Brasil, Sueli afirma: “nossos filhos não nascem humanos; nós os humanizamos. Os pais dentro da escola tem um papel educador na família e devem ser parceiros da escola”.

Fundada no ano de 1963, a Escola de Pais é uma instituição particular, voluntária e gratuita, que está aberta a todos os interessados na educação e orientação de jovens e crianças. Tornou-se uma instituição a serviço da família. Está aberta a pais e educadores de qualquer etnia, condição social, credo político, religioso ou nível intelectual.

Sueli Ghelen Frosi é também escritora, membro da Academia Passofundense de Letras e colunista de jornal em Passo Fundo, RS. Colabora com o site e já tem seis artigos publicados no mesmo.

Em artigo Família saudável: sonho ou realidade?, a autora defende que “as famílias felizes têm a concepção de que é bom tocar, de que é bom abraçar, de que é saudável mimar-nos e mimar aos outros. São famílias amorosas, que distribuem todo o carinho que recebem e, sabiamente, generosamente, transcendem seus lares, transmitindo para a sociedade o que vivem.

Devemos parar de olhar para os problemas das famílias, que erroneamente chamamos de desestruturadas, por que todas elas têm uma estrutura, para investigarmos por que as famílias felizes conseguem driblar tão bem o consumismo, os vícios, conseguindo ser tão gentis e humanamente produtivas”.

Família saudável: sonho ou realidade?

A menina tímida

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Cleide é dona de casa, esposa e mãe dedicada,
gosta de escrever e contar histórias do seu povo.
Dessas mulheres que crescem e
não perdem o encanto de ser menina.
Menina peralta, travessa, daquelas que gostam de poetizar
embaixo de pés de cajueiros ou no meio do milharal.

 

Cleide Paiva é uma mulher-menina tímida e que mora no meio do nada, ou melhor, no meio do mato, onde a gente respira o cheiro das folhas do baobá e o se encanta com o canto do sabiá no terreiro de casa. Cleide é dona de casa, esposa e mãe dedicada, gosta de escrever e contar histórias do seu povo. Dessas mulheres que crescem e não perdem o encanto de ser menina. Menina peralta, travessa, daquelas que gostam de poetizar embaixo de pés de cajueiros ou no meio do milharal.

Eu conheci Cleide numa tarde de poesia cheia de verde e canto de passarinhos. A sua fala simples, seu jeito tímido, suas mãozinhas de princesa logo me encantaram.

Ela me disse que estava fazendo um muro para a sua casa. Mas, antes precisava fazer os tijolos. Aquelas mãozinhas que à noite pegam na caneta para escrever poesias também fazem tijolos e logo senti a poesia dos tijolos de Cleide ao ver seu muro de tijolos de barro vermelho. Em cada tijolo, pode-se ler uma poesia, uma história de luta, uma batalha, um desejo de vencer.

Há pessoas que escrevem em computadores, Cleide escreve num caderninho simples em cima de uma mesa de madeira com quatro cadeiras diante de um fogão a lenha.

As panelas, os pratos, os talheres, as paredes da sua casa tudo tem poesia. Até no silêncio dos filhos e do marido a gente encontra poesia com aqueles sorrisos de gente do mato que sabe lidar com bichos de todas as espécies.

Cleide cria gatos, muitos gatos, diversos gatos, gatos de montões… gatos de todas as cores e tamanhos. Segue abaixo três textos que selecionei de Cleide para vocês apreciarem a sua escrita simples e cheia de poesia. Boa leitura!

 

A gatinha abandonada
Cleide Paiva

Um certo dia, uma gatinha foi abandonada pela a sua mãe desnaturada, no meio da floresta. De tanto andar sem saber para onde ir acabou presa em um buraco. Ela era pequenina e indefesa, ainda estava aprendendo a andar. Era branquinha com pintas pretas. Linda!

De repente, um menino ouviu um miado que vinha de dentro do mato, muito curioso foi olhar. Chegando lá encontrou a gatinha miando presa em um buraco, tentou tirar, mas foi em vão. O buraco era profundo.

Desesperado, o menino correu em sua casa e avisou para a sua mãe. A família se reuniu e todos foram tentar salvar a gatinha.

Depois de muita luta conseguiram resgatá-la. A gatinha ganhou um lar e o nome de Belinha. Hoje ela vive feliz e rodeada de crianças.

