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Lula e o lugar da política

Está em curso no Brasil um movimento de afirmação da não-política. A não-política caracteriza-se como alternativa à política, com o uso de métodos de racionalidade burocrática, através da mera aplicação das leis e regulamentos, como solução para os problemas do coletividade. A quem interessa a desconstituição da pólis e da política? Se as decisões não forem tomadas pela pólis, na res-pública, serão tomadas por quem?

A democracia, “embora frágil, complexa e cheia de contradições, combina a participação direta com a representação e, sendo assim, não é perfeita e não segue lógica da racionalidade burocrática”. Ocorre que, neste último período, recente e conturbado, a política esteve ausente deste país; as grandes decisões foram emperradas por imbróglios jurídico-burocráticos, gerando estagnação econômica, além de uma grande paralisação das forças vivas e ativas da sociedade. Sofremos, em meio a crises de toda a espécie, a crise da política, representada pela desconfiança generalizada em quem a exerce.

Quando estudei filosofia, aprendi, dentre muitos outros ensinamentos, que o ser humano é um animal político (Aristóteles). É um animal político porque precisa de coisas e precisa dos outros para completar suas carências e imperfeições. Para o sábio grego, o lugar para a realização desta dimensão humana é a pólis (cidade), a partir do uso da razão e dos argumentos.

A política deve ser exercida pelos mandatários, eleitos para tal (poder de sufrágio, garantido pela Constituição Federal), na forma da democracia representativa e pelo povo, na democracia direta (todo o Poder emana do povo e em seu nome será exercido). A política, definitivamente, no meu entender, deve ocupar seu lugar: não pode ficar refém do mercado (economia) e tampouco refém apenas da racionalidade burocrática, operada unicamente por alguns representantes do Poder Judiciário brasileiro. Atente-se que o papel do Poder Judiciário é importante, mas é outro.

Este movimento da não-política, perigoso demais, foi evidenciado nas últimas manifestações realizadas no país no dia 13 de março de 2016. O seu perigo iminente e incessante é sufocar a participação popular organizada, criminalizar os movimentos sociais e ridicularizar e debochar de todos os políticos em atividade neste país, indistintamente, inclusive daqueles que são sérios e que fazem da atividade política um serviço à sociedade, como na pólis grega.

O movimento supra citado, ainda operante no Brasil, sofre importante derrota com a corajosa decisão do ex-presidente Lula assumir novos protagonismos na política brasileira. Lula, com corajosa decisão de integrar o governo Dilma vira uma página para abrir outras. O que virá depois ainda não sabemos, mas o fato é que a seara da política sobreviveu neste país e que o caminho para a solução dos problemas da coletividade passarão, necessariamente, pelo exercício permanente das escolhas democráticas que envolvem os distintos interesses de uma sociedade heterogênea como a nossa. Lula, como a maioria dos brasileiros, sabe que é preciso conciliar interesses internos, promover a soberania política e econômica, respeitar as leis deste país e promover um conjunto de iniciativas que tirem o Brasil da imobilidade política e econômica.

A força política de Lula ainda inspira e move milhões de brasileiros. Leonardo Boff, teólogo, há dias atrás, manifestou, em carta, que Lula deveria mesmo ser ministro. Assim escreveu, dentre outros argumentos: “o interesse da nação está acima de sua trajetória política pessoal. Com você na condução da negociação política, estaremos seguros de que aí estará alguém que, com autoridade e força de convencimento, ajudará a conduzir a uma solução política e social que salve a nossa frágil democracia e garanta a continuidade das medidas sociais humanizadoras”.

Mesmo os que não gostam de Lula reconhecem inegável habilidade através da qual Lula conduziu este país. É seguramente um dos líderes mais inteligentes e astutos do país e do mundo. Quando aceita ser ministro de Dilma, em meio a uma séria crise política e institucional, sem nenhuma garantia de que não será preso (foro privilegiado não significa necessariamente escapar da prisão) ou mesmo de que o Governo que irá compor não sofra um processo de impeachment (embora inexistam provas contra a Presidente, se obtida a maioria dos votos do Congresso o impedimento poderá ocorrer), consegue realocar os cenários das decisões políticas: da circunscrição de um magistrado para um governo eleito democraticamente, ou seja, coloca a política no lugar da política.

Tenho consciência de que ele, sozinho, não devolverá ao país o verdadeiro significado de democracia: poder do povo. Na defesa da política e da democracia, milhares e milhões irão somar-se a Lula novamente. Luiz Inácio Lula da Silva, cidadão brasileiro e ex-presidente da República que acaba de ser ministro no governo da Presidenta Dilma em seu segundo mandato, recoloca no Brasil, o lugar da política.

