No primeiro domingo de outubro, o trecho do Evangelho lido para milhões de fiéis é um “manifesto” de Jesus contra a incoerência, a soberba e a falsidade (Mateus, 21, 28-32).
O Nazareno provoca os autoglorificados sacerdotes e anciãos do templo: vale mais falar ou fazer? Arrepender-se e seguir ou prometer e não cumprir?
Escolados na hipocrisia, esses poderosos mentirosos – algozes de João Batista, voz que clamava no deserto – não titubearam: “fazer, cumprir”.
Jesus, diante dos engalanados (e enganosos) “chefões”, é definitivo, revolucionário, contundente: “os publicanos (cobradores de impostos, considerados ladrões) e as prostitutas (alvo de toda sorte de discriminação) precederão vocês no Reino dos Céus!”.
Jesus desmascarou a elite mais poderosa de seu tempo, serviçais do Império Romano, ao afirmar que aquele(a)s tidos como os grandes “pecadores” da sociedade tinham muito mais valor que os que se julgavam maiorais, “doutores”, donos da verdade e da virtude.
Na prática, falsos “defensores da vida”, indiferentes aos sofrimentos e à humanidade aviltada dos semelhantes, que só viam como objeto de manipulação.
Jesus contraditava: o Deus do Amor abre suas veredas para os “improváveis”, os “imprestáveis”; o deus do poder só existe para os exibidos e cínicos que, com suas vestes douradas, fazem dele meio de submissão, negócio e mercado.
Jesus assinou sua condenação à morte, mas revelou a radicalidade de sua compreensão do mundo: o que vale é a autenticidade, a coerência, a dignidade, a simplicidade.
Os “perdidos” e desconsiderados serão salvos, voando livres; os arrogantes, oligarcas da religiosidade e do mando político, presos a seus ritos e ganâncias, não são nada do que aparentam…
“O homem que diz dou não dá/ porque quem dá mesmo não diz/ o homem que diz vou não vai/ porque quando foi já não quis” (Vinicius de Moraes e Baden Powell, “Canto de Ossanha”, 1966).
E você, está mais próximo de quem? Qual trilha você busca nessa vida?
Caminho aberto para os simples, porta estreita para os soberbos – Koinonia.
Cute girl studying geography, surrounded by literature generated by artificial intelligence
Dizer poeticamente é um jeito de pronunciar o mundo sem que aquilo que não foi agarrado pela palavra, seja invisibilizado, mas fique ali, reivindicando a possibilidade de ser dito.
Giorgio Agamben diz que somente a palavra coloca o ser humano em contato com as coisas mudas, eu diria que somente a palavra nos põe em contato com a língua das coisas do mundo. Acrescento, contudo, que escolher palavras para dizer também é uma maneira de esquecer outras, então, a reivindicação da visibilidade, o trazer para a fenomenalidade do olhado, exige-nos outras formas de dizer que não sejam repletas de violência e emudecimento. Exige-nos reconhecer a dificuldade própria dos limites dos discursos que nos informam, constituindo práticas de poder e domínios do saber (em operação).
Penso que permanece sendo uma questão fundamental a relação existente entre a linguagem e a realidade, quando ou de que modo o dizer toca a realidade, o que eu chamaria de eco ontológico da reverberação do que se mostra. Não foi por mera escolha estilística que Nietzsche concedeu à arte e não à filosofia sua relação mais estreita com o real/vital, mas por considerar que a arte sabe-se interpretação. Também Heidegger recorre à poesia no seu caminho para a mostração do ser, pois somente ela seria capaz de dizer, sem que ao dizer, estivesse obliterando nosso acesso aos modos originários de dação.
A realidade resvala, não se deixa dizer na sua totalidade, até porque estamos imersos na sua geografia, e todas as vezes que pretendemos engessar a expressão da realidade, corremos o risco de tomar uma perspectiva como se fosse a própria realidade. Disso não decorre a impossibilidade do dizer, mas a tarefa sempre reiterada de tentar dizer sem determinar, sem o prejuízo da palavra obsequiosa.
Considero enormemente que a verdade continua sendo o mote não só da filosofia, mas das mais variadas relações que cultivamos na direção do mundo. A questão é como entendemos a verdade, para mim, há um resto que independe da posição do indivíduo, contudo, falar (d)este resto, impõe um gesto radical: compreender que a verdade, que a realidade, não é fruto de uma relação essencial/metafísica, mas de uma relação radical em que não somos nós que constituímos o fenômeno para o qual nos direcionamos. Portanto, talvez nossa questão não seja com a verdade, mas como dizê-la sem que ao dizê-la estejamos (e com violência) assumindo um único jeito de expressar as coisas do mundo.
Retomando, a palavra nos coloca em contato com a língua das coisas do mundo, ouvir o eco disso que nos fala é a tarefa do dizer, talvez a única que seja capaz de nos libertar dos discursos que impõe verdades e maneiras específicas de julgar, sentir, agir e compreender o mundo.
