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Direitos Humanos: porque são imprescindíveis

Já é por demais sabido que o ideário dos Direitos Humanos cumpre um papel histórico e político, junto com a construção democrática. Ao longo do tempo, desde suas intenções iniciais expressas na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, promulgada em 1789, ao tempo da Revolução Francesa, inúmeras foram as alterações realizadas nesse ideário.

O alargamento de visões, a amplitude de questões, em que foram pleiteados novos direitos, teve uma remodelação significativa, debatida na Assembleia da ONU, reunida na Carta em 1948, com o título Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Atualmente, os direitos são acrescidos de novos avanços à medida em que a sociedade se repensa nas diversidades e singularidades e postula novos significados e compreensões na esfera dos direitos, em que a Vida seja preservada, sempre!

Se estamos pensando em direitos em uma democracia plena, é óbvio que pensemos em uma sociedade plural. Essa questão aponta para a democracia como o fato da razão política, enquanto relação intersubjetiva de poder. É a configuração de uma sociedade em que as pessoas se estabeleçam como interlocutoras legítimas do poder social, nem sempre reconciliado com o poder político.

Há que superarmos uma forma idealizada de direitos humanos, concretizando ações face às urgências atuais de justiça, igualdade e liberdade. Assim se compõe a ideia de valor, de modo que uma vida boa e justa seja vivida por todas as pessoas. Este é o desafio atual cujo cuidado da vida humana, implica necessariamente em cuidar da vida do planeta.

Ilustração: Alisson Afonso.

Instagram: https://www.instagram.com/affonso.alisson/

Autora: Cecilia Pires. Também escreveu crônica “O pensar da criança”: https://www.neipies.com/o-pensar-da-crianca/

Edição: A. R.

Estudante Êmily: conhecimentos para pensar futuro do Planeta e humanidade

Como professores e professoras, incentivadores/as continuaremos enaltecendo o potencial de cada um dos nossos alunos, dizendo todos os dias o quanto são capazes, são especiais, são queridos e amados, para que realizem os seus sonhos e sintam-se acolhidos pelo conhecimento. (Professora Ana Paula Pedroso)

A estudante Êmily Risson Zanella, da EMEF Dom José Gomes, da rede municipal de Educação de Passo Fundo é uma das estudantes selecionadas para participar da Missão Educadora, projeto da Secretaria Municipal de Educação de Passo Fundo. Ela representa a área de Conhecimento Ciências da Natureza.

Os 05 estudantes da rede municipal de Passo Fundo vão representar Passo Fundo na próxima Missão Cidade Educadora, apresentando projetos da cidade para outros lugares do mundo. Em 2024, estes estudantes participarão de uma viagem à Suíça. Os estudantes selecionados são de sétimos anos, se prepararam durante o ano todo e obtiveram o melhor desempenho em cada área do conhecimento em suas escolas, participando, por fim, de um hackathon durante o Festival de Ciência, Inovação e Tecnologia (FECIT).

Destacamos o protagonismo dos estudantes e a construção de conhecimentos, apoiados por seus professores e professoras e pelas direções e coordenações das escolas. Este reconhecimento representa todo o empenho e trabalho dos professores e das professoras de Ciências da Natureza que atuam em nossa rede municipal de Passo Fundo, RS.

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A estudante Êmily explica o que viveu neste processo de seleção para o qual se preparou e com disposição, alimentando um sonho seu.

“Este prêmio para mim, foi uma grande conquista e esta oportunidade que a Prefeitura nos deu é incrível! Eu nunca imaginei que alcançaria uma conquista dessas… Tenho muito orgulho de mim e isso me fez perceber que quando você vai atrás de seus sonhos, você ultrapassa barreiras!”

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A mãe Agnes Risson reconhece o mérito de sua filha e manda um recado importante aos pais e mães de estudantes.