O que está em jogo no Brasil é muito sério, pois ao golpear a democracia e o Estado de Direito, querem acabar na força e na marra (aos atropelos do devido processo legal e formal) com o governo da Presidenta Dilma. A classe média, aliada a poderosas redes de comunicação, a partidos de oposição e a uma parcela do Judiciário tenta reescrever a história com um novo e derradeiro golpe à democracia. Em Poeminha do Contra, Mário Quintana novamente nos inspira: “todos estes que estão aí, atravancando (nossos caminhos democráticos)/eles passarão. Nós passarinhos!”

Mundo mulher

Desenho de Álvaro Cunhal

Mulher, teu mundo precisa ser conhecido como ele é.
Revela-te com toda intensidade e jamais aceite ser repreendida por isso.
Que teus cabelos soltos ou ondulados sejam a expressão mais pura da tua liberdade.
Que as tuas palavras expressem a riqueza que teu coração conserva e guarda.
Que teus gestos e ações sejam a expressão da tua originalidade e do teu jeito de ser mulher.

Imagem: Desenho de Álvaro Cunhal

Ódio a um partido

A cada dia me admiro mais com o ódio ao PT e os demais da tão mal falada esquerda que lutou por direitos como os trabalhistas, aqueles que nos garantem vida digna a todos. As pessoas escolhem um partido para torná-lo “do mal” e desconhecem os objetivos mais subliminares que existem por trás de tantas críticas destrutivas e, muitas vezes, descabidas. A crítica que vale é aquela que constrói, agrega, ajuda, faz melhorar. Criticar por criticar não vale mais no mundo de hoje. Não resolve os problemas da cidadania e nem os problemas da política. Sem esquecer dos que criticam pelo que ouvem da mídia. Meros absorvedores de informações. Não checam, não aprofundam, não aprendem, não compreendem nem o que defendem nem o que criticam.

Se for comprovado que Dilma é corrupta que pague por isso, assim como todos os demais políticos de todos os demais partidos devem pagar. Agora não venham me dizer que só um partido e um governo até hoje foi corrupto. Se fosse assim estaríamos vivendo um sonho. Acabaríamos com o PT, com a política e no outro dia amanheceríamos sem corrupção.

A corrupção vai muito além da política e está presente no nosso cotidiano. Ela existe quando você declara à Receita menos do que ganha para não pagar imposto de renda. Quando não dá recibo dos serviços que presta. Quando tem um apartamento valioso e declara que ele vale três vezes menos para não pagar imposto. Quando vai no INSS e mente para conseguir auxílio-doença. Quando contrata um empregado e não assina a carteira de trabalho. Quando vai ao supermercado e a caixa te dá troco a mais e você não devolve. Ou nos furões das filas de bancos e shows.

A corrupção existe, é praticada no cotidiano e, talvez, sempre existirá, pois é da natureza humana corromper-se.

Precisamos é defender o que acreditamos. Se o plano de governo, a plataforma de defesa de um partido condiz com que tu acreditas, este será teu partido. Você pode ser simpatizante ou filiado. Tanto faz. O que importa é o envolvimento.

“Eu odeio política” não serve mais. É preciso engajar-se. Se as coisas estão como estão é porque o povo deixou acontecer e o povo tem o livre-arbítrio de escolher em quem votar.

Envolva-se! Acompanhe o vereador que você escolheu na sua cidade. Veja se ele está trabalhando, se cumpre seu papel. Investigue seu deputado estadual e o federal. Confira quais leis aprovou, o que defende. Cheque o plano de governo de cada um. Veja se comparece às sessões. Muitos, ou a maioria de nós, não acompanha nenhum político. É, meu povo! É preciso mais que criticar. É preciso participar da política. Não como um político, mas como um cidadão.

Em todos os partidos, assim como em todas as religiões tem gente boa e gente má. Tem gente que usa do poder que tem, ou que lhe foi dado, para fazer o que bem entende. Somos seres humanos, passíveis de corrupção.

O que não vale mais é dizer que só um partido ou um político é culpado por todas as mazelas da sociedade. Aí fica fácil demais e não condiz com a verdade sobre a gente e sobre a nossa política.

Direito à moradia adequada: projeto executado pela CDHPF em parceria com UPF

O projeto “Direito a Moradia Adequada: Monitoramento de Recomendações Beira Trilho Passo Fundo”, apoiado pela Fundação Luterana de Diaconia, está em execução pela Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo, em parceria com outras organizações, particularmente com a Universidade de Passo Fundo e o Instituto Superior de Filosofia Berthier.

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Foto: Eduardo Nischespois

O projeto tem por objetivo “promover o empoderamento das lideranças e dos grupos populares para a garantia do direito à cidade e à moradia adequada a fim de que desenvolvam condições atuando no monitoramento das recomendações e dos encaminhamentos do Estudo (2005), Levantamento/Seminário (2008) e do Relatório PIDESC Passo Fundo (2011)”. Note-se que se insere num processo que completou 10 anos de incidência e que, por isso retoma o acumulado em vista de fazer uma análise e ao mesmo tempo mobilizar a comunidade atingida e a população em geral para um problema crônico e histórico da cidade de Passo Fundo. Prevê a realização de reuniões com lideranças, levantamento de dados, elaboração de relatório de monitoramento e sua validação junto à comunidade. Também prevê que o relatório seja publicado e que, a partir dele, sejam feitas incidências de cobrança das autoridades. O termo de cooperação foi assinado no final de junho, o início das atividades ocorreu agosto de 2015 e o término é julho de 2016.