 

O pintinho rejeitado
Cleide Paiva

Era uma vez um pintinho que vivia sozinho com a sua mamãe. Um dia a dona que o criava morreu. Então, deixou a pobre galinha sozinha com o seu pintinho. Veio a malvada raposa e comeu a galinha deixando assim o pintinho sozinho.

Uma mulher que morava perto pegou o pintinho para cuidar sem se dá conta que tinha uma menina peralta em casa.

Numa tarde ensolarada, a menina com ciúmes do pintinho, porque a mulher dava mais atenção para ele, pegou o pintinho e amarrou num pé de manga distante de casa e nunca mais o bichinho viu ninguém.

 

O bode e a menina travessa
Cleide Paiva

Era uma vez uma família que morava em um sítio e ali criava-se de tudo: pato, peru, guiné, galinha e bode.

O casal tinha uma filha muito travessa. A menina mexia em tudo, nada ficava quieto quando ela estava por perto.

Uma certa manhã, chegaram alguns vizinhos na casa da família e os pais da menina tiveram que dá atenção às visitas. A menina muito travessa aproveitando o descuido dos pais, saiu e foi brincar com o bode.

A menina chegando ao quintal pegou os chifres do bode e foi puxando. O bode se irritou com a menina e deu-lhe um empurrão na barriga. A pobre menina foi jogada distante. Caiu gritando e chorando. Quando os seus pais chegaram levantaram-na do chão.

E para evitar que a mesma cena se repetisse o pai resolveu vender o bode.

 

 

Saída para os problemas brasileiros é pela política

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Evoluímos, minha gente!
Hoje a força de luta dos trabalhadores é a organização,
a educação e o constrangimento moral de quem
ainda se coloca contrário aos interesses e direitos
da maioria do povo brasileiro.

 

Professores e professoras, funcionários públicos, estudantes, advogados, profissionais liberais, trabalhadores e trabalhadoras das diferentes categorias de nossa cidade Passo Fundo ensinaram, a partir das ruas, que lutar também ensina. O mesmo aconteceu em pequenas, médias e grandes cidades deste país.

Ensinaram, principalmente, aqueles que não podem ou não estão na luta (por diversas razões), sobretudo, aqueles que não lutam por medo de perder seu emprego. A causa é de todos: a defesa dos direitos trabalhistas e sociais que vem sendo duramente atacados pelas reformas do governo ilegítimo do Temer.

Emocionante ouvir o coro de centenas ou milhares de manifestantes gritando para quem tinha ouvidos para ouvir: “Aqui está o povo sem medo, sem medo de lutar”.

Este movimento de resistência conseguiu paralisar a movimentação de pessoas e mercadorias, fazendo com que os coletivos urbanos ficassem durante o dia nas garagens e as portas do comércio fechassem por alguns minutos ou horas.

Clip chamando Greve Geral do dia 28 de abril. Vale a pena assistir.

 

Quem acusa o movimento legítimo e organizado pelos sindicatos e movimentos sociais de nossa cidade e de nosso país de usar táticas de guerrilha mente para a população e desrespeita a importância de movimentos mais radicalizados que os trabalhadores faziam na década de oitenta e noventa paralisando os ônibus e o comércio quebrando-os ou obstruindo a sua passagem na marra e na força física.

Evoluímos, minha gente! Hoje a nossa força de luta é a organização, a educação e o constrangimento moral de quem ainda se coloca contrário aos interesses e direitos da maioria do povo brasileiro.

Não tivemos episódios de agressão, nem vidros quebrados e nem ônibus danificados.

Renovo esperanças no protagonismo de todos os cidadãos e cidadãs brasileiros, auxiliados por políticos que ainda saibam valorizar e articular as forças populares para governar nosso querido Brasil.

A saída para os problemas brasileiros é pela política, que se traduz na cidadania ativa das pessoas e no poder de organização dos coletivos que se dispõem a ajudar a dar rumos de uma nação. Passa também pelo fortalecimento dos partidos que, historicamente, estiveram em defesa dos interesses da classe trabalhadora.

Em outro texto publicado em site, pergunto: “demonizar a política não é justamente condenar toda a sociedade à ditadura dos pensamentos únicos e instrumentalizados como a Justiça? Quem reinará num mundo sem política? A quem nos dirigiremos para resolver os problemas da coletividade?
Veja mais.