“Agradeço imensamente esta oportunidade única de incentivo aos estudos que a Prefeitura de Passo Fundo oferece aos seus alunos da rede municipal de ensino, através da missão ” Cidade Educadora”. Eu, como mãe de uma das alunas vencedoras, só tenho a agradecer pela filha dedicada e estudiosa que Deus me deu. E como mãe, gostaria de deixar uma dica:  deem tempo de qualidade aos seus filhos, pois eles querem e precisam de amor e atenção! E mostrem a eles que a educação é o melhor caminho para o futuro!”

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O coordenador pedagógico Jonas Antonio Cantu destaca a caminhada da estudante na escola.

“A dedicação e a força de vontade da Emily durante a caminhada de Êmily como estudante na escola Dom José Gomes são evidentes e sua premiação foi uma consequência por tudo o que ela se doa aos estudos e à sua formação”.

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A diretora Veridiana Giaretta Miotto destaca que foi gratificante participar da Missão Cidade Educadora, pois conseguimos auxiliar, incentivar e oportunizar às crianças a mostrarem suas capacidades e a ter novas experiências.

Os alunos participantes se dedicaram ao máximo e a nossa aluna vencedora Emily foi merecedora desta premiação devido a todo o seu empenho e dedicação ao longo de sua caminhada escolar. Também acho importante destacar o apoio dos pais que a incentivaram muito”.

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A professora Professora Ana Paula Pedroso, que acompanhará a estudante Êmily na viagem à Suíça reflete sobre a importância dos professores e professoras para o despertar das potências e das habilidades em cada um e em todos os estudantes, bem como coloca alguns desafios para educação contemporânea.

“A Educação é a essência emocional e intelectual que impulsiona os sonhos e trilha caminhos na evolução do ser humano. Além das trocas de conhecimentos com os estudantes, acredito que em mundo tomado pela violência e pelo obscurantismo, o fundamental está no desenvolvimento das habilidades de ser empático e de fato humano.

O Ubuntu nos ensinou que a cooperação é a mais bela escolha, porém está distante da realidade contemporânea, portanto, lidar com a competitividade é um desafio imenso para a Educação atual.

Fazer parte das conquistas dos nossos alunos é muito emocionante enquanto professora idealista que sou, estou feliz em ver o brilho no olhar especialmente da Êmily que é uma aluna estudiosa e dedicada, também o entusiasmo dos demais estudantes.

Como incentivadores que somos enquanto profissionais da área da Educação, (a mais linda e importante profissão intelectual, pois somente ela é capaz de gerar todas as outras profissões existentes no Planeta Terra), continuaremos enaltecendo o potencial de cada um dos nossos alunos, dizendo todos os dias o quanto são capazes, são especiais, são queridos e amados, para que realizem os seus sonhos e sintam-se acolhidos pelo conhecimento.

Agradecemos e parabenizamos a SME pela Missão Cidade Educadora que está oportunizando a experiência de novas culturas e saberes”.

Em 02/12/2023, editamos matéria com estudante Bernardo Micheletto, da EMEF Zeferino Demétrio Costi, selecionado pela área de conhecimento Ciências Humanas. Leia também: https://www.neipies.com/estudante-bernardo-orgulho-da-familia-e-da-escola/

Fotos: Divulgação EMEF Dom José Gomes/arquivo pessoal Ana Paula Pedroso.

Edição: A. R.

Por um tempo não vivi

Por um tempo não fui eu. Por um tempo não vivi.

Por um tempo, tentei viver como as pessoas “normais”. Segui regras. Amarrei, escondi minhas asas. Tentei crer em promessas estúpidas. Esforcei-me para olhar na mesma direção que todos os outros olhavam. Sufoquei meu coração para doutriná-lo em questões lógicas e em porquês infames e degenerados.

Por um tempo, usei óculos, para enxergar “longe”, igual à maioria. Caminhei olhando para o chão, sempre ignorando as formiguinhas que iam e vinham sob meus pés. Passei a ignorar também as estradas solitárias, as noites escuras, as madrugadas com cantos de pássaros estranhos seguidas de auroras enviesadas.