Nunca é tarde para lembrar de um velho pensador, Aristóteles, quando reconhece na thaumazein a relação primordial com a emergência do mundo, o arrebatamento, o espanto com o acontecimento da vida, da realidade. Caminho que leva ao descortinar do mundo. Também, ao conferir aos sentidos o valor do que nos acontece, emprestando significado ao ofício da experiência do existir.
Dizer poeticamente é um jeito de pronunciar o mundo sem que aquilo que não foi agarrado pela palavra, seja invisibilizado, mas fique ali, reivindicando a possibilidade de ser dito.
O pó dos castigados está nas nossas terras, alimentaram raízes. Logo, é mais do que hora de buscar estas raízes.
128 anos separam o relato do caso da escrava Páscoa, em Porto Alegre, e o lançamento do romance Lolita de Vladimir Nabokov (1955). Estávamos na capital (1827), que há cinco anos tinha virado “cidade”.
Lolita era uma ficção, em livro, ousada que virou sucesso, virou cinema, teatro, opera e ballet. E “Lolita” passa a ser um designativo de mulher jovem, bonita e sexi.
Já o caso de Páscoa, certo que ela existiu, pois seu rapto é anunciado publicamente no jornal Diário de Porto Alegre como sendo uma escrava de 13 anos raptada por um homem branco, mais velho, “oficial empregado na Pagadoria do Exército”. Dado como algo escandaloso, numa reclamação de quem era “senhor” da escrava.
O livro “Lolita” de Nabokov virou escândalo, tratado por muitos como pornográfico. O certo é que “deu o que falar” no país das hipocrisias que são os EUA.
a
No Brasil acontecia de tudo nos tempos de Páscoa, com ‘lolitas” negras pegas à força nas casas grandes, muitas vezes ficando grávidas, tudo escondido da sociedade.
O dito raptor e a dita raptada teriam pego um barco nos trapiches quase junto a Igreja das Dores para sua fuga a Rio Grande. O relato que tive fala de uma “mulatinha” muito jovem, “de feições regularmente belas, trajando um grosso e mal ajeitado vestido de tecido inferior” e aí vai.
Este caso se espalhou e ficou no imaginário local, porque vivíamos duros tempos da Escravidão local, onde quase metade da cidade era negra. Sim, Porto Alegre é açoriana, mas é mais negra, é multifacetada, multiétnica.
O resgate deste caso foi feito pelo ex-vereador e exímio cronista Ary Veiga Sanhudo em 1961, tanto que é ele quem faz referência a Lolita, romance de 6 anos antes. É ele quem transcreve o jornal da época, dando conta de Páscoa.
Do que se depreende de Sanhudo é que o caso atiçou a libido tolhida de quase toda a cidade, até por ser Páscoa uma escrava, no caso, “mulatinha e até bela”; fugindo com um distinto cidadão.
Este caso hoje seria tido como pedofilia, mas pelo que se sabe de antanho era bem comum.
Aqui, como em vários casos de nossa Literatura, até nos melhores escritos, a negra era o prato da lascívia quando jovem. Era a mãe generosa a negra dama de leite. A negra era desajeitada, quando lavadeira, na beira do Guaíba, subindo a Morro da Formiga. Eram os estereótipos.
Nos dias que correm surge uma vigorosa Literatura de mulheres negras que resgatam seus corpos pretos com os seus desejos, sem a pecha do escondido, nem tapada com um vestido de qualidade inferior. É a vez e a voz da coragem. Falam verdades apagadas, sumidas, escondidas. Veja a voz de uma de nossas poetas negras, Miriam Alves:
Salve América!
Ah!
Esta América Ladina
Ainda nos roubam o fígado, os filhos
Nos roubam a sorte
A morte
O sono
Ah!
Esta América Ladina
As três caravelas pintaram destinos
Santa Maria, nada teve a ver comigo
Pinta, roubou-me o colorido natural
de ser eu mesma
Nina, enfiou-me pela goela
mamadeira de sangue, sal e urina
Até hoje me Nina em seus podres berços de miséria
Páscoa não se sabe se sabia ler ou escrever. Como suas irmãs de sangue e raça, deveria, naqueles tempos, ser analfabeta. O que a moveu a fugir calada naquele barco em tão distantes tempos nunca saberemos. Mas sabemos que, em Porto Alegre, desta “América Ladina” tinha escravos e escravas.
Daqui, temos a voz firme e decidida de Lilian Rocha, sem papas na língua:
Fêmea
Na boca
Ainda úmida
Da tua saliva
Meus lábios
Estalam
Prazer e libido
Quero repetir
A dose
Da embriaguez
Que me tonteia
Os sentidos
Tremo de cima
Abaixo
No soar
Do teu gemido
Sou tua fêmea
Faça agora
Todos os meus
Caprichos.