 

 

Sobre baleias e grandes peixes

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Nossos meninos e meninas se mutilam,
e até chegam ao suicídio seguindo a Baleia Azul.
Quais mudanças no mundo estariam
afetando as aventuras de nossos novos heróis?

 

Ismael se aventurou nos oceanos para caçar Moby Dick. Santiago enfrentou um mar imenso para fisgar um Merlin e mostrar para seu discípulo Manolin como era um mestre pescador.

Nossos meninos e meninas se mutilam, e até chegam ao suicídio seguindo a Baleia Azul. Quais mudanças no mundo estariam afetando as aventuras de nossos novos heróis?

O Programa “De bem com a vida” apresenta: O Jogo da baleia azul – 13 Razões e a responsabilidade dos pais.

 

O homem é animal costurado por desafios. Deixou a caverna para caçar nas florestas e descobriu continentes desbravando oceanos. Coisas óbvias desse bicho inquieto. E é na juventude que este desejo aflora com força maior.

Graças aos jovens, o mundo se renova na busca do desconhecido ou um jeito inédito de fazer o já feito. Não deveriam os nossos jovens seguirem os instintos de nossos antepassados?

A literatura, em sua construção simbólica, projetou o desejo humano pela superação de seus limites. Temos heróis adultos como Santiago e Ismael, ou crianças e jovens como Peter Pan, Alice, Doroti, Chapeuzinho Vermelho, João e Maria. Eles sobreviveram para contar suas histórias.

É importante observar, que quando o aventureiro é uma criança ou jovem, sempre há adultos por perto com seus conselhos (mãe da Chapeuzinho), ou intervindo na história num momento crítico (uma fada).

Essa dimensão humana ensina: é dos adultos a tarefa de mostrar aos mais novos como pescar baleias e grandes peixes saindo vivos de qualquer aventura. Isso se faz com afeto, presença, ouvidos e corações abertos aos jovens.

Se buscar aventuras é próprio de nossa natureza humana, se nossos filhos já não voltam íntegros de suas experiências, se não temos dúvidas de que cabe aos adultos acompanhar as crianças nessas descobertas, o erro não pode ser deles.

Como qualquer homem ou mulher de qualquer tempo, apenas atendem ao chamado da Baleia ou de um grande peixe. Não é assim que consolidados nossa espécie como superior aos demais seres do mundo? Assim, também, seguirão fazendo os jovens pelos séculos dos séculos.

Será que nossa velhice nos fez esquecer do papel de nossa responsabilidade: ser mestres, mediadores e exemplos?

Ritual da Baleia Azul – Blue Whale (Pacto de Suicídio), de Markin Carvalho. Alerta aos jovens de forma descontraída.

 

 

Fé, religião e espiritualidade

 

Eu tenho fé numa religião que fomenta
a espiritualidade da justiça, paz e ecologia.
E você?

 

Os filósofos se agitam em ver distinções onde o senso comum enxerga confusamente. Uma dessas confusões é sobre os três conceitos que compõem o título desse artigo. Seguimos o método esquartejador, por partes.

Fé é um ato de crença, confiança e entrega que se deposita em alguém ou num conjunto de verdades reveladas.

Antes de pensarmos na fé como fé em Deus, é fundamental pensar a fé na dimensão puramente humana.

Fé humana ou antropológica é o que move o filho a se jogar do terceiro andar do prédio, em meio à fumaça que lhe impossibilita ver, mas ouve a voz do pai que lhe diz: “joga-se meu filho, eu sei que tu não me vês, mas eu te vejo”. E o filho se joga. Pascal dizia que é “a fé é um salto no escuro”. Nada mais apropriado.

Fé é aquela atitude de confiança naquilo que não vemos e não temos certeza absoluta. Há um risco no ato de crer, impossível de ser redimido, apesar das evidências que nos dão alguma segurança. A mulher ama o marido e o marido ama a mulher e reciprocamente fazem juras e promessas de amor e se dão provas de amor. Contudo, permanece o risco. A palavra pode enganar e a obra e o gesto podem esconder intenções falsas. Mesmo assim, um crê no outro. É preciso crer no amor, dizia Kierkegaard.

Sem fé, a vida seria impossível.