Por um tempo, parei de conversar com fantasmas. Não evoquei nenhum demônio, não dialoguei com anjos, não fiz rezas para nenhum deus. Guardei em gavetas os crucifixos da casa e joguei todas as velas no lixo. Não procurei mortos no cemitério, não cantei em línguas estranhas nem me embriaguei com ambrosia.

Por um tempo, não deixei que minha visão se perdesse da sacada em direção a outros mundos, repletos de luzes multicoloridas e pensamentos esvoaçantes. Prendi em uma gaiola os pássaros da minha imaginação e ignorei quando eles sentiram sede de voo. Com um bisturi, cortei a ligação dos meus pulsos com o meu coração.

Por um tempo, anulei minhas cores e me fiz do jeito que me queriam — cinza. Ensaiei discursos, decorei falas. Caminhei tão certinho, sempre pela calçada, seguro e acompanhado por toda a gente.

Por um tempo não fui eu.

Por um tempo não vivi.

Autor: Aleixo da Rosa, autor da crônica “Pensar é para todos”: https://www.neipies.com/pensar-e-para-todos/

Edição: A. R.

Uma vida dedicada ao trabalho em um hospital

Uma das missões que procuramos desenvolver neste site é contar ou repercutir boas e interessantes histórias. A história que segue contada é de Arnaldo Dalchiavon, um menino que, desde seus 13 anos, trabalhou num importante hospital da região norte do RS: o HSVP (Hospital São Vicente de Paulo).

Acompanhamos sua trajetória há 25 anos. Reconhecemos sua humildade, sua generosidade, sua forma singela e particular de ajudar muitas pessoas que buscam serviços de saúde e também seus serviços profissionais exercidos neste hospital há mais de 52 anos.

Repercutimos matéria produzida pelo serviço de Comunicação Social do Hospital São Vicente de Paulo.

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“Após 52 anos e 62 dias de trabalho e dedicação ao Hospital São Vicente de Paulo, nesta semana o colaborador Arnaldo Dalchiavon encerrou sua trajetória profissional na Instituição em um encontro de despedida marcado por homenagens e boas lembranças, com a presença de ex-colegas e equipe de diretores. 

Sua história no HSVP começou a ser escrita no dia 1º de outubro de 1971, quando ainda era pré-adolescente. No início exerceu atividades em diferentes setores, mas foi na radiologia que ele se encontrou profissionalmente. Das mais de cinco décadas de trabalho, 44 foram como técnico na área. Em 2016, Arnaldo tornou-se protagonista do livro O filho do Hospital, obra escrita pelo cirurgião vascular Ronaldo André Poerschke. Leia mais: https://hsvp.com.br/post/1474/livro-o-filho-do-hospital-e-inspirado-na-humanizacao

Após a entrega de uma placa de agradecimento, o presidente José Miguel Rodrigues da Silva fez questão de exaltar o quanto Arnaldo é um exemplo a ser seguido. “Nos sentimos felizes em prestar essa homenagem a cada um que está cumprindo sua missão exercida com muito amor dentro do Hospital. Pessoas como o Arnaldo são exemplos a serem seguidos na sociedade. Desejo, em nome da diretoria, que esse novo ciclo que se inicia lhe traga ainda mais realizações”, frisou o presidente.

Créditos: Liliane Ferenci – Comunicação HSVP

Edição: A. R.

Um novo Natal para pensar

Ser feliz em tempos de natais repetidos ou enfadonhos, onde se troca a essência por subsistência, orações por presentes, dar e receber votos superficiais, nem de longe representa o verdadeiro espírito de Natal.

Estamos na melhor época, para enviar e receber mensagens, as mais variadas, como desejos de paz, alegria, algumas muito sinceras, outras nem tanto.

Tudo parece feliz, nestes dezembros febris.

Mas, se formos ao limite de nossas expressões, enviamos e recebemos palavras que nos contradizem o tempo todo.

Ser feliz em tempos de natais repetidos ou enfadonhos, onde se troca a essência por subsistência, orações por presentes, dar e receber votos superficiais, nem de longe representa o verdadeiro espírito de Natal.