É hora de resgates, de lutar contra o esquecimento e o apagamento e ao mesmo tempo colocar em evidência quem escreve, como escreve, para quem escreve.
Há uma busca entre nós a partir de pesquisadores/as para recolocar os temas, acontecimentos no seu devido lugar. Temos na literatura quem nos bem representa, negros ou não, mas não só mais brancos.
Como vamos esquecer Páscoa? Como vamos esquecer Josino morto inocente no Largo da Forca?
O pó dos castigados está nas nossas terras, alimentaram raízes. Logo, é mais do que hora de buscar estas raízes.
O que está presente na Reforma é a tentativa de legitimar, no serviço público Municipal, a precariedade do emprego, fenômeno que já contaminou as relações de produção, de caráter privado, naquilo que tem se denominado de “uberização” das relações de trabalho, tanto em nível Estadual, com o governo de Eduardo Leite, quando em nível Federal, com a gestão de Bolsonaro.
É de conhecimento de todas e todos que tramitou na Câmara de Vereadores de Passo Fundo, desde o dia 11 de agosto, o Projeto de Lei Complementar 06/2023, de autoria do Poder Executivo, que trata da reforma administrativa do Plano de Cargos e Salários das e dos servidores públicos municipais. A proposição foi apresentada à Casa Legislativa sob a justificativa de contribuir com a modernização do serviço público. Porém, não é exatamente isso que está disposto no texto da Lei.
Mesmo considerando os inegáveis avanços obtidos pelas entidades sindicais e que resultaram nas mensagens retificativas 103 e 108, ainda assim entendo que a reforma administrativa, tal como proposta pelo Poder Executivo, representa a privatização dos serviços públicos e a precarização do trabalho.
Em meu entendimento, a retórica de aparência modernizadora contida no projeto objeto de análise não passa disso: de retórica.
É preciso considerar, neste caso, que entre os cargos que serão completamente extintos ou terão suas vagas reduzidas em até 70%, estão, principalmente, o de motorista, mecânico, telefonista, pedreiro, auxiliar de biblioteca, etc – cargos que, no entender da atual gestão, são “terceirizáveis” – restando claro que esta reforma atinge, de maneira substancial, os cargos com menor padrão de vencimento, ao ponto que em nada altera as condições naqueles que estão no topo da carreira pública municipal.
Está presente, portanto, a tentativa de legitimar, no âmbito do serviço público Municipal a precariedade do emprego, fenômeno que já contaminou as relações de produção, de caráter privado, naquilo que tem se denominado de “uberização” das relações de trabalho, tanto em nível Estadual, com o governo de Eduardo Leite, quando em nível Federal, com a gestão de Bolsonaro.
Nela se busca, ao invés do bem estar social, uma hegemonia da lógica financeira que, para além de sua dimensão econômica, atinge todos os âmbitos da vida social. Passa a ser sustentada a ideia da volatilidade, da efemeridade e da “descartabilidade” das servidoras e servidores públicos enquanto trabalhadoras e trabalhadores.
É preciso alertar que o presente projeto de lei é apenas o primeiro passo para a extinção de direitos conquistados pelas servidoras e servidores públicos há duras penas. Hoje se extingue vários cargos, amanhã, basta a revogação de um simples artigo para que todos os cargos em extinção deixem de possuir direito a avanços na carreira, dentre outros.
No entendimento desta Vereadora, aprovar um projeto que, ao invés de ampliar direitos e valorizar as servidoras e servidores, precariza ainda mais o serviço público, é abrir precedentes para outros tantos retrocessos naquilo que tange às relações de trabalho da categoria.
Com o devido respeito, a transformação que o Estado indubitavelmente necessita não passa pela precarização/terceirização de seus serviços públicos, sobretudo quando nosso município possui um histórico vergonhoso em relação às suas trabalhadoras e trabalhadores terceirizados. Não esqueçamos dos funcionários da empresa Nova Era, que há décadas buscam receber os créditos que lhes são devidos, ou, ainda, mais recentemente, do vexame público ocorrido com os funcionários da empresa Resiplan, que tiveram salários atrasados e ausência de depósitos em seus Fundos de Garantia.
Não podemos esquecer, ainda, que essa proposta de Lei Complementar foi construída sem qualquer diálogo ou possibilidade de participação das entidades que representam as e os Municipários, os quais somente tiveram voz quando este já se encontrava tramitando perante o Poder Legislativo. É, portanto, um projeto que contém mudanças impositivas e não negociadas, em completo desrespeito aos mais básicos princípios da democracia participativa.
Contudo, mesmo diante de todo o exposto, segui a orientação de voto dos Sindicatos que representam as servidoras e servidores municipais por acreditar que seus posicionamentos foram tomados com base na coletividade das categorias. Se as entidades sindicais que são movidas pela força democrática estão certas de que os avanços obtidos nas negociações com o Poder Executivo Municipal atendem às reivindicações, elas terão meu apoio!