Toma-se o ônibus e é necessário crer que o motorista não seja um terrorista e jogue os passageiros no precipício. Vai-se ao restaurante e tom-se a comida sem que alguém, previamente, teste se a comida não contém veneno etc. Os exemplos são infinitos.

O contrário da fé, não é a descrença, mas o medo e a paranoia. Desconfiar de todos e de tudo, eis o paranoico que vive a síndrome do medo. Lá onde a fé falha, instaura-se o medo e a paranoia que vê perigo e inimigos por todos os lados. Que triste uma vida sem fé!

“Os sem religião e a espiritualidade não religiosa”.

 

Quando a fé é a confiança e a certeza, sem a prova cabal, em Deus e nas suas promessas, então a fé passa da dimensão antropológica para a dimensão transcendente e teológica.

A fé religiosa não é, ainda, sinônimo de religião, pois mesmo sem religião é possível continuar crendo e confiando em Deus na solidão do seu eu.

E aqui vale o mesmo da fé humana e antropológica, com um agravante, a Deus ninguém viu e, por isso, a fé é ainda mais arriscada.

Religião, por sua vez, é a forma humana de organizar a fé em Deus. A religião é estrutura, organização, doutrina, hierarquia, moral e ritualização do ato de crer. Quando os que creem no mesmo Deus seduzem um ao outro, temos então a religião, forma coletiva de pensar e viver a própria fé.

Retratos de Fé apresenta a múltipla pertença religiosa, que consiste na prática simultânea de diferentes religiões.

 

Espiritualidade é a viver segundo um espírito que anima a vida. Quem tem fé no outro e tem fé em Deus, de per si, tem espiritualidade. Mas isso não significa que espiritualidade seja sinônimo de fé e de religião. É possível uma espiritualidade laica e até ateia com legitimidade e com integridade.

Viver segundo um espírito, eis o que é espiritualidade.

Ora, uns vivem segundo espírito da competição e da indiferença, típica do capitalismo. Outros sob o espírito do medo e da desconfiança. Outros, e não raro, sob o espírito da confiança, da solidariedade, da harmonia e da paz.

Outros, ainda sob o Espírito Santo de Deus que faz irromper o medo e enfrentar os poderosos, fazendeiros com seus jagunços, golpistas com seus tentáculos de poder, imperadores com seus exércitos e arenas com seus leões etc.

Fé, religião e espiritualidade. Eu tenho fé numa religião que fomenta a espiritualidade da justiça, paz e ecologia. E você? Namastê!

O pastor evangélico André Kivitz relata um caso envolvendo os jogadores do Santos F.C. No caso, os jogadores não desceram do ônibus porque a instituição de caridade para a qual estavam levando presentes para crianças com paralisia cerebral era espírita. Faz, então, uma importante reflexão sobre o episódio, que vale a pena conhecer. “O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância”. Veja mais.

 

Todo mundo quer ser mulher?

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Na cidade onde você mora mais da metade da população é formada por mulheres. Engraçado, todas as representações da Câmara de Vereadores são homens.
A única mulher que aparece é a que serve o cafezinho.
E aí, você ia querer ser mulher numa sociedade como esta?

 

Você saiu de casa para ir trabalhar. Está no ponto de ônibus.
Alguém passa de carro, diminui a velocidade e baixa o vidro.
O carro passa. Você mexe no celular.
O carro passa novamente, em velocidade ainda mais baixa.
A pessoa que dirige olha fixamente para você. Você não a conhece.
O carro passa.
Volta a mexer no celular, quando é surpreendido pelo mesmo veículo.
A pessoa que dirige começa a sorrir e falar que tipo de situações sexuais gostaria de viver com você.
O ônibus chega antes da próxima situação acontecer.
Você agradece ao deus que acredita (por ter paciência e pela história ter acabado aí) e entra no ônibus.
Trabalha dois turnos. Está cansado. Quer ir para casa.
Lembra que precisa ir ao mercado.
Você está de vestido, escolhendo tudo que precisa levar para casa.
Uma pessoa se abaixa para pegar um produto e espia embaixo do seu vestido.
Não uma, nem duas, mas várias vezes.
Você está cansada, prestando atenção nas suas compras, sequer percebe a atitude do cidadão.
Ele mexe nas calças, parece estar incontrolável.
Você termina suas compras, vai para casa.
Dorme. Mais um dia de trabalho.

No Rio Grande do Sul, uma mulher é agredida a cada 20 minutos.