Se estamos plenos do respeito ao próximo, bem-estar por pertencer a uma sociedade que respeita animais e plantas, que cuida e preserva o meio ambiente, então este será um novo natal.

Mas é isso mesmo o que vemos?

Aliás, poderia haver Natal feliz, sem o mais absoluto respeito à natureza e a tudo o que nos cerca? Não seria esta a mais viva expressão da criação de Deus? Porque continuada a sua destruição, logo não teremos sequer presépios para montar.

Começando por reciclar nossos pensamentos, é uma boa opção quando ouvimos nossas religiões dizerem que somos eternos e que o nosso paraíso não é aqui. Por quais razões deveríamos zelar pelo nosso entorno, preservar o meio que nos sustenta, se nossa casa fica em outro lugar? Haverá um céu distante que nos aguarda, depois de destruirmos o que nos foi dado?

Creio que Céu nenhum!

Este é o momento em que a sustentabilidade passa a ser um valor Cristão como os demais, por que preserva, por que não descarta, não destrói, por que faz retornar bens e objetos, que teriam como destino certo a vala do esgotamento de recursos em que a Terra nos oferece.

Ser sustentável, portanto, não seria uma forma de estar mais próximo à Deus?

Reflita em sua vida o quanto sustentável são seus gestos e ações e converta-se a causa, para um ideal de um novo homem, alinhado com o próprio Cristo, filho do Criador de tudo e a quem todas as folhas e gotas de chuva são de seu conhecimento.

Assim como o nascimento do seu filho nos remete a um novo ciclo de vida, da mesma forma é possível reiniciar, refazer, retornar, recomeçar, tudo o que nos foi confiado por Ele, pelo cuidado com a natureza e pela proteção e gratidão, a todos aqueles que a cuidam.

Converta-se à sustentabilidade, portanto!

Antes de tentar salvar o mundo, salve o que o mantém vivo em sua casa, o meio ambiente ao seu redor, o verde que o cerca.

Revisite seus pensamentos, não os resista, não os negue, apenas faça-os mostrar e os apresente ao seu próximo, mais próximo, convencendo-o a preservar a nossa aldeia, nosso planeta, que já demonstra cansaço com seus inquilinos.

E não espere pela sua segunda vinda, se assim o crê, destruindo o que nos foi confiado. Antecipe-se, renove-se. Ajude a preservar o ar em que você respira para que na volta de Cristo Ele possa o respirar igualmente.

Mas se você o aguardar de verdade, em primeiro lugar, coopere com o ambiente, preserve a sua volta, sendo um bom convidado à vida, o que de fato você é. Um aliado da natureza e não o seu algoz.

Amar o meio ambiente sobre todas as coisas…

Lute para que este mandamento não se torne o mais importante, sem demora, em nome da sobrevivência da humanidade.

Seja um cristão sustentável por inteiro!

Se possível, um feliz natal!

Autor: Nelceu Zanatta, autor da crônica ‘Há ódio demais, há terror e mísseis demais. Temos de parar esta guerra. Comecemos rezando?”: https://www.neipies.com/ha-odio-demais-ha-terror-e-misseis-demais-temos-de-parar-esta-guerra-comecemos-rezando/

Edição: A. R.

Eu e os da minha geração

Eu

e os da minha geração

caminhamos.

Caminhamos

e já não me sinto tão só.

Eu

e os da minha geração.

Avançamos em direção

a um futuro incerto

que nos espreita

ao derredor

nos agarra pelo pescoço

ao dobrar de uma esquina

ao entrever um rosto na multidão

ao responder ao acaso

alguém que nos acena

e já não sabemos quem é.

Alguém que não víamos há

cinco

dez

vinte anos

e que só reconhecemos

porque uma cumplicidade mais profunda

nos aproxima:

envelhecemos juntos.

Eu e os da minha geração.

Criamos filhos.

Suportamos privações.

Tivemos alegrias e derrotas.

Avançamos e desistimos.

Deixamos alguém para trás

e voltamos a encontrar.

Eu e os da minha geração.