As atividades efetivamente iniciaram em outubro de 2015 em razão da necessidade de firmar parceria com a Universidade de Passo Fundo que se somou ao projeto assumindo-o como projeto de extensão, e para o qual disponibilizou três bolsistas para atuarem no projeto. Soma-se a isso o fato de, no mesmo período, ter sido aprovado o projeto que complementará as ações aqui previstas, junto ao Fundo Brasil de Direitos Humanos. Tudo isso exigiu ajustes de organização e de encaminhamento do cronograma de implantação.

Nos primeiros meses de implementação duas foram às prioridades: a) retomar o contato com a realidade dos moradores do Beira Trilho; b) mapear lideranças para fazer a interlocução do projeto. Estas duas estratégias foram realizadas com várias atividades.

Para a primeira estratégia foram realizadas reuniões da equipe do projeto (coordenação, assessorias, bolsistas) para que pudessem tomar conhecimento do realizado nos últimos dez anos. Também foi realizado um seminário “Direito à cidade: retomando o Beira Trilho”, aberto à comunidade, no dia 13 de novembro de 2015, na Universidade de Passo Fundo, que contou com aproximadamente 100 participantes e no qual também se contou com a participação de Paulo César Carbonari, que fez uma retomada do trabalho já realizado no Beira Trilho, e da Dra. Ermínia Maricato (USP) que fez uma análise sobre o caso e apresentou várias sugestões.

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Foto: Eduardo Nischespois

Para a segunda estratégia, foram realizadas visitas aos moradores do Beira Trilho. Assim, caminhando, visitando e conversando com as famílias foram abordadas cerca de 150 pessoas, na sua maioria mulheres, que falaram das dificuldades que enfrentam. Isso foi realizada na metodologia da escuta, da proximidade junto aos moradores e moradoras, mobilizando e articulando com eles possíveis atividades e encontros a serem realizados, buscando fomentar a organização, a parceria e a luta onde cada um possa sentir-se sujeito do processo, nessa luta pela garantia da moradia. Esse processo também tem por finalidade fazer o mapeando de lideranças que estão presentes na comunidade. Este processo permitiu que chegássemos ao final de 2015 com a identificação de um grupo de cerca de 15 lideranças referenciais que podem ser articuladas em processos de acompanhamento e ações previstas no projeto.

Em paralelo a essas duas estratégias foi construído o referencial metodológico para a elaboração do relatório de monitoramento e de todos os passos a serem dados nos próximos meses, conforme previsto no cronograma do projeto.

Atuam diretamente no projeto: Edivânia Rodriques como articuladora, Leandro Gaspar Scalabrin, Paulo César Carbonari, Márcio Tascheto, Marina Lazaretto e Roberta  Dalpaz como consultores e animadores, além dos voluntários Eduardo Scorsatto (Arquitetura) e bolsistas Dayane Fernandez Jacobs (Arquitetura),  Ana Paula Carbonari (Direito) e Carina Fachinetto (Serviço Social).

Mais informações: (54) 3313-2305 ou cdhpf@cdhpf.org.br

Autor e obra: “Vovó virou criança” – Raní de Souza

Raní de Souza, nasceu na cidade de Bastos interior de São Paulo. Casado e residente no Rio Grande do Sul desde 2012 onde efetivamente passou a atuar na literatura.  Escritor entusiasta, tomou gosto pela escrita aos nove anos iniciando com poesia, depois contos e crônicas com participações em diversas coletâneas. Em Lisboa – Portugal pela Editora Papel de Arroz em 2015, pelo Projeto Passo Fundo – RS, 2014/2015. Participou no 5º concurso do 42º Salão Internacional de Humor de Piracicaba – São Paulo – 2015 com micro-conto Meias Furadas e pela editora Physalis com o conto fantástico – O acampamento- 2015. Atualmente também é colunista do Portal SEC – Sistema Evolução de Comunicação de Bastos-SP.  Tem artigos de reflexões filosóficas e políticas escritas e publicadas através do Curso de Filosofia no Instituto Superior de Filosofia Berthier- IFIBE.

Raní vem desenvolvendo projetos com a comunidade negra onde ocupa-se com a coordenação de oficina de poesia negra feminina juntamente com a ACMUN- Associação Cultural das Mulheres Negras – RS. Participou da 29ª feira do Livro de Passo Fundo com participações em diversas antologias como: crônicas/contos e poesias em conjunto com outros autores do Projeto Passo Fundo e da Editora Physalis.

Obra Vovó virou criança

Lançada em novembro de 2014, Vovó virou criança é uma obra infanto-juvenil, com tiragem de 1000 exemplares, tendo sua  primeira edição esgotada em quatro meses.