Passo Fundo, 02 de outubro de 2023
Fotos: redes sociais SIMPASSO/CMP Sindicato
Autora: Eva Valéria Lorenzato, vereadora Bancada do PT
As Cirandas do Saber foram idealizadas como espaços diferentes de encontro e formação de professores e professoras da rede municipal de Passo Fundo mesclando comida, arte, poesia e música com conhecimentos.
Na noite desta quarta-feira (27 de setembro de 2023) ocorreu mais uma edição da Ciranda dos Saberes aqui na sede do CMP Sindicato. Dessa vez, o tema foi Café com Poesia!
O evento contou com a presença do pessoal da Café Estino, que apresentou diversos tipos de cafés para os professores e professoras degustarem e aprenderem um pouquinho mais sobre essa bebida tão amada por todos. O poeta, músico e animador cultural Cassio Borges Cultura também participou da noite, trazendo diversas poesias e muita música para animar a galera.
O café está presente em diversos momentos especiais das nossas vidas, por isso o evento possibilitou relembrar essas memórias com muito carinho e alegria. Os participantes puderam participar relatando sobre suas memórias e recordações em torno do café.
Cássio Borges, além de participar com execução de algumas músicas, apresentou 2 poesias inéditas, especialmente escritas para o evento e, gentilmente, cedeu as mesmas para publicação nesta matéria do site.
Café é companhia
Nas manhãs frias, o café desperta,
No bule, a magia que o sono liberta.
Com aromas dançantes, ele seduz,
É o elixir que a preguiça reduz.
No trabalho, café é o maestro,
Conduz a sinfonia do escritório metro a metro.
Cada gole é um passo na dança do expediente,
A cafeína, a musa persistente.
Na xícara, segredos sussurram baixinho,
É a fofoca do cafézinho.
Do grão ao pó, uma viagem de possibilidades,
No corpo, na alma, exala felicidade.
É o combustível do dia a dia,
Sem café, a vida seria vazia.
Espresso, americano, com leite ou puro,
O café é o riso do cotidiano seguro.
Então, erga a xícara com alegria,
Brinde ao café, fonte de energia.
Num mundo agitado, ele é o parceiro,
O líquido que torna tudo mais leve e inteiro.
(Cássio Borges)
A docência expressa no café
No quadro-negro, dança e o giz em balé
Equações e aromas se entrelaçam de pé.
Na busca do conhecimento sem igual
O café é o cúmplice, o guru leal.
Na pausa entre a teoria e a prática
A cafeteira é a máquina simpática que estende a mão
O professor, com a xícara perto do coração
Desvenda enigmas, desfaz os nós.
E ao corrigir provas com destreza
Café e caneta, a dupla de nobreza.
No canto da sala, a cafeteira sussurra
Ensine com paixão, por mais que lida seja dura.
Então, brinde ao educador destemido
Café na mão, conhecimento compartilhado.
Na sala de aula, onde o saber floresce
O café é o mestre que tudo enriquece.
No descanso merecido, entre livros e papéis
Café e professores, companheiros fiéis.
Na jornada intensa, onde o cansaço tenta pesar
O café é a poesia que faz o dia brilhar.
(Cássio Borges)
Depoimento sobre as Cirandas do Saber
Participar da Ciranda dos Saberes, promovida pelo Sindicato dos professores, foi uma experiência verdadeiramente enriquecedora que me deixou repleto de gratidão. Ao longo desse evento tão especial, tive a oportunidade de compartilhar duas poesias autorais, criadas especialmente para esse momento. Essas poesias foram mais do que palavras; foram expressões do meu profundo respeito e admiração pela dedicação incansável dos professores e a sua relação com o café.
Ao declamar essas poesias, senti uma conexão única com a plateia, composta por educadores que moldam mentes e inspiram sonhos diariamente. Cada palavra ecoou como um tributo às suas jornadas e ao impacto transformador que exercem na sociedade. A Ciranda dos Saberes tornou-se, assim, o palco para celebrar, em versos, a grandiosidade da missão educacional.
Além das poesias, tive a honra de levar minha voz e meu violão para entoar canções inspiradoras. A música, como linguagem universal, sempre busca seu lugar nas mentes e corações de quem ouve.
Agradeço profundamente ao Sindicato dos professores por proporcionar esse espaço significativo. Participar da Ciranda dos Saberes não foi apenas uma apresentação, mas uma oportunidade de contribuir para a valorização da educação e expressar minha admiração por aqueles que dedicam suas vidas ao ensino.
No entrelaçar de poesias e melodias, experimentei a magia de um evento que celebra não apenas o conhecimento, mas a paixão que impulsiona os educadores. Que essa ciranda continue a girar, inspirando e fortalecendo a comunidade educacional, pois, como todos sabemos, é nos corações dos professores que o futuro encontra seu lar.