Andamos juntos

até o momento derradeiro

que a todos vemos se acercar.

Em especial

a mim

e aos da minha geração.

Autor: Julio Perez, autor da poesia “Meus filhos, os poemas”: https://www.neipies.com/meus-filhos-os-poemas/

Edição: A. R.

A mulher do concerto

Sabe, a arte é para ser sentida. E quando você troca o seu presente, por uma filmagem para ver, quem sabe, em um futuro, você perde o agora. Se for para ver um concerto por uma tela, você não precisa estar aqui, pode poupar gasolina e reduzir as emissões de dióxido de carbono, assistindo de casa!

Helena estava refletindo o quanto uma letra tem o poder de mudar o sentido de uma frase.

Por exemplo, se você é como eu, e não gravou ainda a diferença entre conserto e concerto, talvez a sua mente tenha viajado para uma oficina mecânica e teorizado a respeito do direito das mulheres serem o que elas quiserem ser, inclusive mecânicas!

Mas, se a sua onda não for tão feminista, ou se você é um indivíduo devidamente aportuguesado, presumo que já tenha associado a ideia do título com o que de fato pretenderia ser: a mulher do concerto, assim, com “c”, que representa aquele conjunto de gente tocando junto, guiados pelo cara que fica dançando de costas para nós!

Enfim, Helena foi a um desses concertos, de graça na catedral. Uma pausa para deixar um parabéns aos organizadores, porque sim, o mundo precisa de mais eventos como esses.

Legenda: Com a regência do maestro Evandro Matté, o concerto da Ospa Teatro São Pedro contou com a participação dos solistas Kauanny Klein e Sérgio Sisto neste útlimo dia 01/11/2023. Créditos: Mateus Leal / Agência RBS

Eles marcaram às 19h, meio cedo para a rotina de Helena e em função disso, ela chegou atrasada. Não, não era porque ela queria tomar banho antes de ir, na verdade ela foi sem tomar banho mesmo! Ultimamente, não dava tempo. Era uma correria dos diabos.

Chegando na catedral, Helena sentou onde tinha espaço (lá atrás, sem poder ver muita coisa). Até que ela foi um pouquinho para o lado, e entre muitas cabeças, Helena encontrou um vão que dava acesso direto as costas do maestro! Ótimo, já estava bom, até que…

A mulher sentada no banco da frente resolveu puxar o seu smartphone e gravar, cobrindo o ângulo de Helena.

Respira, pensou Helena. Ela não vai gravar tudo, é só uma recordação. Aquilo seguiu em alternâncias de baixar o celular e levantar o celular a cada música.

Moça, com licença – sussurrou Helena

Posso lhe fazer uma pergunta?

Com ar de surpresa e indignação, a mulher respondeu: sim!

Depois de gravar, você tem o hábito de rever as filmagens, ou deixa salva até o seu celular alegar que não tem mais memória, e então, exclui tudo?

Sem tempo para retorno, Helena já emendou. Sabe, a arte é para ser sentida. E quando você troca o seu presente, por uma filmagem para ver, quem sabe, em um futuro, você perde o agora. Se for para ver um concerto por uma tela, você não precisa estar aqui, pode poupar gasolina e reduzir as emissões de dióxido de carbono, assistindo de casa!

Depois daquilo, ficou aquele clima de peido no ar.

A mulher se voltou para o concerto, revoltada, e continuou gravando. Até que a reflexão pareceu ter sido processada pela sua consciência e ela foi deixando aos poucos àquele péssimo hábito. Três músicas sem levantar o celular. Vitória! A reflexão tinha surtido efeito.

Um pouco antes do concerto acabar, Helena resolveu levantar e sair de fininho. Vai que a mulher resolvesse querer consertar o estrago que o concerto causara nela no final!

Autora: Ana P. Scheffer, autora da crônica “Não está tudo bem”: https://www.neipies.com/nao-esta-tudo-bem/

Edição: A. R.

Várias nações, um só povo

EMEF São Luiz Gonzaga realiza Feira das Nações e abraça alunos estrangeiros e seus familiares, em Passo Fundo, RS.