 

Você escuta do chefe que pode ser que eles não contem mais com você no quadro da empresa.
Ele deixa claro que você já não é mais nenhuma mocinha e que carteira suja só não é pior que mulher passada.
Diz que ao menos você não engravida mais então a próxima empresa não precisa se preocupar.
Ri e encerra dizendo pra você não se preocupar, porque ainda dá um caldo.
Você chega no outro emprego. Tem reunião.
Você pede sua vez de falar, todos se inscrevem para fazer sua intervenção, mas na sua vez o seu colega acha que pode fazer adendos e mais adendos e quando você insiste em terminar de falar, ele começa a falar mais alto para abafar o que você diz.
Você é especialista no assunto, estudou muito tempo, mas o seu colega que não entende do assunto acredita que tem uma solução melhor.
Todos concordam com ele. É coisa de homem, dizem.
Você está esgotada. Vai embora.
Chega em casa e todo o serviço doméstico está por fazer.
Você faz tudo enquanto seu companheiro faz suas tarefas pessoais, pois acredita que limpar a casa não é tarefa para quem mora na casa, mas para você.
Termina o serviço e liga a TV na sessão plenária, quer acompanhar a política da sua cidade. Na cidade onde você mora mais da metade da população é formada por mulheres. Engraçado, todas as representações são homens.
A única mulher que aparece é a que serve o cafezinho.
E atrás do cafezinho, e apenas ali, está Ela.
Única guerreira no meio de tantos.
Parece que as coisas mudaram mas nem tanto nos últimos séculos.

 

Em outro artigo, a autora reflete sobre a questão da cultura do estupro no Brasil:
“Os brasileiros fazem questão de perpetuar a cultura de estupro, que nada mais é que o fato de tirar o foco do criminoso e colocar na vítima.
Seissentos segundos. Esse é o intervalo entre um estupro e outro no Brasil. A cada dez minutos uma pessoa é violentada sexualmente no nosso país. Esses dados assustadores foram declarados pelo estudo mais recente do Ministério da Justiça, que aponta que 50 mil mulheres são estupradas por ano no Brasil. Veja mais aqui.

 

O telefone toca, é uma pessoa que você mal conhece
Ela quer saber se seu companheiro está com você antes de falar.
Você diz que não faz diferença.
Para a pessoa que liga, se você não está acompanhado naquele momento, faz diferença sim.
E você está dando abertura para ela falar o quanto tem desejos sobre você.
Mesmo você nunca querendo causar esses desejos e pouco se importando com quem ligou.
Mas claro, se estivesse acompanhada merecia respeito.
Sozinha nunca merece.
Existindo nunca merece.
Bem na verdade, parece que nunca merece.
Em situação nenhuma, em lugar nenhum, com roupa nenhuma.
Isso é ser mulher.
Todo dia, de uma forma tão frequente, acabamos naturalizando todo tipo de barbaridade que a sociedade nos submete.
E aí, você ia querer ser mulher numa sociedade como esta?

A trajetória política da bióloga, botânica, tradutora e educadora responsável pelas conquistas dos direitos civis das mulheres brasileiras contada por quem a conheceu. 

Cata-ventos-conhecimento

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Uma vida vale pela empreitada que lhe dedicamos. Um projeto de conhecimento vale pela sinergia, pelo entusiasmo e pelo engajamento pessoal e coletivo que o mesmo consegue despertar.

Nossa website é uma construção que envolve a dinâmica dos cata-ventos: sempre abertos a possibilidades de interação e integração dos saberes e sabores que vem da vida e da natureza. É uma construção feita por muitas mãos. Nasceu do desejo e da necessidade de comunicar conhecimentos e reflexões que se importam com a construção de um ser humano mais colaborativo e solidário e um mundo mais humanizado.

Desde final de 2014 fazemos deste um espaço de intensa e respeitosa colaboração, vinda daqueles que se somam, convidados para contribuir com a afirmação da humanização. Humanizar-se é o maior desafio humano, mediado pelo conhecimento crítico, construtivo e plural.

A ignorância atrofia o ser humano. O conhecimento o liberta. A ignorância prende uma alma humana. O conhecimento libera as almas para sonhar e buscar possibilidades de plena realização. A ignorância embrutece as pessoas. O conhecimento as humaniza, tornando-as melhores seres humanos.