Distribuída no Estado do Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, África do Sul em Cabo Verde na Cidade Velha e traduzida para o alemão para ser publicada futuramente e em estudo para tradução em inglês.

A obra foi finalista do 57º Prêmio Jabuti 2015 promovido pela Câmara Brasileira do Livro. A segunda edição também com tiragem de mil exemplares toda reformulada e de cara nova foi publicada em dezembro de 2015 e conta com grande aceitação tanto pelo publico infantil quanto pelo adulto.

A obra “Vovó virou criança” trata para o público infantil, em uma linguagem pedagógica e simples, um tema de grande importância que é o mal de Alzheimer. Como?

O livro indica para a criança que um idoso com esse tão estranho nome “Alzheimer” e também um grave problema é uma doença que “transforma o idoso em uma criança arteira”, deixando-o dependente dos cuidados de outro adulto. O autor trabalha a doença para que adultos e crianças possam ter uma compreensão inicial do que representa a doença, provocando as pessoas a buscarem mais informações sobre o assunto que hoje muitas pessoas no mundo.

Além de criar diálogo com a criança sobre respeito, comportamento e cuidados, a obra contribui para que seja desenvolvida a coordenação motora das crianças quando as mesmas colorirem as ilustrações que compõe o livro.

O autor desenvolveu o texto pensando numa interação maior entre o adulto e a criança, a partir do hábito da leitura e da troca de informações sobre a doença.

Depoimento do autor

rani“O grande desafio em escrever o livro foi juntar a criança e o adulto em um só e transformar os dois principais personagens do livro em um movimento de ida e volta: a pessoa adulta que volta a ser criança e começa a novamente passar pela fase inicial da vida e a criança, a partir daquele momento vai então se tornar uma adulta.”

Os mesmos, porém, diferentes

“Somos o resultado das viagens que fazemos,
dos livros que lemos e das pessoas que amamos.”
Airton Ortiz

Inspiro-me em reflexão sensacional do escritor Antonio Prata (Caderno ZH PROA, 03.01.16) com título: 2016. Neste, o autor zomba de gente ingênua que acredita que o simples findar de um ano encerra tudo para começar algo totalmente diferente no ano novo. Afirma também que “o 2016” não entende porque a gente espera tanto dele. Termina citando Heráclito, para lembrar que sempre somos os mesmos, porém diferentes.

Aconteceu comigo na véspera da virada. Em Sarandi, RS. Sentado na cadeira, ouvi o cabeleireiro dizer e concluir, sem que eu nada lhe perguntasse: “Depois dos 40, aprendi a respeitar e viver o tempo”. Justificou-se ainda dizendo que, definitivamente, aprendera a dar mais valor ao agora, pois o dia de amanhã é sempre muito incerto. Sua reflexão foi sugestiva para a minha “festa da virada”.

Histórias de cabeleireiros, enfermeiros, cuidadores, médicos e de outras gentes que cuidam de gente são sempre ricas e emblemáticas; fazem parte das experiências de renovação e sentido que cada um de nós dá à sua vida quando resolve cuidar-se ou promover-se. Estes profissionais precisam despertar confiança, a exemplo do cabeleireiro que com as crianças criou técnica dizendo que não corta cabelos, mas que “arruma para deixá-los bonitos”.

Mas voltemos à sua provocação. Ora, ninguém é eterno e ninguém vive para sempre. Parece tão óbvio, mas o desespero da morte sempre derruba esta tese. O medo de morrer se explica porque tememos o desconhecido. O que assusta é que desembarcaremos desta viagem sem data, horário e lugar marcados. Viver é o maior risco humano. Desembarcar é a maior aventura, porque sempre encerra um ciclo para começar outro: incerto, desconhecido, inexplicável.

A literatura me convenceu que “todos estamos de passagem”. Na metáfora, a vida é como um grande trem. Um trem que roda, que faz paradas para alguns entrarem e para outros descerem. Durante a viagem, nem tudo acontece conforme planejado. Podem ocorrer obstáculos que precisam ser enfrentados. Pode haver perdas e ganhos. O trem não para, nós é que descemos dele. Outros continuarão viajando, curtindo a vida, a paisagem e realizando novas experiências.  Nós vamos vivendo e morrendo todos os dias. Vamos arrumando jeitos e trejeitos para deixar nossa existência mais leve, mais suave, mais prazeirosa. Vamos recolhendo esperanças das experiências nossas e dos outros, pois nada somos sozinhos e isolados.  Vamos suportando os nossos sofrimentos.

Se viver é o maior risco, o jeito é arriscar, até para mudar de percurso, sem perder de vista o ideal do que somos, pensamos e sonhamos. A vida tem o sentido que a gente lhe dá: não está nos outros e nem fora da gente. Ano a ano, dia após dia, continuamos os mesmos, mas diferentes, com as marcas e impressões das novas experiências.