Um dos aspectos marcantes da Feira das Nações, realizada no último sábado (25), pela Escola Municipal de Ensino Fundamental São Luiz Gonzaga é que, ao invés de se fixar em contar a história dos povos que formaram Passo Fundo, ela se concentra no agora e lança um olhar — e um abraço! — para os imigrantes do presente.

Situada na periferia da cidade, a São Luiz recebeu, nos últimos anos, uma grande quantidade de alunos vindos de outros países latino-americanos. Muitas vezes eles trazem histórias difíceis, tendo enfrentado dificuldades enormes em seus países de origem e também em seu trajeto até o Brasil.

Carregando traumas em suas mochilas, ao entrarem para a escola, eles ainda precisam enfrentar o problema da barreira linguística, já que a maioria chega aqui sem saber falar português.

Cansadas e tendo muitos desafios pela frente, essas crianças e adolescentes precisam ser acolhidos pelo sistema educacional.

Em um mundo conectado, no qual a imigração só tende a aumentar, precisamos aprender a fazer esse acolhimento, a conviver com as diferenças e, em meio a elas, encontrarmos união, sem deixar de respeitar o que o outro tem de único.

Foi pensando em acolher e valorizar, de braços abertos e corações receptivos, aos alunos imigrantes e seus familiares, que a São Luiz promoveu a Feira.

A atividade resultou de um trabalho contínuo, realizado ao longo do último trimestre, interdisciplinar, envolvendo educadores e educandos na construção de um olhar sobre todos os povos do nosso continente.

Cada turma ficou responsável por apresentar um país diferente e cada professor ficou responsável para contribuir com a pesquisa sobre esse país, de acordo com sua especialidade.

Assim, professores de geografia ajudaram os alunos a coletarem dados sobre os aspectos geográficos; os de história, dados sobre o processo histórico; os de matemática, acerca da economia e moeda — e assim por diante.

Esse trabalho, em si mesmo, valoriza a pluralidade, por ter sido feito a muitas mãos. O resultado não poderia ser mais bonito. Cada turma, representando um país, montou uma banca, oferecendo os dados e as experiências coletadas aos visitantes.

Muitas bancas pesquisaram as comidas típicas de cada nação e, inclusive, fizeram as receitas, oferecendo provas para degustação.

Incentivar a construção do conhecimento sobre os povos irmãos da América promove um sentido de união; transmite, para os tantos estudantes estrangeiros que frequentam a escola:

VOCÊ É BEM-VINDO AQUI.

Passa a ideia acolhedora de que, se temos várias origens, formamos, em essência, um só povo — o humano.

A Feira das Nações, em sua primeira edição, contou também com danças, apresentações artísticas e uma exposição de trabalhos sobre prevenção ao bullying.

É um evento que, por seu significado e beleza, merece ser repetido.

Fotos: Divulgação/arquivo pessoal Aleixo da Rosa. Uso exclusivo para esta publicação.

Autor: Aleixo da Rosa

Edição: A. R.

Estudante Bernardo: orgulho da família e da escola

No mês de novembro de 2023, foi feito o anúncio dos 05 estudantes da rede municipal de Passo Fundo que vão representar Passo Fundo na próxima Missão Cidade Educadora, apresentando projetos da cidade para outros lugares do mundo. Em 2024, estes estudantes participarão de uma viagem à Suíça.

Os estudantes selecionados são de sétimos anos e se prepararam durante o ano todo e obtiveram o melhor desempenho em cada área do conhecimento em suas escolas, participando de um hackathon durante o Festival de Ciência, Inovação e Tecnologia (FECIT).

O estudante Bernardo Micheletto, da EMEF Zeferino Demétrio Costi, foi selecionado pela área de conhecimento Ciências Humanas. Ele é motivo de orgulho e satisfação para sua família e para a comunidade escolar deste educandário.