(Por Cássio Borges)
SABERES EM CIRANDA
As Cirandas do Saber foram idealizadas como espaços diferentes de encontro e formação de professores e professoras da rede municipal de Passo Fundo mesclando comida, arte, poesia e música com conhecimentos. A dinâmica é envolvente e participativa, intercalando espaços de fala com espaços de integração, arte, música, comida. Já foram realizadas em torno de 40 Cirandas de Saberes, que duram em torno de 2 horas.
A primeira Ciranda de Saberes foi realizada no dia 06 de novembro de 2014, com a participação da Cirandeira Sueli Ghelen Frosi. O tema foi o Cuidado: A pergunta: Por que cuidar?
Eventos mais dialógicos, menores, em pequenos grupos e que tratem de questões da vida pessoal e social dos professores, dos cuidados com a saúde, de cultura e literatura, de temas complementares aos desafios docentes, devem estar no horizonte das necessidades contemporâneas da formação de professores no atual momento histórico.
O papel do Sindicato de professores é promover e propor iniciativas que promovam mudanças nas concepções de formação que são oferecidas pelas redes de ensino, como também aquelas oferecidas por universidades ou organizações sociais que atuam na formação docente.
O Sindicato, por sua natureza de representação e organização, é um laboratório de permanente formação de professores e professoras. No Sindicato se ensina e se aprende muito, através dos desafios permanentes de comunicação, organização e mobilização pelas demandas profissionais específicas do magistério. As habilidades e as competências que estão sendo gestadas e testadas no cotidiano da atividade sindical também são parte da formação docente de uma rede municipal de ensino.
3D landscape with tree in daisy and grass field with brush strokes
Como saber? Não foi a mesma Mão quem nos criou a todos e que em nós soprou vida? E a beleza intensa que habita ao seu redor, não poderia ser cantada em noites de verão, quando os humanos já não pisoteiam suas gramas…
A plantinha, da obra “A planta, suas folhas e um sino” fora rejeitada pelo Frei, em um pátio farto de plantas e abundância de verdes, muito escolhidos, em vertigem de tons que não se sabe como, combinam e se complementam.
Mas era um bom Frei, cansado de cuidar da grama e suas calçadas, sabe-se lá, achou melhor não a plantar ali. Passados dias e noites, voltou atrás e, sem que ninguém percebesse, acolheu-a, às escondidas, tratou-a, entregando-a aos seus aliados neste pátio de tantas belezas, nuances e solidões, que são os jardins das Igrejas.
Sim, porque estes espaços são o depositório de tantos que por ali passam, às pressas, com seus passos corredios e seus pecados perdoados. Alegres, por ora, reabilitados por seus pares e por Deus, o Deus de todos os esquecimentos, até que seus bancos se completem novamente, de pecadores e podadores de árvores, todos inconsolados em sua dor, sem saber que o mal que os sustenta está na mesma raiz: a indiferença.
Aos jardins, poucos param e olham. Ali mesmo deveriam se arrepender, confessar seus males à sombra de árvores solitárias, que nunca são abraçadas. Seu choro e arrependimento poderiam ser depositados aos seus pés, porque o Deus que os ouvirá no piso frio de um Templo é o mesmo que está no meio de todos estes arbustos, flores e folhas, e que dali nunca saiu.
E, então, as mesmas plantas que quase não viram a novata chegar, falavam entre si:
-Quem será a intrusa? Quem deu a ela água e esperança?
Mas a mudinha virou planta, virou árvore e em se tornando vistosa, abraçou um sino solitário e triste, devolvendo a sua vida, seu canto, sua essência. Amizade e paixão em empatia singular.
Enquanto eu explicava este pequeno milagre, a Coordenadora da escola falou que até gostou da história, mas que árvores não conversam, sinos não falam, e que nada mais e em quaisquer jardins ouve-se conversas. Pela sua doutrina, claro.
-Porque somos de uma crença em que acreditamos que somente humanos falam.
Que triste meu Deus! Como isso pode ser permitido de modo que as religiões continuem a prosperar?
Tentei argumentar que, falando ou não, jamais poderemos saber. Somente nossa vã suposição pode acreditar que somos os únicos que bedelham. Como saber se não transmutamos em outra matéria viva, e que, pelo pressuposto de nossa linguagem ser única, destruímos a possibilidade de todas as falas, em todas as florestas, jardins, e, até mesmo junto às plantinhas que crescem em nossas sacadas?