UPF: a Universidade que impulsiona o desenvolvimento de Passo Fundo

A construção de um município é alicerçada no esforço coletivo e em ideias que não podem ser de uma única pessoa, mas de uma comunidade. Ao longo de seus 47 anos de existência, a Universidade de Passo Fundo (UPF) teve um papel fundamental no desenvolvimento do município que deu nome à Instituição. A formação de quase 70 mil profissionais teve influência e repercussão positiva na agricultura, na educação, na saúde, na economia e no estímulo à inovação tecnológica, entre tantas outras áreas. Sempre com a missão de ser a Universidade da comunidade, a UPF mantém, entre seus compromissos, o de formar cidadãos éticos e críticos com a realidade que os rodeia.

Atualmente, a UPF conta com mais de 20 mil alunos nos cursos de graduação, pós-graduação lato e stricto sensu, ensino médio, cursos técnicos, cursos de idiomas e atividades de extensão. A instituição mantém 61 cursos de graduação e oferta a possibilidade de educação continuada por meio dos mais de 45 cursos de especialização em andamento, 15 mestrados, seis doutorados e dez estágios pós-doutorais. Nos mais de 400 hectares de área total, a Universidade oferece um ambiente de socialização e conhecimento. Para isso, conta com 150 clínicas e mais de 300 laboratórios, 23 anfiteatros e auditórios, 174 salas de ensino prático-experimental, museus, centro de idiomas, ginásio poliesportivo e ampla área verde. A Rede de Bibliotecas é um dos diferenciais, colocando à disposição da comunidade acadêmica mais de 470 mil exemplares no acervo.

Além disso, os projetos de extensão incluem a população em diversos serviços, que são prestados gratuitamente. Na extensão, são realizados projetos nos quais o conhecimento e a força profissional que são desenvolvidos na Instituição são oferecidos à comunidade, que tem acesso a atendimentos jurídicos, psicológicos, a atividades da terceira idade, a projetos que cuidam de crianças, de famílias em situação de vulnerabilidade, que cuidam de animais, dentre outras ações, beneficiando mais de 113 mil pessoas a cada ano.  Se consideradas as atividades artísticas e culturais, esse número aumenta em quase 50 mil o número de beneficiados, resultando em mais de 160 mil pessoas atendidas anualmente.

Propulsora da economia

A Universidade de Passo Fundo influenciou e continua sendo uma das principais fontes propulsoras da economia, especialmente do setor comercial e de serviços. Inúmeros empreendimentos locais foram realizados e aperfeiçoados nos últimos anos por intermédio da UPF. Destaca-se a vocação de Passo Fundo para a área da saúde, na qual a UPF tem contribuído decisivamente, trazendo recursos e capacitação profissional por meio de projetos.

 José Carlos Carles de Souza, reitor da UPF.
José Carlos Carles de Souza, reitor da UPF.

O efeito também é sentido em outras áreas, como o agronegócio, a construção civil, o setor imobiliário e, consequentemente, a geração de empregos e renda. Merece destaque, também, o propósito da formação de professores, um compromisso da Instituição desde a sua origem, uma vez que a UPF sempre teve, em sua essência, a preocupação com a formação de docentes, voltada à excelência e marcada pela capacidade de difundir conhecimentos. “O desenvolvimento econômico só faz sentido quando é acompanhado pelo desenvolvimento das pessoas. A formação educacional de qualidade, nos diversos níveis, permite que o cidadão sustente seus projetos e seja capaz de se sentir realizado em todas as esferas da vida. A UPF tem o orgulho de contribuir para que as pessoas sejam melhores todos os dias, em cada ação desenvolvida”, avalia o reitor José Carlos Carles de Souza.

A geração de novos conhecimentos também recebe investimentos e a pesquisa consolida-se cada vez mais. Nesse universo, todas as pesquisas e a inovação tecnológica desenvolvidas na Instituição são revertidas em benefícios para a comunidade. O reitor José Carlos Carles de Souza destaca a criação do Parque Científico e Tecnológico UPF Planalto Médio (UPF Parque), primeiro parque tecnológico do interior do Rio Grande do Sul, por meio do qual a UPF assume papel de protagonismo na área da inovação. A iniciativa da Universidade de Passo Fundo é desenvolvida em parceria com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, com apoio da Prefeitura Municipal de Passo Fundo, e tem o propósito de constituir um ambiente que possibilite o aumento da competitividade das empresas incubadas, startups e maduras, tendo como base uma matriz acadêmica e científica que promova a inovação, o desenvolvimento tecnológico e a inclusão social.  “O UPF Parque é a concretização de um grande planejamento, por meio do qual a Universidade busca aproximar os empreendedores da região às inovações geradas na Instituição em uma relação sinérgica que tenha como principal objetivo o desenvolvimento e o fortalecimento de Passo Fundo e região”, destaca.

Nesse sentido, o reitor reitera que o compromisso da UPF de ser uma instituição comunitária exige, além da interação com a sociedade, a construção constante da cultura democrática e, diante dessas premissas, reafirma a disposição de toda a comunidade acadêmica, professores, funcionários e alunos, de seguir trabalhando e construindo uma grande Instituição com os olhos voltados para as pessoas.