Repercutimos, com satisfação, a representatividade da participação do estudante Bernardo Micheletto nesta Missão para a qual ele foi selecionado. Ele agora também representa todos os estudantes dos sétimos anos da rede municipal de ensino. Ele representa o trabalho de todos os professores e professoras de Ensino Religioso, Filosofia, Geografia e História. Ele representa a importância das Ciências Humanas para a formação integral do ser humano.

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O estudante Bernardo tenta explicar o que viveu neste processo de seleção para o qual se preparou e com disposição, alimentando um sonho seu.

“Não sei como explicar em palavras o que senti nesta preparação, começando pelo momento em que tive de enfrentar meus próprios amigos para passar para a segunda fase. Quando fui fazer a prova do hackathon, o nervosismo tomava conta de mim; quase não consegui dormir na noite anterior, mas lutei com todas as frases da minha carta que escrevi. No dia que finalmente revelaram quem seria o selecionado, meu coração já estava  mil por hora. Quando falaram meu nome, desabei em lágrimas, pois finalmente um dos meus sonhos estava sendo realizado”.

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O pai Matheus Micheletto reconhece o mérito de seu filho e o papel da escola.

“É difícil encontrar palavras que descrevam o orgulho que sinto do Bernardo, sem dúvidas, uma grande conquista que reconhece a sua dedicação diária, ao mesmo tempo que o motiva continuar no caminho certo, que é a educação. Desde pequeno, sempre se mostrou interessado e comprometido com a escola; nas entregas dos pareceres de final de ano são sempre elogios e boas notas.

Tenho certeza que a educação contínua segue abrindo portas e essa experiência trará bons frutos ao futuro do Bernardo, creio que é apenas o primeiro passo para uma vida repleta de merecimentos e conquistas.

Não podemos deixar de agradecer a Escola ZDC, Secretaria de Educação e também a Prefeitura de Passo Fundo, na pessoa do Prefeito Pedro Almeida, pois tem oferecido aos estudantes da Rede Municipal a possibilidade de adquirir novos conhecimentos, vivências e desafios através da Educação”.

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A mãe do estudante Bernardo destaca a sua dedicação e a importância desta conquista.

“Em primeiro lugar, tenho orgulho de quem você se tornou como pessoa, um menino respeitoso, dedicado, amoroso. Meu sentimento com a tua conquista nesta missão com viagem à Suíça foi de imensa gratidão a Deus por permitir tudo o que está acontecendo em tua vida. Tenho certeza absoluta que você está trilhando um caminho de sucesso, realizações e eu quero participar ao seu lado em todas as fases da tua vida”.

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A diretora da EMEF Zeferino Demétrio Costi, Lucelene Segat destaca a participação dos estudantes nesta seleção e enfatiza a importância de toda comunidade escolar, especialmente os professores e professoras nesta conquista do estudante Bernardo.

“Os quatro estudantes dos sétimos anos que representaram a nossa querida escola ZDC na “Missão Cidade Educadora /2023” levaram no peito o orgulho de serem alunos desta escola desde o primeiro ano do Ensino Fundamental. Como diretora, gostaria que os 4 alunos tivessem sido selecionados, mas o Bernardo irá nos representar bem por suas ações, todo seu empenho, dedicação, responsabilidade, o apoio da escola e da família e também dos outros 3 estudantes da escola que, com ele, participaram desta seleção.

Bernardo terá uma oportunidade única na vida dele e desejo, de coração, que aproveite este momento transformador. Com certeza, retornará desta viagem um estudante cheio de novas aprendizagens.

O fato de termos um estudante selecionada para esta missão, vejo como uma caminhada. O resultado do Bernardo é a consequência do esforço e dedicação de todos os professores e professoras que passaram por ele nestes sete anos. Cada diretor, funcionário, colega, professores, contribuíram de uma maneira diferente, não só com conteúdos, mas educando com princípios, com amor. Aqui construímos conhecimentos, não por obrigação, mas buscando qualidade de ensino no dia a dia da escola. Pregamos no Zeferino que ser um bom cidadão, ser educado e ser uma pessoa do bem ainda é estar na moda.