Como saber? Não foi a mesma Mão que nos criou a todos e que em nós soprou vida? E a beleza intensa que habita ao seu redor, não poderia ser cantada em noites de verão, quando os humanos já não estão pisoteiam suas gramas…
Como ficarão as crianças e suas árvores imaginárias que habitam seus livros e quartos? Seus ursinhos em suas camas, testemunhas, fazendo-as dormir? Como ficarão seus diálogos, justamente com tudo a que dão vida e a tudo que fazem renascer? E não era para nos tornarmos crianças…
Quanta crueldade nestes adultos insanos, que tomaram para si as palavras de Deus tornando-as torniquetes para os jardins. Imaginem quando seus filhos, ao apagarem as luzes não poderão dar boa noite aos seus brinquedos, suas bonecas e seus heróis. Não poderão pedir a sua proteção porque alguém ao seu lado lhes diz que ninguém fala ou ouve, senão os humanos. Serão proibidos de falar com eles? É o limite da negação do imaginário humano.
Não há agressão maior ao crescimento e liberdade das crianças do que as impedir em falar e trocar suas conversas com os meios de vida a que veem e sentem, todos eles, sejam em quartos de dormir, em jardins floridos, em bosques ou sacadinhas.
Porque um herói sentado ao lado da cama de um menino, tem vida, é amigo, companheiro de todas as batalhas, que juntos, travaram durante o dia. E agora irão dormir porque a vida se dá na imaginação, igualmente, senão que nos tornaríamos os dementes da criação. Aliás, foi na criação que um animalzinho falou aos recém-criados, tentando-os é verdade. Mas como deveria ser lindo este paraíso, com todos os bichos falantes…menos o homem!
Tristes adultos, vivendo em suas assombrações, sua incapacidade de imaginar, escravos que são, dominam livros e preceitos sobre a sua crença de equívocos, sabe-se lá por quais razões.
E limitam a todas as crianças, em preceitos de superstição, esquecendo eles mesmos que não há criança ou adolescente, que possa crescer dissociado da mais louca aventura que Deus colocou ao seu dispor: a imaginação. Razão, aliás, pela qual nos diferenciamos de tantos outros reinos.
-Fale com a sua plantinha, Coordenadora! Abrace-a, comente sobre os seus dias, suas dores e o quanto você gostaria, muitas vezes, de estar ao seu lado na escuridão da razão, em um vaso qualquer. Ouça um sino bater e levante seus olhos. Sinos batem para as solidões e convicções partirem.
As árvores gemem as dores de seu corte, o vento uiva e canta para se fazer presente, os animais namoram livres, se os deixarem, as plantas e suas folhas não dormem cedo. Não estamos a sós na linguagem do Criador.
Enfim, não era sobre plantas que falam, não este texto. Era sobre compaixão!
I
Sobre colocar-se no lugar de uma plantinha que queria crescer e pouco espaço lhe restava. Como que colocar-se no lugar de uma criança que precisa descobrir-se em um mundo de indiferenças e rejeições contínuas.
Porque a um jovem que deve crescer e seu espaço é negado, de igual maneira, precisa de uma presença, uma proteção, uma gota de empatia, uma faísca de esperança, um ínfimo olhar, que seja.
Não permita à sua mente que se torne prisioneira de um dogma, que ainda não compreende sobre o mais nobre dos sentimentos, essencialmente humano, que ainda podemos recriar: a empatia.
E sobre ela mesma, a planta que fala e quer crescer, poderíamos lembrar de nossos primeiros passos. Isso mesmo, qualquer um de nós, em quaisquer jardins, ambos à espera de uma minguada de água, uma mão amiga ou um simples e poderoso olhar protetor, de um sino abandonado…
A intolerância produz ódio, autoritarismo, obscurantismo, perseguição, estreiteza de pensamento. O pensamento de Locke nos alerta para prestarmos atenção às intolerâncias que estão em curso no nosso tempo e ameaçam a sobrevivência de nossa frágil democracia.
A intolerância é a atitude típica de que se considera melhor que os outros, dos conservadores reacionários que acreditam que o presente e o futuro devem imitar o passado, que seus costumes ou valores são os melhores para a espécie humana.
Historicamente a intolerância sempre se fez presente no campo religioso, político, filosófico, ideológico cultural. A intolerância motivou e mobilizou perseguições, guerras, extermínios, genocídios e tantas maldades que estão registrados nos livros de história, na literatura, nas obras de arte, nos documentários e nas peças teatrais e em tantas outras expressões culturais. A intolerância provoca medo, ódio, ressentimento, violência, morte.
O avanço civilizacional dependeu e depende do enfrentamento da intolerância. Um dos pensadores que se debruçou para enfrentar o problema da intolerância foi o britânico John Locke.
John Locke (1632-1704), um dos mais importantes e significativos pensadores ingleses da segunda metade do século XVII, viveu numa época muito turbulenta da história da Inglaterra. Descendente da pequena burguesia mercantil e filho de defensores do parlamentarismo, dividiu seu tempo e sua atenção a diversos campos do saber e da atividade humana: da administração pública às polêmicas religiosas; do exercício à medicina à pedagogia e à política. No campo da filosofia, escreveu diversas obras que o tornaram um dos mais importante filósofos modernos da língua inglesa no campo do conhecimento e da política.