A contribuição solidária e interessada é o alicerce de nossas publicações. Fazemos grande esforço, estudo e dedicação para agregarmos elementos que resultem numa leitura mais interessante, prazerosa e dinâmica utilizando imagens, destaques de textos, links de outros conteúdos, vídeos.

Os cata-ventos inspiram permanentemente a nossa imaginação, as nossas ousadias e a nossa criatividade.

Queremos promover conhecimentos que geram humanização em processos abertos e dialógicos. Continuaremos apostando que a vida se faz em movimentos e que as relações interpessoais são ricas oportunidades de aprendizagem para todos os seres humanos.

A vida se faz da graça, dos sabores, dos amores e das cores que todos, e cada um de nós, decidem cultivar e aproveitar.

Vida longa a todos os que acreditam que podemos ser melhores, a partir dos conhecimentos que geramos e que deixamos gerar!

Como nos tornamos humanos?

Nosso maior palco é a vida e nela somos eternos aprendizes. Nosso maior desafio é a humanização, através do conhecimento. O conhecimento nos torna melhor seres humanos. A escola e a vida são oportunidades de aprendizagem, socialização e construção de conhecimentos. Humanizar é um dos maiores desafios da atualidade.

Nei Alberto Pies, professor, escritor e ativista de direitos humanos propõe mudanças substantivas para atingirmos a humanização.

 

Créditos
Composição da trilha: Bruno Philippsen
Gravação: Dom Rodolfo Estúdio

Programas de Pós-Graduação da UPF: 20 anos de atividades

Formação qualificada, estrutura adequada e internacionalização
marcam as ações ao longo de duas décadas de história
das pós-graduações da UPF.

 

Em seus 48 anos de atuação, a Universidade de Passo Fundo (UPF) ampliou e qualificou a formação da comunidade por meio dos programas de pós-graduação. Com 61 cursos de especialização, 15 mestrados, 6 doutorados e 9 estágios pós-doutorais, a Instituição se consolida na produção do conhecimento, atuando de forma direta no desenvolvimento e no progresso regional e nacional. Em 2017, várias atividades celebram os 20 anos na caminhada pela excelência na pesquisa. Em maio, a Instituição abre os processos seletivos para mestrados e doutorados, e, em junho, para as especializações.

Em 2010, a UPF contava com sete programas de pós-graduação e um curso de doutorado. Segundo o vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Leonardo José Gil Barcellos, essa expansão somente foi possível pela ousadia da primeira turma de pós e também de doutorado, propostas e executadas pela Faculdade de Agronomia, que, neste ano, celebram os 20 anos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia e os 40 anos do Programa de Pesquisa em Aveia (PPA).

Para Barcellos, uma universidade é medida, também, pela grandiosidade de seus programas de pós-graduação. Em sua opinião, o stricto sensu é a excelência e a inovação na educação em todos os níveis, constituindo a base da pesquisa institucional, culminando na formação de profissionais qualificados.

“A existência do stricto sensu faculta à Universidade a possibilidade de oferecer formação diversificada nas diferentes áreas, num contexto integrado com todos os níveis de ensino e todas as dimensões transversais da Instituição. Nessa matriz, o ensino deixa totalmente de ter um caráter linear e estanque e passa a ser multidimensional e continuado, em um contexto em que não vemos pedaços ou partes isolados entre si, mas sim a sequência orgânica e a interação estreita entre seus componentes”, destaca.

 

Novo prédio para o PPGEdu

Como parte das comemorações, no dia 26 de abril, professores, alunos e a comunidade acadêmica prestigiaram a inauguração do novo prédio do Programa de Pós-Graduação em Educação, que também completa 20 anos de atividades.

Com uma estrutura moderna e pensada para a produção do conhecimento científico, o novo espaço vai ampliar as ações que são desenvolvidas e tem como foco também a aproximação ainda maior com a comunidade.

Para o reitor, José Carlos Carles de Souza, a ampliação reforça o compromisso da Instituição com a qualidade dos cursos que oferece e demonstra que o trabalho conjunto realizado pela Universidade tem trazido resultados importantes.