Espero que o fato de estarmos entre as 4 escolas vencedoras de toda a Rede Municipal de Passo Fundo, além de ter me deixado, como gestora, muito orgulhosa e feliz, seja também motivação aos nossos alunos dos sextos anos-2023 para que, no ano que vem, entendam que esta oportunidade é para todos. Espero que possamos repetir resultados positivos em 2024, reafirmando a ideia que estudar sempre vai valer a pena. 

Que venham novas Missões e novos desafios em 2024. Nossos estudantes ZDC já estão motivados e preparados.

Fotos: Arquivo pessoal Lucelene Segat/ Divulgação – uso exclusivo para esta publicação

Edição: Alex R.

Natal dos Brockstedt e “as meninas no dia 25”

Cada pessoa tem memórias de Natais, tristes ou felizes, que nos marcam para sempre. Dentre as muitas festas de Natal inesquecíveis, está a que eu declamei o poema “Palavras a Papai Noel”, de Madalena Correia. A personagem da história era uma menina que perdoava o Papai Noel por ele não ter trazido presentes a ela, no dia 25.

Os natais em família sempre foram momentos de muita alegria na Família Hilário Brockstedt, em Soledade, RS.

No anos 70 e 80, a lista de encomendas de presentes para o Papai Noel começava a ser feita meses antes, assim como o comportamento das crianças melhorava, para se fazerem por merecê-los, já que a primeira pergunta do bom velhinho era, invariavelmente: – Você se comportou bem neste ano?

Em alguns natais o meu próprio pai Gilberto fazia as vezes de Papai Noel. Saía dizendo que ia chamá-lo e depois voltava lamentando que não tinha encontrado o bom velhinho, enquanto este tinha terminado de entregar os presentes e retomado suas andanças, poucos minutos antes.

Vez ou outra reuníamos a família mais ampla, incluindo avós, tios e primos. E, claro, não faltava música ao vivo, danças ensaiadas e apresentadas pelas primas e declamação de poemas.

Quando a família começou a crescer, com a chegada de genros, noras e netos, a alternativa foi mudar o sistema de presentear passando a utilizarmos a brincadeira do “amigo secreto”. Até hoje o momento de revelação rende divertidas tentativas de adivinhações, boas risadas e lindas homenagens.

Dentre as muitas festas de Natal inesquecíveis, está a que eu declamei o poema “Palavras a Papai Noel”, de Madalena Correia. A personagem da história contada em versos, era uma menina que perdoava o Papai Noel por ele não ter trazido presentes a ela, no dia 25.

Tentando entender o porquê, ela concluiu que não tinha tempo de brincar do lado de fora da casa, já que tinha que ajudar a mãe em todas as atividades do lar, bem como cuidar dos irmãos menores, sempre com seu vestidinho roído. Assim, disse ela, ao bom velhinho:

“Papai Noel eu já sei

Porque você não me vem

Nesse dia 25.

Você pensa que não brinco”.

Ao finalizar os versos, chorei copiosamente, já que eu imaginara que a menina teria mais ou menos a mesma idade que eu, em torno de sete anos o que gerou uma profunda empatia.

Conforme a criadora dos versos, a menina morava em uma esquina, assim como eu, e também gostava de usar tamanquinhos. Contudo, eu brincava muito na rua, e ganhava presentes no dia 25.

Até hoje, passados 50 anos, esta história me emociona muito e tenho a certeza que formou parte da pessoa que sou. Não carrego sentimentos de culpa, mas, sim, de empatia.

A cada Natal procuro minimizar a dor daqueles que não se sentem vistos pelo “Papai Noel”. Sei que não conseguirei resolver os problemas do mundo, mas em alguma esquina, alguma menina poderá brincar de boneca e peteca como almejava a grande pequena criança do poema. Quem sabe até com um vestido e um tamanquinho novo.

Autora: Marilise Brockstedt Lech, Psicóloga, Presidente da Academia Passo-Fundense de Letras. Autora da crônica “Onde mora a felicidade”: https://www.neipies.com/onde-mora-a-felicidade/

Edição: A. R.

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