Considerado o pai do liberalismo moderno, Locke entrou na história como alguém que sempre lutou por um espírito de tolerância que representasse a liberdade de crença e permitisse a fecunda convivência das pessoas com ideias diferentes.
Escreveu durante 20 anos a obra intitulada Ensaio sobre o entendimento humano, na qual compreende a filosofia como tendo a tarefa crítica e preparatória para a construção da ciência.
“Meu trabalho”, diz Locke, “é como o de um ajudante de jardinagem, preparando o terreno e removendo o entulho que atrapalha o caminho do conhecimento”. Os entulhos são para Locke os preconceitos, as crenças errôneas, as falsas noções, as compreensões equivocadas das ideias, o modo deturpado de ver o mundo. Todos estes entulhos provocam prejuízo no processo de apropriação e construção do conhecimento. E são estes entulhos que nos tornam ignorantes, autoritários e intolerantes.
A Carta acerca da Tolerância é um dos escritos de Locke mais conhecidos no mundo todo. Neste texto o pensador inglês aborda o problema das questões religiosas que, conforme sua interpretação, em sua época provocavam os principais conflitos na Europa e em todo mundo. Esses conflitos se tornam mais perigosos quando a religião passa a interferir nas decisões do Estado e da sociedade.
No início da Carta, Locke ressalta que os homens que se dizem religiosos estão mais preocupados em galgar cargos, dentro das distintas organizações sociais e políticas, do que cumprir os verdadeiros dogmas da religião cristão, que consiste em praticar caridade, brandura e amor com os crentes e os não crentes; sem essas qualidades, um homem não pode ser chamado de religioso, mesmo que diga ser um fervoroso devoto.
Locke defende que Estado e Religião deveriam sempre estar separados, pois enquanto o primeiro deve elaborar leis imparciais que possibilitam punir quem ameaça a harmonia social, privando-o da liberdade ou dos bens, a segunda (a religião) deve primar pela persuasão, convencer pelo argumento que leva o esclarecimento que nos conduz a um mundo melhor, de tolerância ao diferente e de convivência pacífica, enfim um mundo que seja promotor de vida para todos. Esse deveriam ser para Locke o legado de todas as religiões e a forma mais adequada de organizar uma sociedade. Para isso, Religião e Poder do Estado não podem estar misturados.
Quando a Religião e Poder do Estado se misturam, temos o início da intolerância, as formas autoritárias e despóticas de governar e o rompimento das possibilidades de uma sociedade liberal democrática.
Mais de 300 anos nos separam da época em que Locke escreveu a Carta acerca da Tolerância. Parece que em alguns aspectos aprendemos pouco dos seus sábios ensinamentos. Se prestarmos atenção aos acontecimentos políticos da atualidade, vemos que a intolerância se tornou ordem do dia, religião e poder do estado estão intimamente ligados e o caos social se faz sentir em todas as partes.
Muitos que se intitulam “liberais” estão muito longe de entender os pressupostos fundamentais do liberalismo que possibilitaram as democracias modernas. Quem não é capaz de compreender e praticar a tolerância não pode se dizer liberal e muito menos democrático.
A intolerância produz ódio, autoritarismo, obscurantismo, perseguição, estreiteza de pensamento. O pensamento de Locke nos alerta para prestarmos atenção às intolerâncias que estão em curso no nosso tempo e ameaçam a sobrevivência de nossa frágil democracia.
O novo livro do jornalista Odilon Rios, chamado “Bode pendurado no sino & outras crônicas”, é uma obra que reúne histórias curiosas, divertidas e surpreendentes.
O título faz referência a um certo bode que acordou toda uma cidade do interior alagoano, os tantos “bodes” na história e acontecimentos envolvendo personagens como Calabar, Zumbi, Deodoro, Floriano, Vargas, PC Farias e outros.
Os textos mesclam abordagens jornalísticas da história alagoana, levantando detalhes esquecidos, personagens que ajudaram a construir nosso imaginário social e econômico mas também religioso e político.
É uma obra direcionada ao público geral, aos mais curiosos pesquisadores da história e quem está interessado em compreender os meandros das nossas relações.
O bode berrou no sino, outro bode morreu envenenado. Havia o plano do general esperto para dar um golpe, o general-menino que levantou um exército de almas e assustou os holandeses, o padre revolucionário que montou numa jangada na praia de Pajuçara para libertar o Brasil de Portugal.
O livro tem prefácio do jornalista Bob Fernandes e apresentação do vice-reitor do Cesmac Douglas Apratto Tenório. A capa é de Fernando Lucas.
Este é o quarto livro do escritor que mostra sua habilidade em contar casos pitorescos. O bode também faz parte da cultura nordestina e brasileira, e representa a força, a inteligência e a adaptabilidade do povo, além da luta pela liberdade, democracia, diversidade e preservação da memória. Uma leitura leve, divertida e instigante.
Quem é Odilon Rios?