Oração ao curumim – Ingra Costa e Silva

Imagine que você está sentada na sombra, alimentando seu filho de dois anos, tentando se refrescar um pouco e esperando alguns minutos para voltar ao trabalho. Um estranho se aproxima do seu bebê. Vai afagá-lo, pois o achou um bebê bonito. Você tinha certeza que ele era o mais lindo do mundo. Era, pois o estranho sacou uma lâmina e degolou a criança de apenas dois anos de idade. A vida do seu filho foi tirada no lugar que você acreditava ser o mais seguro: os seus braços.

Essa é a história de Sônia e Vitor Pinto e aconteceu há poucos dias, no dia 30 de dezembro de 2015, na rodoviária da cidade de Imbituba em Santa Catarina. Mas como uma história dessas não saiu em todos os veículos de comunicação? Porque não foi destaque na imprensa?

Porque Vitor era Kaingang. Sua mãe e o resto da família estavam na cidade para vender artesanato até o Carnaval e seu sofrimento parece não importar para o resto da população. Sua dor parece não importar para a imprensa nacional, que teria alterado sua programação inteira caso algo parecido acontecesse com uma criança branca.

O assassino foi preso no dia 1º de janeiro e aguarda a conclusão do inquérito policial. Classificado como frio e debochado Matheus de Ávila Silveira, 23 anos, se dizia satanista e amante da escuridão. Sua página no Facebook traz várias postagens que tratam destes assuntos. A polícia acredita que não se trata de crime étnico já que foi constatado que Matheus passa por graves problemas psicológicos.

Matheus, assim como Vitor, precisa de orações (para a entidade que você acreditar). De acordo com uma matéria escrita por Renan Antunes de Oliveira para o site Diário do Centro do Mundo, primos e tios do jovem afirmaram que ele, expulso de casa por ser homossexual, passava por graves transtornos e esperava atendimento psiquiátrico do posto de saúde do município. Quando foi preso vivia na rua e era alcoólatra e dependente químico antes da terceira década de vida, um ano mais novo que eu.

De acordo com os parentes, o jovem era espancado na rua pelo próprio irmão que não aceitava sua orientação sexual.  Ele sofria bullying na escola, por parte dos colegas que sem ter uma educação adequada, achavam que sua orientação era motivo para chacota e até agressões.

Ele já havia demonstrado desequilíbrio um ano atrás ao revidar o ataque verbal dos pais com violência, partindo para cima deles com uma faca. Ele foi preso e ao sair da cadeia foi expulso de casa, passando a morar nas ruas.

Vítor é vítima de uma pessoa doente e mais que isso: de uma sociedade doente. Que não lamenta a morte de um índio como lamenta a de um branco. Que não respeita a dor de uma família indígena como a de uma branca e que não se importa nenhum pouco com aqueles que sempre estiveram aqui e tem uma cultura lindíssima e que deve ser respeitada. Que não discute as condições que essas pessoas estão vivendo a mercê do mundo e sem qualquer amparo.

Matheus é vítima de uma sociedade intolerante e homofóbica, além de uma família que não lhe deu auxílio quando passou a demonstrar desequilíbrio. É ainda vítima de um sistema de saúde que não funciona e não lhe deu assistência, permitindo que ficasse fora de si a ponto de cometer algo desta proporção.

Para Vítor, nossas orações. Para Matheus, meu sentimento por sua história ter sido tão triste. Que a Justiça determine a melhor pena e que a mesma seja cumprida! Pois se fosse o contrário (um indígena degolasse uma criança branca) não tenho dúvidas que até música do plantão ia ter tocado alto nas emissoras.

Nada justifica a ação de Matheus. Com certeza ele não teria agido assim com uma criança branca e de olhos claros. Ele escolheu Vítor e sua mãe porque os estavam vulneráveis e desassistidos. Como todos os indígenas no Brasil.

Minhas orações ao curumim.

De nossa esperança ativa

[quote_box_right]“É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não sairmos de nós.” (José Saramago)[/quote_box_right]
Desesperança é a palavra da hora. Editoriais de muitos jornais e revistas, artigos em sites e blogs, diferentes manifestações e compartilhamentos nas redes sociais disseminam desesperança como virtude, como imposição de uma realidade vivida em nosso país, como sintoma da atual situação política, econômica e social. No sagrado direito de perguntar, minhas indagações: a) quem está disseminando estas ideias?; b) a quem interessa a desesperança?; c) com que propósitos pregar desesperança?; d) a esperança é mesmo danosa às pessoas, às coletividades?