“Dentre seus muitos projetos, a UPF tem se dedicado a qualificar a pós-graduação, garantindo estrutura adequada para a produção do conhecimento. É com satisfação que entregamos uma área digna da importância do seu espaço. Essa construção demandou um trabalho muito grande da equipe de coordenação do Programa e da Unidade, mas também da Universidade, no sentido de viabilizar os recursos e de buscar as verbas para essa ampliação. Para nós, isso é fundamental quando olhamos para o futuro”, disse.

O primeiro vice-presidente da FUPF, professor Alexandre Nienow destacou o comprometimento de todos para que a nova estrutura pudesse ser utilizada pela coletividade.

“A trajetória de um Programa de Pós-graduação não se inicia a partir da sua criação, mas muito antes, em decorrência da dedicação e o comprometimento dos professores, alunos e funcionários em trabalhos de excelência no ensino, pesquisa e extensão”.

Na comemoração dos 20 anos do PPGEdu, o prédio da pós-graduação é o coroamento dessa trajetória, concebido e construído coletivamente pela Faculdade de Educação, o PPGEdu, a UPF (reitoria e vice-reitorias) e a Fundação Universidade de Passo Fundo , envolvendo os diferentes setores da Instituição”, pontuou.

 

Inscrições abrem em maio

Os programas de pós-graduação stricto sensu abrem suas inscrições a partir do dia 02 de maio. Abaixo, a lista dos que serão oferecidos.

  • Programa de Pós-Graduação em Bioexperimentação (PPGBioexp) – 08/05 a 02/06
  • Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCiamb) – 22/05 a 20/06
  • Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) – 02/05 a 02/06
  • Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano (PPGEH)– 02/05 a 16/06
  • Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) – 02/05 a 20/06 para o Mestrado e até o dia 28/06 para o Doutorado
  • Programa de Pós-Graduação em Projetos e Processos de Fabricação (PPGPPF) – 02/05 a 30/06

 

Fotos: Leonardo Andreoli
Assessoria de imprensa UPF

Impermanências

 

Werther Brado estava na ponte da vida. Não seria a hora de se jogar?
Assim tão pobre de alegria, de amigos e de vivências abortadas,
não teve outra opção senão dar tempo ao tempo.

 

Ao final do dia, como sempre, Werther Brado deparou-se com a solidão. Descobriu que ela, veladamente, o acompanhava dia a dia. Até então, jamais dera importância ao fato. A diferença é que, nesse dia, ela veio tão forte, contundente e furiosa, que o deixou profundamente prostrado.

Seguindo a rotina, após um intenso dia de trabalho, foi à praia. Feito um condor cercado de vazio, Werther procurou acomodar-se no alto de um rochedo. Enquanto admirava o pôr-do-sol e o voo dançante dos pássaros, ruminava seus pensamentos em torno dos sentidos da vida.

Como a paisagem era confortável e desafiadora, descobre que algo inusitado estava acontecendo. Quando vê, chora contaminado de silêncio e melancolia. Pareceu-lhe que o silêncio era um todo e a melancolia sua grande e fiel companheira.

Pensamentos iam e vinham. Então lembrou das mazelas vividas na juventude. Eram pensamentos idos e vividos. Experiências arriscadas sob o fio da navalha. Não pôde brincar com o tempo. Ele passava célere, corroendo as almas de dentro e de fora.

Foi a tempo de sentir no rosto o toque da brisa leve e fresca. Parecia o carinho da amada. Enquanto olhava sua imagem refletida no espelho d’água, uma onda de recordações começou a retumbar contra sua cabeça.

Werther perguntou:
– Quem sou eu? O que faço aqui? Aonde vou?

O silêncio, o mar e o rochedo nada responderam. O desespero veio forte, certeiro e contundente como a pedra de Davi. Werther Brado estava na ponte da vida. Não seria a hora de se jogar? Assim tão pobre de alegria, de amigos e de vivências abortadas, não teve outra opção senão dar tempo ao tempo. E tudo ficou escuro e fantasmagórico. Clareado o dia, respirou profundo e, convicto, disse a si próprio:
– Tudo é impermanente, Werther! Isso também vai passar!

 

Conheça mais sobre o autor e seus contos, assim definido pelo professor Dr. Juliano Tonezer da Silva:
“Por fim, para o encantador de leitores, eu elencaria três sinônimos: mágico, pois seus contos, lendas e causos nos deixam maravilhados; cativante, pois suas histórias nos deixam fascinados; e, magnífico, assim como são magníficas suas Histórias Preciosas”.
Veja mais.

 

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