Odilon Rios é um jornalista e escritor alagoano, que se destaca por suas reportagens investigativas, suas crônicas e seus livros sobre a história e a cultura de sua região.
É formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e tem mais de 20 anos de experiência na imprensa escrita, no rádio, na TV e em sites de notícias. Recebeu vários prêmios de jornalismo, como o Esso, o Dom Helder Câmara, o Embratel e o Banco do Brasil, além de passagens pelo portal Terra, jornal O Globo, Gazeta de Alagoas, TV Gazeta. Duas de suas reportagens foram eleitas as 90 melhores do O Globo, nos 90 anos do impresso.
É editor do site Repórter Nordeste, escreve sobre política para o EXTRA e também assina a coluna Memórias de Alagoas.
É um jornalista que usa sua profissão para informar, denunciar e questionar a realidade que o cerca. Também é um escritor que narra histórias que divertem, emocionam e provocam o leitor. E um cronista que usa sua sensibilidade para retratar o cotidiano com graça e ironia. Ele é um alagoano que usa sua identidade para valorizar sua terra e sua gente. Ele é um brasileiro que usa sua voz para contribuir com sua nação.
É autor dos livros Bastidores da Violência e dos Violentos em Alagoas (em parceria com Ana Cláudia Laurindo), Alagoas, 200 e Alagoas, Poder e Sangue.
Fotos: divulgação/arquivo pessoal do autor Odilon Rios
É verão, bom sinal, já é tempo de abrir o coração e sonhar…
(Canção de Verão, Roupa Nova)
“O passado faz parte de mim”, pensa ela, ao lembrar do amor que teve. O único amor. De todas lembranças, este amor é o que ela mais ama lembrar.
O dia estava nublado. O mar agitava as ondas e ventava muito na praia tranquila dos Açores, ao Sul da ilha de Florianópolis. Caminhava na areia de faixa larga. Afundava e voltava dos bancos de areia.
Pensava em contorná-la e seguir até a praia da solidão. Estava a sós consigo, solidão e solitude ao mesmo tempo. Não tinha tristeza na alma; aliás, pensava sempre que sua alma era leve. Sentia um vazio que não sabia explicar com o que preencher.
Num dado momento, seu coração se descompassou. Ele caminhava tranquilo, tinha um sorriso nos lábios. Um sorriso discreto trocaram. A proximidade das luzes vivas que vinham do olhar dele ofuscaram seus olhos. Por um momento ela se perdeu. As pernas afrouxaram, já não sabia caminhar, parecia afundar nos buracos de areia e não voltar mais. Ele a segurou gentilmente pela mão. Deu-lhe a outra mão e seguiram juntos…
Barreira nenhuma teve o poder de impedir o encontro. Um pássaro que ali estava cantou um amor que sentia e se juntou a outro pássaro que passava. Eis que isso refrescou o ardor.
De mãos dadas, soltos e livres, seguiram falando sobre coisas que tinham em comum. Uma sincronia perfeita. Ela sempre soube que o amor parte da admiração pelo outro. Nenhuma outra qualidade importa mais que esta, de sentir orgulho de se estar com quem encanta.
Não, ela não estava pensando em príncipes não. Não havia o que inventar – estava tudo ali.
O momento que viviam lhes dava subsídios o tempo todo. Tinham o verão pela frente, como se as árvores fossem ficar cheias de flores no ano todo. Era o tempo dos Ipês Amarelos, e estes luziam ao sol de verão.
De mãos dadas, apaixonados, chutavam água gelada à beira mar. Flutuavam em meio às ondas e ao vento falando palavras de amor.
O mar serenou…
As ondas não se agitavam mais.
O coração estava aquecido. Foi naquele entardecer sereno e colorido por trás do morro onde o sol ia se escondendo que ela conhecera o que é o amor de verdade. Molhada da praia, com a roupa grudada no corpo, deixando transparecer que eles se amaram pela primeira vez.
Sorrindo por entre as lágrimas e sentindo o gosto de sal nos lábios dele.
Por horas ficaram assim, abraçados, contemplando as ondas do mar. Absortos, preenchidos de si e de amor.
Na praia, ensombrecidos por esse verão, esqueceram do tempo. As gaivotas que ali passavam bicavam alguns restos de alimentos de que, por ventura, alguém deixara cair de seu lanche da tarde.
Veio o fim do veraneio. Cada um tomou seu rumo. Tanta coisa aconteceu…
Hoje, a tristeza e a saudade são quem lhe fazem companhia por onde quer que vá.
Várias vezes voltou a mesma praia. Tudo em vão. Onde tenha mar, areia e sol ela contém as lágrimas…
Segue assim, buscando este amor na vida, ou alguém que possa fazê-la sentir-se novamente amada. Ela sempre soube que na vida “vai um amor e vem outro”, mas sabe também, que nem Kairós, nem Chronos irão fazer com que ela esqueça quem um dia amou.