Nunca vi esperança como um mal do povo, ou uma ilusão pessoal ou coletiva. Muito antes pelo contrário, acredito que esperança é que nos move, é o que move a história coletiva e individual de nossa gente. Para formular considerações sobre o assunto, fui pesquisar e ler sobre esperança. Descobri que ela carrega duplo sentido. O sentido da palavra que vem do latim spes, cujo significado é “confiança em algo positivo”, um dos sentidos que a palavra carrega em português. Este sentido mais genuíno, mais original, perpetuado ao longo da história e das civilizações. Na cultura patrimonialista do Brasil, também adquiriu o sentido de expectativa, de espera. Muitas vezes, esta última concepção deturpa o que é uma virtude (confiar em algo positivo), tornando-a uma inércia, uma simples espera passiva.

Minha formação humanística e cristã sempre apontou a esperança como sentido da existência. Não consigo conceber pessoas ou grupos desprovidos de esperança. Para mim, esperança é possibilidade, é projeção, é ação para concretizar o que ainda não existe. Esperança é horizonte das lutas e das conquistas humanas. Esperança é sair de si, é sair da ilha, como propõe Saramago, justamente para melhor compreender a si mesmo e o mundo.

No caso do Brasil das últimas décadas, a esperança foi alicerçando avanços e conquistas sociais, traduzidos por mais liberdade, mais acesso à terra, saúde, cultura e educação, maiores condições de vida e dignidade, mais oportunidades de viver e experimentar cidadania, mais direitos. A esperança da maioria dos brasileiros não é passiva; é ativa porque projeta mudanças e organiza as lutas individuais e coletivas para concretizá-las. A esperança não é um slogan, mas é possibilidade concreta de mudanças projetadas na luta cotidiana, na organização, nas manifestações públicas da fé, das crenças e da cidadania.

A disseminação da desesperança, no atual momento histórico, explica-se porque há no Brasil um grupo de pessoas que nunca precisou alicerçar sua vida na “esperança ativa” que se traduz em lutas, em conquistas e em organização coletiva por melhores condições de vida e dignidade. Para estes, o Brasil sempre ofereceu “abundância” e privilégios. Na medida em que se descortinam os entendimentos e a compreensão sobre o funcionamento do próprio país, ficam mais claros os mecanismos de exploração, exclusão e alienação a que são submetidos a maioria dos brasileiros. Aí, a esperança (da mudança) da maioria passa a ser um problema.

A esperança, no seu sentido mais genuíno, provoca mudanças a partir da organização, das lutas e das conquistas sociais. A esperança não é, para a maioria, um otimismo vazio e sem sentido. Concordo com Saramago: “não sou pessimista. O mundo é que é péssimo”.  Com esperança, somo-me a outros tantos para que continuemos mudando o mundo, para mudar-nos a nós mesmos. Com esperança, combato desesperança!

Universidade e Comunidade: Parceiras na Promoção do Gosto Pela Leitura

Eládio Vilmar Weschenfelde
Professor de Literatura na Universidade de Passo Fundo.

Cristiane Barelli
Professora nos cursos de Medicina e Farmácia da Universidade de Passo Fundo.

No início do século XIX, o filósofo e linguista alemão Walter Benjamin (1995, p. 199) denunciou o fim dos narradores orais, os quais classificou em dois grupos: o camponês sedentário e o marinheiro comerciante. Segundo ele, o fato acabou prejudicando “a faculdade de intercambiar experiências” orais como as comunidades. Soma-se ao fato de que hoje, em pleno início do terceiro milênio, as comunidades estão “encantadas” com os modernos meios de comunicação e entretenimento, através dos quais pessoas e grupos ficam em silêncio tuitando, ou consultando suas mensagens eletrônicas, posto que cada indivíduo está no umbigo do próprio celular, parecendo cada vez mais evidente que as tecnologias aproximam as pessoas distantes e as afastam das próximas. Nesta perspectiva um tanto trágica, o contexto atual suscita que é o momento propício da Universidade de Passo Fundo, como Fênix, buscar reestabelecer a troca de experiências com as comunidades de sua abrangência, promovendo trocas de experiências por meio da contação de histórias, como faziam os antigos Aedos da Grécia.

Para Benjamin (1995, p. 198), o fim dos contadores de histórias – narradores – deveu-se à difusão da informação, a reprodutividade técnica. Para ele, as notícias que advêm das novas tecnologias são pobres em termos de histórias, cabendo pouco espaço para a imaginação, pois muito do que se ouve e lê está a serviço da descrição e pouco para a narração, carecendo emoção e encantamento. Neste sentido, em plena era cibernética, há que se buscar o fogo que nos aquece e as pontes que nos unem com fios invisíveis. As palavras são estímulos indispensáveis para enfrentar as tristezas do mundo, essenciais no amor e na paz. Em contrapartida, Regina Machado (2004, p. 18), considera que, “…é nesse caos de começo de milênio que a imaginação criadora pode operar como a possibilidade humana de conceber o desenho de um mundo melhor. Por isso talvez a arte de contar histórias esteja renascendo por toda a parte”. Pergunta-se então, como contar histórias na era digital? Como a contação de histórias pode se incorporar no processo de promoção da leitura e da saúde? Considerando que a formação de leitores no século XXI, compreende um modelo de leitor competente a ser considerado nesse processo, Lucia Santaella (2007, p. 33) descreve o perfil cognitivo do leitor imersivo/virtual, enfatizando que a era digital traz um modo inteiramente novo de ler, distinto do leitor contemplativo da linguagem impressa:

Trata-se, na verdade, de um leitor implodido, cuja subjetividade se mescla na hiperatividade de infinitos textos num grande caleidoscópio tridimensional, onde cada novo nó e nexo pode contar uma outra grande rede numa outra dimensão. Enfim, o que se tem aí é um universo novo […], uma biblioteca virtual, mas que funciona como promessa eterna de se real a cada clique do mouse[i]. 

A educadora Andrea Cecilia Ramal, em Educação na Cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem (2002, p. 13), por seu lado, ensina que a o novo estilo de sociedade exige mudanças na forma da construção do conhecimentos e de apreensão do conhecimento e o novo estilo da sociedade.

bandinho-de-letrasNo caso do Bando e do Bandinho de Letras da UPF, constituído por acadêmicos, professores universitários, bibliotecários, agentes culturais e crianças das escolas da região, os quais dedicam parte do seu tempo para encantar, pelo instrumento da palavra dita, multidões ávidas por narrativas literárias e poemas, os quais são selecionados em função da faixa etária e do nível cultural. Contrariando Benjamin (1996), não são campesinos, nem marinheiros. Os mesmos são chamados para muitas atividades de extensão, especialmente na área da educação, cultura e saúde. Inicialmente procuraram quebrar paradigmas, identificando-se como anarquistas da palavra literária, “invadindo” distintos espaços, tais como hospitais, creches, sindicatos, emissoras de rádio e televisão para, de livros em punho, semear poemas, contos, crônicas, invocando sempre um poema do poeta romântico brasileiro Castro Alves (NEVES, 2006, p. 11):

Oh, bendito o que semeia
Livros …à mão cheia…
E faz o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É germe – que faz a pala
É chuva – que faz o mar.

Assim, plenamente imbuídos nesse espírito do terceiro milênio, os cibercontadores do Bando e do Bandinho de Letras operaram o recurso artístico como possibilidade humana de conceber o desenho de um mundo melhor.  Há que se considerar também que os cenários e as ações desenvolvidas pelo projeto de extensão denominado Bando e Bandinho de Letras, segundo Weschenfelder e Burlamaque (2009, p. 131),

Na verdade, constituem as antessalas para o maravilhoso mundo dos contos, das lendas, das fábulas e dos poemas, que dão sentido e riqueza à diversidade cultural, mesclando o tempero do prazer, da emoção e do conhecimento. Neste sentido, o contador – narrador – comunica aos ouvintes três fontes de histórias: as vivenciadas, as ouvidas, e as lidas com base nos textos literários.   

No ano de 2013, 2014 e 2015 dialogando com a área da saúde, foram priorizados algumas intervenções nos espaços onde se promove a saúde, nos quais a contribuição do projeto se volta para minimizar a dor e o sofrimento e promover saúde, a qualidade de vida e a cultura do bem viver, tais como enfermaria de hospitais, asilos e unidades de tratamento ambulatorial de longa duração como hemodiálise e quimioterapia. Outrossim, também ocorreram atividades em eventos sociais e durante o 3º Seminário Internacional de Contadores de Histórias, ocorrido em 2013, especificamente antes e durante a 15ª Jornada Nacional de Literatura.

Portanto, a arte de contar histórias e de recitar poemas, como uma atividade de extensão universitária é de fundamental importância, posto que seus desdobramentos abrem portas e parcerias recíprocas – a Universidade à comunidade e a comunidade à Universidade – constituindo-se uma antessala para a formação do gosto pelas leituras múltiplas, para a promoção da saúde e da qualidade de vida. Renascendo das cinzas, como Fênix, não como teatralização, mas como comunicação de narrativas e poemas, como forma de troca de experiências, a arte de contar histórias contrói pontes que integram quatro elementos: Universidade, Comunidade, Arte e Saúde. É o “Abre-te, Sésamo” para a comunidade cada vez mais humanizada pela força da palavra.

 

REFERÊNCIAS

BENJAMIN, Walter. O narrador – considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas. Magia e técnica, arte e política. 6. ed. São Paulo: Brasileirense, 1995.

MACHADO, Regina. Acordais – fundamentos teórico-poéticos da arte de contar histórias. São Paulo: DCL, 2004.

NEVES, André. A caligrafia de dona Sofia. São Paulo: Paulinas, 2006. p. 11.

RAMAL, Andrea Cecília. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002, p. 81.

SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.

WESCHENFELDER, Eládio Vilmar & BURLAMAQUE, Fabiane Verardi. Bando de Letras: nem camponeses, nem marinheiros. In: Leitura dos espaços e espaços de leitura. Passo Fundo: EDUPF, 2009. p. 131.

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